Em ano de renovação da liderança, o presidente da China, Hu Jintao, pediu ao Partido Comunista que reduza as tensões e mostra unidade neste período de transição marcado pelo expurgo do alto dirigente Bo Xilai, que era um dos 25 membros do Politburo, o birô político do PC, e foi acusado de corrupção e abuso de poder.
Durante reunião com cerca de 200 altos funcionários num hotel de Beijim no início deste mês, Hu descreveu o pior escândalo político das últimas duas décadas na China como um "caso isolado", informa com exclusividade hoje a agência Reuters.
Bo era líder do partido na cidade-província de Xunquim e almejava entrar para o Comitê Permanente do Politburo, formado pelos chamados nove imperadores, os homens que realmente mandam no país.
No fim do ano, o 18º Congresso do PC chinês vai escolher os nove líderes da China. Hu e o primeiro-ministro Wen Jiabao devem deixar seus cargos no início de 2013, quando o vice-presidente Xi Jinping deve ascender à posição de dirigente máximo em substituição ao atual presidente.
O ex-presidente Jiang Zemin (1993-2003), considerado um dos homens mais poderosos do regime, aconselhou Hu, informou uma das fontes da Reuters: "Jiang disse que, se temos provas consistentes de que Gu Kailai [mulher de Bo] cometeu um homicídio e que Bo Xilai também cometeu grandes erros, então tratem o caso como um incidente criminal isolado. Há muita instabilidade. A meta deve ser o sucesso do 18º Congresso do partido".
Diante do debate na sociedade chinesa suscitado pela queda espetacular de Bo, que resgatou métodos e até canções do tempo de Mao Tsé-tung e da Revolução Cultural, Hu pediu o fim das divisões ideológicas, como se a luta intestina pelo poder entre reformistas e a velha guarda comunista não estivesse em plena efervescência.
Para combater os rumores que tomaram as redes sociais da Internet chinesa, Hu apareceu ostensivamente há uma semana ao lado do chefe da segurança interna, Zhou Yongkang, apontado como aliado de Bo.
Em março, quando Bo perdeu o cargo em Xunquim, o primeiro-ministro Wen chegou a advertir o Congresso Nacional do Povo sobre a necessidade de uma reforma política para evitar a "volta da Revolução Cultural". Isso levou analistas a concluir que os reformistas estavam em vantagem no conflito ideológico interno do PC, mas a palavra de ordem é unidade.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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