quinta-feira, 31 de maio de 2012

Cientistas mapeiam o genoma do tomate

O Consórcio Genoma do Tomate, formado por várias instituições científicas da Europa, entre elas o Instituto de Pesquisa Biomédica de Barcelona e o Centro Nacional de Supercomputação da Espanha, conseguiu mapear o código genético desta fruta originária da América que se tornou um dos principais ingredientes da culinária no mundo inteiro. Foram identificados todos os genes da variedade Heinz 1706. São 7 mil genes a mais do que em seres humanos.

A descoberta da sequência do DNA da planta deve levar ao surgimento de variedades transgênicas capazes de produzir o ano inteiro e de resistir melhor às pragas da lavoura e à escassez de água. Seus resultados foram publicados na revista científica Nature.

Ao estudar o genoma, o conjunto de todos os genes de uma determinada espécie, os cientistas procuram indicações sobre sua evolução. A pesquisa sugere que o genoma passou por duas rodadas de triplicação nos últimos 120 milhões de anos. Uma teria acontecido antes do tomate se separar da linha evolutiva da uva.

FGV faz oficina sobre pesquisa em relações internacionais

Embaixadora dos EUA acusa Síria de mentir

A embaixadora dos Estados Unidos junto às Nações Unidas, Susan Rice, rejeitou hoje a versão da ditadura da Síria de que o massacre ocorrido no último fim de semana na cidade de Hula tenha sido obra de "grupos armados terroristas" que lutam contra o governo.

Todos os indícios apontam para a milícia aliada ao regime conhecida como Shabiha, mas o inquérito oficial do governo sírio concluiu hoje que "nenhuma força do governo entrou na região antes ou depois do massacre".

Durante visita à Dinamarca, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, lamentou o apoio da Rússia à ditadura de Bachar Assad. Ela alegou que a política do Kremlin contribui para levar a Síria à guerra civil.

Os rebeldes denunciam que mais de 12 mil pessoas foram mortas em um ano e dois meses e meio de conflito na Síria.

Inflação na Eurozona cai para 2,4% ao ano

O índice de crescimento de preços baixou de 2,6% para 2,4% ao ano em abril no conjunto dos 17 países da União Europeia que usam o euro como moeda, informou hoje a Eurostat, o escritório oficial de estatísticas do bloco. Ainda está abaixo da meta de inflação de 2% perseguida pelo Banco Central Europeu em situações normais.

Para combater a crise econômica, a taxa básica de juros do BCE está em 1% ao ano. A queda da inflação gerou expectativa de que o banco faça mais para ajudar seus países-membros.

O presidente do BCE, o italiano Mario Draghi, rejeitou hoje mais uma vez as pressões para que o banco seja mais ativo no combate à crise das dívidas públicas. Ele deixou claro que quem precisa fazer mais são as autoridades políticas da Europa.

A crise atual é considerada mais um problema de falta de liderança política. O problema se agravou com a eleição do socialista François Hollande para a Presidência da França, em 6 de maio. 

Hollande insiste na introdução de mecanismos para estimular o crescimento, enquanto a Alemanha defende uma disciplina orçamentária rigorosa para equilibrar as contas públicas. Essa divergência quanto ao caminho a seguir para superar a crise seria responsável pela alta nos juros exigidos pelo mercado para refinanciar a as dívidas públicas da Espanha e da Itália, duas economias grandes demais para terem suas dívidas resgatadas pela Zona do Euro.

Em uma severa advertência, o comissário europeu para Economia, Oli Rehn, alertou hoje que a Eurozona corre o risco de uma "desintegração" que levaria seus países a uma "depressão" econômica. Ele considerou contraproducente o debate atual entre austeridade e crescimento e propôs três ações contra a crise das dívidas públicas:
  1. Manter os programas de ajuste fiscal para cortar déficits e equilibrar orçamentos.
  2. Fazer reformas estruturais para aumentar a competitividade da economia europeia.
  3. Promover investimentos públicos e privados para retomar o crescimento.

EUA cresceram menos que estimado no início do ano

A segunda estimativa sobre o produto interno bruto dos Estados Unidos nos primeiros três meses de 2012 reduziu o crescimento de 2,2% para 1,9% ao ano, bem abaixo dos 3% ao ano do fim de 2011. Os consumidores gastaram menos do que o mercado esperava. Um terceiro cálculo será apresentado em 28 de junho.

A inflação anual ficou em 2,4% no fim do primeiro trimestre, acima do 1,1% registrado no fim do ano passado. O núcleo do índice, excluídos os preços de energia e alimentos, apontou 2,3%

No mercado de trabalho, o setor privado teria tido um saldo positivo de 133 mil novos empregos neste mês, abaixo dos 150 mil previstos pelos economistas, estimou a a empresa de recursos humanos ADP, maior processadora de folhas de pagamento dos EUA, citada pela agência Reuters. O relatório oficial de emprego do Departamento do Trabalho sai na sexta-feira

O número de novos pedidos de seguro-desemprego aumentou 10 mil na semana passada. Foi a quarta semana consecutiva de alta. O mercado esperava estabilidade.

FARC libertam jornalista francês

Depois de 33 dias, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) soltaram ontem o jornalista francês Roméo Langlois, sequestrado quando acompanhava uma operação do Exército colombiano no Sul do país vestido com uniforme militar.

Ao ser libertado, Langlois surpreendeu, criticando a cobertura jornalística da longa guerra civil colombiana, que na versão da mídia estaria acabando, mas não na nova visão do jornalista.

As autoridades colombianas repudiaram suas declarações como mais uma manifestação da chamada Síndrome de Estocolmo, em que os reféns acabam por abraçar as causas de seus sequestradores.

África cresce sem gerar empregos suficientes para jovens

Seis dos dez países que mais cresceram no mundo na primeira década do milênio são da África. Pela primeira vez, o continente cresce acima da média mundial. Mas essa rápida expansão da atividade produtiva não é suficiente para gerar empregos para sua imensa população jovem.

A África subsaariana resistiu bem à crise econômico-financeira de 2008-9. A maioria dos países já retomou suas taxas de crescimento anteriores. Na média, a expansão foi de 4,5% em 2010 e de 5,5% em 2011, numa curva ascendente.

Com 200 milhões de habitantes com 15 a 24 anos, a África tem a maior população jovem do mundo, que vai dobrar até 2045, aumentando significativamente a oferta de mão de obra. De 2000 a 2008, a população em idade de trabalhar passou de 443 para 500 milhões de pessoas. É uma alta de 25%.

Num ano, é um aumento de 13 milhões ou 2,7%. Em 2040, a força de trabalho do continente será de um bilhão de pessoas, maior que as da China e da Índia, prevê a empresa de consultoria McKinsey.

O continente precisa aproveitar esta situação demográfica favorável para dar o salto para o desenvolvimento e superar a pobreza histórica herdada do colonialismo, ainda presente, embora disfarçado como imperialismo econômico.

A educação também progrige. No ritmo atual, até 2030, 59% dos jovens de 20-24 anos terão concluído o ensino secundário, contra 42% hoje. Nesta faixa etária, haverá 137 milhões com segundo grau completo e 12 milhões com formação universitária.

Apesar de todas as deficiências dos sistemas educacionais africanos, é um enorme crescimento do capital humano. Mas a geração de empregos não acompanha esse ritmo.

De 2000 a 2008, a África subsaariana criou 78 milhões de postos de trabalho, calcula a Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos quais só 16 milhões para jovens de 15-24 anos.

Cerca de 60% dos desempregados africanos são jovens. Nos países do Norte da África, o desemprego foi um elemento importante na deflagração das revoltas da chamada Primavera Árabe.

Se os países africanos não agirem rapidamente para modernizar suas economias, correm o risco de alienar esse vasto capital humano que se forma no continente e perder sua grande oportunidade para se desenvolver, conclui um estudo das Perspectivas Econômicas Africanas.

Ajuste fiscal aumenta pobreza infantil no Reino Unido

O programa de cortes de gastos públicos e aumentos de impostos do governo David Cameron para reduzir o déficit público e equilibrar as contas do Reino Unido terá um forte impacto social, com reflexos sobre a miséria das crianças, advertiu ontem o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Toda a redução da pobreza infantil conseguida em treze anos de governos trabalhistas corre o risco de ser anulada, alerta o relatório, considerado chocante pelo jornal inglês The Independent.

Crescimento da Índia é o menor em nove anos

A Índia cresceu nos primeiros três meses de 2012 num ritmo anual de 5,3%, abaixo da expectativa dos economistas, que era de um avanço de 6%. Foi o menor crescimento em nove anos e a primeira vez em três anos que a taxa ficou abaixo de 6%. Há um ano, estava em 9,2%.

Fortes quedas na produção agrícolas, nas exportações e na produção industrial indicam que a desaceleração do crescimento é generalizada na terceira maior economia da Ásia, superada apenas pela China e o Japão.

A pior situação econômica da Índia em nove anos mostra o país mais afetado agora do que logo depois do colapso do banco Lehman Brothers, em setembro de 2008, observa o jornal inglês Financial Times.

Arábia Saudita vai querer arma atômica se Irã tiver

Se o Irã tiver armas nucleares, a Arábia Saudita também vai querer, advertiu o sultão Abdullah ao receber em 2009 o diplomata americano Dennis Ross, um dos muitos enviados especiais encarregados pelos Estados Unidos de negociar a paz entre isralenses e palestinos. Ross confirmou agora pela primeira vez ter ouvido esse alerta.

Depois de uma longa argumentação do diplomata sobre as vantagens e benefícios do regime de não proliferação nuclear, o sultão saudita insistiu: "Se eles tiverem armas nucleares, nós também teremos", informa o jornal liberal israelense Haaretz.

A Arábia Saudita e o Irã travam um duelo pela liderança regional. Outros candidatos, como Turquia e Irã, também fariam programas nucleares, lançando uma corrida armamentista nuclear na região mais conflituosa do planeta.

Israel deve sair da Cisjordânia, diz Ehud Barak

Se as negociações de paz com os palestinos fracassarem, Israel deve considerar a possibilidade de se retirar unilateralmente de parte da Cisjordândia ocupada, afirmou ontem o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, Ehud Barak.

"Somos uma coligação com 94 deputados [num parlamento de 120 cadeiras], é hora de assumir a liderança do processo diplomático", declarou Barak em palestra no Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Telavive. "Se não for possível chegar a um acordo definitivo com os palestinos, temos de considerar um acordo interino ou uma medida unilateral."

Em relação do programa nuclear do Irã, "é impossível dormir tranquilamente quando se sabe que o Irã está avançando sistematicamente rumo a um ponto em que Israel não terá condições de fazer mais nada", acrescentou o ministro da Defesa israelense, o militar mais laureado da história do país.

Barak observou que a guerra civil na Síria demonstra a incapacidade da sociedade internacional de tomar decisões coletivas, reportou o jornal liberal israelense, Haaretz.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

França veta Schäuble para chefe do Grupo do Euro

Em mais um sinal da ruptura no eixo França-Alemanha que sempre esteve no centro das decisões sobre a integração da Europa, a França vetou a candidatura do ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, à presidência do Grupo do Euro.

O novo primeiro-ministro socialista da França, Jean-Marc Ayrault, criticou o "clima de austeridade sem perspectiva" imposto pela Alemanha como receita para conter a crise das dívidas públicas na Zona do Euro com uma rigorosa disciplina fiscal.

Se não houver entendimento entre os dois maiores países da Eurozona, o mandato do atual presidente do Grupo do Euro, Jean-Claude Juncker, pode ser prorrogado.

Hoje foi mais um dia de turbulência nos mercados financeiros por causa da crise das dívidas públicas de países que adotam o euro como moeda.

Se as últimas pesquisas são vantagem aos conservadores que querem manter a Grécia na união monetária, os problemas dos bancos da Espanha se agravam, e também o refinanciamento das dívidas da Espanha e da Itália.

Os juros cobrados pelo mercado para comprar títulos da dívida pública da Espanha subiram para 6,7% para bônus de dez anos.

Irã admite ter sido atacado pelo vírus Chama

O Irã admitiu ontem que seus sistemas de computadores foram invadidos pelo vírus Flame (Chama), numa guerra cibernética destinada a investigar o programa nuclear do país, suspeito de estar desenvolvendo a bomba atômica. Nenhum dos antivírus disponíveis no mercado conseguiu neutralizá-lo.

É o segundo ataque cibernético contra o programa nuclear iraniano. Em 2010, o vírus Stuxnet provocou grandes danos às centrífugas enriquecedoras de urânio da república islâmica.

Este novo vírus pode ter cinco anos. É um espião. Não destroi nada. Coleta informações secretamente.  Pode, por exemplo, captar tudo o que se fala no microfone do computador. Registra todos os passos do usuário no teclado, os sítios que ele visita na Internet, copia as senhas de acesso e monitora o Skype. Pelo grau de sofisticação, os especialistas acreditam que tenha sido criado por um serviço secreto.

O laboratório russo Kasperky, produtor de programas antivírus, acredita que "a complexidade e a funcionalidade do programa malicioso recém-descoberto excede todas as outras ameaças cibernéticas conhecidas até hoje", reporta o jornal The New York Times.

Para Kamran Napelian, da Equipe de Respostas de Emergência do Sistema de Computação do Irã, "a criptografia do vírus é de um padrão especial que a gente só vê vindo de Israel. Infelizmente, eles são muito poderosos em tecnologia da informação".

Justiça britânica confirma extradição de Assange

O supremo tribunal do Reino Unido rejeitou hoje um pedido da defesa do australiano Julian Assange, fundador do sítio WikiLeaks, que revela documento secretos de governos e empresas, para impedir sua extradição para a Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. Mas deu mais uma chance para que ele possa apelar.

Assange está há um ano e meio sob prisão domiciliar. Resiste a uma ordem de prisão europeia, um instrumento usado na União Europeia sob o pressuposto de que todo mundo terá direito a um julgamento justo em qualquer país do bloco europeu.

A defesa teme que da Suécia ele seja enviado para os Estados Unidos, onde é procurado por ter revelado mais de 250 mil documentos sigilosos do Departamento de Estado.

Na Suprema Corte britânica, Assange perdeu por 5 a 2. Numa decisão rara, o tribunal aceitou mais um recurso.

Os advogados de defesa contestam a decisão por os juízes consideraram um promotor público como "autoridade judicial". Contestam a interpretação do tribunal sobre os tratados europeus. Alegam que só um juiz poderia emitir o mandato de prisão europeu, informa o jornal inglês The Guardian.

Se perder, Assange ainda pode recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos.

Ex-ditador Charles Taylor pega 50 anos de prisão

O ex-ditador da Libéria Charles Taylor foi condenado hoje a 50 anos de cadeia por um tribunal especial das Nações Unidos por crimes contra a humanidade cometidos durante a guerra civil em Serra Leoa (1991-2002). Ele pode cumprir a pena numa prisão do Reino Unido.

É o primeiro chefe de Estado condenado por um tribunal internacional.

Como presidente da vizinha Libéria, Taylor apoiou um grupo rebelde, a Frente Unida Revolucionária (RUF, do inglês), tristemente conhecida pelas mutilações e violência sexual que cometia para aterrorizar as populações de áreas conquistadas, além de recrutar menores à força e obrigá-los a lutar a seu lado. Em troca, recebia diamantes.

A tragédia em Serra Leoa inspirou o filme Diamantes de Sangue.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Ex-prefeito de Beijim lamenta massacre de 1989

Um dos expoentes da linha dura que mandou o Exército Popular de Libertação atirar na multidão concentrada na Praça da Paz Celestial em 3 e 4 de junho de 1989, o ex-prefeito de Beijim Chen Xitong lamenta agora o massacre, dizendo "a tragédia poderia ter sido evitada".

Em um livro que está lançando agora, Chen trata de defender sua imagem perante a História. É a primeira que um dos líderes que foi a favor do ataque do Exército faz uma reflexão sobre o episódio mais violento da era da reforma econômica na China.

"Centenas de pessoas morreram naquele dia", admite o ex-prefeito, que lança seu livro pouco antes do 23º aniversário do massacre. "Como prefeito, fiquei triste. Esperava que pudéssemos resolver o caso pacificamente.

"Em retrospecto", acrescentou Chen, "considero que essa é uma tragédia que poderia ter sido evitada, deveria ter sido evitada, mas não foi", admite o ex-prefeito, citado pelo jornal The Washington Post.

Romney garante numero de delegados

Ao vencer hoje à noite a eleição primária no Texas, o empresário e ex-governador de Massachusetts Mitt Romney alcançou o número mínimo de delegados (1.144) para garantir a candidatura do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos na eleição de 6 de novembro de 2012. Ele será nomeado oficialmente na Convenção Nacional Republicana, a ser realizada em Tampa, na Flórida, em agosto.

Na prática, Romney já era o candidato. Seus adversários foram abandonando a disputa. Nos últimos dois meses, ele concentrou seus ataques no presidente Barack Obama, tentando se apresentar como um empresário bem-sucedido capaz de impulsionar a recuperação da economia.

Humanos têm 8% do genoma herdado de vírus

Os seres humanos são parentes dos vírus. Cerca de 8% do genoma humano são constituídos por características oriundas de vírus reciclados pelos organismos que atingiram. A conclusão é do pesquisador Clément Gilberto, do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas da França, e do professor Cédric Feschotte, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.

Confira a entrevista de Gilbert ao jornal francês Le Monde.

Esquerda lidera sem ampla vantagem na França

A relação de forças favorece a esquerda nas eleições para a Assembleia Nacional da França em 10 e 17 de junho, mas não será uma vitória esmagadora, prevê uma pesquisa realizada pelo instituto Ipsos, que ouviu 962 eleitores franceses em 26 e 27 de maio.

Cerca de 35% pretendem votar na União por um Movimento Popular (UMP), partido do ex-presidente Nicolas Sarkozy e seus aliados. O Partido Socialista e seus aliados teriam 31% dos votos, seguidos pela Frente Nacional, de extrema direita, com 15%; a Frente de Esquerda, com 8%; os Verdes, com 6% e a extrema esquerda, com 1,5%.

Na comparação bloco a bloco, a direita teria 50% contra 46,5% para a esquerda. Como a UMP se nega a fazer uma coalizão com a extrema direita e pode até apoiar a esquerda para barrar o acesso dos neofascistas ao parlamento, a vitória final deve ser da esquerda, reporta o jornal Le Monde.

Para obter maioria, o PS teria de fazer um acordo com a Frente de Esquerda e os Verdes, seus aliados naturais, que apoiaram François Hollande no segundo turno da eleição presidencial, em 6 de maio, deixando a ultraesquerda fora do governo.

Consumo doméstico cresce 2,6% num ano no Japão

O consumo doméstico teve em abril de 2012 um crescimento nominal de 3,2% e real de 2,6% no Japão, com forte aumento nas vendas da indústria automobilística, informou hoje o escritório de estatísticas do governo japonês.

Em parte, o avanço se deve à queda na atividade econômica registrada depois do terremoto, do maremoto e do acidente nuclear que atingiu o Nordeste do país em 11 de março de 2011, matando cerca de 19 mil pessoas.

Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego subiu de 4,5% em março para 4,6% em abril.

Potências ocidentais expulsam embaixadores sírios

Em reação contra o massacre de 108 pessoas no fim de semana na cidade de Hula, seis potências ocidentais - Alemanha, Canadá, Espanha, França, Itália e Reino Unido - e a Austrália expulsaram os embaixadores da Síria. O Brasil mantém sua política de avestruz, insistindo em manter o diálogo com a ditadura de Bachar Assad.

Uma investigação preliminar das Nações Unidas indica que menos de 20 pessoas foram mortas no bombardeio em Hula. A maioria foi executada a sangue frio por milícias aliadas do Exército da Síria.

A ditadura de Bachar Assad nega responsabilidade, atribuindo a ação a "terroristas", como costuma chamar os rebeldes que lutam há um ano pela liberalização do regime.

No domingo, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou pela primeira vez as autoridades sírias, mas a Rússia insiste em levantar dúvidas sobre a autoria do massacre. Os países ocidentais pressionam Moscou a abandonar Assad e aumentar a pressão para que o ditador aceita o plano de paz de seis pontos do ex-secretário-geral Kofi Annan, que esteve hoje com o presidente sírio.

O plano de paz prevê um cessar-fogo que deveria estar em vigor desde 12 de abril, a retirada de tropas e tanques das cidades, a libertação dos presos políticos que não cometeram atos de violência, a livre circulação de jornalistas, um diálogo nacional e a realização de eleições livres.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Guardas do Irã lutam ao lado de Assad na Síria

A tropa de elite Qods, braço da Guarda Revolucionária do Irã para ações no exterior, está apoiando a ditadura de Bachar Assad na guerra civil da Síria, admitiu neste fim de semana um alto comandante da tropa de elite.

Em entrevista à Agência de Notícias República Islâmica, o subcomandante da força Qods, Ismail Ghaani, afirmou que, "se a república islâmica não estivesse presente na Síria, muito mais massacres teriam sido perpetrados", informa o jornal inglês The Guardian, acrescentando que a notícia foi logo retirada do ar.

O regime de Bachar Assad é o único país aliado do Irã no Oriente Médio. A república dos aiatolás luta para não ficar isolada.

A brigada Qods, batizada com o nome árabe de Jerusalém, responde diretamente ao Supremo Líder Espiritual, aiatolá Ali Khamenei. Visa a difundir a revolução islâmica, treinando e armando grupos aliados no exterior.

Durante a chamada Primavera Árabe, a mídia oficial da ditadura teocrática iraniana apoiou as revoltas na Tunísia, Egito, Líbia, Bahrein e Iêmen, apresentando-as como um "renascimento islâmico", mas é contra o levante contra seu aliado Assad.

Annan pede a todos sírios que deponham as armas

Ao chegar hoje a Damasco numa tentativa de salvar seu plano de paz, o ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan fez um apelo para que "todo indivíduo com um revólver" na Síria deponha as armas.

"Estou pessoalmente chocado e horrorizado com o massacre de 108 pessoas na cidade de Hula durante o fim de semana, que tirou tantas vidas de crianças, mulheres e homens inocentes", declarou Annan, que vai aumentar a pressão para o ditador Bachar Assad parar com a violência política que matou mais de dez mil pessoas num ano e dois meses.

Annan fez um apelo para reinstaurar o cessar-fogo que deveria estar em vigor desde 12 de abril e pela investigação do massacre.

Menos da metade do Egito votou no primeiro turno

O Egito divulgou hoje o resultado oficial do primeiro turno da eleição presidencial, realizado nos dias 23 e 24 de maio. A grande novidade é que apenas 45% dos 50 milhões de eleitores inscritos votaram, afirmou a Agência de Notícias do Oriente Médio.

Foi confirmando que o ex-primeiro-ministro Ahmed Chafik vai enfrentar o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, no segundo turno, em 16 e 17 de junho. Mursi venceu com 24,3% dos votos, seguido por Chafik com 23,3%.

Peru cresce 6% num ano

O Peru, um dos destaques da nova economia da América Latina, registrou crescimento de 6% no primeiro trimestre na comparação anual e de 1,8% em relação ao trimestre anterior, de acordo com a previsão do banco central, informou na sexta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas e Informática (Inei).

A expansão pelo décimo trimestre consecutivo foi atribuída ao avanço de 12,4% na construção civil e de 7,9% no comércio varejista. O consumo interno cresceu 6,3%, e as exportações, 13,8%.

África deve crescer 4,5% em 2012

Depois de sofrer o impacto da crise econômica mundial de 2008-9 e das revoltas árabes, a economia da África deve se recuperar e avançar 4,5%, informa hoje o jornal Le Monde, citando como fontes "especialistas internacionais".

CGT lista 45 mil empregos ameaçados na França

A Confederação Geral do Trabalho (CGT) envia amanhã ao novo primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault uma lista negra de 46 empresas em dificuldades prestes a eliminar 45 mil vagas de emprego na França.

A maioria é de pequenas e médias empresas que estão sendo reestruturadas ou liquidadas judicialmente. Muitas têm menos de dez empregados.

domingo, 27 de maio de 2012

Conservadores lideram pesquisas na Grécia

O partido de centro-direita Nova Democracia assumiu a liderança em quatro pesquisas sobre as eleições parlamentares de 17 de junho de 2012 na Grécia, realimentando a esperança de que os partidos tradicionais consigam formar um governo que apoie os acordos feitos com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional para tomar empréstimos e honrar suas dívidas.

Em 6 de maio, com 70% dos votos contra os acordos, as eleições produziram um Parlamento fragmentado e radicalizado, com forte presença da extrema esquerda e da extrema direita. Isso não permitiu a formação de um governo, levou à convocação de novas eleições e aumentou o risco de que a Grécia não receba novas parcelas da ajuda internacional e seja obrigada a abandonar a união monetária europeia.

Agora, diante de enorme pressão do resto da Europa para que os gregos aceitem o rigoroso plano de ajuste fiscal, os conservadores ultrapassam a frente de esquerda Syriza, que é a favor do euro, mas quer romper os acordos, que considera "inaceitáveis".

A vantagem da Nova Democracia nas pesquisas divulgadas hoje varia de 1,3% a 5,7%. É importante que chegue em primeiro lugar. Pela lei grega, para facilitar a formação de governos estáveis, o partido vencedor ganha um bônus de 50 cadeiras no Parlamento.

Uma vitória da Syriza seria o sinal de saída da Zona do Euro.

O Partido Socialista Pan-Helênico (Pasok), que historicamente disputava o poder com a Nova Democracia, promete suavizar o remédio amargo em aliança com outros partidos de esquerda, animado pela vitória de François Hollande na eleição presidencial na França. Foi duramente criticado pela diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, ex-ministra das Finanças do governo conservador de Nicolas Sarkozy.

Lagarde criticou os gregos por "não pagarem impostos" e descartou a possibilidade de revisar os acordos. Chegou a dizer que tem mais pena das crianças da África.

Para o líder socialista e ex-ministro das Finanças grego Evangelos Venizelos, foi "um insulto".

ONU condena massacre na Síria e pede investigação

Por unanimidade, em reunião de emergência, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, condenou a ditadura da Síria pelo uso de armas pesadas e "o assassinato de civis por fuzilamento à queima-roupa" no ataque à cidade de Hula na sexta-feira e no sábado, e pediu ao secretário-geral Ban Ki Moon que investigue o massacre de 108 civis, entre eles 49 crianças.

"Este uso atroz da força contra a população civil é uma violação do direito internacional e dos compromissos do governo sírio com a ONU", declarou o Conselho de Segurança.

Os rebeldes que lutam desde 15 de março, no começo pacificamente, contra a ditadura denunciaram que o ataque foi uma resposta a um protesto contra a presença do Exército da Síria na cidade.

Em entrevista à TV pública britânica BBC, um ex-general das Forças Armadas sírias defendeu uma intervenção militar no país, alegando que só uma força militar superior vai impedir a agressão da ditadura de Bachar Assad contra seu próprio povo.

Conselho de Segurança discute massacre na Síria

O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou agora há pouco uma reunião de emergência para discutir ainda hoje o massacre de 108 pessoas, inclusive 49 crianças, na cidade de Hula, na província de Homs, na Síria. A ditadura do presidente Bachar Assad nega responsabilidade, mas a cidade foi submetida a um bombardeio do Exército nos últimos dias e não há outros suspeitos.

Para o chefe da missão da ONU encarregada de monitorar a frágil trégua declarada há um ano e meio, general Robert Mood, é evidente que "o cessar-fogo não está funcionando". O general prometeu esperar o resultado da investigação oficial do governo sírio para tirar suas próprias conclusões.

"Esse incidente mostra que há gente dentro da Síria que ainda acredita que pode atingir seus objetivos pela violência", afirmou Mood. "Eles são os responsáveis pela situação atual e pelo sofrimento do povo sírio".

Um em três jovens está sem emprego nos EUA

Um terço dos jovens de 18 a 29 anos está desempregado subempregado nos Estados Unidos, trabalhando em meio turno ou procurando emprego, indica uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup. Apesar da reação do mercado de trabalho, é mais do que o dobro de qualquer outra faixa etária.

Enquanto a taxa oficial de desemprego caiu para 8,1% da população ativa ou em busca de emprego em abril, pelos cálculos do Gallup é de 13,6% entre os jovens. Para quem tem curso superior, considerando-se todas as idades, o índice de desemprego cai para 4%, o que é ainda mais frustrante para os jovens.

Os americanos nunca estudaram tanto. Cerca de 40% da população de 18 a 24 anos estavam na universidade em 2009, em comparação com um total de 28% de formados em cursos superiores na população em geral.

FARC prometem libertar jornalista francês

As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) anunciaram hoje que o jornalista francês Roméo Langlois, sequestrado em 28 de abril de 2012, será libertada na qurta-feira, 30 de maio. Ele deve ser entregue à Cruz Vermelha Internacional na presença da senadora Piedad Córdoba.

Os guerrilheiros declararam que estão aguardando "os protocolos de segurança indispensáveis ao sucesso da operação".

Langlois, de 35 anos, acompanhava uma operação do Exército colombiano contra a guerrilha e o tráfico de drogas no Sul do país quando foi feito refém.

Depois de prometerem parar com os sequestros, as FARC declararam ter "pleno direito" de "deter e investigar" colombianos e estrangeiros.

sábado, 26 de maio de 2012

ONU confirma massacre na Síria

Pelo menos 90 pessoas foram mortas, inclusive 32 crianças, por um ataque das forças governamentais da Síria à cidade de Hula, confirmaram observadores da missão das Nações Unidas encarregada de monitorar a frágil trégua em vigor há um mês e meio, considerado as mortes "inaceitáveis". Os rebeldes denunciam um massacre de mais de 100 pessoas.

Mais de 10 mil pessoas foram mortas desde o começo da revolta inicialmente pacífica, em 15 de março de 2011.

Irmão muçulmano e militar disputam 2º turno no Egito

Como indicavam ontem os primeiros resultados, o ex-primeiro-ministro Ahmed Chafik e o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi, vão disputar o segundo turno da primeira eleição presidencial competitiva da História do Egito, em 16 e 17 de junho de 2012.

Queda de Bo reaviva fantasma da Revolução Cultural

A Grande Revolução Cultural Proletária (1966-76) é o maior trauma da história recente da China. Ainda molda o debate político, especialmente em momentos de crise como agora, com o expurgo do alto dirigente comunista Bo Xilai e a prisão de sua mulher, Gu Kailai, acusada pela morte do empresário britânico Neil Heywood, que seria mediador dos negócios sujos internacionais do casal.

Uma das justificativas para reprimir o movimento dos estudantes na Praça da Paz Celestial, em 1989, foi que a democracia traria de volta a anarquia e a luta pelo poder que caracterizaram o período mais traumático do regime comunista, em que os valores tradicionais foram repudiados, e a razoabilidade ou bom senso, substituídos por um radicalismo destrutivo. O trânsito andava no sinal vermelho e parava no verde.

Foi o desastre da Revolução Cultural que permitiu a Deng Xiaoping promover a guinada do regime para a "economia de mercado socialista". Em primeiro lugar, a proposta de modernização era a única capaz de unir o partido, extremamente fragmentado pela luta interna fratricida desencadeada por Mao Tsé-tung em 1966 para não perder o controle do PC chinês. 

Em segundo lugar, Deng usou o argumento de que o militar, o operário e o camponês chineses, os heróis da revolução, ainda levavam vidas muito pobres, com grandes privações, introduzindo o conceito de "democracia econômica", que incluía a descentralização das decisões.

Logo, os reformistas mais entusiasmados com a liberdade quiseram radicalizar o processo rumo à democratização. Quando a velha guarda lançou uma nova campanha contra o "liberalismo burguês", Deng a conteve com seus quatro princípios de que a base do regime era o pensamento marxista-leninista de Mao, com o monopólio de poder do partido comunista, socialismo e ditadura do proletariado. 

Daí vem a contradição básica da reforma econômica chinesa: descentralização e liberdade de iniciativa para desenvolver as forças produtivas, sem democracia. Liberdade econômica sem liberdade política. É permitido enriquecer, mas não criticar o governo.


Há um limite que será testado na medida em que a nova elite econômica se assustar com os crimes e a violência que marcaram a ascensão e a queda de Bo Xilai. Bo era líder do partido na cidade-província de Xunquim, um prefeito com status de governador, e membro do Politburo do Comitê Central, formado por 25 pessoas. Sonhava em ascender neste ano ao Comitê Permanente do Politburo, de nove membros, os chamados nove imperadores que governam a China de fato.

Deng sufocou a democratização para conter a velha guarda do outro lado, num delicado equilíbrio construído a cada momento do debate ideológico interno do PC. Estava convencido de que a liderança do partido era essencial a seu processo de modernização. Para manter o apoio às reformas, precisava conter o conflito entre reformistas e stalinistas.

A democracia era um instrumento utilitário a ser usado na base. Deng nunca pretendeu levá-la até o topo. No diário de Zhao Ziyang, Prisioneiro do Estado, o líder do PC afastado por se opor à intervenção do Exército Popular de Libertação na Praça da Paz Celestial, em 1989, revela ter recebido ordens expressas de Deng para não incluir entre os temas em debate no partido nada que se assemelhasse à divisão do governo em três poderes, no modelo criado pelo filósofo francês Charles de Montesquieu.

Quando Bo caiu, em março de 2012, o primeiro-ministro Wen Jiabao, que esteve com Zhao dialogando com os estudantes dias antes do massacre de 1989, defendeu no Congresso Nacional do Povo a retomada das reformas políticas, alertando que a alternativa é a volta da Revolução Cultural. Mas esse ímpeto já teria sido controlado. Numa reunião recente da cúpula do partido, do governo e do regime, o presidente Hu Jintao teria deixado claro que o escândalo deve ser considerado um "fato isolado".

Em Governing China, o sinólogo americano Kenneth Lieberthal afirma que a China conseguiu há dois mil anos organizar uma burocracia capaz de administrar seu vasto território, de dimensões imperiais, mas suas elites nunca conseguiram criar um sistema político capaz de regular a disputa de poder entre estas elites.

A queda espetacular de Bo Xilai, a revelação dos métodos criminosos que usava e dos privilégios de que seu clã desfrutava mostram que o problema não foi resolvido nem há solução a vista.

Rebeldes sírios denunciam massacre de mais de 100

Mais de 100 pessoas, inclusive crianças, foram mortas no ataque das forças de segurança da Síria à cidade de Houla, que os rebeldes denunciam como um massacre. Hoje a cidade foi visitada por observadores das Nações Unidas que monitoram uma trégua frágil iniciada há três semanas que, na prática, não existe mais.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Confiança do consumidor dos EUA é a maior em 4 anos

O índice de confiança do consumidor americano calculado pela Universidade de Michigan registrou em maio seu nível mais alto desde outubro de 2007. Foi o nono mês consecutivo de alta.

Com a alta de 3,2 pontos em relação a abril, o índice subiu para 79,3, num sinal de aumento do otimismo nos Estados Unidos.

O consumo da população representa mais de dois terços da economia americana, a maior do mundo, com uma produção anual de riqueza de cerca de US$ 15 trilhões.

AIEA descobre urânio a 27% no Irã

A Agência Internacional de Energia Atômica, órgão das Nações Unidas encarregado de fiscalizar o cumprimento do Tratado de Não Proliferação Nuclear descobriu traços de urânio enriquecido a 27% na instalação nuclear de Fordo, no Irã.

Nos últimos anos, o Irã afirmou ter dominado o processo para enriquecer urânio a 20%, alegando que esse teor era necessário para uso num reator nuclear de pesquisas médicas. O país ainda estaria longe dos 90% necessários para fabricar armas atômicas, mas poderia estar a caminho.

Uma nova rodada de negociações entre as grandes potências com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, a Alemanha e o Irã para discutir o programa nuclear foi realizada nesta semana, sem sucesso. O diálogo será retomado de 17 a 19 de junho de 2012, em Moscou.

Espanha injeta 19 bilhões de euros para salvar Bankia

A Espanha pretende investir 19 bilhões de euros (R$ 47,4 bilhões) para salvar o quarto maior banco do país, Bankia, que sofre um corrida bancária, com retiradas em massa de seus depositantes, informa o jornal britânico Financial Times.

O governo espanhol já tinha colocado 4,5 bilhões de euros no Bankia, criado em 2010 com a fusão de várias cadernetas de poupança. Deve ficar com 90% do controle acionário do banco.

Depois de uma queda de 7,4% na quinta-feira, o Bankia perdeu 58% do valor que tinha quando começou a vender ações em bolsa, em julho de 2011. Hoje a negociação das ações da empresa na Bolsa de Madri foi suspensa, noticia a TV pública britânica BBC.

Além disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou as notas de crédito de cinco bancos espanhóis. No mercado, já se acredita que a Europa terá de ajudar a Espanha a salvar o sistema financeiro.

O euro caiu para US$ 1,251, a menor cotação desde julho de 2010.

Egito deve ter segundo turno radicalizado

Os resultados oficiais da primeira eleição presidencial competitiva em 6 mil anos de História do Egito só devem sair em 29 de maio, mas contagens paralelas indicam que o brigadeiro e ex-primeiro-ministro Ahmed Chafik deve enfrentar no segundo turno o candidato da Irmandade Muçulmana, Mohamed Mursi.

Seria uma disputa eleitoral entre um representante do regime militar que governa o país desde a Revolução dos Coronéis, que derrubou a monarquia em 1952, sob a liderança de Gamal Abdel Nasser, e o mais antigo grupo fundamentalista muçulmano, que se tornou a principal força de oposição diante da falta de liberdade do antigo regime.

Dois dos quatro candidatos considerados favoritos no início da campanha - o ex-ministro do Exterior e ex-secretário-geral da Liga Árabe Amir Moussa e o islamita moderado Abdel Monaim Abul Foutouh - parecem ter perdido força na reta final, enquanto o nacionalista de esquerda  Hamdim Sabahi surge como a grande surpresa não detectada pelas pesquisas e pode chegar ao segundo turno.

Até agora, Mursi teria 26% dos votos apurados contra 23% para Chafik e 20% para o surpreendente Sabahi, informa o jornal independente Al-Masri Al-Youm, citado pela agência de notícias AP (Associated Press).

Cerca da metade dos 50 milhões de eleitores inscritos votou no primeiro turno. Com a possível vantagem de um ex-governista e de um islamita, os milhares de jovens que tomaram as ruas para derrubar a ditadura de Hosni Mubarak sentem-se frustrados. Há vários movimentos de boicote ao segundo turno, a ser realizado em 16 e 17 de junho, que promete ser radicalizado, observa o jornal The New York Times.

China limita expurgos para isolar caso Bo Xilai

Em ano de renovação da liderança, o presidente da China, Hu Jintao, pediu ao Partido Comunista que reduza as tensões e mostra unidade neste período de transição marcado pelo expurgo do alto dirigente Bo Xilai, que era um dos 25 membros do Politburo, o birô político do PC, e foi acusado de corrupção e abuso de poder.

Durante reunião com cerca de 200 altos funcionários num hotel de Beijim no início deste mês, Hu descreveu o pior escândalo político das últimas duas décadas na China como um "caso isolado", informa com exclusividade hoje a agência Reuters.

Bo era líder do partido na cidade-província de Xunquim e almejava entrar para o Comitê Permanente do Politburo, formado pelos chamados nove imperadores, os homens que realmente mandam no país.

No  fim do ano, o 18º Congresso do PC chinês vai escolher os nove líderes da China. Hu e o primeiro-ministro Wen Jiabao devem deixar seus cargos no início de 2013, quando o vice-presidente Xi Jinping deve ascender à posição de dirigente máximo em substituição ao atual presidente.

O ex-presidente Jiang Zemin (1993-2003), considerado um dos homens mais poderosos do regime, aconselhou Hu, informou uma das fontes da Reuters: "Jiang disse que, se temos provas consistentes de que Gu Kailai [mulher de Bo] cometeu um homicídio e que Bo Xilai também cometeu grandes erros, então tratem o caso como um incidente criminal isolado. Há muita instabilidade. A meta deve ser o sucesso do 18º Congresso do partido".

Diante do debate na sociedade chinesa suscitado pela queda espetacular de Bo, que resgatou métodos e até canções do tempo de Mao Tsé-tung e da Revolução Cultural, Hu pediu o fim das divisões ideológicas, como se a luta intestina pelo poder entre reformistas e a velha guarda comunista não estivesse em plena efervescência.

Para combater os rumores que tomaram as redes sociais da Internet chinesa, Hu apareceu ostensivamente há uma semana ao lado do chefe da segurança interna, Zhou Yongkang, apontado como aliado de Bo.

Em março, quando Bo perdeu o cargo em Xunquim, o primeiro-ministro Wen chegou a advertir o Congresso Nacional do Povo sobre a necessidade de uma reforma política para evitar a "volta da Revolução Cultural". Isso levou analistas a concluir que os reformistas estavam em vantagem no conflito ideológico interno do PC, mas a palavra de ordem é unidade.

Seis países recebem US$ 177 milhões contra fome

O Programa de Agricultura Global e Segurança Alimentar, um fundo de combate à fome e à miséria financiado por países ricos, vai dar US$ 177 milhões a seis países - Burúndi, Gâmbia, Maláui, Quirguistão,  Senegal e Tanzânia -, anunciou hoje o Banco Mundial.

No início de 2008, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas advertiu que uma inflação nos preços internacionais dos alimentos estava aumentando o total de famintos do mundo para cerca de 1 bilhão.

A crise econômico-financeira deflagrada pelo colapso do banco Lehman Brothers, em setembro daquele ano, aliviou as pressões inflacionárias, mas a combinação de comida cara com desemprego e a insensibilidade das autoridades está por trás da onda de revoltas da chamada Primavera Árabe.

Apesar de tímida, a recuperação levou a nova alta nos preços dos alimentos. Em 2011, a inflação foi de 24% em relação aos preços médios de 2010, informa o Banco Mundial.

Para o subsecretário para assuntos internacionais do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, Lael Brainard, depois do lançamento em abril de 2010, "o Programa de Agricultura Global e Segurança Alimentar provou rapidamente ser um dos programas mais inovativos e efetivos que a comunidade internacional criou. Vai aumentar a renda de 7,5 milhões de pequenos agricultores e suas famílias".

Senado dos EUA reduz ajuda ao Paquistão

Por causa da condenação a 33 anos de cadeia por alta traição de um médico que colaborou com a CIA (Agência Central de Inteligência) para localizar Ossama ben Laden, o Senado dos Estados Unidos reduziu em mais da metade a ajuda ao Paquistão pedida pelo governo Barack Obama.

Em vez dos US$ 2,2 bilhões pedidos pela Casa Branca, o Senado autorizou gastos de US$ 184 milhões para ações do Departamento de Estado no Paquistão e US$ 800 milhões de ajuda direta a Islamabade.

A invasão do Paquistão pelo comando de elite Seals, da Marinha dos EUA, para matar Ben Laden há um ano sem aviso prévio a Islamabade foi considerada uma violação de soberania inaceitável, azedando as relações entre os dois países.

Com a morte de 24 soldados do Exército paquistanês confundidos com terroristas num ataque errado dos EUA em novembro de 2011 e os constantes ataques a áreas tribais com aviões nao tripulados , a situação se deteriorou ainda mais.

O Paquistão foi um dos principais aliados dos EUA para canalizar a ajuda militar aos rebeldes muçulmanos que acabaram com a invasão da União Soviética ao Afeganistão nos anos 80. Dessa aliança, nasceu a rede terrorista Al Caeda, que espalhou o jihadismo pelo mundo, a noção de que todo muçulmano tem de se engajar numa guerra permanente contra os infiéis.

Hollande faz visita-surpresa ao Afeganistão

O novo presidente da França, François Hollande, chegou hoje a Cabul para uma visita inesperada ao Afeganistão, onde vai inspecionar as tropas francesas que fazem parte da força internacional de 130 mil soldados liderada pelos Estados Unidos contra a milícia fundamentalista muçulmana dos Talebã, informou  agora há pouco o jornal francês Le Monde.

Hollande promete retirar o contingente francês do Afeganistão ainda em 2012.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Sanções já custam US$ 4 bilhões à Síria

As sanções impostas à indústria do petróleo já custaram US$ 4 bilhões à Síria, admitiu hoje o ministro do Petróleo, Sufian Alao.

Também hoje, a Turquia acusou a Síria de servir de base para rebeldes curdos e a Rússia culpou o Ocidente pelo fracasso na implantação do plano de paz proposto pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan para acabar com a guerra civil síria, informa o jornal The New York Times.

Em novo relatório divulgado pela ONU, o Exército da Síria foi acusado hoje pela maioria das atrocidades e violações dos direitos humanos cometidas durante o conflito, mas também acusou os rebeldes por tortura e assassinatos. A conclusão, diz a BBC, é que a militarização do conflito está aumentando.

A revolta popular contra a ditadura de Bachar Assad começou pacificamente em 15 de março de 2011, em meio à chamada Primavera Árabe. Desde então, mais de 10 mil pessoas foram mortas.

Irã e grandes potências voltam a negociar em junho

A segunda rodada do novo diálogo entre as grandes potências e o Irã para tentar desarmar o programa nuclear iraniano terminou hoje sem acordo. Depois de dois dias de negociações em Bagdá, os representantes das cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), da Alemanha e do Irã marcaram um novo encontro para 17 a 19 de junho de 2012 em Moscou.

Não houve avanços nas posições dos dois lados rumo a um possível acordo. As grandes potências exigem que o Irã pare de enriquecer urânio, como preveem resoluções do Conselho de Segurança, enquanto a república islâmica insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos. O Irã insiste no fim das sanções de que é alvo, noticia a agência Reuters.

Ao reconhecer que "diferenças significativas permanecem", a comissária europeia de relações exteriores, Catherine Ashton, considerou positiva a realização de nova rodada de negociações.

Em princípio, na terça-feira, o Irã teria acertado com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a abertura de suas instalações nucleares a inspeções internacionais, dependendo de um acordo amplo com as grandes potências.

O diálogo recomeçou na Turquia no mês passado, depois de uma ruptura de um ano e três meses, como uma última tentativa de evitar mais uma guerra no Oriente Médio com consequências potencialmente catastróficas para a região e a economia mundial.

Na quarta-feira, o Irã rejeitou um conjunto de propostas destinadas a demonstrar que seu programa nuclear é realmente pacífico e não visa à fabricação de armas atômicas. As grandes potências não acenaram com a possibilidade de suspender sanções econômicas, como, por exemplo, a proibição de exportar petróleo para a União Europeia, que entra em vigor em 1º de julho.

Para o regime fundamentalista iraniano, o pacote oferecido é "superado, restrito e desequilibrado". O Irã não ganharia nada em troca dos novos compromissos, afirmou a Agência de Notícias República Islâmica, citada pelo jornal The Washington Post.

As grandes potências estão preocupadas porque o Irã anunciou ter capacidade para enriquecer urânio a 20%, o teor necessário para uso num reator de pesquisas médicas, que está bem acima dos 5% requeridos por usinas atômicas. Seria um passo importante rumo aos 90% necessários para produzir armas nucleares.

Os países ocidentais estão convencidos de que o Irã só voltou à mesa de negociações por causa das sanções econômicas e da ameaça de uma ação militar de Israel com o apoio dos EUA para destruir suas instalações nucleares.

Banco Mundial reduz previsão de crescimento chinês

Com a redução das importações da Europa e dos Estados Unidos por causa da crise econômica, o Banco Mundial diminuiu ontem sua expectativa de crescimento para a China em 2012 de 8,4% para 8,2% e fez um apelo ao governo para que use dinheiro público para estimular o consumo e não o investimento.

Na sua análise conjuntural das economias do Leste da Ásia e do Oceano Pacífico, o banco prevê que a desaceleração do crescimento chinês leve as outras a seu menor nível de expansão em dois anos. Advertiu ainda que a situação pode piorar se a crise das dívidas públicas da Europa se agravar, por exemplo, com a saída da Grécia da união monetária.

Se os governos e bancos centrais dos países ricos agirem decididamente para estabilizar suas economias, conclui o relatório, elas devem se recuperar em 2013, reporta o jornal The New York Times.

Líderes europeus adiam grandes decisões

Como o mercado previa, não houve grandes anúncios no jantar dos líderes da União Europeia ontem em Bruxelas, onde a crise das dívidas públicas era o prato mais indigesto. Os planos para a reunião de cúpula do mês que vem podem incluir uma garantia nos depósitos bancários em toda a Zona do Euro. A emissão de bônus pan-europeus fica para mais adiante.

A garantia de depósitos bancários seria uma maneira de tentar evitar uma corrida dos clientes aos bancos para sacar seu dinheiro em caso de saída da Grécia da união monetária europeia.

Isso geraria uma crise de confiança no sistema financeiro capaz de gerar um colapso de crédito semelhante ao de 2008. Os bancos, sem saber se os outros estão carregados de títulos incobráveis, vão parar de emprestar entre si.

O conflito entre a rigorosa disciplina fiscal exigida pela primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, e a proposta de estimular o crescimento feita pelo novo presidente da França, François Hollande, continua sem solução a vista, observa o jornal The New York Times.

Na falta de medidas concretas, os líderes europeus reafirmaram sua determinação de manter a Grécia na Eurozona, noticia o jornal inglês Financial Times.

Atividade industrial cai na China, diz HSBC

Sob a pressão da crise nos principais mercados para suas exportações - a Europa e os Estados Unidos -, índice de gerentes de compras do banco HSBC aponta um aumento na contração da atividade industrial na China. Estava em 49,3 em abril. Caiu para 48,7.

Números abaixo de 50 indicam recuo e não apenas queda no ritmo de crescimento como as estatísticas oficiais chinesas apontam, noticia o Market Watch. Foi o sétimo mês consecutivo de queda no índice do HSBC.

Ontem o governo havia prometido estimular investimentos privados em setores como energia, ferrovias e telecomunicações, reporta a TV pública britânica BBC.

Na revista Foreign Policy, o jornalista e cientista político Fareed Zakaria examina o impacto de uma forte redução do crescimento na China e conclui que a maior ameaça é para o regime comunista.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Investidores processam Facebook e bancos

A mais badalada oferta pública inicial de ações azedou. Nos dois primeiros dias de negociação na bolsa eletrônica Nasdaq, o Facebook perdeu 19% do valor, caindo de US$ 38 para US$ 31. Os investidores decidiram processar a empresa e os bancos Morgan Stanley e Goldman Sachs, principais organizadores da abertura do capital da maior rede social da Internet.

Uma das acusações é que o Morgan Stanley e o Goldman Sachs teriam escondido informações de relatórios internos dos bancos reduzindo sua expectativa de faturamento do Facebook e colocando em dúvida o sucesso da empresa a longo prazo.

Ontem a presidente da Securities and Exchange Comission (Comissão de Valores Mobiliários) dos Estados Unidos, Mary Schapiro, autoridade reguladora do mercado financeiro, vai investigar o lançamento das ações do Facebook.

No momento, o papel está em alta de 3,5%.

Brasil passa momento difícil mas não perdeu brilho

A economia do Brasil passa por um momento difícil, com pressões inflacionárias e queda na produção, mas as previsões de que um dos grandes países emergentes do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está perdendo o brilho e a atratividade são prematuras, afirma o economista americano Albert Fishlow. Ele acredita no futuro do Brasil em longo prazo.

Em artigo na revista Foreign Policy, do grupo The Washington Post, Fishlow, que foi orientador do doutorado do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, responde a um artigo de Ruchir Sharma, gerente do banco Morgan Stanley na revista Foreign Affairs anunciando que o "momento mágico" do Brasil passou.

Mesmo reconhecendo as deficiências de infraestrutura e as pressões inflacionárias no Brasil, Fishlow acredita que os preços estão sob controle e que a ação coordenada do governo e do Banco Central para baixar os juros terá impacto positivo. Também argumenta que Sharma ignora o aumento nas exportações de petróleo que a exploração do pré-sal trará até o fim da década.

O sucesso do Brasil em longo prazo, acrescenta Fishlow, depende apenas de sua capacidade de coordenar e integrar os setores de agricultura, mineração, petróleo, indústria e serviços. "Poucos países do mundo", conclui, "tem uma base econômica tão diversificada e tanto potencial de crescimento".

Egito vota na primeira eleição presidencial democrática

Mais de 50 milhões de egípcios votam hoje e amanhã para escolher o primeiro presidente em eleições competitivas e mais ou menos livres da história do país. Faço a ressalva porque vários candidatos foram vetados. O resultado oficial deve sair em 29 de maio.

Entre os favoritos, há dois dirigentes do antigo regime e dois candidatos de partidos islamitas. O mais conhecido é o ex-ministro do Exterior da ditadura de Hosni Mubarak e ex-secretário-geral da Liga Árabe, Amir Moussa. Outro oriundo da ditadura militar que governa o Egito desde que a Revolução dos Coronéis acabou com a monarquia, em 1952, é o ex-primeiro-ministro Ahmed Chafik.

Depois de sua ampla vitória nas eleições parlamentares, os islamitas estão confiantes. Seus candidatos são o moderado Abdel Moneim Abul Foutouh e Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, o mais antigo grupo fundamentalista muçulmano do mundo, fundado em 1928.

Os Observadores para a Proteção da Revolução, que reúnem organizações de defesa dos direitos humanos, disseram que o início da votação transcorreu bem. Cerca de 14,5 mil juízes e 65 mil funcionários eleitores organizam o pleito em 13.099 zonas eleitorais.

Se ninguém obtiver mais da metade dos votos, haverá segundo turno em 16 e 17 de junho.

A revista americana Foreign Policy questiona se uma vitória do ex-chanceler seria o fim da revolução que derrubou Mubarak em 11 de fevereiro de 2011.

Uma vitória dos islamitas seria normal. Afinal, partidos democratas-cristãos dominaram a direita do espectro político em países como a Alemanha e a Itália depois da Segunda Guerra Mundial. Mas poderia levar a uma radicalição perigosa para o futuro da democracia no Egito.

Na minha opinião, o melhor resultado seria uma vitória de Moussa, que me parece o melhor nome para conduzir uma transição para a democracia. É ilusão imaginar que um país possa passar a ser livre e democrático de um ano para o outro.

A democracia é um processo lento. Se lembrarmos a História da América Latina, a democratização foi acelerada na Argentina pela desmoralização dos militares na Guerra das Malvinas. Um ano e meio após a derrota, o radical Raúl Alfonsín chegava à Casa Rosada, mas teve de enfrentar uma série de rebeliões militares por ter aberto processos para julgar os torturadores e assassinos.

No Brasil, a "abertura lenta, gradual e segura" foi anunciada pelo general-presidente Ernesto Geisel em 1974, quando a economia sentia os efeitos da primeira crise do petróleo e o "milagre econômico" da ditadura desabava. Onze anos depois, o poder foi devolvido aos civis, mas a primeira eleição presidencial direta desde 1960 só foi realizada em 1989.

Os atentados do Riocentro e contra a Ordem dos Advogados do Brasil podem ser comparados a episódios semelhantes como aquele massacre num jogo de futebol no Egito. São sinais de que os repressores da polícia política do antigo regime temem ser punidos pelo regime democrático e resistem a sua implantação.

Obama lidera em nova pesquisa eleitoral nos EUA

O presidente Barack Obama tem uma vantagem de quatro pontos percentuais sobre o candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, indica uma pesquisa divulgada hoje pelo jornal The Wall St. Journal, mas está seis pontos atrás na Flórida, um dos estados decisivos, aponta outra pesquisa.

Na pesquisa nacional, Obama teve 47% das preferências contra 43% para Romney.

Cerca de 48% dos eleitores aprovam o desempenho do presidente, mas persistem dúvidas sobre sua capacidade de promover a recuperação da economia americana. Também não há muita confiança em Romney.

A campanha de Obama tenta caracterizar Romney como um empresário que canibalizou empresas com seu fundo de investimentos privados, demitindo trabalhadores. Isso desqualificaria sua tentativa de se apresentar como um empreendedor bem-sucedido capaz de gerar os empregos e negócios que o país precisa para se reerguer.

Romney admite que o atual presidente não é responsável pela crise. Não cita, nem quer perto dele na campanha o ex-presidente George W. Bush, mas alega que Obama agravou a crise, aumentou os gastos públicos e o endividamento.

Na Flórida, uma pesquisa da Universidade Quinnipiac, conhecida pela qualidade de suas sondagens, dá 47% para Romney e 41% para Obama. Mais da metade (52%) dos eleitores inscritos no estado reprova o desempenho do presidente e acredita que ele não merece um segundo mandato. Apenas 44% estão satisfeitos com o governo Obama.

Para 63% dos entrevistados, o apoio de Obama ao casamento de pessoas do mesmo sexo não mudou sua intenção de voto.

Euro e bolsas caem por medo da Grécia

O euro caiu hoje a sua menor cotação em quase dois anos e as bolsas de valores estão em baixa no mundo inteiro por medo de que a Grécia seja obrigada a deixar a união monetária. Diminui a esperança de que os líderes da União Europeia cheguem a um acordo numa reunião de cúpula marcada para esta noite em Bruxelas para promover o crescimento econômico.

No pior dia desde 23 de abril na Europa, a desvalorização medida pelo índice Stoxx Europe 600 foi de 2,1%, com perdas de 2,5% em Londres; 2,3% em Frankfurt, na Alemanha; 2,6% em Paris, na França; 3,7% em Milão, na Itália; e 3,3% em Madri, na Espanha.

Em Nova York, neste momento, os principais índices caem mais de 1,4%. A Bolsa de S. Paulo perda mais de 3%.

"As divergências entre a Alemanha e a França em questões como o lançamento de eurobônus, e o debate crescimento versus austeridade, levaram os mercados a acreditar que nada substancial vai emergir", declarou um analista ouvido pelo jornal The Wall St. Journal.

Um leilão de títulos de dois anos da dívida pública da Alemanha pagando juro zero indica que há uma fuga para a qualidade, para aplicações de menor risco. Os juros pagos pelos bônus da Finlândia, da Holanda e do Reino Unido também caíram.

A moeda comum europeia baixou para US$ 1,2562, a menor cotação desde julho de 2010, e se recuperou um pouco. A expectativa do mercado se deteriorou depois que o ex-primeiro-ministro e ex-presidente do banco central da Grécia Lucas Papademos admitiu a possibilidade de que a saída do país da Zona do Euro já esteja em preparação.

"Enquanto os bancos centrais não tomarem medidas para garantir a liquidez como uma nova troca de moedas e o FMI (Fundo Monetário Internacional) ficar em silêncio em relação às eleições de 17 de junho na Grécia, os corretores devem continuar vendendo euros e testando-o até chegar às cotações mais baixas de 2010, abaixo de US$ 1,18", previu Ashraf Laidi, estrategista global da plataforma de negociações City Index, citado pelo sítio Market Watch.

Paquistão condena médico que ajudou a achar Ben Laden

Num gesto que vai piorar ainda mais as relacões com os Estados Unidos, o Paquistão condenou a 33 anos de prisão por alta traição o médico que ajudou o serviço secreto americano a localizar Ossama ben Laden na cidade de Abotabade.

O Dr. Chakil Afridi chefiou um falso programa de vacinação organizado pela Agência Central de Inteligência (CIA) para coletar material para um exame de DNA destinado a comprovar a presenca na cidade do terrorista mais procurado do mundo.

Ben Laden foi morto em 2 de maio no ano passado (pelo horário paquistanês) pelo comando de elite Seals (Focas) da Marinha dos EUA numa operação cladestina.

Para o Paquistão, a invasão não anunciada foi uma violação da soberania nacional. Para os americanos, ele não poderia estar ali, na cidade-sede da principal academia militar paquistanesa, sem o conhecimento do governo, especialmente do serviço secreto das Forças Armadas, acusado de sustentar a milicia fundamentalista dos Talebã.

As relações entre os dois paises pioraram ainda mais quando os EUA mataram por engano 24 soldados do Exército do Paquistão na fronteira com o Afeganistão. Em retaliação, os paquistaneses fecharam passagens na fronteira usadas para dar apoio logístico às forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que lutam contra os Talebã na Guerra do Afeganistão.

Como os EUA nunca pediram desculpas formalmente, o Paquistão mantém a fronteira fechada, apesar dos insistentes apelo feito nesta semana durante a reunião de cúpula da OTAN em Chicago.

terça-feira, 22 de maio de 2012

"Alemanha é pressionada a pagar pelo Holocausto"

A Alemanha sofre pressão para pagar a conta da crise das dívidas públicas da Zona do Euro por ter cometido o Holocausto, a tentativa de exterminar o povo judeu na Segunda Guerra Mundial. Esta tese controvertida é tema do livro A Europa não Precisa do Euro, lançado ontem pelo ex-diretor do Bundesbank (banco central), Thilo Sarrazin.

Político combativo do oposicionista Partido Social-Democrata (SPD), Sarrazin já criou polêmica ao criticar o impacto da imigração muçulmana sobre a sociedade alemã. Agora, volta ao ataque.

Na sua opinião, os alemães que apoiam a emissão de bônus de dívida pública pan-europeus "são levados por aquele reflexo muito alemão de que só poderemos saldar a dívida do Holocausto e da Segunda Guerra Mundial quando pusermos todo o nosso dinheiro e nossos interesses em mãos europeias".

Para o líder dos Verdes e ex-ministro do Meio Ambiente Jürgen Trittin, "é lamentável que ele invoque o Holocausto para atrair o máximo de atenção para suas teorias sobre eurobônus".

"Sarrazin recorre mais uma vez às provocações costumeiras. Sua crítica ao euro é nacionalista e reacionária", reagiu o porta-voz do SPD para questões orçamentárias.

Já o líder da bancada parlamentar da União Democrata-Cristã, da primeira-ministra Angela Merkel, Volker Kauder, preferiu ignorar a crise das dívidas públicas: "Sarrazin está errado de novo. O euro é e vai continuar sendo um sucesso", reportou a revista alemã Der Spiegel.

Venda de imóveis usados cresce 3,4% nos EUA

A revenda de imóveis residenciais usados avançou 3,4% em abril de 2012 em relação a março, nos Estados Unidos, projetando um total anual de 4,62 milhões de transações e renovando a esperança de recuperação, depois de seis anos de crise, do mercado imobiliário, onde começou a atual crise econômica e financeira internacional, anunciou hoje a Associação Nacional das Empresas do Mercado Imobiliário.

O resultado ficou acima da expectativa dos analistas, que era de um crescimento de 2,7% e de uma projeção de 4,6 milhões de negócios num ano.

Na comparação anual, houve uma alta de 10%. Foi o décimo mês seguido de avanço em relação ao ano anterior.

O preço médio dos imóveis vendidos em abril foi de US$ 177,4 mil, 10,1% acima dos US$ 161,1 mil de abril de 2011. Dos imóveis vendidos, 28% haviam sido retomados por falta de pagamento; em abril do ano passado, eram 37%.

Japoneses têm mais ativos financeiros no exterior

Os japoneses eram os maiores detentores de ativos financeiros de outros países no fim de 2011, num total de US$ 3,19 trilhões, informa o Ministério das Finanças do Japão.

Coreia do Sul gasta US$ 2,14 bilhões em mísseis

Diante da ameaça dos mísseis balísticos da Coreia do Norte, a Coreia do Sul vai comprar nos próximos cinco centenas de mísseis, no valor total de US$ 2,14 bilhões, revelou hoje a imprensa sul-coreana.

Uma avaliação feita na Coreia do Sul concluiu que o atual sistema de defesa não é eficaz contra a ameaça norte-coreano, reporta o jornal francês Le Monde.

Desemprego mundial de jovens deve chegar a 12,7%

Com 75 milhões de pessoas de 15 a 24 anos desempregadas, a taxa mundial de desemprego entre os jovens deve terminar o ano de 2012 em 12,7%, a mesma do auge da crise, em 2009. Só deve cair em 2016, previu ontem a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no relatório Tendência Mundial do Emprego dos Jovens, divulgado ontem.

Desde o início da crise, em 2007, 4 milhões de jovens perderam o emprego. No fim de 2012, o índice de desemprego na faixa de 15 a 24 anos estava em 12,6%.

Brasil deve retomar ritmo de crescimento, diz OCDE

O atual período de fraco crescimento econômico no Brasil deve ser superado com as medidas de incentivo adotadas pelo governo, previu hoje a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) na sua publicação semestral Perspectivas Econômicas.

Pela previsão, "a atividade deve crescer rapidamente e depois se suavizar gradualmente para os níveis normais, impulsionada pelo consumo e o investimento privados. No contexto de um mercado de trabalho apertado e da retomado do crescimento do crédito, podem ressurgir pressões inflacionárias", afirma o relatório.

"Na medida em que a economia crescer, algumas medidas de estímulo monetários terão de ser retiradas para trazer a inflação de volta para a meta. Podem ser necessárias medidas macroprudenciais para conter o crescimento do crédito. Os fatores estruturais por trás do fraco desempenho da indústria manufatureira devem ser resolvidos com a redução da carga fiscal e da complexidade do sistema de impostos, a melhoria da infraestrutura e o aprofundamento da maturidade do mercado financeiro", receita a OCDE.

Mas, adverte o relatório, "limitar a valorização da moeda só vai dar alívio à indústria em curto prazo, enquanto medidas [protecionistas] para reduzir a competição dos importados vai prejudicar o crescimento da produtividade em médio prazo". A expectativa é de um crescimento de 3,2% em 2012 e de 4,2% em 2013.

Europa é maior ameaça à economia mundial

A economia mundial se recupera, mas a retomada do crescimento é lenta e está sob a ameaça da crise das dívidas públicas na Zona do Euro, previu hoje a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) ao publicar mais uma edição semestral de suas Perspectivas Econômicas.

"Com crescimento lento, nível de desemprego elevado e margem de manobra limitada para medidas macroeconômicas de estímulo, as reformas estruturais são as medidas de curto prazo para estimular o crescimento e reforçar a confiança", declarou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, no lançamento, em Paris.

Para a Eurozona, em novembro, a previsão era de crescimento de 0,2% em 2012. Foi revisada para baixo. A expectativa agora é de um recuo de 0,1%. O conjunto dos países que usam o euro como moeda deve avançar 0,9% em 2013.

Os Estados Unidos devem crescer 2,4% neste ano e 2,6% no próximo. Já o Japão, que teve um forte avanço no primeiro trimestre de 2012, deve fechar o ano com expansão de 2% e avançar 1,5% em 2013.

A situação dos emergentes é bem melhor neste ano, com expectativa de alta do PIB de 8,2% neste ano e de 9,3% no próximo para a China e de 3,2% para o Brasil em 2012 e de 4,2% em 2013. A Índia deve avançar 7,3% e 7,8%; a Rússia, 4,5% e 4,1%; e a África do Sul, 3,3% e 4,2%.

Maior ausente entre os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), as grandes economias emergentes responsáveis pela maior parte do crescimento mundial nas próximas décadas, a Indonésia deve ter uma expansão de 5,8% e 6%.

Fitch rebaixa crédito do Japão

A agência de classificação de risco Fitch reduziu hoje em dois graus a nota de crédito do Japão para A+ com perspectiva negativa, citando o grande endividamento do país. A dívida pública japonesa passa de 200% do produto interno bruto do país, de cerca de US$ 5 trilhões.

Com a perspectiva negativa, essa avaliação pode voltar a cair. A nota A+ é a quinta numa escala de 22 adotada pela agência.

Nesta terça-feira, em suas previsões semestrais, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) disse que o PIB japonês deve avançar 2% em 2012 e 1,5% em 2013.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

UE pede moderação ao radical eleito presidente da Sérvia

Doze anos e meio depois da queda do sanguinário ditador Slobodan Milosevic, seus partidários ultranacionalistas retomaram o poder na Sérvia, levando a União Europeia a pedir moderação hoje ao presidente eleito, Tomislav Nikolic.

É mais um resultado da crise econômica, que está provocando um avanço dos partidos de extrema direita em todo o continente. O desemprego na Sérvia está em 24%.

"Esta eleição não era para decidir quem vai levar a Sérvia para a UE, mas, sim, quem vai resolver os problemas econômicos deixados pelo Partido Democrata", declarou o presidente eleito.

Depois de perder em 2004 e 2008, Nikolic venceu ontem por 49,4% a 47,4% no segundo turno o atual presidente, Boris Tadic, que mandou para o Tribunal das Nações Unidas para Crimes de Guerra na antiga Iugoslávia, em Haia, na Holanda, tanto o líder sérvio na Bósnia-Herzegovina, Radovan Karadzic, quanto o seu comandante militar, general Ratko Mladic. O primeiro-ministro que mandou Milosevic para o tribunal de Haia foi assassinado.

O vitorioso Partido Progressista da Sérvia é uma refundação do Partido Radical Sérvio, cujo líder, Vojislav Seselj, também está em Haia.

Ao cumprimentar o oponente, Tadic advertiu que "será um erro se a Sérvia mudar sua orientação [rumo à integração na Europa]. É uma questão de paz e desenvolvimento econômico".

OTAN promete apoio ao Afeganistão após retirada

Em reunião de cúpula em Chicago, nos Estados Unidos, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) prometeu manter a ajuda ao Afeganistão depois da retirada, em 2014, das forças internacionais que invadiram o país em resposta aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, anunciou agora há pouco o presidente Barack Obama.

Até o fim de 2013, a responsabilidade pela segurança e a defesa do país será transferida ao Exército e à Polícia afegãs.

Falando sobre a crise na Zona do Euro, Obama defendeu a proteção aos países europeus ameaçados de contágio pela Grécia e uma saída que inclua estímulos ao crescimento econômico.

Al Caeda pede desculpas pelo atentado no Iêmen

Depois de matar cerca de cem pessoas e ferir outras 220, a rede terrorista Al Caeda na Península Ibérica pediu desculpas pelo atentado terrorista cometido hoje contra o ensaio de um desfile militar no Iêmen.

Em nota, o grupo disse que o alvo era o ministro da Defesa, Mohamed Nasser Ahmad. O chefe do Estado-Maior, general Ali al-Achual, estava junto com o ministro. Ambos saíram ilesos.

Ação cai e Facebook já vale menos de US$ 100 bi

No segundo dia de venda em bolsa, a ação do Facebook caiu para menos de US$ 34, bem abaixo do preço de lançamento, de US$ 38, reduzindo o valor total de mercado da empresa para menos de US$ 100 bilhões.

Hoje, a coluna Lex, do jornal inglês Financial Times, observa que uma companhia que faturou menos de US$ 4 bilhões no ano passado precisa de um crescimento estratosférico para justificar esse valor.

Um dos bancos responsáveis pela oferta inicial de ações do Facebook teria entrado no mercado comprando pesadamente na sexta-feira para sustentar o preço da ação, mas hoje não estaria fazendo isso.

Atentado suicida contra Exército mata 101 no Iêmen

Um ataque terrorista suicida contra o ensaio de uma parada militar no Iêmen matou pelo menos 101 soldados e deixou outras 220 pessoas feridas hoje em Saná, a capital do país.

O atentado acontece no momento em que o Exército iemenita, apoiado pelos Estados Unidos, lançou uma ofensiva contra a rede terrorista Al Caeda na Península Arábica, que se instalou no país para fugir da repressão na Arábia Saudita.

Lá foi treinado e de lá saiu o terrorista nigeriano que tentou explodir um avião de passageiros que fazia o voo Amsterdã-Detroit no Natal de 2009.

Durante o fim de semana, o Exército cercou os principais redutos d'al Caeda no Sul do Iêmen. A resposta veio logo. O homem-bomba se infiltrou no desfile de uniforme militar, com explosivos escondidos sob a roupa.

domingo, 20 de maio de 2012

Único condenado pelo atentado de Lockerbie morre

Único condenado pelo atentado que matou 270 pessoas em Lockerbie, na Escócia, em 21 de dezembro de 1988, o agente líbio Abdel Basset Ali Mohamed al-Megrahi morreu hoje de câncer aos 60 anos em Trípoli, na Líbia.

Naquela data um Boeing 747 da companhia aérea americana PanAm fazia o voo 103, Londres-Nova York, quando explodiu em pleno ar, matando todas as 259 pessoas a bordo e mais 11 em terra, na cidade de Lockerbie. A bomba teria sido embarcada no aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, num voo de conexão.

A suspeita inicial recaiu sobre grupos radicais palestinos baseados na Síria e apoiados pelo Irã. Seria uma vingança porque os Estados Unidos tinham derrubado por engano um Airbus do Irã com 290 pessoas a bordo, confundindo-o com um avião de guerra, quando patrulhavam o Golfo Pérsico no fim da Guerra Irã-Iraque (1980-88).

Depois que o ditador Saddam Hussein invadiu o Kuwait, em 2 de agosto de 1990, quando o apoio da Síria e a neutralidade do Irã eram importantes para o sucesso da aliança liderada pelos EUA na Guerra do Golfo (1991), surgiu a versão que atribuía o atentado à Líbia do coronel Muamar Kadafi, outro inimigo dos EUA.

Kadafi tivera seu palácio bombardeado em 14 e 15 de abril de 1986 por ordem do então presidente Ronald Reagan como retaliação por um atentado terrorista contra uma discoteca frequentada por soldados americanos na Alemanha.

Dois agentes do serviço secreto líbio, Megrahi e Lamin Khalifah Fhimah, foram denunciados por assassinato e conspiração para matar pelo procurador-geral dos EUA em novembro de 1991 como responsáveis pelo ataque ao voo 103 da PanAm. Os EUA conseguiram apoio internacional para impor sanções à Líbia.

Em 23 de março de 1995, eles foram declarados fugitivos e colocados na lista de procurados do FBI (Escritório Federal de Investigações), a polícia federal americana.

A proposta de julgamento na Holanda com leis e juízes escoceses partiu do professor Robert Black, da Universidade de Edimburgo, e encampada pelo governo britânico do primeiro-ministro trabalhista Tony Blair, que prometia uma "política externa ética". Seu ministro do Exterior, o escocês Robin Cook, teria negociado.

Em 5 de abril de 1999, Fhimah e Megrahi foram entregues ao tribunal. O julgamento começou em 3 de maio de 2000.

A acusação afirmou que a bomba estava escondida num rádiocassete Toshiba dentro de uma mala Samsonite rígida, junto com roupas, e que o detonador, fabricado por uma empresa suíça, teria sido vendido à Líbia. Alegou ainda que a bagagem com o explosivo foi embarcada no aeroporto Luka, na ilha de Malta, e depois transferida, em Frankfurt e Londres, para o Jumbo da PanAm.

Um ex-colega dos agentes nas Linhas Aéreas da Líbia teria testemunhado a confecção da bomba. Outra prova: Megrahi teria comprado em Malta as roupas que estavam na mala junto com o rádiocassete-bomba.

A defesa argumentou que o mesmo tipo de detonador foi vendido para vários serviços secretos, inclusive da Alemanha Oriental, dos EUA (CIA) e da Líbia. Também disse que Tony Gauci, o comerciante da lojas de roupas de Malta, não conseguiu identificar Megrahi num desfile de possíveis suspeitos.

Em 31 de janeiro de 2001, Fhimah foi declarado inocente e Megrahi culpado. Ele foi sentenciado a prisão perpétua, com a recomendação de que ficasse preso pelo menos durante 20 anos antes de ter direito a pedir liberdade condicional.

Mas, em 20 de agosto de 2009, o ministro da Justiça da Escócia, Kenny MacAskill, anunciou a libertação de Megrahi por razões humanitárias. Ele sofreria de um câncer terminal na próstata. Teria menos de três meses de vida, o que pela lei escocesa dá direito à liberdade para morrer com a família.

A recepção de herói que Megrahi teve em Trípoli, com a participação de Seif al-Islam al-Kadafi, o filho com ambição de suceder Kadafi, provocou grande revolta nos EUA, no Reino Unido e nos outros países com vítimas do voo 103. Ficou a sensação de que havia mais alguma coisa erra numa história muito estranha desde o princípio em que a justiça foi sufocada por razões de Estado.

Com a morte de Megrahi, termina o último capítulo desta história, mas restam muitos pontos obscuros à espera de repórteres e investigadores que a reescrevam.

Dissidente chega aos EUA pedindo justiça na China

Em suas primeiras declarações ao chegar nesta noite aos Estados Unidos, o advogado e dissidente chinês Chen Guangcheng fez um apelo: "Eu espero que todos trabalhem comigo para promover a justiça na China".

Chen chegou a Newark, Nova Jérsei, num voo da United Airlines, depois de gerar uma crise diplomática entre as duas superpotências ao fugir da prisão domiciliar no interior do país e se refugiar na embaixada americana em Beijim.

Autodidata, ele se tornou inimigo do regime comunista chinês por defender mulheres forçadas a fazer aborto dentro da política de controle da natalidade que só permite que cada casal tenha um filho. Agora, vai estudar direito na Universidade de Nova York.

sábado, 19 de maio de 2012

Bono Vox é o primeiro roqueiro bilionário

Com a valorização do Facebook em US$ 104 bilhões depois de sua oferta pública inicial de ações realizada ontem, o cantor e compositor Bono Vox, líder do Grupo U-2, tornou-se bilionário. Ele ultrapassou o beatle Paul McCartney e virou o roqueiro mais rico do mundo.

Em 2009, Bono comprou 2,3% das ações por US$ 90 milhões. Na época, a transação foi ridicularizada por analistas. Hoje, são quase US$ 2,4 bilhões.

Chen Guangcheng e família viajam para os EUA

O dissidente chinês Chen Guang, sua mulher e os dois filhos do casal saíram hoje do aeroporto de Beijim, na China, rumo aos Estados Unidos, informou na manhã de hoje o Departamento de Estado americano.

Advogado e cego, Chen se tornou inimigo do regime comunista ao defender mulheres obrigadas a fazer aborto por causa da política do filho único e combater outras violações dos direitos humanos.

Sua fuga espetacular de uma casa numa província a 500 quilômetros da capital chinesa até e Embaixada dos EUA gerou uma crise diplomática entre os dois países. Em 2 de maio, ele saiu da embaixada dizendo que queria ficar na China. Mudou de ideia e pediu ajuda aos EUA, tendo inclusive ligado várias vezes diretamente para o Congresso para participar de reuniões que discutiam sua situação.

Dissidente chinês cego está prestes a ir para os EUA

O dissidente chinês cego Chen Guangcheng deixou o hospital e está no aeroporto de Beijim, prestes a embarcar para os Estados Unidos.

Chen criou um incidente diplomático entre as duas maiores potências mundiais ao fugir da prisão domiciliar e se refugiar na embaixada americana dias antes de uma delegação de alto nível, formada pela secretária de Estado, Hillary Clinton, e o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, chegarem à cidade para mais uma rodada do diálogo estratégia EUA-China.

Chen Guangcheng
Em princípio, o dissidente - um advogado autodidata que lutava contra abortos forçados e outros excessos da política do filho único, entre outras causas em defesa dos direitos humanos -, queria permanecer na China para continuar lutando pelos cidadãos comuns oprimidos pelo regime comunista. Em 2 de maio de 2012, teria saído espontaneamente da embaixada.

Ao chegar no hospital e saber da tortura e das ameaças a que sua mulher tinha sido submetida, Chen pediu ajuda para sair do país. Tentou embarcar no avião da secretária de Estado. As autoridades chinesas disseram que ele poderia sair do país, se fizesse todos os trâmites burocráticos necessários.

Com convites para estudar em universidades americanas, Chen pode até viver nos EUA com visto de estudante. Na verdade, é um exilado. De um jeito ou de outro, o regime comunista chinês acaba se livrando de mais um dissidente.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Facebook decepciona na estreia em bolsa

No primeiro dia de venda pública de ações, o Facebook decepcionou. A ação, cotada inicialmente em US$ 38, subiu para US$ 42,05 início das operações, uma alta de 11%. Mas logo começou a cair. Oscilou durante todo o dia, fechando em US$ 38,23, com valorização de 0,61%.

A estreia atrasou meio hora por problemas técnicos na bolsa eletrônica Nasdaq, que negocia ações de empresas de alta tecnologia.

Analistas ouvidos pelo sítio Investment News desaconselharam a compra das ações do Facebook, dizendo que é o lançamento mais badalado da história, mas não há garantia de sucesso da empresa a longo prazo num ambiente volátil em plena revolução tecnológica.

O Facebook ainda tem problemas de acesso em celulares e tabletes. Depende de plataformas de empresas concorrentes como a Apple e o Google.

A própria Apple, hoje a maior empresa privada do mundo, foi dada como morta quando o sistema operacional Windows, da Microsoft, tomou conta do mercado de computadores pessoais. Deu a volta por cima com produtos revolucionários como o iPod, iPhone e iPad.

Alguns comentaristas lembraram o espetacular lançamento da America on Line (AoL), que chegou a negociar uma fusão com o grupo Time Warner e desapareceu com a evolução tecnológica, tornando-se uma empresa menor.


Pesquisa grega mostra avanços de partidos pró-acordo

A primeira pesquisa divulgada depois da convocação de novas eleições parlamentares para 17 de junho de 2012 na Grécia dá esperança de que os dois partidos tradicionais consigam juntos formar um governo majoritário. Assim, evitariam um colapso dos acordos com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional, um calote das dívidas públicas e uma retirada da Zona do Euro potencialmente desastrosa para a economia mundial.

Havia um forte temor de vitória da aliança de extrema esquerda Syriza, a favor de continuar usando o euro como moeda, mas não de manter o rigoroso plano de ajuste das contas públicas repudiado pelo eleitorado. Seu líder, Alexis Tsipras, chegou a dizer que a Europa não retiraria a ajuda à Grécia porque, caso contrário, o país não pagaria suas dívidas.

Pela lei eleitoral grega, o partido vencedor ganha um bônus de 50 cadeiras no Parlamento para facilitar a formação de governos estáveis. Com a vitória da Syriza mais o bônus, mais uma vez o país ficaria num impasse, sem chance de organizar uma coligação de governo.

Na nova pesquisa, a Nova Democracia (centro-direita) lidera com 26,1% das preferências contra 23,7% da ultraesquerda. O Partido Socialista Pan-Helênico (Pasok) ficaria em terceiro, em condições formar governo junto com a Nova Democracia, informa a agência de notícias Reuters.

A grande contradição na Grécia é que 75% da população são a favor de continuar fazendo parte da união monetária europeia, enquanto 70% são contra o plano de ajuste fiscal rigoroso, que inclui cortes de gastos públicos, salários e aposentadorias, além de aumentos de impostos.

Sob a crise, a Grécia está no quinto ano de recessão, com queda de 20% no produto interno bruto e desemprego recorde de 21,7% da população e de metade dos jovens, o que tornou o ajuste politicamente insustentável.

Mundo vive melhor e pior momento, diz ONU

O mundo vive hoje o melhor e o pior dos tempos, com uma prosperidade sem precedentes enquanto mais de 1 bilhão de pessoas vivem na miséria e a desigualdade entre ricos e pobres aumenta, concluiu o relatório do Painel de Alto Nível do Secretário-Geral das Nações Unidos sobre Sustentabilidade Global de 2012, lançado hoje no Rio de Janeiro, um mês antes da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

"A visão de longo prazo do Painel de Alto Nível sobre Sustentabilidade Global é erradicar a pobreza, reduzir a desigualdade e fazer com que o crescimento seja inclusivo e a produção e o consumo sejam mais sustentáveis, ao combater a mudança climática e respeitar outros limites planetários", diz o documento, distribuído na íntegra e num resumo executivo preparado pela ONU.

Vinte anos depois do Relatório Brundtland sobre Nosso Futuro Comum, reconhece o painel, "o conceito de desenvolvimento sustentável ainda não foi incorporado no fluxo do debate nacional e internacional sobre política econômica... Entretanto, integrar questões ambientais e sociais às decisões econômicas é vital para o sucesso".

Na ocasião, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu o fortalecimento do Programa das Nações Unidos para o Meio Ambiente (Pnuma), contrariando a posição da União Europeia, que gostaria de transformá-lo numa agência permanente da ONU, com mais poderes.

É mais um sinal de que o Brasil mantém uma posição atrasada, retrógrada e defensiva nas negociações internacionais sobre meio ambiente, sempre temeroso de ser cobrado pela calamitosa e irresponsável destruição da Floresta Amazônica, nosso maior patrimônio natural, avalizada pela aprovação do novo Código Florestal, que só interessa à agricultura predatória e aos desmatadores.

Confira aqui a gravação da entrevista coletiva distribuída pela ONU.

Caso Bo revela privilégios de 'principezinhos' chineses

O regime comunista da China apresenta a fortuna acumulada pelo ex-dirigente Bo Xilai como prova da corrupção e abuso de poder que levaram à sua queda espetacular em março, em meio a um escândalo que inclui o assassinato do empresário britânico Neil Heywood. Mas o enriquecimento das famílias dos altos dirigentes é mais norma do que exceção na chamada "economia de mercado socialista".

Quando a empresa de Hollywood DreamWorks Animation fechou um contrato de US$ 330 milhões para criar um estúdio de produção de desenhos animados em Xangai, não revelou que um dos seus principais sócios chineses é Jiang Mianheng, filho do ex-presidente e ex-secretário-geral do partido Jiang Zemin, um dos homens mais poderosos da China depois da morte de Deng Xiaoping.

Jiang Mianheng não é sócio só da DreamWorks. Tem negócios com a Microsoft e a Nokia, além de participações em empresas e projetos de telecomunicações, semicondutores e construção civil.

Outro exemplo: Wen Yungson, filho do primeiro-ministro Wen Jiabao, um reformista que cobrou maior reforma política durante a última sessão anual do Congresso Nacional do Povo, dirige uma empresa estatal que se apresenta como a maior operadora de satélites de telecomunicações na Ásia.

"Sempre que surge uma oportunidade de lucro na economia, eles estão na frente da fila", observa o sinólogo Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College, na Califórnia, citado pelo jornal The New York Times.

China pode crescer só 7,5% ao ano no 2º trimestre

A taxa de crescimento da China pode cair para 7,5% ao ano no segundo trimestre de 2012 por causa do impacto da crise mundial sobre suas exportações e os freios impostos ao mercado imobiliário, responsável por 10% da segunda maior economia do mundo, afirma o Centro de Informação do Estado, um instituto oficial de pesquisas, em relatório divulgado hoje.

No momento, a maioria dos economistas espera um avanço num ritmo anual de 7,9% de abril a junho, depois de uma alta de 8,1% ao ano no primeiro trimestre.

Será a primeira vez desde o auge da crise, em 2009, que a China terá crescimento abaixo de 8% ao ano, considerado o mínimo para gerar os 6 milhões de empregos por ano necessários para absorver os jovens que estão entrando no mercado de trabalho.

O governo chinês fixou em março passado, na última sessão do Congresso Nacional do Povo, a meta de crescimento para este ano em 7,5%. Durante anos, a meta foi de 8%, sempre superada.

Em abril, os preços dos imóveis caíram pelo sétimo mês seguido. Em 43 das 70 cidades pesquisadas, os preços dos imóveis residenciais novos baixaram. Esse resfriamento do mercado imobiliário é resultado de políticas para reduzir a inflação no setor.

A inflação oficial caiu de 3,6% em março para 3,4% em abril. O instituto de pesquisa espera que baixe para 3,3% até a metade do ano, reporta a agência Reuters.