segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Cristina Kirchner dará prioridade ao Brasil

A presidente eleita da Argentina, a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner, chega hoje à Brasília, em um sinal claro da prioridade que sua política externa dará às relações bilaterais com o Brasil.

"Nossas relações com o Brasil são muito boas e o fato de que se tenha escolhido o Brasil como primeiro destino é algo simbólico", declarou o ministro do Exterior, Jorge Taiana, que acompanhará Cristina Kirchner. Ela toma posse em 10 de dezembro.

Sem se identificar, outro alto funcionário argentino foi mais explícito: "O Brasil é e será a relação prioritária da Argentina para se mostrar ao mundo, talvez mais do que foi durante o governo do presidente Kirchner. No se pode esquecer que nos primeiros dois anos, Lula e Kirchner não sintonizavam bem. Há que entender bem: primeiro, Cristina vai ao Brasil, talvez depois decida viajar a Caracas".

No início de seu governo, uma das maiores preocupações de Néstor Kirchner era renegociar a dívida argentina, em moratório desde o colapso da dolarização, no final de 2001. Queria o apoio do Brasil. Mas o governo Lula temia que isso enviasse ao mercado financeiro internacional um sinal de que poderia fazer o mesmo. Então, o Brasil não se meteu na renegociação da dívida argentina, o que desagradou a Kirchner.

Muito mais preocupado com o colapso econômico e a miséria em que caíra mais da metade da população argentina, Kirchner não se interessou pelo projeto do governo Lula de criar a Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa). Entendia que primeira era preciso fazer o Mercosul funcionar.

Diante do conflito com o Uruguai em torno da instalação de fábricas de papel e celulose na margem oriental do Rio Uruguai, a chamada guerra das papeleiras, rejeitou a mediação do Mercosul, preferindo pedir que o rei da Espanha facilitasse o diálogo com Montevidéu. Não teve sucesso. A fábrica da Botnia começou a funcionar há nove dias, durante a Cúpula Ibero-Americana em Santiago.

Como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comprou mais de US$ 5 bilhões de bônus argentinos, estabelecer uma relação oportunista com o caudilho bolivarista. Mas não lhe agrada a excessiva ideologização promovida por Chávez.

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