Seis dos dez países que mais cresceram no mundo na primeira década do milênio são da África. Pela primeira vez, o continente cresce acima da média mundial. Mas essa rápida expansão da atividade produtiva não é suficiente para gerar empregos para sua imensa população jovem.
A África subsaariana resistiu bem à crise econômico-financeira de 2008-9. A maioria dos países já retomou suas taxas de crescimento anteriores. Na média, a expansão foi de 4,5% em 2010 e de 5,5% em 2011, numa curva ascendente.
Com 200 milhões de habitantes com 15 a 24 anos, a África tem a maior população jovem do mundo, que vai dobrar até 2045, aumentando significativamente a oferta de mão de obra. De 2000 a 2008, a população em idade de trabalhar passou de 443 para 500 milhões de pessoas. É uma alta de 25%.
Num ano, é um aumento de 13 milhões ou 2,7%. Em 2040, a força de trabalho do continente será de um bilhão de pessoas, maior que as da China e da Índia, prevê a empresa de consultoria McKinsey.
O continente precisa aproveitar esta situação demográfica favorável para dar o salto para o desenvolvimento e superar a pobreza histórica herdada do colonialismo, ainda presente, embora disfarçado como imperialismo econômico.
A educação também progrige. No ritmo atual, até 2030, 59% dos jovens de 20-24 anos terão concluído o ensino secundário, contra 42% hoje. Nesta faixa etária, haverá 137 milhões com segundo grau completo e 12 milhões com formação universitária.
Apesar de todas as deficiências dos sistemas educacionais africanos, é um enorme crescimento do capital humano. Mas a geração de empregos não acompanha esse ritmo.
De 2000 a 2008, a África subsaariana criou 78 milhões de postos de trabalho, calcula a Organização Internacional do Trabalho (OIT), dos quais só 16 milhões para jovens de 15-24 anos.
Cerca de 60% dos desempregados africanos são jovens. Nos países do Norte da África, o desemprego foi um elemento importante na deflagração das revoltas da chamada Primavera Árabe.
Se os países africanos não agirem rapidamente para modernizar suas economias, correm o risco de alienar esse vasto capital humano que se forma no continente e perder sua grande oportunidade para se desenvolver, conclui um estudo das Perspectivas Econômicas Africanas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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