Para escapar de um processo em que poderia ser condenado a até 10 anos de prisão, o poderoso-chefão da Fórmula 1, o empresário britânico Bernie Ecclestone, concordou em pagar uma multa da US$ 100 milhões à Justiça da Alemanha, a maior já aplicada no país num processo penal. O acordo causou protestos e acusações de que Ecclestone comprou sua inocência.
"A multa é numa quantia apropriada para satisfazer o interesse público no caso. A gravidade da possível culpa do réu não impede um acordo", defendeu-se o tribunal, que citou sua idade, 83 anos, e condições de saúde como atenuantes. Mas nem todo o mundo ficou satisfeito, observa o jornal americano The Wall St. Journal.
"Encerrar o
caso em troca da maior multa jamais paga num processo criminal atinge o
Estado de Direito e o senso de justiça", protestou Sabine
Leutheusser-Schnarrenberger, que era ministra da Justiça da Alemanha até
dezembro de 2013. "O sentido e o propósito de um processo penal não é
poupar um rico de julgamento."
O valor da multa aponta a gravidade do crime, argumentou a ex-ministra: "O delito não pode ser menor se a multa é de US$ 100 milhões."
Para Silvia Schenk, chefe do grupo que examina os esportes na organização não governamental anticorrupção Transparência Internacional, "é um sinal arrasador para o público sobre como o sistema jurídico funciona se a F1 voltar a operar normalmente, um sinal desastroso."
Ecclestone tem uma fortuna estimada pela revista Forbes em US$ 4,2 bilhões. Era acusado de pagar US$ 44 milhões de propina a Gerhard Gribkowsky, que era membro do conselho administrativo do banco estadual alemão BayernLB. O diretor foi condenado a oito anos e meio de prisão em 2012 por aceitar o suborno para facilitar a venda de uma participação do banco de 47% nos negócios da F1, em 2006.
Com o arquivamento do processo, o chefão da F1 fica sem antecedentes criminais na Alemanha e pode continuar dirigindo o campeonato mundial de automobilismo. Ele tem uma semana para pagar a multa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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