A segunda rodada do novo diálogo entre as grandes potências e o Irã para tentar desarmar o programa nuclear iraniano terminou hoje sem acordo. Depois de dois dias de negociações em Bagdá, os representantes das cinco potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia), da Alemanha e do Irã marcaram um novo encontro para 17 a 19 de junho de 2012 em Moscou.
Não houve avanços nas posições dos dois lados rumo a um possível acordo. As grandes potências exigem que o Irã pare de enriquecer urânio, como preveem resoluções do Conselho de Segurança, enquanto a república islâmica insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos. O Irã insiste no fim das sanções de que é alvo, noticia a agência Reuters.
Ao reconhecer que "diferenças significativas permanecem", a comissária europeia de relações exteriores, Catherine Ashton, considerou positiva a realização de nova rodada de negociações.
Em princípio, na terça-feira, o Irã teria acertado com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a abertura de suas instalações nucleares a inspeções internacionais, dependendo de um acordo amplo com as grandes potências.
O diálogo recomeçou na Turquia no mês passado, depois de uma ruptura de um ano e três meses, como uma última tentativa de evitar mais uma guerra no Oriente Médio com consequências potencialmente catastróficas para a região e a economia mundial.
Na quarta-feira, o Irã rejeitou um conjunto de propostas destinadas a demonstrar que seu programa nuclear é realmente pacífico e não visa à fabricação de armas atômicas. As grandes potências não acenaram com a possibilidade de suspender sanções econômicas, como, por exemplo, a proibição de exportar petróleo para a União Europeia, que entra em vigor em 1º de julho.
Para o regime fundamentalista iraniano, o pacote oferecido é "superado, restrito e desequilibrado". O Irã não ganharia nada em troca dos novos compromissos, afirmou a Agência de Notícias República Islâmica, citada pelo jornal The Washington Post.
As grandes potências estão preocupadas porque o Irã anunciou ter capacidade para enriquecer urânio a 20%, o teor necessário para uso num reator de pesquisas médicas, que está bem acima dos 5% requeridos por usinas atômicas. Seria um passo importante rumo aos 90% necessários para produzir armas nucleares.
Os países ocidentais estão convencidos de que o Irã só voltou à mesa de negociações por causa das sanções econômicas e da ameaça de uma ação militar de Israel com o apoio dos EUA para destruir suas instalações nucleares.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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