Dias depois de ser recebido apoteoticamente na Casa Branca e no Congresso dos Estados Unidos, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, defendeu no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, "uma Europa mais forte, mais politizada e mais democrática, em que os valores se sobreponham à economia". Deixou claro que não pretende abandonar a tradição protecionista francesa para defender empresários e agricultores europeus da feroz competição do mundo globalizado.
"Na democracia européia que queremos construir, a palavra proteção não deve ser proibida", disse un Sarkozy, atacando a abertura comercial e a livre concorrência. Pregou ainda uma política de defesa européia e uma política de imigração, atacando a Espanha por legalizar uma grande massa de imigrantes irregulares.
O presidente francês denunciou o que chama de dumping econômico e social (concorrência com preços mais baixos devidos a salários mais baixos e menos direitos sociais), propondo um regime de "preferências comunitárias" como as da Política Agrícola Comum (PAC) diante de outros países, especialmente de economias emergentes como a China: "Se não queremos que um dia os povos, fartos de serem vítimas da concorrência desleal e do dumping, exijam um novo protecionismo e o fechamento dos mercados, devemos ser capazes de debater um verdadeiro sistema de preferências comunitárias. Temos de nos proteger como os outros".
Seu discurso vai contra a política oficial da União Européia e as propostas liberalizantes em discussão na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio, paralisada sobretudo por causa do protecionismo agrícola da Europa, dos EUA e do Japão.
Mais uma vez, Sarkozy rejeitou o ingresso da Turquia na UE.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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