Se as negociações das cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha para desarmar o programa nuclear do Irã fracassarem, os Estados Unidos podem aceitar um bombardeio de Israel contra as instalações nucleares iranianas. A previsão é Amos Yadlin, ex-chefe do serviço secreto das Forças de Defesa de Israel.
Em entrevista publicada ontem, Yadlin, hoje diretor do Instituto Nacional de Estudos de Segurança, em Telavive, avalia que o próximo ano será decisivo para Israel tomar uma decisão sobre o risco de uma bomba atômica nas mãos dos aiatolás que dominam a república islâmica.
Sua análise, que reflete o pensamento do aparelho de segurança e defesa de Israel, é os próximos meses são a última oportunidade para uma ação militar capaz de neutralizar a ameaça antes que o Irã tenha a bomba.
Para destruir instalações atômicas subterrâneas, Israel teria de usar armas nucleares táticas fabricadas exclusivamente pelos EUA, que se reservam o direito de autorizar seu uso. O governo israelense teria pedido autorização ao então presidente George W. Bush. Impopular e desmoralizado, com problemas nas guerras no Afeganistão e no Iraque, Bush teria negado.
Quando chegou a Casa Branca, em janeiro de 2009, o presidente Barack Obama prometeu diálogo e negociação para quem estivesse disposto a "estender a mão". Até agora, não obteve resultados positivos em suas estratégicas para a paz no Oriente Médio.
Sob o peso das sanções econômicas, financeiras e militares, a economia iraniana sofre, com inflação de 40% ao ano, forte desvalorização da moeda e desabastecimento. Isso contribuiu para a vitória do aiatolá moderado Hassan Rouhani na eleição presidencial de junho de 2013.
Na campanha, Rouhani prometeu reaproximação com o Ocidente. Em discurso na Assembleia-Geral da ONU, em setembro, reiterou sua proposta, criando um ambiente favorável à pronta retomada das negociações.
Rouhani chegou a rejeitar um breve encontro com Obama durante sua visita à ONU. Mas, nas questões de fundo, as duas partes ainda estão muito distantes. Enquanto o Irã quer o fim das sanções, os EUA e seus aliados europeus exigem que o regime iraniano pare de enriquecer urânio e abra suas instalações nucleares a inspeções irrestritas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Até o momento, o Irã está disposto a aceitar as inspeções, mas não abre mão de enriquecer urânio, que considera um direito, alegando fazer isso exclusivamente para fins pacíficos.
Israel assiste atentamente à proxima rodada de negociações. Outros países da região sugerem um amplo acordo para eliminar as armas de destruição em massa do Oriente Médio, inclusive as armas nucleares de Israel, estimadas em 200 a 400 ogivas.
Dificilmente um governo israelense aceitaria. A bomba atômica é o último recurso para a defesa do Estado de Israel. No Irã, a julgar pela determinação da Guarda Revolucionária de levar em frente o projeto, até mesmo criticando a reaproximação de Houhani com os EUA, seria uma arma para defender o regime.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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