O regime comunista da China apresenta a fortuna acumulada pelo ex-dirigente Bo Xilai como prova da corrupção e abuso de poder que levaram à sua queda espetacular em março, em meio a um escândalo que inclui o assassinato do empresário britânico Neil Heywood. Mas o enriquecimento das famílias dos altos dirigentes é mais norma do que exceção na chamada "economia de mercado socialista".
Quando a empresa de Hollywood DreamWorks Animation fechou um contrato de US$ 330 milhões para criar um estúdio de produção de desenhos animados em Xangai, não revelou que um dos seus principais sócios chineses é Jiang Mianheng, filho do ex-presidente e ex-secretário-geral do partido Jiang Zemin, um dos homens mais poderosos da China depois da morte de Deng Xiaoping.
Jiang Mianheng não é sócio só da DreamWorks. Tem negócios com a Microsoft e a Nokia, além de participações em empresas e projetos de telecomunicações, semicondutores e construção civil.
Outro exemplo: Wen Yungson, filho do primeiro-ministro Wen Jiabao, um reformista que cobrou maior reforma política durante a última sessão anual do Congresso Nacional do Povo, dirige uma empresa estatal que se apresenta como a maior operadora de satélites de telecomunicações na Ásia.
"Sempre que surge uma oportunidade de lucro na economia, eles estão na frente da fila", observa o sinólogo Minxin Pei, professor do Claremont McKenna College, na Califórnia, citado pelo jornal The New York Times.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Caso Bo revela privilégios de 'principezinhos' chineses
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