sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Iraque não tem plano para volta de refugiados

O governo do Iraque não fez planos para receber os milhões de refugiados que saíram do país por causa da guerra e da violência política resultantes da invasão americana.

Com a redução da violência nos últimos meses, o refluxo migratório é tão grande que o comando militar dos Estados Unidos já teme que provoque uma nova onda de violência sectária.

"Todos esses caras que estão voltando provavelmente vão encontrar alguém viveno nas suas casas", comentou o coronel William Rapp, assessor do comandante militar americano no Iraque, general David Petraeus.

Leia mais no New York Times.

Seqüestro em comitê de Hillary acaba

Um homem que mantinha cinco reféns num comitê da campanha presidencial da senadora Hillary Clinton em Rochester, no estado de Novo Hampshire, se entregou ontem à noite à polícia. O seqüestro aparentemente não teve motivações políticas. Ninguém saiu ferido

Lee Eisenberg alegava ter uma bomba amarrada ao peito, mas eram apenas fogos de sinalização.

"Ele era um desconhecido para a minha campanha até que entrou naquela porta", declarou a senadora, ex-primeira-dama e favorita para obter a candidatura do Partido Democrata, favorito para ganhar a eleição presidencial de novembro de 2008.


"Parece alguém que está precisando de ajuda e resolveu chamar a atenção de maneira totalmente errada", comentou Hillary. "Foi para mim e para minha campanha um dia especialmente tenso e difícil".

Ao lado de policiais, ela manifestou sua gratidão pela maneira como a situação foi resolvida: "Quero agradecer-lhes por seu profissionalismo e seu trabalho extraordinário. Estamos imensamente aliviados por isto ter terminado pacificamente".

Bernanke: Fed está "alerta"

O presidente do Federal Reserve Board (Fed), o banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke, sinalizou que haverá um nova queda na taxa de juros na reunião do Comitê de Mercado Aberto do Fed em 11 de dezembro.

Bernanke assgurou que o Fed fará tudo para evitar recessão na maior economia do mundo, o que teria reflexos por todo o planeta, ao prometer lutar pelo crescimento econômico com estabilidade de preços.

Em discurso na Câmara de Comércio de Charlotte, na Carolina do Norte, o presidente do Fed admitiu que a atual turbulência no mercado financeiro é "maior do que o comum".

"Nós, no Federal Reserve, teremos de permanecer excepcionalmente alertas e flexíveis enquanto continuamos a avaliar como melhor promover o crescimento econômico sustentável e a estabilidade de preços nos EUA".

Vida no Iraque melhora muito devagar

Quatro anos e meio depois da invasão americana, a capital do Iraque ainda tem menos de 12 horas por dia em média de energia elétrica. Mesmo no bairro rico de Mansour, em Bagdá, faltou luz durante três dias seguidos nesta semana. Sem eletricidade, seus moradores também ficaram sem água. Nas ruas, acumula-se o lixo não-recolhido, exalando um forte cheiro ruim.

Com a melhora na segurança nos últimos dias, o sucesso da ocupação começa a ser avaliado também por outros parâmetros como o funcionamento dos serviços básicos: água, energia, gasolina e saneamento básico. Mas o progresso gradual é empanado pelos problemas recorrentes.

"Que tipo de governo é esse que pemite que o povo viva assim? Eles não sabem como prover serviços. Não sabem fazer nada. Tudo fica cada vez pior", desabafa Ghaida al-Banna em entrevista ao jornal The Washington Post.

Sarkozy ataca agora semana de 35 horas

Depois de dizer hoje em entrevista à televisão, diante de 19 milhões de espectadores, que "os franceses sabem que não têm dinheiro em caixa", o presidente Nicolas Sarkozy reafirmou sua promessa de campanha de acabar com a jornada semanal de trabalho de 35 horas.

"A questão não é suprimir as 35 horas nem acabar com uma conquista social, mas permitir trabalhar mais para ganhar mais e chegar ao pleno emprego".

Vem aí uma nova queda-de-braço com os sindicatos, depois da greve nos transportes que virtualmente paralisou a França durante 10 dias no mês passado.

Coréia do Norte abrirá todo o programa nuclear

O regime comunista da Coréia do Norte vai divulgar uma lista de todos os seus programas nucleares na próxima semana, anunciou hoje o secretário de Estado adjunto dos Estados Unidos, Christopher Hill, principal negociador americano nas negociações com Pionguiangue, que estão entrando numa etapa decisiva para o desarmamento nuclear do país.

"Esperamos receber nos próximos dias, na próxima semana, uma lista completa dos norte-coreanos de todos os seus programas, materiais e instalações nucleares para que possamos entrar numa próxima etapa no começo do próximo ano", declarou Hill na Câmara Americana de Comércio em Seul, na Coréia do Sul.

Hill viaja para Pionguiangue na segunda-feira.

Como lembra o professor Amaury Porto de Oliveira, no Panorama da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (USP), até recentemente os EUA recusavam-se a negociar diretamente com a Coréia do Norte, que, por sua vez, acusava os governos da Coréia do Sul e do Japão de serem um meros fantoches dos americanos.

Depois do colapso do comunismo na Europa Oriental e na União Soviética, sentindo-se isolado, o regime stalinista norte-coreano transformou seu antagonismo em relação aos EUA em fonte de legitimidade e fez uma chantagem nuclear.

Em 1994, num acordo negociado pessoalmente pelo ex-presidente Jimmy Carter, o fundador e então ditador da Coréia do Norte, Kim Il Sung, se comprometeu a acabar com seu programa nuclear em troca de dois reatores de água leve para geração de eletricidade.

Talvez as relações bilaterais estivessem próximas da normalização quando George Walker Bush chegou à Casa Branca, em 2001. Com a visão neoconservadora então dominante no Partido Republicano de que sob Bill Clinton os EUA não teriam tirado proveito da vitória na Guerra Fria, Bush passou a hostilizar os ex-inimigos do bloco comunista.

Essa postura agressiva perdeu o sentido depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Os EUA precisavam do apoio da Rússia, com suas bases militares nas antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central, e também da China. Esses países, por sua vez, queriam a anuência de Washington para combater seus inimigos muçulmanos na república russa da Chechênia e na província chinesa de Kachgar.

Mas os EUA não precisavam da Coréia do Norte na sua "guerra contra o terrorismo". Comenta-se até que, no famoso discurso do eixo do mal, Bush incluiu a Coréia do Norte para não acusar somente o Irã e o Iraque, dois países muçulmanos. A intenção era descaracterizar a "guerra contra o terrorismo" como antimuçulmana.

Sentindo-se ameaçada, quando o governo Bush a acusou de ter um programa secreto de enriquecimento de urânio, a Coréia do Norte rompeu o acordo com os EUA e denunciou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Como Bush já estava em guerra contra a rede terrorista Al Caeda, e o discurso visava a preparar a opinião pública americana para a invasão do Iraque, o regime Pionguiangue retomou suas atividades nucleares.

Em 9 de outubro de 2006, a Coréia do Norte realizou uma explosão atômica subterrânea parcialmente fracassada. Foi suficiente para os EUA levarem a sério o desafio do dirigente Kim Jong Il.

A partir daí, a negociação hexapartite (EUA, China, Coréia do Norte, Coréia do Sul, Japão e Rússia) avançou. O atual acordo foi delineado em fevereiro de 2007. Foi possível graças à convergência estratégica dos interesses dos EUA e da China de evitar a nuclearização da península coreana, que poderia levar o Japão a desenvolver armas atômicas, e garantir a estabilidade no Leste da Ásia, essencial para o extraordinário crescimento econômico chinês.

Pelo acordo, a Coréia do Norte precisa revelar todos os seus programas e instalações nucleares antes de receber ajuda energética para sua depauperada economia estatal.

Hill visitou Pionguiangue em junho, abrindo caminho para a negociação bilateral. Como observa Oliveira, em 1994, os EUA queriam congelar o programa nuclear norte-coreano. Hoje, além dos EUA, todos os países vizinhos pressionam a Coréia do Norte a se desnuclearizar.

Oliveira cita entrevista do diplomata japonês Tanaka Hitoshi, veterano das negociações sobre a Coréia do Norte, à revista Japan Echo: "Para os americanos, não faz muita diferença se a Coréia do Norte dispuser de duas ou três armas nucleares. A ênfase é na não-proliferação, evitar um cenário onde tais armas sejam produzidas em grande escala e possam cair na mão de terroristas. Este raciocínio é inaceitável para o Japão. O Japão não pode permitir que exista qualquer tipo de armamento nuclear na Coréia do Norte". E a China e os EUA não querem armas nucleares no Japão.

Esta convergência estratégia leva Oliveira a sugerir que a crise irresolvida desde a Guerra da Coréia (1950-53) possa estar chegando ao fim. Mas não se podem subestimar a imprevisibilidade e a fragilidade dos stalinistas de Pionguiangue, para quem a ameaça externa é sempre útil para combater qualquer oposição interna.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

China tem reservas de US$ 1,455 trilhão

O total de reservas da China em moedas fortes, as maiores do mundo, atingiram US$ 1,455 trilhão, anunciou Zhang Xiaoqiang, subdiretor da Commissão National pela Reforma e o Desenvolvimento, principal organismo de planejamento econômico do país.

As últimas estatísticas oficiais do banco central indicavam que as reservas chinesas estavam em US$ 1,4336 trilhão no fim de setembro.

Musharraf suspende emergência no dia 16

O ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, empossado hoje para um terceiro mandato como presidente, acaba de anunciar a suspensão, a partir de 16 de dezembro, do estado de emergência imposto em 3 de novembro.

Ao mesmo tempo em que assume um terceiro mandato, o ditador quer limitar em dois mandatos o período máximo de governo para primeiros-ministros. Isto excluiria os principais líderes da oposição, Benazir Bhutto e Nawaz Sharif, de voltar à chefia do governo paquistanês. Ambos exigem a renúncia de Musharraf.

Bolsas da Ásia fecham em forte alta

No embalo da forte recuperação de ontem em Wall Street, as bolsas de valores da Ásia tiveram hoje forte valorização.

O Índice Nikkei, o principal da Bolsa de Tóquio, teve alta de 2,38%, atingindo 15.513,74 points, seu nível de fechamento mais alto desde 9 de novembro, graças à valorização do dólar diante do iene.

A Bolsa de Valores de Xangai, na China, teve alta ainda maior, de 4,16%.

"Enquanto a crise no setor crédito immobiliário nos Estados Unidos continuar,o risco não cai desaparecer. O mercado continuará volátil por algum tempo", previu Mitsushige Akino, da empresa Ichiyoshi Management.

Chávez rompe com Colômbia de Uribe

Depois de um intenso tiroteio verbal nos últimos sete dias, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem o rompimento total de relações com a Colômbia enquanto seu presidente for Álvaro Uribe.

O estopim do conflito foi o anúncio de Uribe, na quinta-feira passada, de que estava suspendendo a mediação de Chávez para libertar reféns seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

A quatro dias de um referendo sobre uma profunda reforma constitucional que lhe dá superpoderes mas que corre o risco de ser rejeitada, Chávez apelou para seu radicalismo verbal, acirrando um conflito que cria mais um inimigo externo para tentar fazer os venezuelanos cerrar fileiras com seu presidente.

É mais uma briga que o caudilho venezuelano compra na América Latina, depois de afrontar os presidentes do Peru, Alan García; do México, Felipe Calderón; e do Chile, Michelle Bachelet; além do atual e do ex-primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero e José María Aznar, e do rei Juan Carlos I.

Mais cedo ou mais tarde, o Brasil, como potência regional em ascensão, terá de mediar este conflito.

Fukuda adota política externa moderada

Sob a liderança de Yasuo Fukuda, o Japão está adotando uma política externa mais moderada, pragmática e conciliadora, sobretudo em relação à China, e mais orientada para a Ásia do que seus antecessores Junichiro Koizumi e Shinzo Abe, observa nesta semana a revista inglesa The Economist.

Em setembro, Abe anunciou uma viagem pelo "arco da liberdade e da prosperidade" na Ásia. Foi à Índia, que como o Japão travou guerras recentes com a China, e à Austrália. Na reunião do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, prometeu ao presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, e ao então primeiro-ministro australiano, John Howard, total comprometimento na "guerra contra o terrorismo".

Mas Abe caiu no final de setembro. Howard foi derrotado pelos trabalhistas no último domingo. E, na semana passada, os navios de guerra japoneses que reabasteciam a Marinha dos EUA no Oriente Médio voltaram para casa, diante da resistência do oposicionista Partido Democrático do Japão (PDJ), que usou sua maioria no Senado para bloquear a operação.

Fukuda fez sua primeira viagem ao exterior a Washington, reafirmando os laços de amizade e o tratado militar EUA-Japão, de 1951. Mas sinalizou uma mudança clara na política externa japonesa, mais voltada para a Ásia e mais conciliatória em relação à China e à Coréia do Norte.

Na atual confusão política no Japão, onde o PDJ rejeitou um convite para formar uma grande aliança, é improvável que a missão de reabastecimento, mais simbólica do que outra coisa, seja reautorizada.

Yasuo Fukuda é fiel às idéias de seu pai, Takeo Fukuda, primeiro-ministro há 30 anos. Na época, ele prometeu aos países vizinhos que o Japão jamais iniciaria uma nova guerra. Ao contrário, trabalharia para criar confiança e respeito mútuo. É a chamada Doutrina Fukuda.

O conservadorismo linha-dura e o revisionismo do passado militarista e agressivo do Japão Imperial de Koizumi e Abe provocaram atrito com os vizinhos, especialmente a China e as Coréias.

As relações com a China se deterioraram, caindo ao nível mais baixo desde o reatamento entre as duas potências do Leste da Ásia depois da Segunda Guerra Mundial. Em abril de 2004, houve uma série de manifestações na China, obviamente organizadas pelo governo comunista, contra a recusa do Japão de reconhecer os erros do seu passado imperial.

Enquanto seus antecessores entendiam que o fortalecimento do Japão vem de sua aliança com os EUA, Fukuda aposta numa política externa mais independente e mais voltada para a região. Acredita que o Japão deve criar mecanismos regionais para resolver as inúmeras disputas territoriais e aumentar a transparência em questões militares.

A maior preocupação japonesa é com o extraordinário crescimento chinês. Talvez seja mais recomendável adotar uma política de engajamento construtivo, refletindo os crescentes laços econômicos entre os dois países, do que tentar alguma forma de contenção que seria incapaz de frear o desenvolvimento da China.

Afinal, com o declínio relativo dos EUA, há uma tendência de que os americanos reduzam sua presença militar na Ásia, que de um modo ou de outro criou o ambiente de estabilidade para o espetacular desenvolvimento econômico na região.

Com menos EUA, o delicado equilíbrio no Leste da Ásia, a região onde a Guerra Fria foi quente, com dezenas de milhões de mortes, vai depender mais da China e do Japão - e especialmente das boas relações entre as duas potências regionais com ambições mundiais.

A visita de cinco dias, entre 29 de agosto e 2 de setembro, do ministro da Defesa da China, Cao Gangchun, ao Japão, depois de mais de nove anos de esfriamento das relações militares é um sinal de reaproximação, observa Alexandre Uehara, do Grupo de Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo (USP). Mas, acrescenta, as profundas desconfianças históricas não foram superadas.

África precisa de 820 mil profissionais de saúde

A África é o continente mais assolado por doenças preveníveis e tratáveis como malária, aids e tuberculose, mas tem apenas 3% dos profissionais de saúde. Milhões de africanos sofrem e morrem necessariamente todos os anos.

Um estudo da empresa de consultoria McKinsey estima que só a África Subsaariana, que exclui os países árabes no Norte do continente, precisa de mais 820 mil médicos, enfermeiras, parteiras, atendentes hospitalares e agentes de saúde para atingir a média por habitante indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 2,5 para cada mil habitantes.

Na África, a média é de 1,3/mil, em contraste com 7 na América e 11 na Europa.

Para atingir a meta da OMS, os governos da região teriam de aumentar seus quadros de pessoal de saúde em 140%.

Infelizmente, conclui o relatório, não há dinheiro para contratar, treinar e sustentar esse exército de trabalhadores de saúde. A maioria dos recursos destinados à saúde em 2015, estimados em US$ 22 bilhões, irá apenas manter os precários serviços atuais, com um gasto de cerca de US$ 20 por pessoa.

Se forem computados as correções salariais e o aumento de despesas com novos métodos de tratamento de doenças como aids e tuberculose, sobrariam apenas US$ 400 milhões para formar e contratar novos trabalhadores da saúde.

Mesmo com dinheiro, é impossível encontrar pessoal qualificado. Haveria necessidade de mais 600 faculdades de medicina e de enfermagem e de décadas para formar os profissionais.

Outro problema é que a falta de infra-estrutura, hospitais e equipamentos médicos, e os salários baixos acabam provocando a emigração dos melhores profissionais para países mais desenvolvidos.

Depois de entrevistar 40 especialistas em oito países africanos, o estudo faz algumas recomendações:

1. Os governos da África devem examinar modelos de serviços de saúde de outros países em desenvolvimento, onde paramédicos e agentes de saúde comunitários complementam o trabalho dos profissionais mais qualificados, a exemplo dos médicos de pés descalços chineses. Seria uma estratégia com relação custo-benefício muito superior às abordagens tradicionais.

2. A ajuda internacional e as organizações não-governamentais (ONGs) devem apoiar esforços para aumentar a produtividade dos trabalhadores de saúde na África.

3. É preciso mudar a lei de alguns países onde todo o trabalho dos profissionais de saúde está subordinado ao Estado, criando um ambiente que estimula a participação do setor privado, ONGs e entidades comunitárias, de modo a aliviar a carga do setor público.

Leia a íntegra do relatório McKinsey sobre a saúde na África.

Argentina julga generais por Operação Condor

A Justiça Federal da Argentina abriu processo sobre a ação repressiva conjunta das ditadores militares do Cone Sul da América Latina nos anos 70: a Operação Condor.

Entre os réus, estão o ex-ditador Jorge Rafael Videla (1976-80) e outros 16 militares, inclusive Eduardo Albano Harguindeguy, Cristino Nicolaides, Luciano Benjamín Menéndez, Antonio Domingo Bussi, Santiago Omar Riveros e Eduardo Daniel De Lio. Eles são acusados de crimes contra a humanidade.

Há 10 dias, a Câmara Nacional de Apelação Penal, o mais alto tribunal penal da Argentina reabriu o inquérito sobre os crimes cometidos na Escola de Mecânica da Armada, o principal centro de detenção e tortura em Buenos Aires da última ditadura militar argentina

Desde que chegou ao poder, o presidente Néstor Kirchner insistiu para que a Justiça retomasse os casos sobre violações dos direitos humanos no período de 1976 a 1983, quando cerca de 30 mil argentinos foram mortos pela violência política.

O inquérito descreve a Operação Condor como "um acordo criminoso" das Forças Armadas e de segurança de Argentina, Brasil, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai para "cometer ilícitos, entre eles o desaparecimento forçado de pessoas".

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Índice Dow Jones sobe 500 pontos em dois dias

O aceno do vice-presidente do banco central dos Estados Unidos de que o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve Board (Fed) pode baixar mais uma vez a taxa básica de juros em 11 de dezembro estimulou os investidores na Bolsa de Valores de Nova Iorque.

Nesta quarta-feira, o Índice Dow Jones subiu 330 pontos (2,6%) para cerca de 13.290, acumulando alta de mais de 500 pontos em dois dias.

O preço do barril de petróleo caiu quase quatro dólares para US$ 90,62.

Comunicação está na vanguarda da produção

Os meios de comunicação estão na vanguarda dos meios de produção. Essa foi uma das principais proposições do sociólogo canadense Marshall McLuhan, o papa das comunicações, um dos grandes pensadores da segunda metade do século 21, hoje praticamente esquecido.

Seu argumento é simples: são os meios de comunicação que organizam a percepção humana, a sociedade e o modo de produção, como parece evidente na atual revolução da informática.

O livro, argumenta McLuhan, foi o primeiro bem de consumo uniformemente reproduzível. A imprensa de Gutenberg, de 1455, foi a primeira linha de montagem. O livro foi assim o primeiro bem manufaturado, 300 anos antes da Revolução Industrial na Inglaterra, que criaria a era da máquina a vapor, da locomotiva e do navio a vapor, permitindo uma acumulação de riqueza sem precedentes.

Com a tecnologia da imprensa, foi possível armazenar uma quantidade formidável de conhecimentos e levá-los para casa, um forte impulso ao individualismo e à visão racionalista e antropocêntrica do humanismo da Idade Moderna. Ela popularizou o mapa, instrumento essencial da expansão colonial marítima européia, mola propulsora da Revolução Comercial (1400-1700) e do capitalismo.

Menos de um século depois de Gutenberg publicar sua bíblia, o monge alemão Martinho Lutero traduziu-a do latim para sua língua, em 1534, lançando as bases da Reforma da Igreja. Um dos princípios fundamentais do protestantismo luterano é: “A Bíblia é a única norma da fé”.

Os cristãos não precisavam mais de intermediários para falar com Deus. Qualquer imigrante perdido no Oeste selvagem nos Estados Unidos tinha esse canal direto de comunicação com a fé.

A imprensa criou as grandes burocracias que levaram à Revolução Militar (1550-70), garantia de quatro séculos de dominação européia sobre o planeta, à formação dos Estados Nacionais e à revolução das idéias liberais, o Iluminismo, no século 18. Reprogramou o mundo, gerando o que McLuhan chamou de A Galáxia de Gutenberg, seu livro mais importante.

Agora, chegou a vez da tecnologia da informação redesenhar nossas vidas e o planeta como um todo. É um processo que começou há muito, com a descoberta da eletricidade, motor da Segunda Revolução Industrial.

Há uma frase de Benjamin Franklin, um dos fundadores dos Estados Unidos, que revela como o mundo mudou: “Há meses não recebemos notícias do nosso embaixador em Paris”. Quando Thomas Jefferson, futuro presidente dos EUA, representava a jovem república americana na França (1784-89), o único meio de comunicação à distancia era o correio.

Isso mudou quando Samuel Morse inventou o telégrafo, em 1839. Começava a era da comunicação instantânea. O jornal moderno, um mosaico de despachos telegráficos, é um cruzamento da imprensa com o telégrafo.

GALÁXIA DE MARCONI
A ciência avançava rapidamente. Antes de Morse, em 1831, o inglês Michael Faraday descobriu a indução magnética. Outro inglês, James Maxwell, descobriu as ondas eletromagnéticas, que viajam na velocidade da luz, 300 mil quilômetros por segundo.

Em 1880, o americano Thomas Alva Edison inventou a lâmpada, tirando a humanidade do escuro, e o alemão Heinrich Hertz comprovou na prática a existência das ondas eletromagnéticas.

O marco fundador da nova galáxia da informação é, para McLuhan, a criação pelo italiano Guglielmo Marconi, em 1896, do telégrafo sem fio, mais conhecido como rádio. É o início da era das telecomunicações sem fio. O automóvel, outro cruzamento das tecnologias mecânica e elétrica, é da mesma época.

A acumulação de riqueza sem precedentes a partir da Revolução Industrial criou o paradoxo da miséria em meio da abundância, tema central do pensamento de Karl Marx e de sua utopia igualitária: o comunismo.

McLuhan discorda de Marx ao alegar que não é a economia que move a História mas revoluções tecnológicas estimuladas pela luta pela supremacia militar. Não basta ser mais rico. É preciso ter a tecnologia militar mais avançada. Hoje essas duas coisas coincidem. Nem sempre foi assim.

Sob o comando de Guilherme o Conquistador, com apenas 200 cavaleiros, os normandos conquistaram a Inglaterra na Batalha de Hastings, em 1066, derrotando mais de 2 mil soldados leais ao rei Haroldo. Tinham a tecnologia militar dominante na Idade Média – o cavalo – , que permitiu a Gengis Khan e seus sucessores construir o maior império terrestre jamais visto: o Império Mongol.

Marx lançou o Manifesto Comunista em 1848, numa época de escassa mobilidade social, afirmando os conceitos de classe social e luta de classes. Extrapolou sua conclusão ao reduzir a História da Humanidade à história da luta de classes. É uma visão simplista e, na minha opinião, superada.

Como disse McLuhan, não pode haver luta de classes numa era de informação instantânea em que jovens nerds ficam bilionários criando empresas no fundo da garagem, como Apple, Microsoft, Yahoo, Google, Skype e tantas outras.

Não se pode negar que há conflitos de interesses entre as diferentes classes sociais. Mas, na Era da Informação e da economia baseada no conhecimento, o ser humano não está mais aprisionado a uma estrutura rígida de classes. Não é a luta de classes que move a História.

Foi a revolução silenciosa do computador e do microchip que derrotaram a União Soviética sem disparar um tiro. Em 1978, um general do Estado-Maior alertou o dirigente máximo Leonid Brejnev (1964-82): “Precisamos superar os EUA em computadores”. Brejnev sabia que era impossível.

Mikhail Gorbachev (1985-91) tentou reformar o sistema socialista, mas a burocracia comunista o impediu.

O marxismo sobrevive como a mais poderosa crítica do sistema capitalista. Mas seu modelo de organização social experimentado no século 20 foi para a lata de lixo da História.

ONU poupa pobres de corte de emissões

Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) propõe que países em desenvolvimento como a China e a Índia sejam poupados dos grandes cortes de emissões a serem impostos aos países ricos. A recomendação é que os países em desenvolvimento reduzam suas emissões em 20% até 2050, em contraste com 80% para os países desenvolvidos, responsáveis pela maior parte da poluição da atmosfera até agora.

O relatório deve orientar o debate na conferência internacional a ser realizada a partir da próxima semana em Báli, na Indonésia, para negociar um acordo para substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Mas os Estados Unidos, que não aderiram ao protocolo, negam-se em adotar metas diferenciadas capazes de prejudicar sua economia.

Na terça-feira, um jornal do Partido Comunista chinês responsabilizou os países ricos por 95% das emissões até os anos 50. Mas o principal autor do relatório, Kevin Watkins, considera insuficiente uma estratégia baseada em corte de emissões e negociação das cotas que sobrarem para cada país através de um mercado de créditos de carbono.

Watkins defende a taxação, como propôs o presidente da França, Nicolas Sarkozy. E adverte: "Se os países ricos cortarem suas emissões em 80%, teremos uma chance de 50% de limitar o aumento da temperatura a dois graus centígrados acima dos níveis da era pré-industrial". Este é o limite considerado seguro pelos cientistas.

Sarkozy ameaça taxar poluição chinesa

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, advertiu ontem a China de que a União Européia pode impor tarifas de importação sobre produtos de países que emitem gases que causam o aquecimento global para defender empresas européias que adotarem medidas rígidas para diminuir a poluição.

Em palestra na Universidade Tsinghua, em Beijim, Sarkozy apelou às autoridades chinesas para que assumam sua responsabilidade na proteção ao meio ambiente, lembrando que em breve o país será o maior emissor de gás carbônico do planeta.

A Europa pretende reduzir à metade até 2050 as emissões dos gases que agravam o efeito estufa e alertou que é um problema global: "Não adianta a Europa dar uma resposta e a Ásia outra, o Norte uma e o Sul outra. A China deve participar plenamente".

Preço da casa tem pior queda em 21 anos nos EUA

Em um sinal de que a recessão no setor habitacional nos Estados Unidos está longe do fim, o preço da casa própria baixou em média 1,7% no terceiro semestre de 2007 em comparação com o segundo, na maior queda em 21 anos.

Para o economista Robert Shiller, um dos criadores do índice S&P Case/Shiller, a deterioração do mercado imobiliário pode ser muito maior: "Estamos falando de um declínio de até 50%. Isto não está fora de questão".

Navio de guerra chinês chega ao Japão

Pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, um navio de guerra da China atracou num porto do Japão, num sinal de melhora das relações entre os dois países, esfriadas no governo do primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi.

Musharraf deixa comando do Exército

Em cerimônia realizada agora há pouco, com transmissão ao vivo para o país e o mundo, o ditador Pervez Musharraf deixou o comando do Exército do Paquistão, uma das exigências dos Estados Unidos e da oposição, que ameaça boicotar as eleições de 8 de janeiro.

Amanhã, Musharraf será empossado para um terceiro mandato como presidente paquistanês. Mas será um chefe de Estado muito mais fraco do que o comandante que deu o golpe em 1999, quando o então primeiro-ministro Nawaz Sharif tentou destituí-lo.

Musharraf escolheu como substituto um antigo companheiro de armas, o general Ashfaq Kiyani, que acaba de deixar a chefia do serviço secreto paquistanês.. Mas a História ensina que o comandante do Exército do Paquistão não costuma aceitar ordens de ninguém.

Conservadores britânicos ampliam vantagem

O Partido Conservador britânico obteve uma vantagem de 13 pontos percentuais, a maior em 19 anos, sobre o Partido Trabalhista, no poder desde 1997, em pesquisa divulgada ontem.

Apesar de cair um ponto em relação à sondagem anterior, a oposição conservadora teria hoje 40% dos votos, contra 27% para os trabalhistas. Estes perderam seis pontos por causa dos problemas enfrentados pelo novo primeiro-ministro, Gordon Brown, que substituiu Tony Blair no final de junho. Os liberais-democratas subiram dois pontos, para 18%, e os outros partidos quatro pontos, chegando a 14%.

Brown foi abalado por duas más notícias arrasadoras:
• o Imposto de Renda admitiu ter deixado vazar dados de 25 milhões de britânicos; e
• o falido banco Northern Rock não tem como pagar uma dívida de 24 bilhões de libras (mais de US% 50 bilhões) ao Banco da Inglaterra.

Leia mais no jornal The Independent.

Venezuela convoca embaixador da Colômbia

Depois de uma forte troca de acusações entre os presidentes Hugo Chávez e Álvaro Uribe, o governo da Venezuela convocou o embaixador da Colômbia em Caracas para dar explicações.

Na quinta-feira, 22 de novembro, o colombiano Uribe suspendeu a mediação realizada por seu colega venezuelano para libertar reféns seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), alegando que Chávez passara por cima dele ao entrar em contato diretamente com o comandante do Exército da Colômbia.

Chávez reagiu com sua rudeza habitual, chamando Uribe de "mentiroso". O presidente colombiano acusou Chávez de "querer incendiar a região e de tentar instaurar um governo das FARC na Colômbia.

O recente companheirismo entre os dois sempre pareceu estranho. Uribe é o maior aliado na América do Sul dos Estados Unidos, que deram US$ 5 bilhões no Plano Colômbia, para combater a guerrilha e o tráfico de drogas.
Com o ocaso de Fidel Castro, Chávez é o maior adversário dos EUA, embora se beneficie das dezenas de bilhões dólares do petróleo importado pelos americanos.

Ambos são autoritários e estão em busca de pelo menos mais um mandato presidencial.

A questão dos reféns é uma dor-de-cabeça permanente de Uribe. Entre os seqüestrados, há inclusive uma ex-candidata à Presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, que também tem cidadania francesa. Está desaparecida desde 2002.

Sua libertação seria uma grande notícia de repercussão internacional para Uribe, mas também seria uma grande vitória para Chávez, que se apresenta como porta-voz e interlocutor das esquerdas na América Latina.

Como apoiou abertamente candidatos na Bolívia, no Peru, na Nicarágua e no Equador, poderia fazer o mesmo na Colômbia. Uribe, um populista conservador oriundo do Partido Liberal confundiu o cenário político colombiano, aparentemente acabando com o eterno duopólio conservadores-liberais.

Na sua reeleição, em 2006, o segundo lugar ficou com a esquerda, com surpreendentes 22%. Está aí uma ameaça que Uribe preferiu não ignorar, rompendo com a mediação chavista.

É a mais nova missão da diplomacia brasileira, pacificar os ânimos dos vizinhos do Norte.

Chávez constrói sua "cidade socialista"

A utopia chavista começa a tomar forma em Camiño de los Indios.

Lá, em meio a uma floresta antes habitada apenas por macacos e aves silvestres, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, decidiu construir a cidade dos seus sonhos, auto-suficiente, o modelo do "socialismo do século 21". As obras começaram em novembro de 2006.

É o primeiro de uma série de grandes projetos de Chávez para revolucionar a Venezuela com os petrodólares cada vez mais abundantes à medida em que o preço do barril ronda os US$ 100.

Confira no jornal americano The Washington Post.

Fábrica de papel volta a feder no Uruguai


A fábrica de papel e celulose finlandesa Botnia em Fray Bentos, no Uruguai, voltou a exalar mau cheiro ontem pela manhã, aumentando a revolta dos vizinhos argentinos que denunciam a poluição do Rio Uruguai, no conflito chamado de guerra das papeleiras.

Um erro involuntário de um técnico da fábrica apagou as caldeiras encarregada de processar da Botnia e um cheiro forte de couve cozida demais espalhou-se no ar.

A empresa atribuiu o problema a "um corte inesperado de energia". Isso teria acionado um sistema de emergência que desligou as caldeiras para poupar energia.

Depois de três anos de conflito entre Argentina e Uruguai em torno deste fábrica e de outra da empresa espanhola Ence, que está estudando a relocalização de seu projeto, a Botnia entrou em operação em 9 de novembro, acirrando ainda mais as tensões na guerras das papeleiras.

Prefeitos da periferia de Paris querem recursos


Seis prefeitos socialistas de cidades-satélite de Paris e o governador regional da Ile-de-France pediram calma ontem aos manifestantes que enfrentaram a polícia nas duas noites anteriores, queimaram dezenas de carros, uma delegacia de polícia e até uma biblioteca (foto), em Villiers-le-Bel.

Eles fizeram um apelo ao governo conservador do presidente Nicolas Sarkozy e do primeiro-ministro François Fillon. Querem mais recursos para atacar os problemas do desemprego, da insegurança e da guetização da periferia da capital da França.

François Pupponi (Sarcelles, da região de Val-d'Oise), Dominique Lefèbvre (Cergy, Val-d'Oise), Didier Vaillant (Villiers-le-Bel, Val-d'Oise), Jean-Pierre Blazy (Gonesse, Val-d'Oise), Gilbert Roger (Bondy, Seine-Saint-Denis) e Claude Dilain (Clichy-sous-Bois, Seine-Saint-Denis), se reuniram com o governador regional Jean-Paul Huchon, também socialista, na Prefeitura de Villiers-le-Bel, onde no domingo dois adolescentes de moto morreram numa colisão com um carro de polícia.

Um a um, eles pediram a palavra e fizeram um apelo publicamente: "Lançamos um apelo às autoridades para que sejam tomadas medidas para responder aos desafios que existem em nossas cidades", declarou Vaillant, de Villiers-le-Bel. "Lançamos um apelo ao governo porque as medidas devem ser tomadas com base na votação do orçamento nacional em 9 de dezembro."

Depois de pedir calma, ele convidou a população a discutir com as autoridades eleitas os problemas da cidade.

Já o governador regional defendeu a necessidade de "um grande plano para a periferia", mas advertiu: "Chega de anunciar! É hora de fazer".

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Israel e palestinos prometem paz em 2008

No final da conferência internacional sobre a paz no Oriente Médio realizada hoje em Anápolis, Maryland, nos Estados Unidos, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, prometeram negociar um acordo de paz definitivo para acabar com mais de 50 anos de guerra.

Mais de 50 países participaram da conferência, inclusive o Brasil, representado pelo ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim.

O problema é que os três principais líderes nesta negociação, Olmert, Abbas e o presidente George Walker Bush, estão muito enfraquecidos politicamente.

Em Israel, há forças poderosas que se opõem às concessões necessárias:
• a criação de um Estado Nacional palestino ao lado do Estado Nacional judaico, que passa a ser política oficial dos EUA;
• a retirada dos colonos judeus da Cisjordânia ocupada;
• a devolução do setor oriental de Jerusalém, que seria a capital palestina: e
• o direito de retorno dos refugiados palestinos desde a criação de Israel, em 1948, o que pode envolver indenizações para que eles se reassentem na Palestina.

Abbas não controla a Faixa de Gaza nem o Conselho Nacional Palestino, o parlamento. Nas eleições de 25 de janeiro de 2006, a Fatah (Luta), partido de Abbas e do falecido líder histórico da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, perdeu para o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), o principal partido islamita palestino.

Como o Hamas não reconhece Israel nem renuncia à luta armada, não participa das negociações. Um dos objetivos da conferência é isolar o Hamas e os grupos fundamentalistas. A Síria foi atraída porque a ocupação das Colinas do Golã foi incluída na pauta. Mas o Irã ficou de fora.

Só os EUA podem pressionar Israel a fazer as concessões necessárias à paz. Mas Bush, assim como o ex-presidente Bill Clinton, só resolveu pacificar o conflito palestino-israelense no final do mandato, quando já tinham esgotado seu capital político.

Bush, impopular por causa da guerra no Iraque, não tem mais apoio interno nos EUA e muito menos no mundo árabe.

Como observou o chanceler Celso Amorim, a conferência é importante por relançar o processo de paz. Simbolicamente, é importante. Agora, é preciso negociar os detalhes do acordo de paz. A novidade é que foi estabelecido um prazo para o nascimento do Estado palestino: 2008.

Exportações argentinas batem recorde

As exportações da Argentina cresceram 32% em outubro em relação ao mesmo mês no ano passado, atingindo o nível recorde de US$ 5,539 bilhões, mas as importações cresceram 35%, para US$ 4,401 bilhões.

Assim, o
superávit comercial argentino em outubro foi 20,1% maior do que no mesmo mês do ano passado. Chegou a US$ 1,139 bilhão em comparação com US$ 948 milhões de outubro de 2006.

Mas o saldo comercial acumulado do ano caiu 16,5% em relação a 2006, para US$ 8,330 bilhões. As exportações subiram 18%. Somam US$ 44,844 bilhões, enquanto as importações aumentavam 30%, para US$ 36,514 bilhões.

"As exportações de 2007 vão superar os US$ 53 bilhões, mais do dobro de 2002", declarou o ministro da Economia, Miguel Peirano, que não vai ficar no governo da presidente eleita Cristina Fernández de Kirchner, mulher do presidente Néstor Kirchner, que assume em 10 de dezembro.

Periferia de Paris está em chamas

Pela segunda noite consecutiva, manifestantes dos subúrbios da periferia norte da Grande Paris enfrentaram a polícia em protesto pela morte de dois adolescentes no domingo à noite numa colisão entre a motocicleta em que andavam e um carro da polícia, na cidade-satélite de Villiers-le-Bel.

Os moradores acusaram os policiais de fugir do local sem prestar socorro às vítimas.

Desde então, os confrontos se espalharam por seis cidades do departamento de Val-d'Oise (Villiers-le-Bel, Sarcelles, Garges-lès-Gonesse, Cergy, Ermont e Goussainville). Pelo menos 50 policiais foram feridos e 60 carros incendiados, assim como uma delegacia de polícia, uma biblioteca e uma revendedora de automóveis.

As cenas lembram os violentos protestos de dois anos atrás, quando dois jovens de origem norte-africana morreram eletrocutados em Clichy-sous-Bois ao fugir da polícia. Na época, o então ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, chamou os manifestantes de "escória", piorando ainda mais a situação.

Em 2005, milhares de carros foram incendiados em dias de protesto contra o desemprego e a discriminação. Mas a onda de protestos não atingiu Villiers-le-Bel naquela época.

Agora, como presidente, em nota oficial do Palácio do Eliseu, Sarkozy pediu calma, apelando aos manifestantes para que "esfriem a cabeça e deixem a Justiça decidir quem foi responsável".

Musharraf deixa Exército do Paquistão amanhã

O ditador do Paquistão, general Pervez Musharraf, deixa nesta quarta-feira o comando do Exército e na quinta-feira, já como civil, deve ser empossado para um terceiro mandato como presidente, anunciou ontem seu porta-voz, Rashid Qureshi.

Musharraf chegou ao poder em 1999, num golpe de Estado contra o primeiro-ministro Nawaz Sharif, que tentara destituí-lo. Como presidente, continuará sendo o comandante supremo das Forças Armadas, a instituição que manda no Paquistão.

Sharif, líder da Liga Muçulmano, um partido islamita moderado, promete liderar uma onda de manifestações de protesto contra o ditador e ameaça boicotar as eleições de 8 de janeiro, se Musharraf não suspender o estado de emergência impostoo em 3 de novembro.

Com medo de uma crise ainda pior no único país muçulmano com armas nucleares, os Estados Unidos articularam um entendimento da principal líder da oposição, a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, do Partido Popular Paquistanês, com o general Musharraf.

A proposta era manter o ditador na Presidência, dando a chefia do governo a Benazir. Mas a decretação de estado de emergência impediu um acordo.

Branson põe US$ 800 milhões no Northern Rock

O chamado empresário hippie, o bilionário inglês Richard Branson, dono do grupo Virgin, vai colocar 400 milhões de libras, mais de US$ 800 milhões, do seu próprio bolso no banco Northern Rock, que faliu em conseqüência da crise de crédito iniciada no mercado hipotecário para clientes de segunda linha nos Estados Unidos.

No fim de semana, Branson fechou um acordo como parte de um consórcio que inclui o financista americano Wilbur Ross, o hedge fund Toscafund o grupo First Eastern Investment. Antes de fazer negócio, ele falou pelo telefone de sua ilha no Mar do Caribe com o ministro das Finanças do Reino Unido, Alistair Darling.

O Northern Rock deve 20 bilhões de libras ao Banco da Inglaterra. No acordo, a Virgin se comprometeu a pagar 11 bilhões imediatamente e o resto em três anos. Vai tomar os 11 bilhões emprestado dos bancos Citigroup, Royal Bank of Scotland e Deutsche Bank.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Ameaça de recessão derruba Dow Jones

Sob o fantasma do aperto de crédito e da ameaça de uma recessão nos Estados Unidos, o Índice Dow Jones, da Bolsa de Valores de Nova Iorque, caiu cerca de 237,44 pontos (1,8%), anulando os 181 pontos da recuperação da última sexta-feira, e fechou em 12.743,44.

O setor financeiro foi o mais atingido, com as ações do Citigroup caindo 6% e as do banco Goldman Sachs, 4%.

A bolsa Nasdaq, das ações de empresas de alta tecnologia, baixou 55,61 pontos (2,1%) para 2.540,99. O índice S&P 500 caiu 33,48 (2,3%) para 1.407,22.

Desde seus picos, em outubro, os três principais índices da Bolsa de Nova Iorque baixaram mais de 10%, o que o mercado financeiro define como uma "correção".

Alemanha dobra recursos para células-tronco

Diante do recente avanço que permitiu a obtenção de células-tronco através de células da pele maduras, o governo da Alemanha resolveu dobrar o volume de recursos destinados a pesquisas científicas na área para 10 bilhões de euros, cerca de US$ 15 bilhões.

A Alemanha deve se tornar "um motor nas pesquisas com células-tronco", anunciou a ministra da Educação e da Pesquisa, Annette Schavan, em entrevista à revista Focus.

Até agora, as pesquisas suscitavam uma grande discussão ética porque, para obter células-tronco embrionárias, era preciso destruir embriões. Isso levou o governo George Walker Bush a limitar o uso de verbas públicas para essas pesquisas nos Estados Unidos.

Airbus vende 160 aviões à China

O consórcio europeu Airbus, maior concorrente da Boeing americana, anunciou hoje o fechamento de um contrato de US$ 14,8 bilhões para vender 160 aviões à China.

Europa pressionam a China

Durante visita de três dias à China, depois de fechar muitos negócios, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, pressionou o governo chinês a valorizar sua moeda.

O dólar está caindo no mundo inteiro. Quem paga a maior parte do preço deste ajuste é a moeda comum européia, o euro, enquanto os países asiáticos, que têm grandes saldos comerciais nos negócios com os Estados Unidos, manipulam as cotações de suas moedas para manter sua competitividade industrial.

Mas o governo chinês declarou que vai continuar a reforma "gradual" de sua política cambial, ou seja, uma política de minidesvalorizações do iuã que não reflete o aumento espetacular do saldo comercial da China.

Já o comissário europeu de Comércio Exterior, o inglês Peter Mandelson, que já ameaçou diversas vezes impor tarifas de importação para dificultar a importação de produtos chineses, denuncia agora os problemas de qualidade e segurança apresentados por bens fabricados na China. Afirma que a reputação da indústria chinesa está sob risco.

Chávez congela relações com a Espanha

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reavivou seu conflito com o rei Juan Carlos de Bourbon ao insistir em "congelar as relações com a Espanha" exigindo que o rei peça desculpas por tê-lo mandado calar a boca no encerramento da Conferência de Cúpula Ibero-Americana realizada há duas semanas em Santiago, no Chile.

"Até que o rei da Espanha se desculpe, eu congelo as relações, porque aqui há dignidade", declarou o caudilho, em plena campanha pela aprovação, em referendo marcado para 2 de dezembro, de uma reforma constitucional que lhe dará poderes ditatoriais para implantar o "socialismo do século 21".

Nawaz Sharif se apresenta como candidato

O ex-primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif, que voltou ao país no sábado depois de sete anos de exílio na Arábia Saudita, registrou-se hoje como candidato às eleições de 8 de janeiro. Ele ainda ameaça boicotar o pleito, se o estado de emergência não for suspenso.

Sharif exige a renúncia do presidente Pervez Musharraf, que o derrubou num golpe de Estado em 1999. Meses atrás, tentou voltar ao Paquistão mas foi mandado de volta sem desembarcar do avião.

A ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, principal líder da oposição, também registrou hoje sua candidatura. Benazir chegou a negociar com o ditador Pervez Musharraf, mas rompeu com o regime quando o general decretou estado de emergência, em 3 de novembro.

Violência deixa três mortos na Bolívia

Pelo menos três pessoas morreram no domingo em violentas manifestações contra o governo Evo Morales e a favor da transferência da sede do governo e do parlamento para Sucre, a capital oficial da Bolívia. Entre os mortos, há um policial linchado pelos oposicionistas.

Os manifestantes repudiavam a decisão do presidente Morales de aprovar a Constituição apenas com votos de seu partido, o Movimento ao Socialismo, por maioria simples, sem os dois terços dos votos previstos quando a Assembléia Nacional Constituinte foi convocada, no ano passado.

Partido Republicano quer candidatos ricos

Com pouco dinheiro, por causa do desprestígio do presidente George Walker Bush e da guerra no Iraque, o Partido Republicano dá preferência a candidatos milionários, capazes de financiar suas próprias campanhas rumo ao Congresso dos Estados Unidos.

Leis mais no New York Times.

Uruguai fecha pontes e impede protesto

O governo do Uruguai fechou ontem as três pontes que ligam o país à Argentina para impedir a manifestação de protesto contra a instalação de uma fábrica de papel e celulose em Fray Bentos, na margem oriental do Rio Uruguai. Ecologistas e moradores da cidade argentina vizinha de Gualeguaychú pretendiam denunciar os riscos do projeto para o meio ambiente.

Duas pontes foram reabertas hoje.

A presidente eleita da Argentina, senadora Cristina Fernández de Kirchner, previu que o conflito, conhecido como guerra das papeleiras vai continuar até que a Corte Internacional de Justiça, a quem seu país recorreu, tome uma decisão, o que deve acontecer dentro de um ano.

Síria participa de conferência de paz

A Síria anunciou ontem que vai à conferência sobre a paz no Oriente Médio a ser realizada nesta terça-feira em Anápolis, Maryland, nos Estados Unidos.

O governo sírio declarou ter tomado esta decisão ao ver na pauta a questão das Colinas do Golã, ocupadas por Israel em 1967. Mas a ministra do Exterior de Israel, Tzipi Livni, alertou que o objetivo do encontro é relançar as negociações entre israelenses e palestinos, e não negociar a paz com a Síria.

Para o governo de Damasco, as negociações árabe-israelenses devem ser conjuntas. Uma negociação fatiada de Israel com cada um de seus vizinhos árabes e os palestinos reduz o poder de barganha dos árabes.

Quinze outros países árabes já haviam confirmado sua participação, inclusive a Arábia Saudita.

Guerra no Afeganistão não atinge objetivos

Os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) têm obtido grandes vitórias contra a milícia dos Talebã, no Afeganistão. Mas os objetivos estratégicos da guerra não estão sendo atingidos, concluiu o Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

Apesar das perdas, crescem a área sobre influência dos Talebã e o cultivo de papoula para produzir ópio, enquando o governo do presidente Hamid Karzai dá sinais de fraqueza e de incapacidade de controlar o país, na verdade quase nada além da capital. Os soviéticos estiveram nesta posição um dia.

Leia mais no Washington Post de domingo.

domingo, 25 de novembro de 2007

EUA adiam metas políticas no Iraque

Diante do aparente sucesso no controle da violênciam no Iraque, o governo George Walker Bush adiou a realização de outros objetivos políticos, como a união dos diferentes grupos étnico-religiosos (sunitas, xiitas e curdos) e a implantação de um sistema para dividir a renda do petróleo entre eles.

Em curto prazo, os Estados Unidos estão mais preocupados em passar o orçamento nacional, de US$ 48 bilhões; a renovação do mandato das Nações Unidas que autoriza a ocupação do Iraque; e a aprovação de uma lei permitindo que os membros do antigo Partido Baath, de Saddam Hussein, possam voltar a trabalhar para o governo.

Leia mais no jornal The New York Times deste domingo.

Kasparov é condenado por protesto na Rússia


O ex-campeão mundial de xadrez e líder da oposição na Rússia Garry Kasparov foi preso e condenado a cinco dias de prisão por participar de um protesto contra o presidente Vladimir Putin dissolvido violentamente pela polícia.

A manifestação reuniu cerca de 3 mil pessoas. Um grupo de cerca de 150 tentou furar a barreira da polícia para chegar ao Comitê Central Eleitoral, onde pretendia ler uma declaração de protesto contra o governo Putin e a organização das eleições parlamentares de 2 de dezembro.

"Deveríamos superar o medo sobre o qual se sustenta este governo", desafiou Kasparov, candidato a presidente em março de 2008 pelo partido A Outra Rússia. "Para Putin, o país nada mais é do que uma fonte de riqueza."

O partido de Kasparov congrega desde anarquistas até defensores do livre mercado.

Argentinos tentam protestar no Uruguai


Os moradores da cidade argentina de Gualeguaychú pretendem fazer hoje uma grande manifestação na praia de Las Cañas, em Fray Bentos, no Uruguai, contra a fábrica de papel e celulose da Botnia.

Como o governo uruguaio fechou a ponte entre as duas cidades para evitar protestos, os manifestantes terão de ir à cidade argentina de Colón e, de lá, cruzar para Paysandú, no Uruguai. Eles afirmam que é bom aproveitar a praia porque logo estará poluída.

A fábrica entrou em funcionamento no início do mês, aumentando a tensão entre os dois países na chamada guerra das papeleiras. Com um investimento de US$ 1,2 bilhão, é o maior projeto industrial da História do Uruguai.

Na tentativa de impedir sua instalação, a Argentina recorreu à Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na Holanda, denunciando a violação do Estatuto do Rio Uruguai. O veredito sai dentro de um ano.

sábado, 24 de novembro de 2007

AIEA exige que Irã pare de enriquecer urânio

No final de dois dias de debate sobre o programa nuclear iraniano, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, exigiu que o Irã pare de enriquecer urânio e abra suas instalações nucleares a inspeção internacional.

Os Estados Unidos e a Europa acusam a república dos aiatolás de estar desenvolvendo armas atômicas. Se o Irã não cumprir as determinações da AIEA, órgão das Nações Unidas, poderá ser alvo de sanções econômicas mais duras do que as adotadas até agora, que restringem a movimentação financeira e as viagens ao exterior de altos dirigentes iranianos.

Líbano fica sem presidente

O presidente do Líbano, Emil Lahoud, apoiado pela Síria, deixou o cargo ontem sem que as principais forças políticas do país chegassem a um acordo para indicar um substituto, agravando a crise libanesa.

Sem acordo entre o governo do primeiro-ministro Fouad Siniora, apoiado pelo Ocidente, e a oposição majoritariamente muçulmana, apoiada pela Síria e o Irã, o parlamento libanês não conseguiu eleger um presidente na sexta-feira, criando um perigoso vazio institucional. Siniora pediu calma à população.

Uma nova tentativa de eleger um presidente indiretamente será feita em 30 de novembro.

Bush relança processo de paz árabe-israelense

Depois de abrir a conferência internacional sobre a paz no Oriente Médio na próxima terça-feira em Anápolis, Maryland, nos Estados Unidos, o presidente George Walker Bush fará pessoalmente três rodadas de negociações entre o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

Seu objetivo é relançar o processo para criação de um Estado Nacional palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, com capital em Jerusalém.

A Arábia Saudita confirmou sua participação, mas a Síria, um país-chave por seu apoio a grupos radicais palestinos e à milícia fundamentalista xiita Hesbolá no Líbano, vai boicotar o encontro, assim como o grupo radical palestino Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).

Leia mais nos jornais The Washington Post e The New York Times.

Governo conservador cai na Austrália

O primeiro-ministro conservador John Howard admite a derrota nas eleições na Austrália. Com a vitória do Partido Trabalhista, seu líder, Kevin Rudd será o novo chefe de governo, depois de 11 anos de hegemonia do Partido Liberal.

Grande aliado dos Estados Unidos, Howard enviou soldados australianos para a Guerra do Iraque e apoiou o governo George W. Bush em sua oposição ao Protocolo de Quioto, destinado a conter a emissão dos gases que causam o aquecimento global.

Rudd fala mandarim. Deve adotar uma política externa mais independente e se aproximar da China.

As projeções dos analistas indicam que os trabalhistas elegerão cerca de 80 dos 150 deputados da Assembléia Nacional da Austrália. Será a primeira vez que um partido terá maioria absoluta no parlamento australiano desde a primeira das quatro vitórias de Howard, em 1996.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Greve de transportes é suspensa na França

Depois de 10 dias de paralisação, os serviços de trem, ônibus e metrô voltaram à normalidade na manhã desta sexta-feira. Ontem à noite, diversas assembléias gerais de sindicatos votaram pela volta ao trabalho, mas alguns líderes insistem em que houve apenas uma "suspensão".

Um sindicato ameaça retomar a greve de 18 a 20 de dezembro, no final previsto para as negociações, se não ficar satisfeito.

O primeiro-ministro François Fillon agradeceu às agremiações sindicais pela "atitude responsável" e estimou que a "crise"não será repetida porque a reforma será feita com diálogo.

Maioria dos rebeldes estrangeiros no Iraque vem da Arábia Saudita e da Líbia

Cerca de 60% dos combatentes estrangeiros em ação no Iraque veio da Arábia Saudita e da Líbia, revela um documento secreto da rede terrorista Al Caeda apreendido pelos militares dos Estados Unidos.

No documento, apreendido perto da fronteira da Síria, são identificados cerca de 700 guerrilheiros. As autoridades americanas acreditam que 305 sejam sauditas e 137 líbios.

Uribe encerra mediação de Chávez

O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, interrompeu ontem a mediação realizada pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para libertar reféns seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), maior grupo guerrilheiro do país. Chávez manteve contato com o comandando do Exército colombiano, atropelando a autoridade de Uribe.

Ao ser informado, o presidente venezuelano deplorou a decisão, alegando que a mediação seria o início de um diálogo para acabar com décadas de guerra civil na Colômbia. Ele pedira às FARC provas de que a ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancort, seqüestrada em 2002, está viva. Disse que ainda espera um sinal positivo da guerrilha colombiana.

Em Paris, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que recebeu Chávez há dois dias para discutir o assunto, declarou que a mediação do líder venezuelano é a maior esperança para Ingrid Betancourt, que também tem cidadania francesa.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Xiitas do Iraque pedem inquérito sobre iranianos

Mais de 300 mil xiitas iraquianos assinaram uma petição para que as Nações Unidas investiguem o envolvimento do Irã em atividades terroristas no Iraque.

Os Estados Unidos acusam a república islâmica de apoiar o terrorismo e de desenvolver bombas atômicas.

Entre os signatários, estão 14 clérigos, 600 xeques e 25 mil mulheres.

Futuro de Fidel será definido em janeiro

O presidente interino de Cuba, general Raúl Castro, convocou para 20 de janeiro de 2008 eleições para a Assembléia Nacional, o parlamento unicameral cubano, e as assembléia provinciais. Mas a grande questão é se o presidente Fidel Castro, afastado por motivo de saúde desde 31 de julho de 2006, será candidato.

Desde então, Fidel foi substituído provisoriamente por seu irmão, que já era vice-presidente e ministro da Defesa.

Para conservar suas posições de chefe de Estado e chefe de governo (primeiro-ministro), Fidel precisa ser reeleito deputado. Além disso, ele é comandante das Forças Armadas e líder do Partido Comunista. Todas essas funções estão sendo exercidas por Raúl Castro.

Desde 1976, quando este sistema foi adotado em Cuba, Fidel é eleito deputado e, em seguida, membro do Conselho de Estado e presidente deste órgão.

Fidel Castro não aparece em público desde 26 de julho de 2006, quando participou da comemoração do assalto ao Quartel de Moncada.

Arábia Saudita pune vítima de estupro

Uma saudita de 19 anos que foi seqüestrada e estuprada por sete homens quando andava com um homem que não era de sua família foi condenada a 200 chibatadas e seis meses de prisão pela Justiça da Arábia Saudita. A lei do país proíbe que mulheres andem com homens que não sejam seus parentes.

Inicialmente ele tinha sido condenada a 90 chibatadas. A pena foi agravada porque ela denunciou o caso à imprensa.

Os estupradores pegaram dois a nove anos de prisão.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Bolsas da Ásia tem forte queda

Com a alta do petróleo e a queda do dólar, as bolsas de valores fecharam em forte queda hoje, de 4,16% em Hong Kong, 2,46% em Tóquio e 3,5% em Seul, que teve a maior baixa em três meses.

Barril de petróleo vai a US$ 99,29

O preço do barril de petróleo atingiu hoje US$ 99,29 na negociação eletrônica na Ásia, encostando na marca psicologicamente importante dos US$ 100.

Chirac é investigado por corrupção

O ex-presidente francês Jacques Chirac está sendo investigado por desvio de fundos quando era prefeito de Paris (1977-95).

Notório corrupto, o ex-presidente da França dificilmente teria sido reeleito em 2002 se a divisão da esquerda não levasse o líder neofascista Jean-Marie Le Pen para o segundo turno da eleição presidencial.

Como presidente, Chirac tinha imunidade, perdida quando transferiu o poder para Nicolas Sarkozy, em maio deste ano.

Violência no Iraque diminui ainda mais

Desde junho, quando o reforço das tropas americanas ordenado em janeiro pelo presidente George Walker Bush começou a ser sentido nas frentes de combate no Iraque, o número de civis iraquianos mortos diminuiu 60%; em Bagdá, a queda foi de 75%.

A média de soldados americanos mortos por mês baixou de 96 no primeiro semestre para 66 nos últimos quatro meses. Entre os civis e militares iraquianos, a redução foi de 2.157 para 1.223.

O número de atentados terroristas suicidas, de bombas na beira da estrada, de ataques e morteiros e outras ações inimigas contra as forças dos Estados Unidos e a população iraquiana caíram à metade desde que mais de 30 mil soldados americanos entraram em ação.

Para o comando militar dos EUA no Iraque, a explicação está na multiplicação dos acordos de cessar-fogo, na trégua de milícias radicais xiitas e na melhora do desempenho das forças de segurança iraquianas.

Essa redução na violência é considerada "fenomenal" pelo general-da-reserva Jack Keane, que convenceu Bush a enviar mais soldados ao Iraque, contrariando a oposição democrata e a maior parte da opinião públicana americana. "Quando você entende que está lidando com a complexidade de uma operação anti-insurgência, esse sucesso dramático em curto prazo não tem precedentes".

Ciência faz células-tronco sem embriões

Em um avanço revolucionário, cientistas dos Estados Unidos e do Japão conseguiram produzir células-tronco a partir de células maduras, sem necessidade de utilizar embriões humanos, o que provoca rejeição de grupos religiosos. Eles conseguiram reprogramar as células para que voltassem ao estado embrionário.

A nova técnica pode levar à criação em laboratório de todos os tipos de tecidos humanos sem necessidade de clonagem. Esses tecidos, produzidos com os genes dos pacientes, poderiam ser implantados em pessoas sem risco de rejeição.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Petróleo fecha acima de US$ 98

O preço do petróleo rondou hoje mais uma vez a marca de US$ 100. Chegou a ser negociado em US$ 98,62 na Bolsa Mercantil de Nova Iorque e fechou em US$ 98,03 no final do pregão.

Em Londres, o petróleo do Mar do Norte tipo Brent teve seu pico em US$ 96,24 e terminou o dia em US$ 95,49.

As explicações foram a queda do dólar e uma onda de frio no Nordeste dos Estados Unidos, maior mercado consumidor mundial de óleo para calefação, além dos riscos geopolíticos em diversos países produtores.

Começa julgamento do genocídio no Camboja

Kaing Guek Eav, mais conhecido como Duch, chefe de um centro de detenção e tortura em Phnom Penh, foi o primeiro réu interrogado hoje, no primeiro dia de julgamento do genocídio cometido no Camboja pelo regime do Khmer Vermelho, que aterrorizou aquele país do Sudeste Asiático de 16 de abril de 1975 a 9 de janeiro de 1979.

Mais de 2 milhões de pessoas foram mortas sob o comando do falecido ditador Pol Pot. Quem falava francês foi assassinado. Todas as pessoas educadas morreram

Na prisão de Tuol Sleng, onde reinava Duch, cerca de 17 mil presos políticos foram interrogados. Apenas sete sobreviveram.

O ex-primeiro-ministro Khieu Samphan foi preso ontem e denunciado. É um dos cinco sobreviventes de uma das mais sanguinárias ditaduras da segunda metade do século 20 que terá agora de responder por seus crimes.

Uma invasão vietnamita, no Natal de 1978, acabou com o reino de terror de Pol Pot.

Paquistão faz eleições em 8 de janeiro

A ditadura militar do Paquistão anunciou hoje oficialmente que realizará eleições para a Assembléia Nacional e quatro assembléias provinciais em 8 de janeiro.

Milhares de presos desde a decretação de estado de emergência pelo general Pervez-Musharraf, em 3 de novembro, foram soltos. Mas os principais líderes da oposição, os ex-primeiros-ministros Nawaz Sharif e Benazir Bhutto, ameaçam boicotar as eleições se o estado de emergência não for suspenso, como também exigem os Estados Unidos.

China alerta para risco do dólar fraco

O governo da China juntou-se ao coro dos descontentes com a desvalorização do dólar. Dos US$ 1,43 trilhão que a China acumulou em reservas, estima-se que cerca de US$ 1 trilhão estejam em dólares. Qualquer movimento de venda do governo chinês teria um impacto devastador sobre a moeda americana, a mais usada no mundo inteiro como reserva de valor.

"Nunca sofremos uma pressão tão grande", admitiu o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, em palestra para empresários e executivos em Cingapura. "Estamos preocupados com a preservação do valor das nossas reservas".

No fim de semana, durante uma reunião de cúpula da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do irã, Mahmoud Ahmadinejad, defenderam que as exportações de petróleo passem a ser negociadas em euros.

Desde o início do ano, o dólar perdeu 11% do valor em relação ao euro e 16% em relação a um conjunto de moedas.

O governo George W. Bush afirma ser o maior interessado num dólar forte. Na prática, faz uma política de negligência benigna. Deixa a moeda cair na esperança de que isso ajuda a reduzir o déficit comercial americano, de cerca de US$ 800 bilhões no ano passado.

Para o presidente do banco central da China, Zhou Xiaochuan, Beijim vê em um dólar forte a garantia de uma solução ordeira da recente instabilidade nos mercados financeiros causada pelo calote nos pagamentos da casa própria por tomadores de segunda linha nos EUA. "Queremos um dólar forte", afirmou Zhou. "Apoiamos um dólar forte.

Amazon lança aparelho digital de leitura

O livraria cibernética Amazon.com lançou o Kindler um aparelho digital de US$ 400 que pretende revolucionar a leitura da maneira como o iPod da Apple fez com a música digital. Vai permitir baixar livros, jornais, revistas e impressos via Internet.

Essa leitora digital "jamais vai superar o livro", admite Jeff Bezos, fundador e presidente da Amazon, "mas faz coisas que o livro jamais fará". Traz na memória o American Oxford Dictionary e dá acesso à enciclopédia digital Wikipedia.

De início, a Amazon deve oferecer 80 mil títulos. A maioria dos livros deve custar US$ 10.

Polônia quer defesa antiaérea americana

A instalação de parte do sistema de defesa antimísseis dos Estados Unidos na Polônia deve ser acompanhada de baterias antiaéreas para defender o espaço aéreo polonês, exigiu hoje o novo ministro da Defesa, Bogdan Klich.

O escudo de defesa antimísseis dos EUA, também conhecido como programa Guerra nas Estrelas 2, prevê a implantação de uma base na Polônia com 10 interceptadores de mísseis.

Como o projeto enfrenta forte oposição da Rússia, que ameaça instalar mísseis na Bielorrússia em retaliação, Klich entende que a Polônia terá de fazer "uma nova tentativa de equilibrar custos e benefícios.

Essa postura reflete a promessa de campanha do novo primeiro-ministro liberal, Donald Tusk, mais europeísta e mais independente em relação aos EUA.

Além dos interceptadores na Polônia, o escudo antimísseis americano prevê a instalação de uma estação de radar na República Tcheca. Em retaliação, a Duma do Estado, Câmara do Parlamento da Rússia, denunciou o Tratado sobre Forças Convencionais na Europa, de 1990, um dos marcos do fim da Guerra Fria.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Índice Dow Jones cai abaixo de 13 mil pontos

O Índice Dow Jones, o principal da Bolsa de Valores de Nova Iorque, caiu hoje 1,5%, fechando abaixo de 13 mil pontos pela segunda vez desde 16 de agosto, por causa da crise no mercado de crédito hipotecário nos Estados Unidos e do conseqüente aperto de crédito.

EUA tentam proteger bombas paquistanesas

Dos US$ 10 bilhões que os Estados Unidos deram ao Paquistão desde os atentados de 11 de setembro de 2001, US$ 100 milhões foram destinados a um esquema até agora secreto destinado a proteger o arsenal nuclear paquistanês para impedir que seus segredos e suas bombas atômicas caiam nas mãos de terroristas.

EUA armam tribos afegãs contra jihad

A exemplo do que fazem com os sunitas no Iraque, os Estados Unidos estão armando tribos do Afeganistão para a luta contra a rede terrorista Al Caeda e a milícia dos Talebã, especialmente na fronteira com o Paquistão, revela hoje o jornal The New York Times.

Efeito estufa pode arrasar agricultura

Um dos impactos mais devastadores do aquecimento global pode recair sobre a agricultura da zona tropical, onde vive a maioria dos pobres do mundo.

Nos próximos anos, além de secas e enchentes formidáveis, deve haver um degelo das calotas polares e a salinização das águas subterrêneas, prevêem os mais de 800 cientistas de 120 países que foram o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (PIMC).

A maior preocupação é com a agricultura na zona tropical.

Na África, onde cerca de 80% da população dependem da atividade rural, a queda na produção pode chegar a 30%. Alguns países, como o Sudão e o Senegal, podem sofrer um total colapso, com perda de mais da metade da produção agrícola.

Na Índia, que caminha para superar a China, tornando-se o país mais populoso do mundo, há o risco de uma queda de 80% na produtividade agrícola até 2080.

A previsão para a América Latina é de uma queda de 20%, que poderia reorientar países exportadores para produzir para o mercado interno, com forte perda de divisas.

Aqui no Brasil, a agricultura do Centro-Sul depende de chuvas geradas na Amazônia. Se a floresta for destruída, como alerta o ecologista Thomas Lovejoy, haverá problemas para produzir alimentos e gerar energia hidrelétrica.

Esta expectativa pessimista não leva em conta o risco de novas pragas e doenças que surjam com o aumento da temperatura média.

Leia mais no Washington Post.

Ex-guerrilheiro ganha eleições no Kossovo

O Partido Democrático, liderado por Hachim Thaci, antigo chefe do Exército de Libertação do Kossovo, deve vencer as eleições na ex-província sérvia que luta pela independência. Mas não terá maioria absoluta.

Com dois terços dos votos apurados, seu partido tem 35% votos. Em segundo, vem a moderada Liga Democrática do Kossovo, com 22%.

Thaci, acusado de atos terroristas na luta pela liberdade, fez campanha prometendo declarar independência total da Sérvia, o que o governo de Belgrado não aceita. Os kosovares de origem albanesa são mais de 90% da população da província, administrada pela ONU desde o fim da guerra de 1999, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) expulsou as forças sérvias que massacravam a maioria albanesa.

As Nações Unidas deram prazo até 10 de dezembro para que sérvios e albaneses cheguem a um acordo.

Trem vai ligar Coréias do Norte e do Sul

Pela primeira vez em mais de 50 anos, um trem vai ligar o Norte e o Sul da Península da Coréia. A medida pode ser o primeiro passo concreto para a reunificação do país, dividido no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

A ligação ferroviária começa em 11 de dezembro. Será um dos primeiros resultados do histórico encontro de cúpula do mês passado entre os presidentes sul-coreano, Roh Moo Hyun, e norte-coreano, Kim Jong Il, em Pionguiangue.

De início, fará apenas transporte de carga por uma distância de 26 quilômetros através da última fronteira da Guerra Fria. No futuro, espera-se que a estrada seja ligada à Ferrovia Transiberiana, permitindo transporte de carga até a Europa.

Cristina Kirchner dará prioridade ao Brasil

A presidente eleita da Argentina, a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner, chega hoje à Brasília, em um sinal claro da prioridade que sua política externa dará às relações bilaterais com o Brasil.

"Nossas relações com o Brasil são muito boas e o fato de que se tenha escolhido o Brasil como primeiro destino é algo simbólico", declarou o ministro do Exterior, Jorge Taiana, que acompanhará Cristina Kirchner. Ela toma posse em 10 de dezembro.

Sem se identificar, outro alto funcionário argentino foi mais explícito: "O Brasil é e será a relação prioritária da Argentina para se mostrar ao mundo, talvez mais do que foi durante o governo do presidente Kirchner. No se pode esquecer que nos primeiros dois anos, Lula e Kirchner não sintonizavam bem. Há que entender bem: primeiro, Cristina vai ao Brasil, talvez depois decida viajar a Caracas".

No início de seu governo, uma das maiores preocupações de Néstor Kirchner era renegociar a dívida argentina, em moratório desde o colapso da dolarização, no final de 2001. Queria o apoio do Brasil. Mas o governo Lula temia que isso enviasse ao mercado financeiro internacional um sinal de que poderia fazer o mesmo. Então, o Brasil não se meteu na renegociação da dívida argentina, o que desagradou a Kirchner.

Muito mais preocupado com o colapso econômico e a miséria em que caíra mais da metade da população argentina, Kirchner não se interessou pelo projeto do governo Lula de criar a Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa). Entendia que primeira era preciso fazer o Mercosul funcionar.

Diante do conflito com o Uruguai em torno da instalação de fábricas de papel e celulose na margem oriental do Rio Uruguai, a chamada guerra das papeleiras, rejeitou a mediação do Mercosul, preferindo pedir que o rei da Espanha facilitasse o diálogo com Montevidéu. Não teve sucesso. A fábrica da Botnia começou a funcionar há nove dias, durante a Cúpula Ibero-Americana em Santiago.

Como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comprou mais de US$ 5 bilhões de bônus argentinos, estabelecer uma relação oportunista com o caudilho bolivarista. Mas não lhe agrada a excessiva ideologização promovida por Chávez.

Kirchner elogia rei da Espanha

Com seu estilo turrão, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, não gosta de conferências de cúpula. Não estava em Santiago do Chile quando o rei Juan Carlos de Bourbon mandou o caudilho venezuelano Hugo Chávez calar a boca. Mas agora, manda seu recado: "O rei Juan Carlos é o melhor político da Espanha e um dos melhores do mundo".

Sobre Chávez, o mandatário argentino não deu uma palavra em público.

Para o jornalista Joaquín Morales Solá, colunista do jornal conservador La Nación, Kirchner de aborrece com discussões ideológicas. Parecem-lhe resquícios da Guerra Fria: "Gostaria de falar sobre as coisas concretas de hoje. Disse a alguns que podemos convocar um seminário para falar de ideologias, mas não vamos gastar o tempo de uma reunião de cúpula com este tipo de debate".

Os comentários sobre Chávez partem de assessores próximos ao presidente: "O que justifica o plebiscito de Chávez? Para que ficar mais tempo no poder além dos 16 anos que lhe estão assegurados? Para que correr o risco de uma derrota?"

Talvez por isso, tenha escolhido sua mulher, a senadora e presidente eleita Cristina Fernández de Kirchner para disputar a eleição de 28 de outubro passado.

domingo, 18 de novembro de 2007

Começa encontro empresarial Brasil-Alemanha

Com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, começa neste domingo em Blumenau, Santa Catarina, o 25 Encontro Empresarial Brasil-Alemanha.

O Brasil tem cerca de 1,2 mil empresas de capital alemão, estima a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. Elas empregam 250 mil pessoas, têm faturamento anual de US$ 40 bilhões e já investiram US$ 21,7 bilhões. De 2005 a 2010, as dez maiores prometem investir US$ 7,7 bilhões.

O comércio bilateral cresce há quatro anos. No ano passado, a corrente de comércio foi de US$ 12,194 bilhões. O Brasil exportou US$ 5,69 bilhões e comprou US$ 6,50 bilhões. Até setembro deste ano, a corrente de comércio foi de US$ 11,47 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 5,16 bilhões e importações de US$ 6,31 bilhões. A Alemanha tem US$ 1,15 bilhão.

Popularidade de Gordon Brown desaba

A aprovação ao primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, caiu de 59% no mês passado para apenas 33%, indicando que o Partido Trabalhista teria grande dificuldade de permanecer no poder, se convocasse eleições antecipadas como pensou em fazer.

Em pesquisa do instituto YouGov, a oposição conservadora leva uma vantagem de seis pontos percentuais, com 41% preferências, contra 35% para os trabalhistas.

Brown assumiu o poder em junho, sem eleições, substituindo Tony Blair, desgastado por seu apoio incondicional aos Estados Unidos na Guerra do Iraque, como líder do partido e do governo. Cogitou em antecipar as eleições, que só precisam ser realizadas em 2010, para ganhar legitimidade.

Seu governo foi abalado pela crise no mercado de crédito hipotecário, por enchentes e um novo surto de febre aftosa, além de rumores de conflitos internos entre ministros. O jovem líder da oposição, David Cameron, ainda o acusa de roubar idéias do Partido Conservador, como a reforma para reduzir o imposto sobre herança.

Primeiro-ministro francês faz apelo pelo fim da greve

Depois de se reunir com o presidente Nicolas Sarkozy ontem no Palácio do Eliseu, o primeiro-ministro da França, François Fillon, fez um apelo às centrais sindicais para que suspendam a greve no setor de transportes que paralisa o país há cinco dias.

"Não exigimos que zerem a greve para negociar, mas que sejam responsáveis", declarou Fillon.

Os trabalhadores dos setores públicos de transportes e de teatros lutam contra o fim do regime de aposentadorias especiais que permite que se aposentem com pensão equivalente ao último salário depois de 37 anos e meio de contribuição, enquanto os demais trabalhadores dos setores público e privado precisam de 40 anos de serviço.

sábado, 17 de novembro de 2007

Eleição russa não terá observadores

Diante das "contínuas restrições" impostas pelo Kremlin, a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) anunciou ontem que está retirando sua missão de observadores que fiscalizaria as eleições legislativas de dezembro na Rússia. É mais uma sinal das tendências ditadorias de Putin, ex-diretor do Serviço Federal de Segurança, herdeiro do KGB (Comitê de Defesa do Estado), a polícia política da União Soviética.

A expectativa é que só dois partidos, o comunista e o do presidente, sejam representados na Duma do Estado (Câmara). Putin já manifestou a intenção de se tornar primeiro-ministro, o que o permitiria ficar no poder além dos dois mandatos presidenciais, limite prevista na Constituição da Rússia.

Pesquisas indicam possível derrota de Chávez


Pelo menos duas pesquisas, citadas na edição de sexta-feira do jornal O Globo, indicam uma forte possibilidade de que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, seja derrotado no plebiscito de 2 de dezembro sobre a reforma constitucional que lhe daria amplos poderes, inclusive a possibilidade de se reeleger indefinidamente, total controle sobre o banco central e prerrogativa para decretar estado de emergência.

Chávez alega que a reforma é necessária para aplicar o "socialismo do século 21". Parece que os venezuelanos, seduzidos até agora por seu discurso nacionalista e em defesa da população mais pobre, não estão dispostos a engolir o socialismo nem um chefe de Estado com poderes ditatoriais.

As pesquisas dão vantagem de 14 a 30 pontos percentuais ao Não.

Neste sábado, o jornal americano New York Times tenta entender o que significa esse socialismo chavista movido pelos altos preços do petróleo, principal fonte de renda da Venezuela. Apesar do discurso antiamericano, antiliberal e anticapitalista de seu presidente, que o intelectual mexicano Jorge Castañeda chama de "Perón com petróleo", a Venezuela ganha algo como US$ 40 bilhões por ano vendendo petróleo aos EUA.

Painel sobre mudança do clima adverte para risco de extinção de um terço das espécies vivas

No seu relatório final, apresentado hoje pelo secretário-geral das Nações Unidos, Ban Ki Moon, o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (PIMC) adverte para o risco de extinção de um terço das espécies vivas, o degelo das calotas polares e elevação do nível de mares e oceanos, com conseqüências catastróficas causadas pelo aumento da concentração de gás carbônico da atmosfera em decorrência da ação do homem desde o início da Revolução Industrial, por volta de 1750.

Os estudos do PIMC, orgão da ONU de que participam mais de 800 cientistas de 120 países, são o principal argumento dos que defendem um novo acordo internacional para substituir o Protocolo de Quioto, que expira em 2012. A questão será discutida no próximo mês numa conferência internacional, em Báli, na Indonésia.

Pelo Protocolo de Quioto, os países desenvolvidos signatários se comprometeram a reduzir suas emissões de gases que agravam o efeito estuta para 5% abaixo dos níveis de 1990, enquanto os países em desenvolvimento precisam apenas monitorar suas emissões e apresentar relatório.

Maior poluidor do mundo, os Estados Unidos não aderiram ao Protocolo de Quioto sob o argumento de que prejudicaria sua economia, especialmente na concorrência com a China, que, como país em desenvolvimento, deu uma pequena contribuição ao aquecimento global no passado e assim não precisa cumprir metas.

Para aceitar um acordo pós-Quioto, os EUA exigem que países em desenvolvimento como China, Índia e Brasil sejam submetidos às mesmas regras. Em princípio, os chineses rejeitam. No caso do Brasil, bastaria acabar com as queimadas, que representam cerca de 75% das emissões de gases-estufa. O país ficaria com créditos para negociar sua cota de carbono num mercado internaciona que surge na busca de uma solução de mercado.

Leia mais detalhes sobre o último relatório no New York Times.

Hillary acusa democratas de fazer o jogo dos republicanos


Diante da saraivada de golpes de seus adversários na disputa pela candidatura do Partido Democrata à Presidência dos Estados Unidos em 2008, a senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton (na foto, com Obama) acusou-os de transformar a campanha numa "guerra de lama" de acordo com a "cartilha" do Partido Republicano.

No debate realizado pela rede de televisão CNN na quinta-feira à noite, Hillary foi acusada pelo senador Barack Obama e pelo ex-senador John Edwards de não ter posições claras quanto ao Irã, o Iraque e a Previdência Social. Edwards a acusou de defender um sistema de Washington "distorcido e corrupto".

Leia mais no New York Times.

Há 74 anos, EUA reconheciam URSS


Em 16 de novembro de 1933, os Estados Unidos estabeleceram pela primeira vez relações diplomáticas com a União Soviética, que seria sua inimiga mortal na Guerra Fria.

Por ironia da História, em mensagem ao líder soviético Maxim Litvinov, o presidente Franklin Delano Roosevelt manifestou a esperança de que as relações entre os EUA e a URSS fossem "normais e amigáveis para sempre".

Veja a manchete do New York Times naquele dia.

China teme desaceleração americana

A desaceleração da economia dos Estados Unidos pode provocar uma queda nas exportações capaz de se tornar num ponto de inflexão do extraordinário crescimento econômico chinês, advertiu quinta-feira o Ministério do Comércio da China.

Um crescimento menor da economia mundial por causa da crise de crédito iniciada no setor habitacional americano "será o maior desafio para a economia da China no próximo ano", diz um relatório do departamento de pesquisa política do ministério.

É o primeiro comentário oficial do governo chinês sobre o impacto da crise global de crédito. Indica que os formuladores de política na China não acreditam que o crescimento da Ásia possa se descolar dos EUA: "Se a demanda nos EUA cair, as exportações chinesas serão arrasadas por uma queda rápida e contínua nas encomendas."

O documento é também a prova mais evidente de que a China vê sua economia como interdependente dos EUA.

As exportações são responsáveis por mais de um terço do crescimento econômico chinês e de 10% do PIB.

Huang Yiping, analista econômico do Citigroup citado pelo Financial Times , concorda com o governo: "Uma desaceleração forte da economia americana seria muito ruim para a China. Não vemos excesso de capacidade instalada na economia, que poderia levar a uma aterrissagem forçada, porque a China tem conseguido exportar esse excesso até agora".

O relatório do governo chinês é pessimista. Não acredita muito na possibilidade de evitar uma desaceleração americana e global. Observa que, mesmo que os bancos centrais dos Estados Unidos, da Europa e do Japão tenham oferecido formidáveis somas de dinheiro para aliviar a crise de crédito, a situação continua a piorar e "o pânico nos mercados de crédito" também.

Como os EUA compram um quinto de todas as exportações chinesas, o Banco da China estima que cada ponto percentual de queda no crescimento dos EUA provoque uma queda de 6% nas exportações chinesas.

Desde o início, o aumento das exportações para os EUA está caindo, de 20,4% no primeiro trimestre para 15,6% no segundo e 12,4% no terceiro, quando começou a crise de crédito.

Além disso, uma combinação de queda dos juros nos EUA e alta na China limita a capacidade do governo chinês de conter a alta no preço dos ativos, como imóveis e ações. A inflação está no nível mais alto em uma década.

Para os analistas chineses, a crise no mercado financeiro internacional pode estimular novas inversões de capital na China, pressionando a inflação para cima e levando ao esgotamente o débil sistema financeiro chinês.

Outra conseqüência seria a redução do espetacular saldo comercial chinês, que bateu o recorde mensal em outubro com US$ 27 bilhões. Desde o início do ano, o superávit do comércio exterior chinês cresceu quase 60%, chegando a US$212,4 bilhões nos primeiros dez meses do ano.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Irã foge da questão nuclear

O regime fundamentalista do Irã respondeu a várias perguntas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas evitou a questão fundamental, se está ou não desenvolvendo armas nucleares, como acusam os Estados Unidos, revelou a própria agência, órgão das Nações Unidas, que deve apresentar em breve um relatório ao Conselho de Segurança.

China promete linha dura na Olimpíada


O governo da China ameaçou hoje reprimir com dureza manifestações de protesto durante a Olimpíada de Beijim, a ser realizada de 8 a 24 de agosto de 2008.

Como espera-se a presença de 28 mil jornalistas, o governo chinês teme que haja manifestações contra o regime comunista, em defesa da democracia, da liberdade religiosa, da independência do Tibete, e contra os crescentes problemas sociais e ambientais.

Mas o subdiretor do Centro de Comando de Segurança Olímpica, Liu Shaowu, adverte que os protestos não serão tolerados: "Definitivamente, não vamos permitir violações da soberania da China e o encorajamento de separatistas ou terroristas. Vamos aplicar a lei chinesa."

A China fez um acordo com Israel para treinar a polícia chinesa em combate ao terrorismo e controle de multidões. O treinamento deve começar em março.

Portugal quer cooperação em missões de paz

O ministro da Defesa de Portugal, Nuno Severiano Teixeira, atual presidente do Conselho de Ministros da Defesa da União Européia, defendeu a cooperação com o Brasil em operações de paz, no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Ele aproveitou a oportunidade para convidar o ministro Nelson Jobim para um encontro em Lisboa.

"As missões estão a se transformar", afirmou o ministro português na 4ª Conferência do Forte de Copacabana. "Não é só a defesa do território, mas a produção da segurança internacional, da estabilidade fora de nossas fronteiras.

Ele acredita que as relações de cooperações podem e devem aproveitar o capital acumulado pela participação de Portugal na missão de paz da ONU no Kossovo e do Brasil no Haiti: "Podemos multilateralizar e levar a cooperação na CPLP além da língua e da cultura, em benefício de outros povos, principalmente na África".

Em junho de 2008, haverá uma reunião de ministros da Defesa da CPLP em Portugal.

Nuno Teixeira fala com a autoridade de representante da União Européia, o continente que transcendeu à guerra depois de ser arrasado por duas guerras mundiais no século passado. A Comunidade Econômica Européia, nascida em 1957, vê como necessidade cada vez maior a formulação de uma política externa e de segurança comum para manter sua importância no cenário político internacional diante da ascensão de novas potências e pólos de poder.

"Os atentados de 11 de setembro de 2001 marcaram uma mudança estratégica", constatou o ministro da Defesa de Portugal. "Há uma nova ameaça do terrorismo internacional, e uma mudança na política externa e de defesa dos Estados Unidos. Os atentados contra Londres e Madri levaram para a Europa essas ameaças à democracia. A paz é essencial à integração européia, a paz e a democracia."

Dentro da Europa, "ninguém pensa mais em recorrer ao uso da força para resolver conflitos", mas sobreveio a "ameaça sem rosto" do terrorismo: "A UE ainda está aquém de suas possibilidades e responsabilidades. Mostrou sua incapacidade na Iugoslávia".

Hoje o mundo assiste impotente ao genocídio em Darfur, no Sudão, no Nordeste da África. Por isso, Nuno Teixeira defendeu a necessidade de "criação de uma capacidade própria dos africanos" para enfrentar as questões de segurança do continente.

Depois do fracasso na Iugoslávia, onde foi necessária a intervenção militar dos EUA através da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para acabar com a guerra na Bósnia, o Reino Unido e a França, as duas potências nucleares européias, lançaram em Saint-Malo, em 1998, a Iniciativa Estratégica de Defesa Européia.

A política européia de segurança e defesa nasce oficialmente no Tratado de Nice, acertado em 2000 e assinado no ano seguinte. Uma proposta central é a criação de uma força de reação rápida.

Mas ainda persiste, na visão de Nuno Teixeira, uma "clivagem histórica" entre atlanticistas, como os britânicos, que querem manter qualquer força européia solidamente ancorada na OTAN, e os continentalistas, como os franceses, que gostariam de ter maior autonomia em relação aos EUA.

O tema foi retomado no Tratado Constitucional, rejeitado em 2005 em plebiscitos na França e na Holanda, e ressuscitado agora como Tratado de Lisboa, a ser assinado pelos chefes de governo e de Estado em 13 de dezembro.

"A dimensão estratégica é urgente", declarou o ministro da Defesa de Portugal. "É preciso consolidar a comunidade de segurança euro-atlântica e a defesa autônoma da UE, projetar a paz e a segurança, e fazer parcerias estratégicas com os principais atores internacionais, entre eles o Brasil".

É uma parceria baseada em princípios, explicou Teixeira: Estado de Direito, direitos humanos, democracia e multilateralismo, através da ONU e de organizações regionais como a UE e o Mercosul. "Além da segurança do Estado", há novos temas, como "a segurança das pessoas: pobreza, fome, pandemias, riscos ambientais. Essas parcerias exigem o reforço da cooperação multilateral e bilateral. A CPLP é uma parceria espalhada pelos quatro cantos do mundo".

Defesa deve ter uma dimensão sul-americana

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, inicia no Chile em 3 de dezembro uma série de contatos com seus colegas da América do Sul para dar uma dimensão regional à política de defesa.

Na sua opinião, é preciso definir se o Brasil vai ser ou não protagonista. Com a aspiração a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o país precisa assumir responsabilidades internacionais, como faz na missão de paz da ONU no Haiti.

"Historicamente, o Brasil ficou de costas para a América Hispânica, pelo menos até 1946", lembrou o ministro na 4ª Conferência do Forte de Copacabana, organizada pela União Européia, a Fundação Konrad Adenauer, o Centro de Estudos das Américas da Universidade Cândido Mendes, a Cátedra Mercosul da Sciences Po (Faculdade de Ciência Políticas de Paris) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Centro Brasileiro de Relações Internacionais). "Precisamos ser um pólo das decisões mundiais. Para isso, precisamos de uma formulação continental, uma integração das políticas de defesa".

Jobim disse ter encontrado os ministros da Defesa da Argentina, Nilda Garré, e do Chile, José Goñi, no Haiti, onde também fazem parte da missão da ONU. Explicou que vai começar seus contatos regionais pelo Chile porque a Argentina está em transição do governo Néstor Kirchner para o de sua mulher, Cristina Kirchner, que agora já confirmou Nilda Garré no cargo.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Jobim quer amplo debate sobre política de defesa

Ao abrir a 4ª Conferência do Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, prometeu nesta quinta-feira reaparelhar as Forças Armadas depois de definir uma nova política de defesa nacional, fortalecer a indústria nacional do setor, e só importar armas e equipamentos de países que aceitarem transferir tecnologia para evitar possíveis problemas no futuro. Na prática, isso exclui os Estados Unidos, que em princípio recusam-se a transferir tecnologia.

O ministro fez questão de deixar claro que qualquer política de defesa nacional será dissuasória porque o Brasil não tem ambições imperialistas e expansionistas, nem disputas de fronteiras: o Barão do "Rio Branco arquivou esse problema".

Jobim revelou que o ministro para Ações de Longo Prazo, Roberto Mangabeira Unger, foi à Índia e à Rússia, e no momento está na França, examinando as possibilidades de negócios para reequipar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica: "Em janeiro, vamos juntos aos EUA".

Antes de comprar, ele entende ser necessário redefinir a política de defesa nacional num amplo debate com os militares e a sociedade civil. Só sabendo o que o Brasil quer das Forças Armadas será possível adquirir as armas e equipamentos adequados.

É essencial desenvolver a indústria nacional de defesa: "Temos de produzir insumos, fazer um ajuste com o setor privado e criar uma política de compras públicas, mesmo que o produto nacional seja inferior e mais caro, para estimular o desenvolvimento".

O ministro lamentou que, logo após o fim do regime militar, a desconfiança entre civis e militares tenha impedido um debate maduro sobre as questões de defesa na Assembléia Nacional Constituinte. Havia, por exemplo, "uma brutal oposição do Projeto Calha Norte", de defesa da Amazônia, visto com suspeita pelos constituintes como se fosse apenas mais uma forma de consolidação do poder militar.

"É preciso formular as hipóteses operacionais para proteção e monitoramento do território, do espaço aéreo e do mar territorial", explicou Jobim. A partir daí será possível decidir que tipo de Forças Armadas, com que objetivos e como aparelhá-las para cumprir sua missão.

"Precisamos ter capacidade para produzir a paz internacional. Precisamos de um submarino com propulsão nuclear para proteger o que a Marinha chama de Amazônia azul" (o mar territorial brasileiro tem uma área quase do tamanho da Amazônia), declarou o ministro da Defesa.

Isso é ainda mais importante, acrescentou, com a nova descoberta de petróleo na plataforma continental: "No momento, em que você tem uma grande riqueza nacional no Atlântico, temos de ter condições de protegê-la." Fez uma pausa e emendou: "Não da invasão de qualquer país apenas, mas de ações que possam vir da área do terror. E para isso nós precisamos da propulsão nuclear".

Ninguém precisa de submarinos para combater terroristas. O alvo mais evidente de uma operação dessas seria os EUA, especialmente para quem acredita que a invasão do Iraque foi por causa do petróleo. Mas o ministro não pode dizer isso.

"A energia nuclear não é para bomba atômica. Isso é bobagem", declarou Jobim.

Na Constituição, as funções das Forças Armadas são duas, explicou o ministro: defesa nacional e garantia da lei e da ordem.

Com sua liderança na missão internacional de paz das Nações Unidas no Haiti, observou Jobim, as Forças Armadas brasileiras mostraram "capacidade de operar em áreas urbanas para maner a lei e a ordem". Para que façam o mesmo no Brasil, é preciso mudar o "estatuto jurídico da tropa".

No Haiti, os militares brasileiros têm a cobertura da Carta da ONU. Aqui, em 1994, no final do governo Itamar Franco, "vários soldados foram processados" por sua atuação na segurança interna.