quinta-feira, 31 de maio de 2012

África cresce sem gerar empregos suficientes para jovens

Seis dos dez países que mais cresceram no mundo na primeira década do milênio são da África. Pela primeira vez, o continente cresce acima da média mundial. Mas essa rápida expansão da atividade produtiva não é suficiente para gerar empregos para sua imensa população jovem.

A África subsaariana resistiu bem à crise econômico-financeira de 2008-9. A maioria dos países já retomou suas taxas de crescimento anteriores. Na média, a expansão foi de 4,5% em 2010 e de 5,5% em 2011, numa curva ascendente.

Com 200 milhões de habitantes com 15 a 24 anos, a África tem a maior população jovem do mundo, que vai dobrar até 2045, aumentando significativamente a oferta de mão de obra. De 2000 a 2008, a população em idade de trabalhar passou de 443 para 500 milhões de pessoas. É uma alta de 25%.

Num ano, é um aumento de 13 milhões ou 2,7%. Em 2040, a força de trabalho do continente será de um bilhão de pessoas, maior que as da China e da Índia, prevê a empresa de consultoria McKinsey.

O continente precisa aproveitar esta situação demográfica favorável para dar o salto para o desenvolvimento e superar a pobreza histórica herdada do colonialismo, ainda presente, embora disfarçado como imperialismo econômico.

A educação também progrige. No ritmo atual, até 2030, 59% dos jovens de 20-24 anos terão concluído o ensino secundário, contra 42% hoje. Nesta faixa etária, haverá 137 milhões com segundo grau completo e 12 milhões com formação universitária.

Apesar de todas as deficiências dos sistemas educacionais africanos, é um enorme crescimento do capital humano. Mas a geração de empregos não acompanha esse ritmo.

De 2000 a 2008, a África subsaariana criou 78 milhões de postos de trabalho, calcula a Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos quais só 16 milhões para jovens de 15-24 anos.

Cerca de 60% dos desempregados africanos são jovens. Nos países do Norte da África, o desemprego foi um elemento importante na deflagração das revoltas da chamada Primavera Árabe.

Se os países africanos não agirem rapidamente para modernizar suas economias, correm o risco de alienar esse vasto capital humano que se forma no continente e perder sua grande oportunidade para se desenvolver, conclui um estudo das Perspectivas Econômicas Africanas.

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