domingo, 31 de agosto de 2014

Israel amplia colonização da Cisjordânia

Numa concessão aos colonos e à extrema direita, o Estado de Israel anunciou hoje a intenção de se apropriar de mais 400 hectares de terra na Cisjordânia ocupada, no local onde três adolescentes israelenses foram sequestrados, em 12 de junho de 2014. Os corpos dos meninos foram encontrados em 30 de junho. Sua morte levou a uma nova guerra de Israel contra o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) em que mais de 1,1 mil palestinos e 70 israelenses foram mortos.

Em Washington, o governo dos Estados Unidos criticou a expansão das colônias como "contraproducente" para o processo de paz no Oriente Médio.

O movimento pacifista israelense Paz Agora também protestou, descrevendo a medida como "uma facada nas costas" da Autoridade Nacional Palestina, de seu presidente Mahmoud Abbas e dos moderados que buscam uma solução diplomática para o conflito, enquanto o Hamas insiste que só a luta armada pode levar à criação de um país para o povo palestino.

Agora, a colônia de Gevaot será ampliada com a construção de uma nova cidade, Gvaot, em território ocupado, à revelia do direito internacional, que proíbe a guerra de conquista.

Cada vez mais a direita israelense se afasta do plano de paz proposto pelos EUA, que prevê a divisão do território histórico da Palestina numa pátria para o povo judeu (Israel) e outra para os palestinos (Palestina), como estabeleceu a votação das Nações Unidas que decidiu criar Israel em 1947.

No momento em que proliferam os desafios muito maiores à sobrevivência de Israel como o programa nuclear do Irã, o surgimento do Estado Islâmico do Iraque e do Levante e a conquista pela Frente al-Nusra, ligada à rede terrorista Al Caeda, de um posto de fronteira nas Colinas do Golã, o governo Benjamin Netanyahu não parece disposto a fechar a frente de batalha com os palestinos para se concentrar em inimigos mais poderosos. Prefere continuar lutando em todas as frentes.

Num Oriente Médio em convulsão, é uma atitude temerária.

Como a extrema direita de dentro do governo pressionou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a reocupar a Faixa de Gaza para desarmar totalmente o Hamas e outros grupos palestinos, e ele resolveu não fazer isso, em contrapartida decidiu ampliar a colônia. Netanyahu sai enfraquecido da guerra, sem conquistar nenhum objetivo político além de degradar a capacidade de ataque do Hamas.

A contenção da ofensiva jihadista que está rasgando o mapa do moderno Oriente Médio pós-Primeira Guerra Mundial exige a deslegitimação das estratégias baseadas na "guerra santa", fortalecidas pelo fracasso da Primavera Árabe de encaminhar a democratização dos países árabes e pela crônica estagnação do processo de paz árabe-israelense. A paz entre Israel e os palestinos é uma peça fundamental para desarmar o Oriente Médio, mais uma vez alvo de múltiplas explosões e intermináveis conspirações.

Um comentário:

Ana Deiro. disse...

ótima matéria.