quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Venezuela convoca embaixador da Colômbia

Depois de uma forte troca de acusações entre os presidentes Hugo Chávez e Álvaro Uribe, o governo da Venezuela convocou o embaixador da Colômbia em Caracas para dar explicações.

Na quinta-feira, 22 de novembro, o colombiano Uribe suspendeu a mediação realizada por seu colega venezuelano para libertar reféns seqüestrados pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), alegando que Chávez passara por cima dele ao entrar em contato diretamente com o comandante do Exército da Colômbia.

Chávez reagiu com sua rudeza habitual, chamando Uribe de "mentiroso". O presidente colombiano acusou Chávez de "querer incendiar a região e de tentar instaurar um governo das FARC na Colômbia.

O recente companheirismo entre os dois sempre pareceu estranho. Uribe é o maior aliado na América do Sul dos Estados Unidos, que deram US$ 5 bilhões no Plano Colômbia, para combater a guerrilha e o tráfico de drogas.
Com o ocaso de Fidel Castro, Chávez é o maior adversário dos EUA, embora se beneficie das dezenas de bilhões dólares do petróleo importado pelos americanos.

Ambos são autoritários e estão em busca de pelo menos mais um mandato presidencial.

A questão dos reféns é uma dor-de-cabeça permanente de Uribe. Entre os seqüestrados, há inclusive uma ex-candidata à Presidência da Colômbia, Ingrid Betancourt, que também tem cidadania francesa. Está desaparecida desde 2002.

Sua libertação seria uma grande notícia de repercussão internacional para Uribe, mas também seria uma grande vitória para Chávez, que se apresenta como porta-voz e interlocutor das esquerdas na América Latina.

Como apoiou abertamente candidatos na Bolívia, no Peru, na Nicarágua e no Equador, poderia fazer o mesmo na Colômbia. Uribe, um populista conservador oriundo do Partido Liberal confundiu o cenário político colombiano, aparentemente acabando com o eterno duopólio conservadores-liberais.

Na sua reeleição, em 2006, o segundo lugar ficou com a esquerda, com surpreendentes 22%. Está aí uma ameaça que Uribe preferiu não ignorar, rompendo com a mediação chavista.

É a mais nova missão da diplomacia brasileira, pacificar os ânimos dos vizinhos do Norte.

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