domingo, 31 de agosto de 2014

EUA e Irã são aliados na guerra do Iraque

Com a cobertura da Força Aérea dos Estados Unidos, milícia xiitas e curdas enfrentaram e derrotaram neste fim de semana a milícia extremista muçulmana sunita Estado Islâmico no Norte do Iraque. O objetivo era romper o cerco de dois meses e meio a Amerli, um grupo de aldeias turcomanas xiitas ameaçadas de extermínio pela ofensiva jihadista.

Embora o governo Barack Obama tenha dito que não há nenhuma coordenação, os EUA estão atuando como força aérea de milícias xiitas iraquianas apoiadas pelo Irã na luta para conter o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que domina hoje cerca de um terço dos territórios da Síria e do Iraque.

A nova presença militar americana é um indicador de como o Iraque se deteriorou desde a retirada total das forças dos EUA, no fim de 2011. O Iraque era um Estado policial sob Saddam Hussein. Com a invasão ordenada por George W. Bush em 2003, os EUA destruíram o Estado policial, mas não investiram o suficiente para criar outro.

Hoje o Iraque é um Estado falido onde o governo dominado pela maioria árabe xiita alienou a minoria sunita, enquanto os curdos têm autonomia.

A independência do Curdistão pode ser o marco inicial da desintegração do Iraque, criado pelo subsecretário de Estado do Império Britânico para o Oriente Médio Winston Churchill. Churchill propôs a união da província curda de Kirkuk, rica em petróleo, às províncias de Bagdá e Bássora para formar um país capaz de rivalizar com a Pérsia. Mas deu apenas 87 quilômetros de saída para o mar.

A maioria dos combatentes do Estado Islâmico no Iraque foi recrutada na comunidade sunita. Muitos trabalhavam nas forças de segurança de Saddam Hussein, foram afastados na desbaathização, o expurgo dos membros do partido Baath, de Saddam, e ficaram desempregados. A invasão americana desestabilizou o Iraque.

Com a cruenta guerra civil na Síria, que matou mais de 193 mil pessoas em três anos e cinco meses, o Estado Islâmico se fortaleceu, conquistou uma base territorial e passou a gerar receita, invadindo em seguida as regiões sunitas do Iraque.

Israel amplia colonização da Cisjordânia

Numa concessão aos colonos e à extrema direita, o Estado de Israel anunciou hoje a intenção de se apropriar de mais 400 hectares de terra na Cisjordânia ocupada, no local onde três adolescentes israelenses foram sequestrados, em 12 de junho de 2014. Os corpos dos meninos foram encontrados em 30 de junho. Sua morte levou a uma nova guerra de Israel contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em que mais de 1,1 mil palestinos e 70 israelenses foram mortos.

Em Washington, o governo dos Estados Unidos criticou a expansão das colônias como "contraproducente" para o processo de paz no Oriente Médio.

O movimento pacifista israelense Paz Agora também protestou, descrevendo a medida como "uma facada nas costas" da Autoridade Nacional Palestina, de seu presidente Mahmoud Abbas e dos moderados que buscam uma solução diplomática para o conflito, enquanto o Hamas insiste que só a luta armada pode levar à criação de um país para o povo palestino.

Agora, a colônia de Gevaot será ampliada com a construção de uma nova cidade, Gvaot, em território ocupado, à revelia do direito internacional, que proíbe a guerra de conquista.

Cada vez mais a direita israelense se afasta do plano de paz proposto pelos EUA, que prevê a divisão do território histórico da Palestina numa pátria para o povo judeu (Israel) e outra para os palestinos (Palestina), como estabeleceu a votação das Nações Unidas que decidiu criar Israel em 1947.

No momento em que proliferam os desafios muito maiores à sobrevivência de Israel como o programa nuclear do Irã, o surgimento do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e a conquista pela Frente al-Nusra, ligada à rede terrorista Al Caeda, de um posto de fronteira nas Colinas do Golã, o governo Benjamin Netanyahu não parece disposto a fechar a frente de batalha com os palestinos para se concentrar em inimigos mais poderosos. Prefere continuar lutando em todas as frentes.

Num Oriente Médio em convulsão, é uma atitude temerária.

Como a extrema direita de dentro do governo pressionou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a reocupar a Faixa de Gaza para desarmar totalmente o Hamas e outros grupos palestinos, e ele resolveu não fazer isso, em contrapartida decidiu ampliar a colônia. Netanyahu sai enfraquecido da guerra, sem conquistar nenhum objetivo político além de degradar a capacidade de ataque do Hamas.

A contenção da ofensiva jihadista que está rasgando o mapa do moderno Oriente Médio pós-Primeira Guerra Mundial exige a deslegitimação das estratégias baseadas na "guerra santa", fortalecidas pelo fracasso da Primavera Árabe de encaminhar a democratização dos países árabes e pela crônica estagnação do processo de paz árabe-israelense. A paz entre Israel e os palestinos é uma peça fundamental para desarmar o Oriente Médio, mais uma vez alvo de múltiplas explosões e intermináveis conspirações.

sábado, 30 de agosto de 2014

Líder polonês vai presidir Conselho Europeu

O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, foi eleito hoje novo presidente executivo da União Europeia, em substituição ao ex-primeiro-ministro belga Herman van Rompuy, noticiou o jornal francês Le Monde.

A ministra do Exterior da Itália, Federica Mogherini, será a nova supercomissária para relações exteriores, no lugar da britânica Catherine Ashton. Essa indicação deixa clara a intenção dos líderes nacionais europeus de esvaziar a política externa e de segurança comum criada em 1991 pelo Tratado de Maastricht. A política externa continua sendo prerrogativa dos governos nacionais.

Uma pergunta histórica atribuída ao então secretário de Estado americano Henry Kissinger é: "Para que número eu ligo quando eu quiser falar com a Europa?"

Com os dois novos eleitos, o presidente da Comissão Europeia e o líder do país que ocupa a presidência rotativa da UE, seriam quatro, além dos líderes dos países mais importantes: Alemanha, França, Reino Unido e Itália. A pergunta continua sem resposta.

Índia cresce em ritmo de 5,7% ao ano

A Índia, terceira maior economia da Ásia depois da China e do Japão, cresceu 5,7% no segundo trimestre de 2014 em relação ao mesmo período no ano passado. É o ritmo de expansão mais forte em dois anos. No trimestre anterior, a alta tinha sido de 4,6%.

O setor manufatureiro foi destaque, com crescimento de 3,5%, e a mineração avançou 2,1%. O déficit em conta corrente caiu para 1,7% do produto interno bruto, informa o jornal The New York Times.

A infraestrutura deficiente, a burocracia e as altas de juros promovidas pelo Banco da Reserva da Índia para conter a inflação foram apontados como principais entraves a um crescimento maior.

Com a eleição em maio do primeiro-ministro nacionalista Narendra Modi, havia uma expectativa de crescimento maior, mas os analistas consideram cedo para atribuir a melhora da economia ao novo governo.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Reino Unido eleva nível de alerta contra o terrorismo

O governo do Reino Unido elevou hoje o nível de alerta contra o terror de "substancial" para "grave" por causa das ações da milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, anunciou hoje a secretária do Interior britânico, Theresa May.

"Grave" é o quarto dos cinco níveis de alerta contra o terrorismo adotados pelas autoridades britânicas. O nível estava em "substancial" desde julho de 2011. O governo alega não ter provas concretas de conspirações para cometer atentados, mas considera o perigo iminente.

Como a voz do vídeo tinha sotaque britânico, levantou suspeita de envolvimento de jovens extremistas nascidos no Reino Unido no Estado Islâmico. O temor do primeiro-ministro David Cameron, que interrompeu as férias, é de atentados terroristas cometidos por jihadistas britânicos treinados e enrijecidos nos campos de batalha do Oriente Médio.

Ciberpiratas atacam 300 empresas da Noruega

Mais de 300 empresas norueguesas de energia e petróleo foram alvo de um ataque cibernético em grande escala. Os hackers conseguiram invadir pelo menos 50.

A Autoridade de Segurança Nacional da Noruega faz um alerta, advertindo que outras 250 correram risco. Entre as companhias atacadas, está a estatal de petróleo Statoil, confirmou o porta-voz da empresa, Orjan Haraldsveit.

Total de refugiados da Síria passa de 3 milhões

Mais de 3 milhões de pessoas fugiram da Síria por causa da guerra civil que matou mais de 193 mil pessoas desde 15 de março de 2011, revelou hoje o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Outros 6,5 milhões foram desalojados de suas casas, mas não saíram do país. Metade da população está em fuga, dentro ou fora da Síria.

Outras centenas de milhares de sírios escaparam da guerra, mas não se registraram como refugiados nos países vizinhos, estima a ONU. Isso significa que a realidade pode ser ainda pior do que indicam os números. É "a maior emergência humanitária dos dias de hoje", denuncia o ACNUR.

A ONU também condenou a captura de 43 soldados das Ilhas Fíji que participavam da missão de paz para fiscalizar a trégua entre Israel e a Síria nas Colinas do Golã.  Eles foram detidos pelos rebeldes durante um confronto entre os jihadistas da Frente al-Nusra, ligada à rede terrorista Al Caeda, e o Exército sírio perto do posto de fronteira de Cuneitra, tomado pela Nusra. Outros 81 soldados filipinos da força de paz estão isolados em meio ao fogo cruzado.

Apesar da ofensiva do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que só pode ser contido na opinião do Departamento da Defesa dos Estados Unidos com ataques no Iraque e na Síria, o presidente Barack Obama admitiu ontem que está consultando os aliados, mas ainda não formulou uma estratégia para enfrentar a nova ameaça do extremismo muçulmano.

O Brasil se mantém numa posição de incômoda neutralidade na guerra civil da Síria. Até agora, apoiou a posição da China e da Rússia, que vetam sistematicamente qualquer interferência do Conselho de Segurança da ONU no conflito, a pretexto de não dar margem a uma intervenção militar ocidental. É uma omissão criminosa.

Governo provisório da Líbia renuncia

O governo interino da Líbia, liderado pelo primeiro-ministro Abdullah al-Thani, pediu demissão coletivamente ontem, depois que o Congresso Nacional Geral, com sede na capital, Trípoli, nomeou um governo rival dominado por islamitas.

Por causa da violência na capital, o governo provisório estava instalado no Leste da Líbia. Há três, o Congresso Nacional Geral, que desde junho tinha sido oficialmente substituído por um novo parlamento, com sede em Tobruk, apontou Omar al-Hassi para formar um governo de "salvação nacional" islamita.

Na semana passada, as Forças Aéreas do Egito e dos Emiradores Árabes Unidos bombardearam milícia extremistas muçulmanas na Líbia, onde a situação é de virtual anarquia desde a queda do ditador Muamar Kadafi, há três anos.

Inflação da Eurozona cai para 0,3% ao ano

A inflação anual nos países que usam o euro como moeda caiu de 0,4% para 0,3% em agosto, seu menor nível até hoje, reacendendo o sinal de alerta para quem teme uma deflação na Zona do Euro.

O índice de desemprego ficou estável em 11,5% em julho em relação a junho, mas teve uma pequena queda na comparação anual. Em julho de 2013, o desemprego estava em 11,9% da população economicamente ativa.

Para os economistas, o risco é de uma estagdeflação, uma prolongada queda de preços acompanhada de estagnação econômica como aconteceu com o Japão nas últimas duas décadas.

"Porque a inflação está muito baixa, a Europa é ameaçada por uma longa, talvez interminável, estagnação se não fizermos nada", advertiu ontem o presidente da França, François Hollande.

O índice de crescimento de preços avançou 0,8% ao ano na Alemanha, 0,02% na Bélgica e caiu 0,5% na Espanha. Há um ano e meio, a inflação da Eurozona caiu abaixo da meta do Banco Central Europeu (BCE), de 2% ao ano.

Total de mortes por ebola passa de 1,5 mil

Com 3.069 casos registrados e 1.552 mortes confirmadas, a epidemia da febre hemorrágica viral ebola avança na África Ocidental. A expectativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão das Nações Unidas, é que a doença avance, contaminando 20 mil pessoas.

A OMS espera começar a conter o avanço da epidemia dentro de três meses. Até o momento, cinco países foram atingidos: Guiné, Libéria, Serra Leoa, Nigéria e a República Democrática do Congo. Hoje foi notificado o primeiro caso no Senegal.

Além das dificuldades de acesso a zonas rurais do interior desses países, as equipes de socorro enfrentam o preconceito das populações locais, que às vezes levam dias para enterrar os mortos e expulsam médicos, enfermeiros e agentes de saúde por medo de que tragam a infecção.

ONU condena violência em prisões no Brasil

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos condenou hoje a violência registrada durante a semana em várias prisões do Brasil.

Pelo menos cinco presos foram mortos durante um motim na Penitenciária Estadual de Cascavel, no Paraná. Duas vítimas teriam sido decapitadas e outras duas jogadas do telhado da prisão. Em Minas Gerais, duas rebeliões acabaram com um morto e dezenas de feridos.

Outro preso foi morto no complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, um dos mais problemáticos do país. Também houve tumultos em cadeias dos estados do Pará e do Rio de Janeiro.

"Pedimos às autoridades uma apuração rápida, imparcial e efetiva dos fatos e causas das revoltas, e que os responsáveis por estes crimes sejam levados à Justiça", declarou o chefe do escritório regional do alto comissariado para a América do Sul, Amerigo Incalcaterra. "Ficamos consternados com o nível de violência nos presídios brasileiros. Não é admissível que, no Brasil, a violência e as mortes dentro de prisões sejam percebidas como normais e cotidianas."

A ONU reitera sua preocupação com os problemas carcerários do país: "Superlotação, condições inadequadas, torturas e maus-tratos contra detentos são uma realidade em muitos presídios do Brasil, contribuem para a violência e constituem graves violaçoes dos direitos humanos."

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Camarões bombardeia campo do Boko Haram na Nigéria

O Exército de Camarões bombardeou ontem um acampamento da milícia extremista muçulmana Boko Haram em território da Nigéria, matando vários rebeldes, revelou hoje um oficial camaronês que não se identificou.

Os tanques camaroneses dispararam do outro lado da fronteira. A milícia Boko Haram matou mais de 15 mil pessoas desde 2009 na sua luta para impor a lei islâmica à Nigéria. Em abril deste ano, sequestrou quase 300 estudantes da uma escola feminina. Também age em território camaronês.

Em 27 de julho de 2014, uma invasão de cerca de 200 jihadistas em Camarões tentou capturar o vice-presidente Amadou Ali e terminou sequestrando sua mulher. O ataque durou quatro horas. A Brigada de Intervenção Rápida, uma unidade especial antiterrorismo, chegou uma hora e meia depois da fuga do Boko Haram.

Acidente nuclear de Fukushima custou US$ 105,5 bilhões

O acidente na central nuclear de Fukushima, deflagrado por um terremoto seguido de maremoto em 11 de março de 2011, custou o equivalente a US$ 105,5 bilhões, o dobro da estimativa oficial do governo do Japão. O cálculo é do uma pesquisa coordenada por Kenichi Oshima, professor de economia ambiental na Universidade Ritsumeikan.

Com 9 graus de magnitude na escala aberta de Richter e epicentro no mar a 70 quilômetros da costa japonesa, o Terremoto e Maremoto de Tohoku foi o quinto maior registrado no mundo inteiro desde 1900 e o maior da história do Japão, um país sujeito a mil tremores de terra por ano.

As ondas gigantes ou tsunames chegaram a 40,5 metros de altura e invadiram a terra até 10 km da costa. O eixo da Terra mudou em pelo menos 10 cm. O total de mortos é estimado em 19 mil pessoas.

O terremoto provocou o desligamento dos reatores. As ondas gigantes destruíram o sistema de resfriamento da usina nuclear. Vazou água radioativa para o mar. Houve temor de que uma nuvem como as de Chernobil, na Ucrânia, em 1986, se projetasse na direção de Tóquio, uma megalópole de 35 milhões de habitantes.

Em consequência, o governo japonês mandou desligar todas as usinas atômicas do país, que eram responsáveis por 35% da geração de energia elétrica. Até agora, pouquíssimas foram religadas.

Frelimo e Renamo fazem acordo de paz em Moçambique

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que governa o país africano desde sua independência, em 1975, e a oposicionista Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) assinaram um acordo de paz em 24 de agosto de 2014 para cessar as hostilidades.

Havia a expectativa de que o presidente Armando Guebuza e o líder da oposição, Afonso Dhlakama, selassem pessoalmente o pacto em público. Por razões de segurança invocadas por Dhlakama, isso não aconteceu. O acordo foi assinado pelos presidente da Frelimo, José Pacheco, e da Renamo, Saimone Macuiana.

Dhlakama exige garantias para deixar seu refúgio nas montanhas e passar de comandante rebelde a líder da oposição. Na tradição política tribal da África, o chefe é tudo. O líder da oposição tem uma expressão política muito menor.

Rebeldes capturam força de paz da ONU na Síria

O Exército da Síria lutava hoje para reconquistar o posto de fronteira de Cuneitra, tomado pelos rebeldes que lutam contra a ditadura de Bachar Assad, depois da captura de 43 soldados da força de paz das Nações Unidas nas Colinas do Golã. Outros 81 soldados da ONU estão isolados no meio do fogo cruzado.

A declaração da Secretaria-Geral da ONU não esclarece que grupo rebelde é responsável. Várias milícias lutam nas Colinas do Golã, inclusive a Frente al-Nusra, braço armado da rede terrorista Al Caeda na guerra civil síria.

A missão de paz da ONU monitora desde 1974 o desengajamento das forças da Síria e de Israel depois da Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão), em 1973.

Presidente da Ucrânia denuncia invasão russa

O presidente Petro Porochenko acusou hoje a Rússia de invadir a Ucrânia e tomar a cidade fronteiriça de Novoazovsk numa "situação que se deteriora rapidamente" com "tropas russas levadas" para território ucraniano. Ele suspendeu uma viagem à Turquia e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.

"Mais de mil soldados russos estão operando dentro da Ucrânia. Eles apoiam os separatistas e lutam ao lado deles", declarou um oficial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Moscou nega qualquer envolvimento no conflito.

O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, fez um apelo aos Estados Unidos, à União Europeia e aos países ricos do Grupo dos Sete para que "congelem os bens e ativos russos até que a Rússia retire suas forças, equipamentos militares e agentes" do território ucraniano.

Desde o início de abril, mais de 2,2 mil pessoas morreram na guerra insuflada pelo Kremlin para manter a influência da Rússia sobre a ex-república soviética da Ucrânia. O governo de Kiev insiste em que Moscou envia soldados e equipamentos militares em apoio à rebelião. E o líder separatista Alexander Zakharchenko, primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, afirmou que pelo menos 3 mil russos lutam a seu lado.

Porochenko se encontrou ontem com o homem-forte da Rússia, Vladimir Putin, em Minsk, capital da Bielorrússia, sem qualquer resultado prático. O protoditador do Kremlin insiste em seu projeto de restaurar pelo menos parte do poder imperial da extinta União Soviética. A Ucrânia é uma peça-chave desse delírio de grandeza.

Em março, a Rússia anexou a península da Crimeia, atropelando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, que proíbem a guerra de conquista. Em abril, começou a revolta em regiões da Ucrânia onde os russos étnicos são maioria. Como os rebeldes foram incapazes de sustentar as posições conquistadas e Putin não aceita a derrota, a Rússia resolveu intervir com mais decisão, embora de modo dissimulado, negando sempre qualquer envolvimento.

O Conselho de Segurança da ONU discute a guerra da Rússia contra a Ucrânia na tarde de hoje, em Nova York.

Estado Islâmico executou 250 soldados sírios

Depois de tomar uma base aérea na cidade de Raca, a milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante executou pelo menos 250 soldados da Síria, anunciou hoje o grupo terrorista na Internet.

Em Washington, o presidente Barack Obama reúne hoje a tarde o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos para discutir a ofensiva do Estado Islâmico.

Mais de 193 mil pessoas morreram desde 15 de março de 2011 na guerra civil na Síria. Sem uma intervenção das Nações Unidas por veto da China e da Rússia, com o fracasso das tentativas de negociar a paz, grupos extremistas muçulmanos mostraram ser mais capazes militarmente de resistir aos ataques da ditadura de Bachar Assad.

O Estado Islâmico é uma dissidência da rede terrorista Al Caeda que se tornou independente em 2013 e rompeu com Al Caeda em fevereiro de 2014 depois de uma guerra civil entre os dois grupos jihadistas dentro do conflito sírio.

Desde 2004, operava como Estado Islâmico do Iraque, sob o comando de Abu Mussab al-Zarkaui, morto pelos EUA em 2006. Com a guerra civil na Síria, passou a se chamar Estado Islâmico do Iraque e do Levante, sob a liderança de Abu Baker al-Baghdadi.

Em 29 de junho de 2014, Baghdadi proclamou um Califado e se declarou líder de todos os muçulmanos. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos estima que, em agosto, o EIIL tivesse 50 mil homens em armas na Síria e 30 mil no Iraque.

Economia dos EUA cresceu acima do estimado

Na segunda estimativa do produto interno bruto do segundo trimestre de 2014, a economia dos Estados Unidos apresentou um crescimento maior do que estimado inicialmente, revisando-o para cima, de 4% para 4,2% ao ano, anunciou hoje o Departamento do Comércio. Foi o ritmo mais forte desde o terceiro trimestre de 2013.

Sob o impacto do rigoroso inverno, a maior economia do mundo havia recuado em ritmo de 2,1% ao ano nos primeiros três meses deste ano. Agora, a expectativa dos economistas era de uma redução da taxa do segundo trimestre de 4% para 3,9% ao ano.

O principal motor do crescimento foi o investimento das empresas, que anunciaram uma alta de 8% nos lucros no período. Isso ajuda a explicar o aumento de 47% nas exportações de máquinas do Brasil para os EUA. Ainda assim, o lucro das empresas americanas ficou 0,3% abaixo do registrado no segundo trimestre de 2013.

A demanda doméstica foi revisada de 2,8% para 3,1%, indicando uma forte recuperação do consumo. A renda bruta avançou 4,7%.

Em outra pesquisa, o Departamento do Trabalho anunciou que 298 mil pessoas entraram com pedido de seguro-desemprego na semana passada, mil a menos do que na anterior. Esse número não indica obrigatoriamente uma queda no desemprego, já que é preciso considerar também quem desistiu de procurar emprego.

EIIL quer destruir ordem ocidental no Oriente Médio

Ao tomar um terço dos territórios da Síria e do Iraque, uma área do tamanho da Jordânia, a milícia fundamentalista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante visa a destruir a ordem imposta ao Oriente Médio pelos impérios Britânico e Francês no fim da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

A Arábia Saudita, a Jordânia, a Síria e o Líbano foram criados com base no Acordo Sykes-Picot, no qual as duas potências europeias redesenharam o mapa do moderno Oriente Médio sobre as ruínas do Império Otomano, uma ordem que os Estados Unidos tentam preservar depois do colapso dos impérios da Europa.

O acordo secreto foi articulado em 1916 pelo diplomata francês François Georges-Picot e seu colega britânico Mark Sykes. Criou um Iraque dominado pelo Império Britânico e dividiu a província otomana da Síria por uma linha que vai do Mar Mediterrâneo até o Monte Hermon. O Norte ficou com os franceses e o Sul com os britânicos.

A França, com uma presença no Levante desde a era napoleônica, tinha aliados cristãos. Pegou uma parte da Síria e transformou no Líbano.

A oeste do Rio Jordão, ficava o distrito otomano de Filistina, rebatizado pelo Império Britânico como Palestina, em estado de guerra desde a fundação de Israel, em 1948, e da não criação até hoje do prometido país árabe.

Duas tribos rivais unidas por Lawrence da Arábia para lutar ao lado do Império Britânico contra os turcos otomanos durante a Primeira Guerra Mundial foram contempladas. Os sauditas dominam a maior parte da Península Arábia. Criaram a Arábia Saudita, maior potência do mundo árabe, guardiã das cidades sagradas de Meca e Medina, detentora das maiores reservas de petróleo, o que só foi descoberto depois.

A outra tribo, os hachemitas, ganhou a monarquia no Iraque e uma faixa estreita de terra a leste do Rio Jordão, a Transjordânia, que com o tempo passou a se chamar só Jordânia. A promessa de criar uma pátria para os curdos, o Curdistão, foi adiada. Talvez se realize agora.

O Oriente Médio foi redesenhado num modelo europeu de Estados nacionais baseados em direitos individuais. Nas sociedades árabes, a base é a família. Cada família pertence a um clã e este clã a uma tribo. É assim que se formam as redes de relacionamento social. A lealdade é ao clã e à tribo, não à nação.

Com a criação de Israel em votação da ONU em 1947, nasceu um novo país, rejeitado por seus vizinhos árabes, que entraram em guerra. A derrota derrubou a monarquia no Egito. Egito, Síria e Iraque se aliaram à União Soviética na Guerra Fria, enquanto Israel, Jordânia, Arábia Saudita e as outras monarquias petroleiras do Golfo Pérsico se alinharam aos EUA.

Quando o presidente do Egito, Anuar Sadat, abandonou a URSS, aliou-se aos EUA e foi a Israel, em 1977, para fazer a paz e recuperar a Península do Sinai, a URSS deixou de ser uma potência no Oriente Médio.

Desde a invasão do Iraque em 2003, a hegemonia americana tem sido confrontada por grupos jihadistas que nos últimos anos se beneficiaram do fracasso da Primavera Árabe para insistir na tese de que só uma guerra santa total, sem escrúpulos nem limites, é capaz de restaurar o controle dos árabes sobre seu próprio destino.

Em declarações oficiais, o EIIL destaca a necessidade de acabar com o Oriente Médio redesenhado pelo Acordo Sykes-Picot há um século. É cedo para avaliar seu impacto, mas as propostas de divisão do Iraque ao longo de linhas étnicas e religiosas podem abrir uma nova caixa de surpresas e prolongar essa era de guerras sem fim.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Estado Islâmico prega uma guerra santa sem limites

.Ao decapitar diante da câmera o jornalista americano James Foley, a milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante mostrar estar disposta a violar todas as regras na sua guerra santa medieval contra os infiéis.

O terrorismo é também um teatro macabro para fazer propaganda, observa o analista político Robert Kaplan, em comentário no sítio de estudos estratégicos americano Stratfor. Ele observa que Foley estava vestido com um macacão laranja, como os prisioneiros do centro de detenção ilegal instalado na base naval de Guantânamo, em Cuba, para escapar da jurisdição americana.

É uma retribuição. O Estado Islâmico está dizendo que há um preço a pagar pelos prisioneiros de Guantânamo.

Foley fez uma confissão bem ensaiada, seguido de um pronunciamento também ensaiado, em inglês com sotaque britânico, levantando a suspeita de que o executor fosse um jihadista do Reino Unido. Estima-se que haja mais voluntários da jihad britânicos lutando na Síria e no Iraque do que no Exército Real.

A degola é um elemento central do docudrama do terror, calibrado para maior impacto midiático e propagandístico. É um convite sádico a terroristas do mundo inteiro. De um lado, primitivo e cruel; do outro, explorando as modernas técnicas da revolução nas comunicações.

O recado é claro: a guerra santa não tem limites. Os jihadistas não respeitam as leis da guerra da civilização ocidental, aliás, violadas em Guantânamo. Querem destruir os Estados Unidos, a Europa, os infiéis e os muçulmanos que não aceitam sua interpretação do Corão.

Com essa mistura de ideologia medieval, uma disciplina militar rígida e o marketing revolucionário do século 21, "o EIIL controla hoje um volume de recursos e território sem precedentes na história das organizações extremistas", observa o ex-assessora do Pentágono Janine Davidson, hoje pesquisadora do Conselho de Relações Exteriores dos EUA.

Mais do que um grupo terrorista como Al Caeda, o Estado Islâmico quer ser um país. Seu califado vai da fronteira da Síria com a Turquia, passa por Raca, no Norte da Síria, sua capital de fato, atropela a fronteira com o Iraque e vai até Faluja, Tikrit, os arredores de Mossul, de onde os jihadistas foram repelidos por milícias curdas com apoio aéreo dos EUA, e zonas rurais ao sul de Bagdá.

Para se financiar, o EIIL explora todos os campos de gás e petróleo e saqueia os bancos nas áreas ocupadas. Chegou a tomar a maior refinaria do Iraque, em Baiji, e a maior hidrelétrica do Norte, em Mossul, retomada pelos curdos. Faz extorsão mediante sequestro e cobra "impostos" de quem não se submete à sua ideologia assassina.

A execução sumária do czar Nicolau II e toda a sua família pelo governo liderado por Lenin depois da revolução comunista na Rússia, em 1918, mostrou que os bolcheviques eram capazes de matar. Para Kaplan, foi um prenúncio do terrorismo de Estado que atingiria o auge sob Stalin.

Da mesma forma, o assassinato do rei Faissal II e sua família no golpe militar de 1958 no Iraque e a mutilação do corpo do primeiro-ministro Nuri Said por uma turba enfurecida em Bagdá levaram à criação de um Estado policial que culminou com a ascensão de Saddam Hussein, em 1979, e seu reinado do terror até a invasão americana de 2003.

Assim, a degola de Foley é o presságio de novas tragédias no Oriente Médio.

Irã reforma reator nuclear de Arak

O Irã iniciou uma reforma no reator de Arak para limitar a produção de plutônio, um dos explosivos usados em bombas atômicas, anunciou o chefe do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi.

A produção de plutônio é uma das maiores preocupações das potências ocidentais que tentam convencer a república islâmica a desarmar seu programa nuclear e não fabricar armas atômicas nas negociações entre o Irã, as cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) e a Alemanha.

Diretora do FMI é investigada por fraude na França

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, é alvo de uma investigação criminal por negligência num escândalo de corrupção do tempo em que era ministra das Finanças da França, no governo Nicolas Sarkozy.

É a quarta vez que Lagarde é intimida a depor. Ela alega que a acusação não tem base e promete recorrer a um tribunal superior.

O inquérito examina um acordo de arbitragem que beneficiou o empresário Bernard Tapie. Em 2008, ele ganhou 400 milhões de euros, sendo 45 milhões por "danos morais", para encerrar uma disputa com o banco Crédit Lyonnais relativa à venda da empresa de equipamentos esportivos Adidas.

Agora, a Justiça da França quer esclarecer se a decisão foi um "simulacro" de arbitragem arranjado pelo governo da época para beneficiar um dos grandes patrocinadores da campanha presidencial de Sarkozy, que governou o país de 2007 a 2012.

Em 2011, Lagarde substituiu na direção do FMI outro francês, Dominique Strauss-Kahn, que pediu demissão em meio a um escândalo sexual, depois de ser acusado de atacar uma camareira num hotel de Nova York, alegação que se mostrou falsa, mas foi suficiente para enterrar sua candidatura à Presidência da França pelo Partido Socialista.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ucrânia divulga vídeo de soldados russos presos

Para sustentar o argumento de que é alvo de uma intervenção militar, o governo da Ucrânia divulgou hoje um vídeo com imagens de 10 paraquedistas da Rússia capturados a cerca de 50 quilômetros a sudeste da cidade de Donetsk, tomada por separatistas apoiados pelo Kremlin.

O Ministério da Defesa da Rússia alegou que os soldados cruzaram a fronteira acidentalmente.

Hoje, os presidentes russo, Vladimir Putin, e ucraniano, Petro Porochenko, se encontraram em Minsky, na Bielorrússia, com o ditador local, Alexander Lukachenko, numa rara oportunidade para discutir a crise cara a cara.

Israel e palestinos anunciam trégua permanente

No 50º dia de guerra, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou há pouco ter chegado a um acordo permanente de cessar-fogo com Israel, que confirmou a trégua, em vigor a partir das 13h de hoje pelo horário de Brasília.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), duramente atacado, cantou vitória, mas tem pouco a celebrar. Pelo menos 2.139 palestinos e 70 israelenses foram mortos no conflito armado. A Faixa de Gaza, principal base do grupo, está arrasada.

Ainda não foram revelados os termos do acordo. O Hamas reivindicava o fim do bloqueio de Israel e do Egito à Faixa de Gaza, que exigiam em troca a entrega do controle das fronteiras à ANP. Israel declarou que as demandas do Hamas por um porto, um aeroporto e a libertação de prisioneiros serão discutidas no futuro.

Neste momento, o presidente de ANP defende o envio imediato de ajuda humanitária à Faixa de Gaza e a retomada das negociações de paz para acabar com a guerra e criar um Estado nacional palestino. Israelenses e palestinos voltam a negociar dentro de 30 dias.

Egito e EAU bombardearam milícias na Líbia

Em sua luta contra o islamismo político, as Forças Aéreas do Egito e dos Emirados Árabes Unidos (EAU) atacaram milícias extremistas muçulmanas na Líbia pelo menos duas vezes nos últimos oito dias, surpreendendo os Estados Unidos, revelou ontem o jornal americano The New York Times.

Como as milícias jihadistas têm o apoio do Catar e da Turquia, e as secularistas da Arábia Saudita, do Egito e dos EAU, o bombardeio ameaça criar uma guerra indireta de potências regionais em território líbio.

Desde a queda há três anos do ditador Muamar Kadafi, que destruíra as instituições nacionais, a Líbia não tem um Exército, um Parlamento nem um governo que funcione. Milícias islamitas e secularistas lutam pelo poder.

Em junho, a milícia fundamentalista da cidade de Missurata atacou a milícia secularista da cidade de Zintan,  iniciando uma batalha pelo aeroporto de capital que destruiu a maioria dos aviões lá estacionados.

Apesar do bombardeio aéreo, no domingo, as milícias islamitas aliadas no movimento Amanhecer da Líbia anunciaram ter assumido o controle do aeroporto de Trípoli e de uma área de 100 quilômetros de raio ao redor da capital.

Os EAU divulgaram nota hoje declarando apoio aos dirigentes secularistas que venceram as eleições parlamentares. Mas os jihadistas anunciaram a intenção de formar seu próprio governo. O novo Parlamento denunciou as milícias do Amanhecer da Líbia como "grupos terroristas fora da lei".

Mais uma vez, a Líbia está à beira da guerra civil.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

China reforça poderes da contraespionagem

Um novo projeto de emenda à Lei de Segurança Nacional da China apresentado ao Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo amplia os poderes da contraespionagem do regime comunista chinês, informou hoje a agência de notícias Press Trust of India.

As novas medidas visam a punir indivíduos e organizações estrangeiras que participem, encorajem ou patrocinem a espionagem. As agências de contraespionagem ganham poderes para exigir que indivíduos e organizações parem com atividades consideradas prejudiciais à segurança nacional da China.

Estado Islâmico toma base aérea na Síria

A milícia fundamentalista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) tomou hoje a base aérea de Takba, consolidando o controle sobre a província de Raca. Desde o início da guerra civil na Síria, em 15 de março de 2011, é a primeira vez que a ditadura de Bachar Assad perde o domínio de uma província inteira.

Como o EIIL já havia tomado dois quartéis do Exército, o regime reforçou a base aérea com blindados e peças de artilharia. O terreno plano ao redor da base dava outra vantagem para o governo.

Durante a batalha, as forças governistas infligiram duras perdas aos jihadistas, matando cerca de 400 milicianos. Quando conseguiu penetrar na defesa, o EIIL matou 170 soldados sírios e prendeu outros 150.

O controle da província de Raca permite aos jihadistas unir os territórios que controlam no Iraque aos da Síria, redesenhando o mapa do Oriente Médio. Da base aérea, pode mandar reforços e suprimentos a suas forças no Norte do Iraque, que estão sob o ataque de guerrilheiros curdos apoiados pela Força Aérea dos Estados Unidos.

Hoje, o regime sírio declarou estar pronto para colaborar com esforços internacionais para combater o EIIL. Num gesto aos EUA, o ministro do Exterior sírio, Walid al-Moallen, condenou a decapitação do jornalista americano James Toley

Ucrânia dissolve Parlamento e antecipa eleições

Sob uma intervenção mais ou menos camuflada da Rússia, o presidente Petro Porochenko assinou um decreto hoje para dissolver o Parlamento da Ucrânia e convocar eleições legislativas antecipadas para 26 de outubro de 2014.

O governo central de Kiev obteve ganhos recentes no Leste do país, onde desde abril uma rebelião insuflada pelo Kremlin tenta anexar mais uma pedaço da Ucrânia à Federação Russa, mas não conseguiu retomar as cidades de Donetsk e Luhansk, ainda em poder dos separatistas, que acabam de receber 280 caminhões com "ajuda humanitária" da Rússia.

Nesta terça-feira, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da Ucrânia, Petro Porochenko; e da Bielorrússia, Alexander Lukachenko; se reúnem em Minsk, a capital bielorrússia. Será uma chance para Putin e Porochenko discutirem a questão cara a cara.

Desde que um míssil derrubou um avião de passageiros, Moscou perdeu a iniciativa política no confronto com a Ucrânia. Agora, tenta reforçar sua posição para as negociações.

Cai o governo da França

Diante de críticas do ministro da Economia, Arnaud Montebourg, contra as políticas de austeridade econômica impostas pela Alemanha à Zona do Euro, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, anunciou a demissão coletiva do ministério e foi encarregado pelo presidente François Hollande de formar um novo governo até amanhã.

"A França é a segunda maior economia da Eurozona e a quinta maior do mundo, e não pretende se alinhar às obsessões excessivas dos conservadores da Alemanha", declarou Montebourg ao jornal francês Le Monde, selando sua queda com palavras como "exagero" e "absurdo".

Sem Montebourg e outros dois ministros que o apoiaram, Valls prometeu formar uma equipe "coerente com as orientações" que Hollande, "ele mesmo, definiu para nosso país". Para os padrões franceses, isso significa um governo socialista mais à direita, mais aberto às reformas pró-mercado e à desregulamentação da economia.

A economia francesa ainda não se recuperou da Grande Recessão (2008-9). Está estagnada. O desemprego não cai. Hollande tem baixíssima popularidade. No governo, Valls é o mais popular. A mudança é assim mais no sentido de formar um ministério mais alinhado com as políticas liberalizantes do primeiro-ministro.

domingo, 24 de agosto de 2014

Brasil despreza patrimônio histórico e artístico

Só dará para acreditar nas promessas dos candidatos de dar prioridade à educação quando os políticos eleitos passarem a preservar o patrimônio histórico e artístico nacional, nossa identidade e história. Lugares que deveriam estar cheios de crianças e jovens estudando nossas origens são mais um exemplo do complexo de vira-latas que assola o Brasil.

Enquanto foram construídos estádios faraônicos e aeroportos suntuosos para a Copa do Mundo, as igrejas e mosteiros barrocos de Salvador, Olinda e Recife estão em péssimo estado, e os fortes que um dia defenderam a integridade territorial da América Portuguesa estão em ruínas.

A Catedral e as igrejas de São Francisco e da Ordem Terceira de São Francisco, em Salvador, na Bahia; a Capelo Dourada da Ordem Terceira de São Francisco e os Conventos de Santo Antônio e do Carmo, no Recife; e as igrejas de São Francisco e São Bento, em Olinda, Pernambuco; para lembrar apenas algumas das maiores joias do patrimônio histórico, arquitetônico e artístico nacional, dão pena.

A imponente Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo ou Igreja do Passo, cuja escadaria foi o principal cenário de O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, único filme brasileiro a ganhar a Palma da Ouro em Cannes, está fechada desde 1998, quando o teto, corroído por cupins, desabou.

Dos cerca de 900 fortes construídos ao longo da costa para defender o Império Português na América, mais de ainda existem, a maioria em péssimas condições.

No Nordeste, os fortes de Santa Maria, no Porto da Barra, em Salvador, na Bahia; Orange, em Itamaracá, Pernambuco; de Santa Catarina, em Cabedelo, na Paraíba, de onde Maurício de Nassau embarcou de volta para a Europa depois de governar o Brasil Holandês no seu período de maior glórica (1637-44); e dos Reis Magos, marco da fundação de Natal, estão em ruínas.

Na entrada do Forte Orange, um funcionário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) dá uma tirinha de papel com o endereço na Internet, deixando claro que não há informações disponíveis no local.

Em Cabedelo, o local é aberto. Um guia caça-turistas oferece algumas explicações, mas o ambiente é desolador. Restam alguns canhões jogados, mas a grama avança.

Na entrada do Forte dos Reis Magos, está o primeiro marco da coroa portuguesa reivindicando soberania sobre o Brasil. Uma guia conta a história do cerco da guarnição portuguesa durante a Segunda Invasão Holandesa (1630-54) para um grupo de crianças de escolas públicas de Natal mais interessadas em tirar fotos com celulares.

Alguns abnegados se esforçam para manter a história viva. Na entrada, há uma mesa e cadeiras de plásticos onde três mulheres se acomodam entre pedras e grama. Ao lado, há uma mesa com vários livros interessantes sobre o patrimônio arquitetônico de diferentes regiões do Brasil. Mas, lá dentro, o panorama é desolador.

Há uma moto estacionado dentro de uma das salas. Elas estão identificadas como prisões para oficiais ou soldados, salas de reuniões do estado-maior, do comando, mas uma prisão virou banheiro. O descaso é total.

Quem já cruzou a fronteira sul, com o Uruguai, e esteve nos fortes de São Miguel e Santa Teresa, a poucos quilômetros ddo Chuí, vai encontrar armas, bandeiras, escudos e insígnias. O cenário está pronto. Se entrar um grupo de atores, a história do país pode ser reencenada aos visitantes. Dá para usar como sala de aula, cenário de filmes.

Na Inglaterra, é comum a contratação de atores para dar vida a prédios, monumentos e cidades históricas. No Castelo de Leeds, em Maidstone, Kent, além do fosso e dos animais para alimentar os moradores, aias falam da rainha e seus caprichos como se Ana Bolena fosse aparecer na sala ao lado.

Um ator encarnando Robin Hood circula regularmente pelas ruas de Nottingham, recontando a história do herói que roubava dos ricos para dar aos pobres, uma lenda provavelmente inspirada num dos nobres que se revoltou contra João Sem Terra e entrou na clandestinidade.

No Brasil, onde as empresas da construção civil ganhou tanto dinheiro e fazem tantas contribuições lícitas e ilícitas para as campanhas eleitorais, poderiam cuidar do patrimônio histórico e artístico nacional para que os estudantes possam entender como e por que o Brasil deu no que deu.

Com a inflação da Copa do Mundo e a insegurança nas capitais brasileiras, talvez seja mais barato e prudente viajar a Portugal para conhecer o lado que não estudamos da História do Brasil. Ou então ir para Aruba, Curaçao e Nova York, para onde foram holandeses e judeus depois da vitória da Insurreição Pernambucana, em 1654, quando o Recife era mais rico e próspero do que Nova Amsterdã, a futura Nova York.

sábado, 23 de agosto de 2014

Hamas admite culpa pelas mortes de meninos

O dirigente máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal, exilado no Catar, admitiu ontem que o braço armado do grupo foi responsável pelo sequestro e morte de três adolescentes israelenses em junho de 2014, que provocou a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Quando as mortes foram reveladas, no fim de julho, o governo linha-dura de Israel prendeu mais de 500 militantes do Hamas, que respondeu disparando foguetes contra o território israelense. Em 8 de agosto, Israel iniciou a Operação Margem Protetora.

Depois de várias tréguas temporárias violadas, foi impossível chegar a um cessar-fogo definitivo. Na sexta-feira, o Hamas disparou mais de 60 foguetes contra Israel, matando um menino. Já morreram 68 palestinos e mais de 2.090 palestinos. Neste sábado, Israel bombardeou Gaza 15 vezes.

No início da guerra, a revista inglesa The Economist alegou não haver provas para incriminar o Hamas coletivamente, mesmo que seus militantes tivessem envolvimento com o sequestro dos meninos. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aproveitou o caso para atacar o Hamas, o acordo de união nacional palestino e o processo de paz. Agora, o Hamas confessa sua culpa.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

EUA acusam caça da China de atitude "muito agressiva"

Um avião de caça da Força Aérea chinesa passou hoje a seis metros de um avião-espião americano P-3 Orion que sobrevoava o Mar do Leste da China. O Departamento da Defesa dos Estados Unidos fez um protesto formal junto ao governo chinês.

O porta-voz do Pentágono, almirante John Kirby, descreveu o encontro como "muito agressivo, antiprofissional e inseguro".

A tensão aumentou nos mares que cercam a China desde que o regime comunista chinês advertiu no ano passado que exigiria identificação das aeronaves que entrarem em regiões onde Beijim tem disputas territoriais com países vizinhos, como Brunei, Filipinas, Vietnã, Japão e Coreia do Sul.

Como os mares chamam Mar da China Meridional e Mar do Leste da China, o regime comunista chinês, cada vez mais arrogante e prepotente com o desenvolvimento econômico que tornou o país a segunda maior economia do mundo, considera seus.

Hamas executa 18 acusados de colaborar com Israel

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), principal grupo extremista muçulmano palestino, executou sumariamente hoje 18 acusados de traição, supostamente por passar informações para Israel, durante a guerra recente que matou 2.090 palestinos.

Até agora, não houve acordo para um cessar-fogo definitivo porque Israel e o Egito querem entregar os postos de controle de fronteira da Faixa de Gaza para a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

EIIL precisa ser vencido na Síria, diz comandante dos EUA

A milícia terrorista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) não será derrotada se não for enfrentada também na Síria, advertiu hoje o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, informou hoje a agência de notícias France Presse.

Diante da ofensiva jihadista no Norte do Iraque e da ameaça de genocídi do povo yázidi, os EUA bombardearam posições do EIIL dando cobertura aérea à contra-ofensiva dos guerrilheiros curdos, os peshmerga, depois que o Exército iraquiano entrou em colapso.

Nos últimos dias, o Exército tentou retomar a cidade de Tikrit, terra natal de Saddam Hussein, sem sucesso. Com apoio aéreo dos EUA, os peshmerga reconquistaram a usina hidrelétrica de Mossul, a maior do Norte do Iraque.

Em retaliação aos bombardeios americanos, o EIIL executou sumariamente o jornalista americano James Foley. Hoje foi revelado que os terroristas exigiram um resgate de US$ 132 milhões. Os EUA não costumam ceder à chantagem de extremistas, ao contrário França, que compra a liberdade de seus cidadãos sequestrados jihadistas, o que ajuda a financiar insurgências islamitas, especialmente na África.

Ataque de Israel mata três líderes do Hamas

Um bombardeio aéreo de Israel matou na madrugada de hoje três comandantes militares do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que reluta em aceitar a proposta de uma cessar-fogo permanente feita pelo Egito. Com medo de uma reação violenta, o governo israelense pediu autorização à Knesset (Parlamento) para convocar 10 mil reservistas.

Raed al-Attar, Mohamed Chambala e Mohamed Barhoum, comandantes das Brigadas al-Cassam, o braço armado do Hamas, estavam num conjunto habitacional na cidade de Rafá, no extremo sul da Faixa de Gaza, junto à fronteira com o Egito.

Boko Haram toma academia de polícia na Nigéria

Com veículos blindados e motocicletas, rebeldes da milícia extremista muçulmana Boko Haram atacaram e dominaram um centro de treinamento da polícia de choque no estado de Borno, no Nordeste da Nigéria, noticiou a televisão pública britânica BBC, citando como fonte uma testemunha não identificada.

A data e hora do ataque não foram revelados. Uma alta fonte do governo nigeriano disse que desde ontem foi perdido o contato com a academia da polícia. Pelo menos 35 policiais estão desaparecidos.

Desde que aderiu à luta armada para tentar impor a lei islâmica, em 2009, a insurgência do grupo Boko Haram causou a morte de 15 mil pessoas na Nigéria. Em abril, a milícia terrorista, que se opõe à educação ocidental, sequestrou quase 300 meninas em Borno. Mais de 250 ainda estão  desaparecidas.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

EUA tentaram resgatar reféns do EIIL

Uma ação de comandos de elite dos Estados Unidos tentou resgatar e jornalista James Foxley e outros americanos sequestrados durante a guerra civil na Síria por extremistas da milícia Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), revelou hoje o governo Barack Obama.

Dezenas de soldados dos EUA foram até o local onde acreditavam que os reféns estavam. Eles mataram vários militantes, mas não encontraram os americanos. O EIIL acaba de anunciar a execução sumária de Foxley, em retaliação aos bombardeios da Força Aérea dos EUA a posições do grupo jihadista no Norte do Iraque.

Estado Islâmico anuncia morte de jornalista dos EUA

A milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante afirmou ontem ter matado o jornalista americano James Foley, sequestrado em 2012 na guerra civil na Síria.

Antes de ser degolado diante das câmeras, Foley acusou o governo dos Estados Unidos de estarem em guerra com todos os muçulmanos do mundo que aderiram ao Califado Islâmico. A voz no fundo tinha um sotaque, londrino, alimentando a suspeita de que Foley tenha sido morto por um jihadista britânico.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Hamas viola trégua e Israel contra-ataca

Israel voltou a bombardear hoje a Faixa de Gaza depois que dois foguetes disparados pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) atingiram a localidade de Beer Sheva, perto da fronteira sul do país, violando o cessar-fogo temporário, que havia sido prorrogado por 24 horas na esperança de desta vez chegar a um acordo para uma trégua permanente.

O Hamas exige a suspensão do bloqueio a Gaza, que na prática transforma o território palestino numa  prisão, já que poucos são autorizados a sair e entrar no Egito e em Israel.

Por sua vez, o governo israelense quer desmilitarizar a Faixa de Gaza e conta com o apoio velado do governo do Egito, fruto do golpe militar de 3 de julho de 2013, que considera a Irmandade Muçulmana, fundadora do Hamas, um grupo terrorista.

Com poucos aliados, à exceção do Catar e da Turquia, o Hamas reluta em aceitar os termos da trégua definitiva proposta nas negociações no Cairo, mediadas pelo Egito.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Curdos retomam hidrelética de Mossul

Com o apoio da Força Aérea dos Estados Unidos, os peshmerga (guerrilheiros curdos) retomaram hoje a usina hidrelétrica de Mossul, a maior do Norte do Iraque, que estava há duas semanas sob o controle dos rebeldes da milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante, informou em Bagdá um porta-voz militar iraquiano.

Os combates continuam nos arredores da barragem. No último fim de semana, os peshmerga retomaram várias vilas. O Estado Islâmico começa a recuar.

domingo, 17 de agosto de 2014

Curdos cercam hidrelétrica de Mossul

Depois de quatro ondas de bombardeios da Força Aérea dos Estados Unidos com drones e caixas-bombardeiros, as forças curdas cercaram a usina hidrelétrica de Mossul, no Norte do Iraque, tomada há duas semanas pela milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

As forças terrestres tomaram 80% do território ao redor da barragem, declarou o porta-voz dos peshmerga, Holgurt Hikmet. "Os aviões dos EUA ainda estão atacando e uma brigada do Exército do Iraque avança junto com os peshmerga", acrescentou.

Uma das preocupações é evitar danos à hidrelétrica, que não recebeu a manutenção devida nos últimos anos e poderia desabar, causando uma tragédia de grandes proporções.

sábado, 16 de agosto de 2014

Hamas ameaça com guerra de atrito permanente

Quarenta dias depois do início da guerra no momento em trégua temporária, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) ameaça travar uma guerra de atrito permanentemente se Israel não levantar o bloqueio à Faixa de Gaza.

No Cairo, onde são realizadas as negociações para um cessar-fogo definitivo, o governo do Egito, que atua como mediador, disse que não pretende apresentar novas propostas. A delegação palestina, que também tem representantes da Fatah (Luta), partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, acredita que as chances de um acordo são de 50%.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

EUA bombardeiam jihadistas perto de hidrelétrica

Depois de anunciar o rompimento do cerco ao povo yázidi no Monte Simjar, os Estados Unidos voltaram a atacar hoje posições da milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante, desta vez perto da hidrelétrica de Mossul, no Norte do Iraque.

Horas antes, o grupo terrorista teria matado 80 homens e raptado 100 mulheres do povo yázidi, considerado maldito pelos jihadistas por professor o zoroastrismo, uma das mais antigas religiões do Oriente Médio.

Hoje o grão-aiatolá Ali al-Sistani deu apoio ao primeiro-ministro designado Heidar al-Abadi. A impotência das forças de segurança iraquianas diante da ofensiva do EIIL gerou uma crise política que derrubou o primeiro-ministro Nuri al-Maliki. Ele ainda tentou resistir, mas sua base de apoio entrou em colapso.

Boko Haram sequestra dezenas na Nigéria

Uma operação atribuída à milícia extremista Boko Haram na vila de pescadores de Boron Doga, no Norte da Nigéria terminou com o sequestro ou desaparecimento de quase cem pessoas. Os reféns foram levados em ônibus.

Em abril, o grupo terrorista, que luta para impor a lei islâmica, raptou quase 300 meninas que ainda estão desaparecidas.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Maliki anuncia sua demissão

Sob pressão dos Estados Unidos, do Irã e dos próprios xiitas iraquianos, o primeiro-ministro Nuri al-Maliki anunciou hoje sua demissão. Ele tentou resistir. Chegou a mobilizar setores das Forças Armadas. Quando perdeu o apoio do partido Dawa, o maior da comunidade xiita do Iraque, sua sorte foi liquidada.

O colapso das forças de segurança diante da ofensiva da milícia extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante provocou uma crise política sem precedentes no conturbado Iraque pós-Saddam Hussein. O presidente Barack Obama condicionou o fornecimento de armas à saída de Maliki.

Na segunda-feira, o presidente Fuad Massum nomeou Haider al-Abadi para chefiar o governo. Maliki alegou ter direito a um terceiro mandato. Ontem, o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica do Irã, aiatolá Ali Khameni, apoiou Abadi. Sem apoio interno nem externo, Maliki foi obrigado a recuar.

Hoje finalmente Maliki declarou não querer mais nenhum cargo no governo iraquiano. Terá de ficar até a formação de um novo governo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

EUA e França vão armar curdos do Iraque

Diante da ofensiva do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), os Estados Unidos e a França anunciaram a decisão de armar os curdos do Norte do Iraque. Enquanto a França deve fazer isso imediatamente, os EUA promete "acelerar o envio" quando o Iraque tiver um novo governo. Isso implica o afastamento do primeiro-ministro Nuri al-Maliki.

Na segunda-feira, o presidente Fuad Massum, um curdo, nomeou o xiita Haider al-Abadi, com o apoio do Irã e de várias facções xiitas. Hoje, Maliki denunciou "uma conspiração interna e externa" pela manobra.

Hoje, a televisão pública britânica BBC noticiou que o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica no Irã, aiatolá Ali Khamenei, apoia a remoção de Maliki e a nomeação de Abadi.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Irã apoia primeiro-ministro designado do Iraque

O primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki ficou ainda mais isolado hoje no Iraque com o apoio do Irã ao primeiro-ministro designado Haider al-Abadi, que tem 30 dias para formar um governo. Hoje o presidente do Supremo Conselho de Segurança Nacional do Irã, Ali Chamkani

Ontem, Maliki ameaçou resistir à nomeação, alegando ter direito a um terceiro mandato, e mandou tanques saírem às ruas de Bagdá, gerando rumores de golpe de Estado. Quando sua base de apoio ruiu, fez um apelo às forças de segurança para não tomarem partido na crise política.

 "A rapidez do apoio internacional e dentro do Iraque mostra como Maliki se tornou impopular", comentou Hoshyar Zebari, um líder político curdo e ex-ministro do Exterior. "Houve um certo alívio do público e dos militares com o recuo, mas não sabemos o que ele tem na manga. Acredito que ele vá criar tantos problemas quanto possível no próximo mês."

Explosões matam nove e geram caos no centro de Bagdá

Pelo menos nove pessoas morreram e outras 54 saíram feridas de duas explosões nos bairros de Karrada e Zafarânia, que ficam na região central da capital do Iraque, informou o Comando de Operações de Bagdá.

A maior bomba explodiu em Karrada, onde mora o primeiro-ministro designado Haider al-Abadi. Oito pessoas morreram e outras 51 foram feridas. Revoltados, civis atacaram a polícia.

A outra bomba era um adesivo explosivo colado num veículo civil.

Abadi, nomeado pelo presidente Fuad Massum, um curdo, enfrenta resistência do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, xiita como ele, que tem apoio de parte das incompetentes Forças Armadas iraquianas, incapazes de deter a ofensiva do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).

O caos em Bagdá e a ofensiva do EIIL são heranças da invasão do Iraque pelos Estados Unidos por ordem de George W. Bush para derrubar o ditador Saddam Hussein.

Total de mortes por ebola passa de mil

A epidemia do vírus ebola que atinge a África Ocidental já matou 1.013 pessoas de um total de 1.848 casos notificados, informou hoje o último boletim da Organização Mundial da Saúde.

O vírus causa uma febre hemorrágica que mata até 90% dos infectados. Na semana passada, a OMS declarou a epidemia uma "emergência internacional". Hoje, autorizou o uso de um medicamento ainda em fase de testes, dado a dois pacientes americanos, que reagiram ao tratamento.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Presidente do México assina reforma energética

O presidente Enrique Peña Nieto sancionou hoje as leis que reformam o setor de energia do México, regulamentando os artigos 25, 27 e 28 da Constituição do país, uma de suas promessas de campanha.

A partir de agora, empresas privadas poderão se associar às estatais Petróleos Mexicanos (Pemex) e Comissão Federal de Eletricidade para atuar no setor.

FARC não assinam acordo de paz neste ano

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), o maior grupo rebelde armado da América, não vai fechar um acordo de paz com o governo colombiano neste ano, declarou hoje seu comandante militar, Rodrigo Echeverry, mais conhecido pelo nome de guerra, Timochenko.

O comandante explicou que as negociações serão retardadas por desacordo em questões complexas como identificar e recompensar as vítimas da longa guerra civil colombiana, na qual as FARC foram a principal força rebelde nos últimos 50 anos.

Primeiro-ministro do Iraque rejeita demissão

Depois de mandar o Exército sair às ruas de Bagdá, o primeiro-ministro do Iraque, Nuri al-Maliki, rejeitou hoje a nomeação de um novo chefe de governo, o vice-presidente do Parlamento, Haider al-Abadi, para substituí-lo, numa tentativa de golpe militar capaz de agravar ainda mais a trágica situação do país.

Ao colocar os tanques nas ruas da capital, Maliki se revelou um autocrata sem escrúpulos. O vice-presidente americano Joe Biden cumprimentou Abadi por telefone e advertiu Maliki a não atrapalhar a transição neste momento em que o Norte do Iraque é atacado pelos extremistas muçulmanos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

À tarde, um tribunal federal iraquiano declarou que a coligação Estado de Direito, favorável a Maliki, pode ignorar o presidente Fuad Massum e formar seu próprio governo, acirrando ainda mais a crise.

Agorta há pouco, o presidente Barack Obama declarou que os EUA vão continuar cooperando com as forças curdas que tentam defender Erbil, a capital do Curdistão e impedir o genocídio de minoria curda yázidi. Cerca de 50 mil pessoas, talvez 70 mil, estão isoladas no alto das montanhas e ameaçadas pela milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

domingo, 10 de agosto de 2014

Sinagoga do Recife foi um símbolo do Brasil Holandês

RECIFE - Nestes tempos de recrudescimento das guerras no Oriente Médio, uma visita à primeira sinagoga da América ajuda a refletir sobre conflitos religiosos como a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), travada entre católicos e protestantes depois da Reforma da Igreja, que levou às duas invasões holandeses no Nordeste do Brasil, com os judeus no meio desse fogo cruzado.

Os primeiros judeus chegaram ao Brasil com Fernando de Noronha, um cristão novo (judeu convertido) encarregado pelo rei Dom Manuel I de introduzir o cultivo de cana de açúcar na colônia, que trouxe com ele vários cristãos novos.

Mais cristãos novos vieram a convite de Duarte Pereira Coelho, donatário da capitania hereditária de Pernambuco, uma das duas únicas a prosperar, ao lado da capitania de São Vicente, no caso pernambucano, por causa da produção de açúcar, na época uma das mercadorias mais importantes do comércio internacional.

Diogo Fernandes era um dos maiores especialistas na cultura açucareira e Pedro Álvares Madeira, nativo da Ilha da Madeira, até então o maior produtor de açúcar do Ocidente. Ambos eram cristãos novos (judeus convertidos ao cristianismo). Foram os primeiros a receber terras de Duarte Coelho, em 1542.

Pouco antes, em 1536, a Inquisição chegara a Portugal. Nunca houve um Tribunal do Santo Ofício no Brasil. Durante a União Ibérica (1580-1640), quando o mesmo rei governava os dois impérios, espanhol e português, em 1623, Felipe IV mandou instalar um tribunal no Brasil. Desistiu diante da Primeira Invasão Holandesa ao Brasil, na Bahia, no ano seguinte.

Houve duas visitações do Santo Ofício à Bahia (1591-93 e 1618) e uma a Pernambuco (1593-95). Em 1625, os holandeses foram derrotadas por uma esquadra luso-espanhola e expulsos de Salvador. Os judeus foram acusados de colaborar com o invasor.

A Companhia Holandesa das Índias Ocidentais voltou a atacar em 1630 com uma força muito maior para tomar Pernambuco, a mais rica das províncias ultramarinhas portuguesas, iniciando uma ocupação que duraria 24 anos.

Em seu momento de maior expansão, durante o governo do conde João Maurício de Nassau (1637-44), o Brasil Holandês ia da foz do Rio São Francisco até São Luís do Maranhão. Como a Holanda protestante fizera a primeira revolução liberal da história, tinha adotado a liberdade religiosa.

Muitos judeus portugueses fugiram para a Holanda, levando consigo a tecnologia da indústria naval portuguesa. Logo a Holanda se tornaria uma grande potêncial naval e comercial, e ameaçaria a América Portuguesa com o apoio dos judeus.

Foi o cristão novo Antônio Dias Papa-robalos que guiou os holandeses depois que eles desembarcaram ao norte de Olinda, onde hoje fica o Forte de Pau Amarelo, e atacaram a capital da província pelo lado desprotegido. Sob o domínio holandês, a liberdade religiosa chegou ao Brasil Colônia, atraindo os judeus portugueses que haviam fugido para a Holanda.

A Sinagoga do Recife foi construída a partir de 1636 na Rua dos Judeus, rebatizada Rua da Cruz depois da expulsão dos holandeses, em 1654, e de Rua do Bom Jesus, em 1879. Seu primeiro rabino, o cristão novo Isaac Aboab da Fonseca, cuja família emigrara para Amsterdã para voltar a professar o judaísmo, desembarcou no Brasil Holandês em 1641. Portugal tinha recuperado a independência um ano antes e feito as pazes com a Holanda.

Em 1645, havia cerca de 1.450 judeus no Recife, a metade da população branca da cidade. Eram médicos, advogados, calígrafos, atores, músicos, ourives, ceramistas, intérpretes, tradutores e comerciantes de escravos, tecidos, roupas, açúcar, alimentos, vinhos e madeira, entre outros artigos, conta o historiador José Antônio Gonsalves de Mello, um dos grandes historiadores das invasões holandesas.

Um ano antes, Nassau tinha sido demitido pelos acionistas da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, mais interessados em remessa de lucros do que em investimentos na colônia. Começava a decadência do Brasil Holandês.

Também em 1645, 30 católicos brasileiros, 25 homens e 5 mulheres, foram brutalmente assassinados por calvinistas holandeses e índios tapuias em dois massacres no Rio Grande do Norte.

Depois de duas derrotas nas batalhas dos Guararapes, em abril de 1648 e fevereiro de 1649, os holandeses foram finalmente assinaram a rendição em 27 de janeiro de 1654, quando Portugal se aliou à Inglaterra durante a Primeira Guerra Anglo-Holandesa (1652-54) para conseguir enfrentar uma das grandes potências da época.

Como destaca o historiador Evaldo Cabral de Mello em O Negócio do Brasil - Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1641-1669, "Portugal pagou o equivalente a 63 toneladas de ouro pelo Nordeste".

Com o fim do Brasil Holandês, acabou também a tolerância religiosa com os judeus. Acusados de colaborar com o invasor, eles foram perseguidos e tiveram de escapar às pressas em dois navios. Cerca de 500 foram para Nova Amsterdã. De acordo com o Arquivo Judaico do Recife, que faz parte do projeto de restauração da primeira sinagoga da América, foram os primeiros judeus a chegar à futura Nova York.

O projeto de restauração foi iniciado em 1999, e a sinagoga reaberta ao público em 2001. A lista dos primeiros frequentadores está cheia de cristãos novos. Por toda essa história, o Brasil é o país que mais recebeu cristãos novos. Cerca de 10% dos brasileiros, talvez 20%, sejam descendentes de judeus.

Erdogan é eleito presidente da Turquia

O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan tornou-se o primeiro presidente da Turquia eleito diretamente. Ele teve cerca de 52% dos votos válidos, indicam projeções dos resultados parciais, informou a TV americana CNN.

No poder desde 2003, Erdogan não poderia se candidatar a um quarto mandato de chefe de governo. Tido como islamita moderado, ele se tornou mais radical nos últimos anos, desagradando a classe média urbana que teme a islamização do país, mas se elege com os votos do eleitorado conservador do interior da Turquia.

Sob seu governo, a Turquia triplicou o produto interno bruto, mas as longas negociações para aderir à União Europeia estagnaram, em parte pela oposição da França, empurrando Erdogan para uma postura mais oriental. Seu sonho é estender a influência da Turquia pelo antigo Turquestão, que inclui as antigas repúblicas de maioria muçulmana da União Soviética.

Em seu projeto de restaurar a glória do Império Otomano, dissolvido no fim da Primeira Guerra Mundial, Erdogan tentou reconstruir um quartel numa das últimas áreas verdes do centro de Istambul, a maior cidade do país, deflagrando uma onda de protestos no ano passado.

Nem isso nem as denúncias de corrupção envolvendo diretamente o presidente eleito e seu filho abalaram a popularidade de Erdogan entre o eleitorado conservador do interior do país. Seu plano agora é reforças os poderes do presidente para mandar autocraticamente na Turquia por mais dez anos.

Estado Islâmico mata 500 yázidis

A milícia extremista muçulmana Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) matou pelo menos 500 pessoas e escravizou cetenas de mulheres da minoria curda yázidi no Norte do Iraque, denunciou hoje um ministro iraquiano citado pela agência Reuters. Dezenas de milhares de pessoas estão fugindo da região, onde todas as minorias religiosas estão sendo perseguidas.

Nos últimos dias, os Estados Unidos começaram a bombardear posições do EIIL. Hoje, fizeram o maior ataque. O objetivo é apoiar as tropas curdas que enfrentam os jihadistas a cerca de 30 km de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano.

sábado, 9 de agosto de 2014

EUA podem bombardear Iraque durante meses

A Força Aérea dos Estados Unidos pode bombardear a milícia jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) durante meses, declarou hoje em pronunciamento à nação o presidente Barack Obama, informa o jornal The New York Times.

Obama prometeu manter os ataques enquanto for necessário para proteger os direitos humanos das minorias religiosas perseguidas pelo EIIL e "proteger interesses americanos".

A anarquia e a guerra civil no Iraque são consequências da invasão americana de 2003, ordenada pelo presidente George Walker Bush para derrubar o ditador Saddam Hussein. O país nunca voltou à normalidade, e a minoria sunita, que estava no poder com Saddam, sente-se discriminada. Em algumas cidades, os sunitas, descontentes com o governo do primeiro-ministro xiita Nuri al-Maliki, apoiaram os jihadistas.

Iraque envia avião com munição para forças curdas

Numa atitude sem precedentes, o governo do Iraque mandou um avião de transporte militar C-130 carregado de munição para armas leves para as forças curdas, os peshmerga que enfrentam a ofensiva do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) no Norte do país.

Em Washington, o governo dos Estados Unidos anunciou estar articulando com o governo federal em Bagdá e com o governo regional do Curdistão iraquiano mais remessas de armas e munições para conter os jihadistas do EIIL, uma dissidência da rede terrorista Al Caeda surgida em 2012 durante a guerra civil na Síria.

Depois de dominar parte do Leste da Síria, os jihadistas lançaram uma ofensiva nas regiões de maioria sunita e curda do Iraque, e estão discriminando todas as minorias religiosas nas áreas sob seu controle.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Nigéria declara estado de emergência contra ebola

Por recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Nigéria declarou hoje estado de emergência nacional para tentar conter a epidemia da febre hemorrágica ebola que atinge a África Ocidental. A OMS declarou que ebola é uma "emergência global". 

O presidente Goodluck Jonathan liberou o equivalente a US$ 11,6 milhões para o combate à doença. Sete nigerianos foram infectados até agora. Dois morreram. Como a Nigéria tem a maior população da África, grandes concentrações humanas e uma infraestrutura de saúde precária, o risco é enorme.

A situação é pior nos três primeiros países atingidos pela doença, Guiné, Libéria e Serra Leoa.

EUA bombardeiam Estado Islâmico no Iraque

A Força Aérea dos Estados Unidos lançou hoje duas ondas de bombardeio contra os extremistas muçulmanos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) perto da cidade de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, onde há um consulado americano.

No primeiro ataque, duas bombas de 500 quilos foram jogadas contra posições de artilharia dos jihadistas, que estao a apenas 30 quilômetros da cidade. No segundo, os alvos foram colunas de rebeldes que marchavam rumo a Erbil. O presidente Barack Obama justificou os bombardeios como necessários para "evitar um genocídio".

Ontem, a Força Aérea dos EUA jogou comida e alimentos para cerca de 40 mil pessoas da povo yazidi, perseguido pelo EIIL, que está atacando todas as minorias religiosas e ameaçando matar quem não se converter ao Islã. Os cristãos foram expulsos de Mossul, e o alvo agora é o povo yazidi, que professa o zoroastrismo, uma antiga religião nascida no Irã considerada diabólica pelos extremistas.

Hoje o EIIL tomou a maior usina hidrelétrica do Norte do Iraque.

Chile não negocia saída para o mar para Bolívia

Depois de um encontro com o vice-ministro de Relações Exteriores da Bolívia, Juan Carlos Alurralde, o ministro do Exterior do Chile, Heraldo Muñoz, declarou que seu país está pronto a negociar a integração econômica com o país vizinho, mas não disputas marítimas e territoriais, revelou ontem a revista chilena América Economía.

A Bolívia perdeu a saída para o mar para o Chile na Guerra do Pacífico (1879-83). Desde então, tenta romper com a mediterraneidade e recuperar a saída para o mar. O país tem até uma Marinha, estacionada no Lago Titicaca. O presidente Evo Morales recorreu até à Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, com sede em Haia, na Holanda.

Obama autoriza ataques aéreos a jihadistas no Iraque

O presidente Barack Obama autorizou hoje a Força Aérea dos Estados Unidos a bombardear o grupo extremista muçulmano Estado Islâmico do Iraque e do Levante, se os jihadistas atacarem os soldados americanos que tentam dar ajuda de emergência ao povo yazidi, isolado nas montanhas e ameaçado pela "guerra santa" e pela sede. Eles também se aproximam de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, onde há um consulado americano.

Desde que assumiu o controle de algumas áreas sunitas do Norte do Iraque, o EIIL faz uma campanha de erradicação das minorais. Os cristãos que não se converteram ao islamismo tiveram de fugir para não serem mortos. O mesmo destino espera os yazidis, um povo que segue o zoroastrismo, uma antigo religião monoteísta surgida no Irã.

Cerca de 40 mil yazidis estão isolados no alto de uma montanha perto da fronteira com a Síria. Várias crianças já teriam morrido de sede.

Rússia dá três anos de residência a Snowden

O ex-funcionário subcontratado pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos Edward Snowden, que revelou a existência de grandes programas de espionagem via telefone e Internet e se exilou na Rússia, ganhou uma extensão de seu visto de residência por mais três anos a partir de 1º de agosto de 2014, anunciou ontem seu advogado.

Quando a espionagem foi denunciada, Snowden fugiu para Hong Kong e de lá para Moscou, onde ficou alguns dias no aeroporto até receber asilo. Agora, com a pior crise entre a Rússia e os Estados Unidos depois da Guerra Fria, causada pela intervenção militar russa na Ucrânia,

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Rússia proíbe importações agrícolas dos EUA e UE

O primeiro-ministro Dimitri Medvedev anunciou hoje que a Rússia vai proibir a importação de uma série de produtos agropecuários da Austrália, do Canadá, dos Estados Unidos, da União Europeia e da Noruega pelo período de um ano.

Entre os produtos proibidos, carne de gado, porcos e aves, pescado, frutas, legumes, leite e derivados. O Brasil pode se beneficiar suprindo parte do que deixará de ser comprado pelos países que adotaram sanções contra a Rússia em retaliação contra a intervenção militar russa na Ucrânia.

Dois líderes do Khmer Vermelho pegam prisão perpétua

Dois líderes do regime comunista do Khmer Vermelho, que aterrorizou o Camboja de 1975 a 1978, Khieu Shamphan e Noun Chea, foram condenados hoje à prisão perpétua  por crimes contra a humanidade. A denúncia apresentada a um tribunal cambojano criado pelas Nações Unidas inclui as mortes de 20 mil vietnamitas e 100 a 500 mil muçulmanos da minoria cham.

Noun Chea, hoje com 88 anos, era vice-líder do falecido Pol Pot e ideológo do regime, que adotou políticas de Ano Zero, tentando apagar todo o passado supostamente corrupto. Khieu Shampan era o presidente do Camboja, mas o poder estava concentrado no supremo líder. Eles foram condenados por assassinatos em massa, tortura e perseguição política.

O regime genocida de Pol Pot, de orientação maoísta radical, é acusado pela morte de cerca de 2 milhões de pessoas. Tomou o poder em 16 de abril de 1975, duas semanas antes da queda de Saigon, que unificou o vizinho Vietnã e expulsou as últimas forças dos Estados Unidos da antiga Indochina Francesa.

Uma invasão vietnamita no Natal de 1978 acabou com a ditadura de Pol Pot, que caiu em 7 de janeiro de 1979. Dez anos depois, com o fim da Guerra, houve uma série de negociações de paz pelo mundo inteiro, inclusive no Sudeste Asiático. Em 1989, as forças do Vietnã deixaram o Camboja.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Máfia russa rouba 1,2 bilhão de senhas

Uma máfia da Rússia roubou a maior quantidade de identidades digitais da história. São 1,2 bilhões de nomes de usuários e respectivas senhas, e mais de 500 mil endereços de correio eletrônico, revelou a empresa de segurança na Internet Hold Security, de Milwaukee, nos Estados Unidos.

Os dados foram pirateados em 420 mil sítios de grandes, médias e pequenas empresas com negócios na rede mundial de computadores.

"Os hackers não visaram só empresas americanas, atacaram todo sítio que puderam, das 500 maiores empresas da lista da revista Forbes até pequenos sítios", declarou Alex Holdon, fundador e diretor de segurança da Hold Security, ao jornal The New York Times.

Itália volta a cair em recessão

Com uma queda inesperada de 0,2% no produto interno bruto do segundo trimestre de 2014, depois de uma baixa de 0,1% no primeiro trimestre, a Itália entrou em recessão pela terceira vez desde a Grande Recessão mundial de 2008-9, anunciou hoje o Istat, órgão oficial de estatísticas do país.

O ministro da Economia, Piero Carlo Padoan, negou que a Itália precise fazer ajustes orçamentários para conter o déficit nas contas públicas em no máximo 3% do PIB, como exige o pacto de sustentabilidade da Zona do Euro.

A terceira economia da Eurozona está praticamente estagnada desde que aderiu à união monetária europeia e adotou o euro como moeda, em 1999. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, se aliou ao presidente da França, François Hollande, para pressionar a Alemanha a adotar políticas de estímulo ao crescimento.

Enquanto a Alemanha lidera a expansão econômica e a Espanha se recupera, a Itália e a França não conseguem acelerar o crescimento e reduzir o desemprego elevado, especialmente entre jovens.

Holandeses dominam Nordeste e Nassau é aplaudido

Prestes a embarcar mais uma vez para o Recife, transcrevo aqui este texto escrito na primeira viagem a Pernambuco, publicado no Correio do Povo, de Porto Alegre, em 10 dezembro de 1978:

Por volta de 1530, Dom João III, rei de Portugal, percebe que colonizar é a melhor maneira para garantir o domínio sobre suas possessões na América. Institui, então, o sistema de capitanias hereditárias e recomenda aos donatários que introduzam a agricultura como forma de fixar o homem à terra. O açúcar é um produto em ascensão no mercado internacional e a cana, já plantada com sucesso nas ilhas da Madeira e dos Açores, logo se adapta aos solo fértil da Zona da Mata nordestina. O Brasil lidera a produção mundial e Pernambuco se torna a capitania mais florescente da colônia no século 16. Cem anos mais tarde, quando o Brasil está sob o domínio espanhol, esse mesmo açúcar atrai a cobiça dos holandeses, que invadem o Nordeste em 1624-25 e 1630-54. Nesse período, o conde Maurício de Nassau, mais mercenário do que príncipe, inicia o desenvolvimento do Recife, como governador dos territórios ocupados. As relíquias desse passado histórico em que o açúcar foi a mercadoria mais importante do comércio marítimo mundial estão em Olinda e Recife.

À época do descobrimento do Brasil, todas as atenções de Portugal se voltam para o Oriente, onde o comércio das especiarias atinge o apogeu. Ninguém quer saber do Brasil, a não ser os traficantes de madeira. Pelo sistema de capitanias, o rei cede alguns direitos ao mesmo tempo em que passa os encargos financeiros com transporte e povoação aos donatários.

Poucos se candidatam. Segundo a História Econômica do Brasil, de Caio Prado Jr., entre os 12 pretendentes não figura nenhum nome da grande nobreza e do alto comércio - são todos indivíduos de pequena expressão econômica e social.

AÇÚCAR
O açúcar é o grande negócio. Em 1440, uma arroba (15 quilos) vale 18,30 gramas de ouro em Londres. Como não existe o hábito de consumi-lo, o desenvolvimento da produção logo traz a queda nos preços. Portugal já é o maior produtor e o Brasil assume essa condição entre suas colônias.

Duarte Pereira Coelho, donatário de Pernambuco, é homem de armas com experiência em navegações. Jovem, em 1519, vai à Índia. Em 1516-17, desempenha missão diplomática no distante e desconhecido reino do Sião. Navega o mar da China e percorre as costas da África, passando a comandar a frota guarda-costas do Brasil, quando conhece a futura capitania de Pernambuco, em 1530, durante lutas contra índios em Igaraçu.

Cinco anos depois, Duarte Coelho recebe a Fortaleza de Pernambuco, que tem esse nome porque um extenso recife passa rente à praia, com uma abertura para dar vazão às aguas dos rios Capibaribe e Beberibe (em tupi, parana puca significa mar furado).

TRADIÇÃO
Mais preocupado com a defesa militar do que com o comércio (homem de armas, confiava nelas), o donatário transfere a feitoria para uma colina na margem esquerda do Beberibe, lugar de bela paisagem. Surge a primeira capital de Pernambuco, Olinda, assim batizada porque um colonizador teria se maravilhado com a vista e exclamado: "Ó linda!" - segunda a versão do Frei Vicente Salvador, consagrada pela tradição oral.

Junto ao porto natural, existe uma povoação desde 1927, mas o Recife é fundado oficialmente em 12 de março de 1537 com o nome de Arrecife dos Navios, espremido entre os rios e o mar, com seus armazéns, suas tendas vagabundas e a vulgaridade de seus comerciantes - contrastando com a aristocrática Olinda dos nobres senhores de engenho.

A cana assume seu papel. Lentamenta a agroindústria dá seus primeiros passos na planície do Beberibe. Os engenhos passam de 23 em 1576 para 50 dez anos depois e na virada do século são mais de 100. Em 1583, foram exportadas 3 mil arrobas de açúcar.

INVASÃO
Com a morte de Dom Sebastião, rei de Portugal, em 1580, sem deixar sucessor, Felipe II, da Espanha, reivindica e leva a coroa portuguesa, disse se aproveitando a Holanda, inimiga da Espanha, para invadir o Brasil com a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, empresa colonizadora e exploradora. O primeiro alvo é Salvador, que como capital da colônia era bem fortificada, reage e repele o invasor em um ano com o apoio de uma esquadra luso-espanhola.

Com 3.780 marinheiros e 3.500 homens bem armados em 35 naus, 15 iates, 35 chalupas e duas embarcações capturadas, os holandeses atacam Pernambuco, "a mais rica das províncias ultramarinas portuguesas". Em 13 de fevereiro de 1630, o almirante Lonch avista Olinda, mas o governador Matias de Albuquerque protege o porto. Enquanto Lonch visa os fortes do Recife de longe, Wardenburch desembarca 3 mil homens ao norte, onde hoje fica o Forte Pau Amarelo, guiado por um cristão novo (judeu convertido), Antônio Dias Papa-robalos.

Explica-se: O fantasma da Inquisição apavora a Espanha e suas colônias, e o Brasil há havia recebido a Visitação do Santo Ofício em 1591-5. Para os judeus, a presença holandesa seria tranquilizadora. Atacando violentamente pelo lado norte, desguarnecido, os holandeses incendeiam e destroem Olinda.

PRÍNCIPE
O Recife é escolhido para capital da Nova Holanda em função da importância do porto para o comércio, principal interesses dos acionistas da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, uma multinacional da época. As capitanias de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande são dominadas. Para consolidar suas posições, a empresa nomeia governador-geral o conde João Maurício de Nassau-Siegen.

Segundo o historiador Hélio Vianna, Nassau não passa de um fidalgo alemão que recebe honrarias de príncipe do Principado de Nassau-Siegen, parte do Sacro Império Romano-Germânico, em 1674, muito depois de deixar o Brasil, sem no entanto jamais ter reinado sobre terra alguma. Não é, portanto, da família real holandesa, mas, sim, "um ex-combatente da Guerra dos Trinta Anos, como outros mercenários que a Cia. das Índias Ocidentais enviou para a América".

O mesmo Hélio Vianna entende que não foi o administrador extraordinário que alguns pretendem: inteligente, procura desempenhar bem sua missão, embora sempre atendendo às conveniências meramente utilitárias da empresa.

Talvez pensando em viver na América, Nassau constroi um palácio, planta 700 coqueiros e outras árvores frutíferas, parreirais para fazer vinho na Ilha de Itamaracá. Dá liberdade religiosa aos judeus e a outras minorias perseguidas para atrair migrantes. Sua obra mestra é a Ponte dos Arcos, que custa 100 mil florins e liga as ilhas do Recife e de Santo Antônio, onde cria a Cidade Maurícia. Além disso constroi o porto, antes natural.

Mas os acionistas da Companhia das Índias Ocidentais queriam remessas de lucros e não despesas com colônias distantes. Em 1644, Nassau é chamado para prestar contas. Antes de partir, é carregado em triunfo nos braços do povo, que soube reconhecer sua preocupação com o desenvolvimento e não apenas com a exploração. Durante seu governo (1937-44), houve florescimento das artes, mas os engenhos nunca funcionaram como antes de 1630.

INSURREIÇÃO
A volta de Nassau deteriora a ocupação holandesa. Portugal, independente da Espanha desde 1640, apoiava decisivamente a expulsão do invasor. Organiza-se a Insurreição Pernambucana, fato histórico apontado como primeira manifestação do sentimento nacionalista no Brasil.

Os pretos de Henrique Dias, os índios de Felipe Camarão, os portugueses liderados pelo poderoso senhor de engenho João Fernandes Vieira e os brasileiros de André Vidal de Negreiros se unem sob a chefia do mestre de campo e marechal Francisco Barreto, nomeado pelo rei Dom João IV.

A vitória decorre de duas derrotas sofridas pelos holandeses em batalhas nos Montes Guararapes, a primeira em 18 de abril de 1648 e a segunda em 18 de fevereiro de 1649. Debilitados, os invadores ainda resistem cinco anos até a rendição final, assinada na Campina da Taborda, atrás do Forte das Cinco Pontas, no centro do Recife, em 1654.

Minhas primeiras impressões do Recife

Esta reportagem, feita na minha primeira viagem ao Recife, foi publicada no Correio do Povo, de Porto Alegre, em 10 de dezembro de 1978:

RECIFE - É no Parque Nacional dos Guararapes, que diversas placas assinalam ser o local onde nasceu o Exército Brasileiro e o sentimento nacionalista, o desejo de integração nacional, que começa o roteiro histórico da visita a Recife e Olinda.

Do alto daquelas colinas cobertas por coqueiros, no município de Jaboatão, no Grande Recife, se tem um amplo panorama da capital pernambucana e cidades vizinhas. De um lado, fica a colonial Olinda e do outro o distrito industrial de Jaboatão, ao fundo o mar o no meio a concentração urbana do Recife.

A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, de 1782, substitui uma capela mandada construir em 1656 pelo mestre-de-campo e general Francisco Barreto em homenagem à padroeira do dia em que foi conquistada a vitória final contra os holandeses, 27 de janeiro de 1654. Seu estilo é barroco, com o altar-mor todo trabalhado em madeira entalhada.

CANHÕES
Ao redor da igreja, árvores de frutas da terra - abacate, manga, sapoti, banana - realçam a beleza do lugar. Durante as obras para a abertura das pistas asfaltadas que levam ao Parque dos Guararapes, foram encontrados canhões provavelmente usados nas batalhas. Foram restaurados e estão ali para mostrar que a área foi um campo de batalha. Também foram encontrados cadáveres com medalhas penduradas no pescoço, mas estas foram para museus em São Paulo.

O Recife é uma cidade pobre que recebe milhares de migrantes afugentados do interior pelas secas nordestinas e não tem emprego para eles. Então, garotos rondam os pontos turísticos na tentativa de ganhar alguns trocados. O Parque dos Guararapes está cheio deles. Decoram meia dúzia de informações históricas e as reproduzem apressadamente, em tom de voz mecânico. Confusos, se repetem e atropelam modinhas - mas de qualquer forma espelham uma realidade social, ainda que incômoda para os que pretendem apresentar o Nordeste de hoje como uma região progressista que abandona os problemas do passado.

Pelas ruas e avenidas que se percorre até chegar ao centro, as visões da pobreza se reproduzem casa por casa. São os mocambos do Recife, moradia dos severinos que o sertão repeliu.

No Centro, passsa-se pelo Forte das Cinco Pontas e pela Campina da Taborda a caminho da Igreja de São Pedro dos Clérigos, a mais rica em barroco no Brasil e também a mais alta. Seu teto conserva as pinturas originais de João de Deus Sepúlveda.

PONTE
As grandes obras de Maurício de Nassau estão na Ilha de Santo Antônio, onde hoje se situa o comércio popular do Recife. Destacam-se o Palácio das Torres e a Ponte dos Arcos. Esta última foi uma obra milionária, concluída em 1643. Entretanto, os recifenses contam que ninguém queria atravessá-la porque Nassau instituiu uma espécie de pegádio.

Mas o representante holandês era inteligente e sabia manobrar a vontade popular. Espalhou a notícia de que um boi voava do outro lado da ponte. Para alimentar as ilusões, fez um boi de cortiça e pano, e levantou-o com cordas. Resultado: todos passavam e pagavam a taxa com satisfação.

Além disso, Nassau colocou pedras sobre os arrecifes naturais para fortalecer o porto. Canhões fincados em pé serviam para amarrar os navios.

Para o guia turístico, Pernambuco é pioneiro em tudo no Brasil. Teve o primeiro parlamento, a primeira faculdade de direito e a primeira televisão educativa, agora também a primeira em cores. Só não se iludam se ele disser que foi o Diário de Pernambuco foi o primeiro jornal impresso no Brasil, pois foi a Gazeta do Rio de Janeiro, na época de Dom João VI, em 1808. O Diário de Pernambuco é apenas o mais antigo em atividade.

Como não poderia deixar de ser, o ufanismo pernambucano se manifesta também na voz dos locutores de rádio. A Rádio Jornal do Comércio dá o prefixo e anuncia estar transmitindo em quatro diferentes frequências de ondas curtas: "Não há distância que nos separe."

Talvez as maiores relíquias históricas do Recife estejam no Museu e Convento da Ordem Terceira de São Francisco, na Rua do Imperador. Ali fica a Capela Dourada, toda resplandescente de tanto ouro que reveste as formas barrocas em estilo rococó esculpidas em cedro. Do século 18, é a obra máxima do período em que o açúcar concedeu aos senhores de engenho a supremacia econômica dentro do Brasil Colônia.

Ao lado, existe o Museu Franciscano de Arte Sacra, rico em esculturas, paramentos e peças de igrejas, com castiças e cálices em ouro e prata.

PATRIMÔNIO
A parte antiga de Olinda está totalmente tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (e hoje também pela ONU como patrimônio da humanidade).

As casas grudadas umas às outras, as ruas aladeiradas e estreita constituem uma paisagem que dá ares de Salvador. Na Rua Bernardo Vieira de Melo, o antigo Mercado da Ribeira, onde eram negociados os escravos, agora é usado por artesãos. As ruínas do antigo Senado resistem, embora só reste um paredão.

O casarão colonial onde viveu João Fernandes Vieira, na Rua de São Bento, com dois andares, varanda e jardim ao lado, também merece uma parada. A Igreja de São Pedro dos Clérigos de Olinda (1590) é mais antiga do que a do Recife; entretanto, sua arquitetura sofreu diversas alterações com o tempo, As portas esculpidas em madeira mantêm o aspecto original.

Mas é na frente do Mosteiro de São Bento e da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia (1540) que se abre um panorama que justifica a exclamação "Ó linda!", que teria sido, segundo a tradição oral, a origem do nome da cidade. O aspecto de cidade grande e moderna do Recife se contrapõe à quietude colonial das igrejas que emergem por entre os coqueiros das colinas de Olinda.

INCÊNDIO
A parede frontal da Igreja da Misericórdia foi enegrecida pelas chamas quando os holandeses incendiaram Olinda, testemunha até hoje aquela agressão. Mas o prédio resistiu e foi reconstruído por Nassau.

Já o Mosteiro de São Bento (1599) foi erguido onde antes havia uma ermida a São Roque. Obra-prima do barroco brasileiro, sediou o primeiro curso de Direito do país e hoje abriga a Faculdade de Ciências Humanas de Olinda.

A Rua de São Francisco é uma ladeira íngreme que leva até o primeiro convento franciscano do Brasil, em estilo barroco rococó, com claustro decorado com azulejos portugueses. Dentro dele, está a Igreja de Nossa Senhora das Neves, muito antiga, do tempo dos holandeses. A pintura original ainda não foi restaurada.

Outro prédio histórico que vale a pena conhecer em Olinda é o seminário, antigo colégio jesuíta situado na parte norte da cidade velha, por onde os holandeses atacaram por ser o flanco menos protegido. Seu estilo é clássico, quinhentista.

Descendo para a parte plana, chega-se à Nova Olinda, que antigamente seria submersa e hoje está seriamente ameaçada pelas ressacas. Os bares, restaurantes e boates limitam-se uns aos outros na beira-mar. É uma zona residencial e de veraneio, com os edifícios disputando os espaços palmo a palmo como em Copacabana.

Alguns quilômetros mais ao norte, quando as construções de alvenaria dão lugar às choupanas de pau-a-pique e sapê cobertas por palha de coqueiros, no local onde os holandeses desembarcaram em 1630, fica o Forte Pau Amarelo, já no município vizinho de Paulista. Construção portuguesa de 1719, é um excelente local para terminar o passeio dando uma caminhada pela areia, por entre jangadas e coqueiros, observandoo pôr-do-sol.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Presidente das Avós da Praça de Maio encontra neto

Depois de 36 anos, a presidente da organização de defesa dos direitos humanos Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, encontrou seu neto. Sua filha, Laura Carlotto, morreu na prisão durante a guerra suja da ditadura militar da Argentina contra as esquerdas, em junho de 1978, dois meses depois do nascimento de Guido.

"O resultado é positivo. Encontramos o meu sobrinho", festejou hoje Kivo Carlotto, irmão de Laura e secretário de Direitos Humanos da província de Buenos Aires. "Ele se apresentou voluntariamente, fez o teste de DNA e deu 99,9% de compatibilidade. É uma emoção enorme", acrescentou o tio em entrevista ao canal de televisão Todo Noticias.

Guido foi batizado pela família que o adotou como Ignacio Hurban. É músico, noticia o jornal argentino Clarín.

Sem alternativa para reencontrar seus filhos, em 1977, as mães dos sequestrados e desaparecidos pela ditadura militar argentina passaram a se encontrar e circular toda quinta-feira pela Praça de Maio, diante da Casa Rosada, sede do governo, com lenços brancos na cabeça com o nome dos filhos. Como os filhos desses filhos também desapareceram, em outubro de 1977, surgia o movimento das Avós da Praça de Maio.

Guido Carlotto é o 111º neto resgatado pelas Avós da Praça de Maio de um total de mais de 500 bebês e crianças raptados pela última ditadura militar argentina.

África pede extensão de comércio preferencial aos EUA

Os dirigentes africanos que participam de 4 a 6 de agosto de 2014, em Washington, da conferência de Cúpula dos Líderes dos Estados Unidos e da África pediram ontem ao presidente Barack Obama a extensão de um programa que isenta certas importações de impostos para entrar no mercado americano.

"Perto de 95% das exportações sul-africanas para os EUA se beneficiam do regime de preferências", observou o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, em reunião na Câmara Americana de Comércio.

A Lei de Oportunidades de Crescimento na África, de 2000, expira em 2015. "Estamos certos de que, ao aprovar uma extensão da lei, os EUA apoiarão a integração, a industrialização e o desenvolvimento da infraestrutura no continente", acrescentou Zuma.

Filho de pai queniano, o presidente Barack Obama afirmou: "Não vejo os povos e países da África como um mundo à parte. Vejo a África como uma parte fundamental do nosso mundo interconectado - um parceiro dos EUA em prol do futuro que todos desejamos para todos os nossos. Esta parceria deve estar baseada na responsabilidade e no respeito mútuos."

Uma das maiores preocupações dos EUA é consolidar sua presença na África diante do rápido avanço dos interesses da China, ávida pelas matérias-primas do continente.

Em seu discurso, Obama observou que o volume de comércio dos EUA com toda a África é equivalente ao comércio do país com o Brasil, de pouco mais de US$ 60 bilhões no ano passado.

Para contrabalançar o impacto da Cúpula EUA-África, o presidente chinês, Xi Jinping, propôs hoje que as duas maiores economias do mundo se associem para desenvolver projetos de infraestrutura no continente africano.

Hamas inicia negociações indiretas com Israel

Um alto dirigente do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) anunciou hoje no Cairo que a delegação palestina vai começar negociações indiretas com Israel para transformar a trégua humanitária de 72 horas num cessar-fogo permanente. O governo israelense confirmou sua participação.

Israel não negocia diretamente como Hamas, que considera um grupo terrorista, a exemplo dos Estados Unidos e da União Europeia. Nos últimos dias, as forças israelenses saíram da Faixa de Gaza. Estão estacionadas do outro lado da fronteira, prontas para entrar em combate, se necessário.

Desde 8 de julho de 2014, pelo menos 1.834 palestinos, 64 soldados e três civis israelenses foram mortos nesta guerra. Pela estimativa da ONU, 80% dos palestinos mortos eram civis. Israel afirma que cerca de 900 eram militantes de grupos armados.

Na operação terrestre, o Exército de Israel destruiu 32 túneis clandestinos. O Hamas disparou mais de 3,3 mil foguetes contra território israelense, a maioria neutralizada pelo sistema de defesa antimísseis Domo de Ferro.

Com a trégua, os palestinos voltaram para procurar suas casas. Mais de 9 mil foram destruídas nas últimas semanas. Cerca de 70% dos poços de água e a única usina de energia elétrica do território foram destruídos.

Chefão da F1 paga US$ 100 mi para não ser preso

Para escapar de um processo em que poderia ser condenado a até 10 anos de prisão, o poderoso-chefão da Fórmula 1, o empresário britânico Bernie Ecclestone, concordou em pagar uma multa da US$ 100 milhões à Justiça da Alemanha, a maior já aplicada no país num processo penal. O acordo causou protestos e acusações de que Ecclestone comprou sua inocência.

"A multa é numa quantia apropriada para satisfazer o interesse público no caso. A gravidade da possível culpa do réu não impede um acordo", defendeu-se o tribunal, que citou sua idade, 83 anos, e condições de saúde como atenuantes. Mas nem todo o mundo ficou satisfeito, observa o jornal americano The Wall St. Journal.

"Encerrar o caso em troca da maior multa jamais paga num processo criminal atinge o Estado de Direito e o senso de justiça", protestou Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, que era ministra da Justiça da Alemanha até dezembro de 2013. "O sentido e o propósito de um processo penal não é poupar um rico de julgamento."

O valor da multa aponta a gravidade do crime, argumentou a ex-ministra: "O delito não pode ser menor se a multa é de US$ 100 milhões."

Para Silvia Schenk, chefe do grupo que examina os esportes na organização não governamental anticorrupção Transparência Internacional, "é um sinal arrasador para o público sobre como o sistema jurídico funciona se a F1 voltar a operar normalmente, um sinal desastroso."

Ecclestone tem uma fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 4,2 bilhões. Era acusado de pagar US$ 44 milhões de propina a Gerhard Gribkowsky, que era membro do conselho administrativo do banco estadual alemão BayernLB. O diretor foi condenado a oito anos e meio de prisão em 2012 por aceitar o suborno para facilitar a venda de uma participação do banco de 47% nos negócios da F1, em 2006.

Com o arquivamento do processo, o chefão da F1 fica sem antecedentes criminais na Alemanha e pode continuar dirigindo o campeonato mundial de automobilismo. Ele tem uma semana para pagar a multa.