O presidente Petro Porochenko acusou hoje a Rússia de invadir a Ucrânia e tomar a cidade fronteiriça de Novoazovsk numa "situação que se deteriora rapidamente" com "tropas russas levadas" para território ucraniano. Ele suspendeu uma viagem à Turquia e convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional.
"Mais de mil soldados russos estão operando dentro da Ucrânia. Eles apoiam os separatistas e lutam ao lado deles", declarou um oficial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Moscou nega qualquer envolvimento no conflito.
O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, fez um apelo aos Estados Unidos, à União Europeia e aos países ricos do Grupo dos Sete para que "congelem os bens e ativos russos até que a Rússia retire suas forças, equipamentos militares e agentes" do território ucraniano.
Desde o início de abril, mais de 2,2 mil pessoas morreram na guerra insuflada pelo Kremlin para manter a influência da Rússia sobre a ex-república soviética da Ucrânia. O governo de Kiev insiste em que Moscou envia soldados e equipamentos militares em apoio à rebelião. E o líder separatista Alexander Zakharchenko, primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk, afirmou que pelo menos 3 mil russos lutam a seu lado.
Porochenko se encontrou ontem com o homem-forte da Rússia, Vladimir Putin, em Minsk, capital da Bielorrússia, sem qualquer resultado prático. O protoditador do Kremlin insiste em seu projeto de restaurar pelo menos parte do poder imperial da extinta União Soviética. A Ucrânia é uma peça-chave desse delírio de grandeza.
Em março, a Rússia anexou a península da Crimeia, atropelando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas, que proíbem a guerra de conquista. Em abril, começou a revolta em regiões da Ucrânia onde os russos étnicos são maioria. Como os rebeldes foram incapazes de sustentar as posições conquistadas e Putin não aceita a derrota, a Rússia resolveu intervir com mais decisão, embora de modo dissimulado, negando sempre qualquer envolvimento.
O Conselho de Segurança da ONU discute a guerra da Rússia contra a Ucrânia na tarde de hoje, em Nova York.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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