O Tribunal Federal Oral da Argentina condenou há dois dias à prisão perpétua por "crimes contra a humanidade" 29 acusados por sequestros, torturas, assassinatos e os "voos de morte" durante a última ditadura militar (1976-83) a desgraçar o país, entre eles os capitães Alfredo Astiz, o Anjo da Morte, e Jorge Tigre Acosta, noticiaram os jornais Clarín e La Nación.
Foi o terceiro grande processo sobre os crimes cometidos na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), a academia militar da Marinha argentina, que se tornou no principal centro de detenção, tortura e desaparecimento de presos políticos durante a guerra suja contra a esquerda. E o mais importante julgamento sobre direitos humanos na Argentina desde a condenação, há 32 anos, das juntas militares que desgovernaram o país de 1976 a 1982 e caíram com a derrota na Guerra das Malvinas.
No processo conhecido como ESMA III ou ESMA unificada, iniciado em 2012, 68 réus foram denunciados por crimes cometidos contra 789 pessoas; 14 morreram neste últimos cinco anos. Além dos 29 condenados à prisão perpétua, seis foram absolvidos e 19 pegaram de 8 a 25 anos de reclusão.
Durante a leitura da sentença, o tribunal situado no bairro do Retiro, no centro histórico de Buenos Aires, ficou dividido entre parentes das vítimas e defensores dos direitos humanos, de um lado, e partidários da ditadura, do outro, cantando o hino argentino e ofendendo jornalistas e ativistas.
O juiz David Obligado pediu aos manifestantes que baixassem faixas e cartas. Chegou a ameaçar evacuar a sala. Eram tantos os delitos que a leitura da sentença levou cinco horas. Só foram lidos os nomes dos réus, as acusações e os vereditos. As razões dos três desembargadores serão apresentadas noutro dia.
Mais de 5 mil presos políticos passaram pela ESMA e apenas centenas saíram com vida. Muitos foram drogados e jogados no mar nos sinistros voos da morte. Entre os sentenciados a passar a vida na cadeia, está o ex-piloto Mario Arru, responsável por alguns daqueles voos. Sua condenação foi das mais festejadas.
Arru estava no voo que jogou no Rio da Prata os sequestrados na Igreja de Santa Cruz, em que estavam a primeira presidente da organização das Mães da Praça de Maio, Azucena Villaflor, e as freiras francesas Alice Dumont e Leonis Duquet. Causou indignação a absolvição de Julio Poch, que morava na Holanda e foi extraditado depois de se gabar de ter participado dos voos da morte.
Talvez a figura mais odiada internacionalmente seja o capitão Alfredo Astiz, mais conhecido como Anjo da Morte, porque era jovem, louro e bonito na época da ditadura. Ele fico tristemente famoso por ter matado com um tiro pelas costas uma jovem sueca-argentina de apenas 17 anos, Dagmar Hagelin. Também foi acusado, entre muitos outros crimes, pelo sequestro e morte das freiras argentinas.
Durante a Guerra das Malvinas (1982), Astiz foi nomeado governador das Ilhas Geórgias do Sul, e se rendeu aos britânicos sem disparar um tiro. Preso, teve pedidos de extradição feitos pela França e a Suécia, mas a primeira-ministra conservadora Margaret Thatcher o entregou à ditadura militar argentina. Amiga do ditador chileno Augusto Pinochet, Thatcher era conivente com caçadores de comunistas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
Assassinos da ditadura militar pegam prisão perpétua na Argentina
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quarta-feira, 29 de novembro de 2017
Trump tuíta vídeos anti-islâmicos falsos da extrema direita britânica
Em mais um gesto ultrajante que provocou repúdio internacionalmente, o presidente Donald Trump divulgou hoje de manhã vídeos anti-islâmicos falsos difundidos pelo movimento de extrema direita Grã-Bretanha Primeiro. A oposição pede cancelamento da visita dos Estados Unidos ao país marcada para 2018.
Trump tem 44 milhões de seguidores no Twitter. Logo vieram as respostas e comentários. Um muçulmano britânico acusou o mesmo movimento de radicalizar o assassino da deputada britânica Jo Cox, morta durante a campanha eleitoral do ano passado.
Num dos vídeos, supostos extremistas muçulmanos destruíam uma estátua da Virgem Maria. Em outro, atacavam um garoto holandês de muletas. No mais terrível, um jovem é jogado de um telhado e espancado até a morte.
O viúvo da deputada, Brendan Cox, também reagiu negativamente: "Trump legitimou a ultradireita em seu próprio país, agora está tentando fazer o mesmo no nosso. Espalhar o ódio tem consequências e o presidente deveria ter vergonha de si mesmo."
Mais duro ainda foi o deputado negro David Lammy, da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico: "O presidente dos EUA está promovendo um grupo extremista odioso, fascista e racista com líderes presos e condenados. Ele é um aliado ou amigo deles. Donald Trump, você não é bem-vindo no meu país e na minha cidade."
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, defendeu Trump alegando que ele "quer fronteiras seguras e fortalecer a segurança nacional. Se o vídeo é ou não real, a ameaça é real e é disso que o presidente está falando."
Trump tem 44 milhões de seguidores no Twitter. Logo vieram as respostas e comentários. Um muçulmano britânico acusou o mesmo movimento de radicalizar o assassino da deputada britânica Jo Cox, morta durante a campanha eleitoral do ano passado.
Num dos vídeos, supostos extremistas muçulmanos destruíam uma estátua da Virgem Maria. Em outro, atacavam um garoto holandês de muletas. No mais terrível, um jovem é jogado de um telhado e espancado até a morte.
O viúvo da deputada, Brendan Cox, também reagiu negativamente: "Trump legitimou a ultradireita em seu próprio país, agora está tentando fazer o mesmo no nosso. Espalhar o ódio tem consequências e o presidente deveria ter vergonha de si mesmo."
Mais duro ainda foi o deputado negro David Lammy, da Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico: "O presidente dos EUA está promovendo um grupo extremista odioso, fascista e racista com líderes presos e condenados. Ele é um aliado ou amigo deles. Donald Trump, você não é bem-vindo no meu país e na minha cidade."
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, defendeu Trump alegando que ele "quer fronteiras seguras e fortalecer a segurança nacional. Se o vídeo é ou não real, a ameaça é real e é disso que o presidente está falando."
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Kim Jong Un afirma que programa nuclear da Coreia do Norte está completo
Horas depois de testar um míssil capaz de atingir qualquer parte do território dos Estados Unidos, o ditador Kim Jong Un hoje anunciou que o programa nuclear da Coreia do Norte está completo, noticiou a agência de notícias Bloomberg.
A Coreia do Norte lançou com sucesso um míssil Hwasong-14 com nova tecnologia, informou a Agência Central de Notícias Coreana. O ditador assistiu ao lançamento e "declarou com orgulho que agora finalmente realizamos o grande feito histórico de completar o ciclo da força nuclear e construir um poderio de foguetes", disse a agência.
O míssil chegou a uma altitude de 4,45 mil quilômetros e caiu na zona econômica do Japão no Oceano Atlântico depois de percorrer quase mil quilômetros. Com uma trajetória orientada para atingir a distância máxima, poderia viajar a uma distância de 13 mil km.
"É o mais poderoso míssil balístico intercontinental, que atinge a meta de completar o desenvolvimento de um sistema de defesa baseado em foguetes estabelecida pela República Popular Democrática da Coreia", o nome oficial do regime comunista, que reivindica a soberania sobre toda a Península Coreia.
Foi o 23º teste de mísseis da Coreia do Norte neste ano. O país também realizou em 2017 seu sexto teste nuclear, com uma explosão de 140 quilotons (milhares de toneladas de dinamite), 10 vezes mais do que a bomba de Hiroxima.
O regime stalinista de Pionguiangue afirmou que desenvolveu armas atômicas para conter os EUA Assim, não seria uma ameaça a nenhum país que não prejudique os interesses norte-coreanos.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas discute, em Nova York, a ameaça nuclear da Coreia do Norte.
A Coreia do Norte lançou com sucesso um míssil Hwasong-14 com nova tecnologia, informou a Agência Central de Notícias Coreana. O ditador assistiu ao lançamento e "declarou com orgulho que agora finalmente realizamos o grande feito histórico de completar o ciclo da força nuclear e construir um poderio de foguetes", disse a agência.
O míssil chegou a uma altitude de 4,45 mil quilômetros e caiu na zona econômica do Japão no Oceano Atlântico depois de percorrer quase mil quilômetros. Com uma trajetória orientada para atingir a distância máxima, poderia viajar a uma distância de 13 mil km.
"É o mais poderoso míssil balístico intercontinental, que atinge a meta de completar o desenvolvimento de um sistema de defesa baseado em foguetes estabelecida pela República Popular Democrática da Coreia", o nome oficial do regime comunista, que reivindica a soberania sobre toda a Península Coreia.
Foi o 23º teste de mísseis da Coreia do Norte neste ano. O país também realizou em 2017 seu sexto teste nuclear, com uma explosão de 140 quilotons (milhares de toneladas de dinamite), 10 vezes mais do que a bomba de Hiroxima.
O regime stalinista de Pionguiangue afirmou que desenvolveu armas atômicas para conter os EUA Assim, não seria uma ameaça a nenhum país que não prejudique os interesses norte-coreanos.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas discute, em Nova York, a ameaça nuclear da Coreia do Norte.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
Coreia do Norte testa míssil de longo alcance
Depois de uma pausa de dois meses e meio, em mais um desafio à sociedade internacional, a Coreia do Norte fez hoje o 23º teste de mísseis do ano, provocando a reação imediata dos Estados Unidos, do Japão e da Coreia do Sul. É mais um sinal da determinação do ditador Kim Jong Un de desenvolver um míssil nuclear capaz de atingir o território continental dos EUA.
O míssil de longo alcance voou 53 minutos, chegando a uma altitude de 4,48 mil quilômetros, e caiu na zona econômica exclusiva do Japão, no Oceano Pacífico, a cerca de mil quilômetros de distância da base de lançamento. O governo japonês pediu a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Departamento da Defesa dos EUA (Pentágono) confirmou se tratar de um míssil balístico intercontinental. Neste último teste, o míssil "foi mais alto, francamente, do que em qualquer lançamento anterior", observou o secretário da Defesa, James Mattis. É parte de um esforço para construir mísseis "capazes de atingir qualquer parte do mundo".
Se a trajetória do míssil fosse programada para atingir a maior distância, ele poderia viajar até 13 mil km, afirmou David Wright, co-diretor do programa de segurança global da União de Cientistas Preocupados. Isso não significa que a Coreia do Norte tenha capacidade de miniaturizar uma bomba atômica, colocá-la no nariz do míssil em condições de resistir à reentrada na atmosfera. Mas é uma questão de tempo.
Analistas militares do Pentágono acreditam que o regime comunista norte-coreano já tem condições de atacar Washington, a capital do país, que fica a 10.960 km de Pionguiangue, e o resto do território americano - e ignora as advertências do presidente americano, Donald Trump.
"Vamos cuidar disso", declarou Trump aos repórteres na Casa Branca, prometendo "lidar com a situação". O presidente insiste que todas as possibilidades estão na mesa, inclusive uma ação militar, mas seus generais são contra porque uma nova guerra da Coreia arrasaria a região de Seul, a capital sul-coreana, uma cidade de 25 milhões de habitantes, e deixaria pelo menos 1 milhão de mortos.
O secretário de Estado, Rex Tillerson, declarou hoje que "as opções diplomáticas continuam viáveis e em aberto, por ora". E arrematou: "Os EUA permanecem comprometidos em encontrar um caminho pacífico para desnuclearizar a Coreia do Norte e acabar com suas ações beligerantes." Mas o regime stalinista de Pionguiangue está determinado a não abandonar as armas nucleares.
O míssil de longo alcance voou 53 minutos, chegando a uma altitude de 4,48 mil quilômetros, e caiu na zona econômica exclusiva do Japão, no Oceano Pacífico, a cerca de mil quilômetros de distância da base de lançamento. O governo japonês pediu a convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Departamento da Defesa dos EUA (Pentágono) confirmou se tratar de um míssil balístico intercontinental. Neste último teste, o míssil "foi mais alto, francamente, do que em qualquer lançamento anterior", observou o secretário da Defesa, James Mattis. É parte de um esforço para construir mísseis "capazes de atingir qualquer parte do mundo".
Se a trajetória do míssil fosse programada para atingir a maior distância, ele poderia viajar até 13 mil km, afirmou David Wright, co-diretor do programa de segurança global da União de Cientistas Preocupados. Isso não significa que a Coreia do Norte tenha capacidade de miniaturizar uma bomba atômica, colocá-la no nariz do míssil em condições de resistir à reentrada na atmosfera. Mas é uma questão de tempo.
Analistas militares do Pentágono acreditam que o regime comunista norte-coreano já tem condições de atacar Washington, a capital do país, que fica a 10.960 km de Pionguiangue, e o resto do território americano - e ignora as advertências do presidente americano, Donald Trump.
"Vamos cuidar disso", declarou Trump aos repórteres na Casa Branca, prometendo "lidar com a situação". O presidente insiste que todas as possibilidades estão na mesa, inclusive uma ação militar, mas seus generais são contra porque uma nova guerra da Coreia arrasaria a região de Seul, a capital sul-coreana, uma cidade de 25 milhões de habitantes, e deixaria pelo menos 1 milhão de mortos.
O secretário de Estado, Rex Tillerson, declarou hoje que "as opções diplomáticas continuam viáveis e em aberto, por ora". E arrematou: "Os EUA permanecem comprometidos em encontrar um caminho pacífico para desnuclearizar a Coreia do Norte e acabar com suas ações beligerantes." Mas o regime stalinista de Pionguiangue está determinado a não abandonar as armas nucleares.
Mudança do clima aumenta danos à infraestrutura da Europa
Com o aquecimento global, o risco de grandes desastres provocados pelo colapso de grandes obras de infraestrutura pode aumentar três vezes nos anos 2020s e 10 vezes até o fim do século 21, adverte um estudo publicado hoje pelo Centro de Pesquisas Conjuntas da Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia.
Nas últimas três décadas, cerca de 90% das catástrofes naturais foram causadas por eventos climatológicos, e eventos extremos tendem a se multiplicar em função do agravamento do efeito estufa.
Os sistemas de comunicações e transportes, abastecimento de água e geração de energia serão os mais atingidos. Pela primeira vez, o estudo Escalada do impacto do clima extremado sobre infraestruturas críticas da Europa calcula o prejuízo financeiro esperado.
A pesquisa examinou sete fenômenos climáticos: ondas de frio e de calor, enchentes e inundações em costas e rios, secas, incêndios selvagens e tempestades de vento.
Hoje, o impacto previsto na Europa é de um prejuízo de 3,4 bilhões de euros (R$ 12,95 bilhões) por ano. Nos anos 2020s, pode chegar a 9,3 bilhões (R$ 35,4 bilhões). Nos anos 2050s, a 19,6 bilhões de euros (R$ 74,64 bilhões). Nos anos 2080s, pode ir a 37 bilhões de euros (R$ 141 bilhões) por ano.
O setor de energia perde hoje meio bilhão de euros (R$ 1,9 bilhão) por ano. Este prejuízo pode chegar a 8,2 bilhões de euros (R$ 31,23 bilhões) nos anos 2080s. No setor de transportes, os danos devem passar dos atuais 0,8 bilhão (R$ 3,05) para 11,9 bilhões de euros (R$ 45,32 bilhões) até o fim do século. O total equivale a 0,12% hoje a 1,37% no futuro do investimento na formação de capital fixo.
Todas as regiões serão atingidas, mas a distribuição geográfica das catástrofes será desigual, com maior impacto no Sul, Sudeste e Sudoeste da Europa, onde as secas e ondas de calor serão mais rigorosas.
Enquanto no Norte da Europa os danos correspondem a menos de 1% do investimento total na formação de capital fixo, nos países do Sul esses percentuais são bem maiores: Croácia (5,21%), Grécia (4,43%), Espanha (4,32%), Portugal (4,29%) e Eslovênia (3,01%).
As áreas costeiras e ribeirinhas estão entre as áreas mais críticas. Além dos países citados acima, isso inclui regiões do Leste, do Centro e do Oeste da Europa, nas Ilhas Britânicas, na Polônia, na República Tcheca, na Bulgária e na a Romênia.
Nas últimas três décadas, cerca de 90% das catástrofes naturais foram causadas por eventos climatológicos, e eventos extremos tendem a se multiplicar em função do agravamento do efeito estufa.
Os sistemas de comunicações e transportes, abastecimento de água e geração de energia serão os mais atingidos. Pela primeira vez, o estudo Escalada do impacto do clima extremado sobre infraestruturas críticas da Europa calcula o prejuízo financeiro esperado.
A pesquisa examinou sete fenômenos climáticos: ondas de frio e de calor, enchentes e inundações em costas e rios, secas, incêndios selvagens e tempestades de vento.
Hoje, o impacto previsto na Europa é de um prejuízo de 3,4 bilhões de euros (R$ 12,95 bilhões) por ano. Nos anos 2020s, pode chegar a 9,3 bilhões (R$ 35,4 bilhões). Nos anos 2050s, a 19,6 bilhões de euros (R$ 74,64 bilhões). Nos anos 2080s, pode ir a 37 bilhões de euros (R$ 141 bilhões) por ano.
O setor de energia perde hoje meio bilhão de euros (R$ 1,9 bilhão) por ano. Este prejuízo pode chegar a 8,2 bilhões de euros (R$ 31,23 bilhões) nos anos 2080s. No setor de transportes, os danos devem passar dos atuais 0,8 bilhão (R$ 3,05) para 11,9 bilhões de euros (R$ 45,32 bilhões) até o fim do século. O total equivale a 0,12% hoje a 1,37% no futuro do investimento na formação de capital fixo.
Todas as regiões serão atingidas, mas a distribuição geográfica das catástrofes será desigual, com maior impacto no Sul, Sudeste e Sudoeste da Europa, onde as secas e ondas de calor serão mais rigorosas.
Enquanto no Norte da Europa os danos correspondem a menos de 1% do investimento total na formação de capital fixo, nos países do Sul esses percentuais são bem maiores: Croácia (5,21%), Grécia (4,43%), Espanha (4,32%), Portugal (4,29%) e Eslovênia (3,01%).
As áreas costeiras e ribeirinhas estão entre as áreas mais críticas. Além dos países citados acima, isso inclui regiões do Leste, do Centro e do Oeste da Europa, nas Ilhas Britânicas, na Polônia, na República Tcheca, na Bulgária e na a Romênia.
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Vice-governador e ex-secretários da Catalunha pedem para sair da prisão para fazer campanha eleitoral
O Supremo Tribunal da Espanha decide amanhã se o ex-vice-governador Oriol Junqueras e os ex-secretários do governo regional da Catalunha, acusados de rebelião e malversação de fundos, podem sair da cadeia para fazer campanha para as eleições de 21 de dezembro, noticiou hoje o jornal La Vanguardia, de Barcelona.
As eleições regionais foram convocadas pelo governo central espanhol depois de intervir para conter o movimento pela independência da Catalunha, suspendendo temporariamente a autonomia regional para afastar o governo autônomo regional e antecipar as eleições. O ex-governador Carles Puigdemont e quatro secretários fugiram para a Bélgica, onde a Justiça examina um pedido de extradição feito pela Espanha.
Junqueras e os ex-conselheiros não pretendem abrir mão de suas convicções políticas, que consideram "plenamente legítimas", e alegam que não têm interesse em fugir porque querem participar do processo eleitoral.
Ao determinar a prisão preventiva de Junqueras e dos demais ex-secretários, a juíza Carmen Lamela citou o risco de fuga para se evadir da responsabilidade penal. Como eles não estão mais no governo, a defesa argumenta que não existe risco de obstrução de justiça nem de continuidade delitiva.
As eleições regionais foram convocadas pelo governo central espanhol depois de intervir para conter o movimento pela independência da Catalunha, suspendendo temporariamente a autonomia regional para afastar o governo autônomo regional e antecipar as eleições. O ex-governador Carles Puigdemont e quatro secretários fugiram para a Bélgica, onde a Justiça examina um pedido de extradição feito pela Espanha.
Junqueras e os ex-conselheiros não pretendem abrir mão de suas convicções políticas, que consideram "plenamente legítimas", e alegam que não têm interesse em fugir porque querem participar do processo eleitoral.
Ao determinar a prisão preventiva de Junqueras e dos demais ex-secretários, a juíza Carmen Lamela citou o risco de fuga para se evadir da responsabilidade penal. Como eles não estão mais no governo, a defesa argumenta que não existe risco de obstrução de justiça nem de continuidade delitiva.
domingo, 26 de novembro de 2017
Israel ameaça destruir posições do Exército do Irã perto de sua fronteira
O governo de Israel ameaça atacar instalações do Exército do Irã em território sírio até uma distância de 40 quilômetros da fronteira com Israel nas Colinas do Golã, revelou o jornal kuwaitiano Al Jarida ao falar sobre as negociações para acabar com a guerra civil na Síria.
Durante uma visita de surpresa na semana passada a Sóchi, na Rússia, o ditador sírio, Bachar Assad, enviou uma mensagem ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, através do presidente russo, Vladimir Putin.
A Síria aceita a criação de uma zona desmilitarizada de 40 km de largura do seu lado da fronteira nas Colinas do Golã dentro de um acordo de paz, desde que Israel concorde com a manutenção de Assad no poder, rejeitada pelos Estados Unidos e a União Europeia.
De acordo com a reportagem, Putin ligou para Netanyahu para apresentar a proposta síria. O primeiro-ministro israelense teria aceitado o acordo, mas fez uma ressalva: Israel vai continuar lutando para erradicar a presença militar do Irã e da milícia extremista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) na Síria.
Israel acredita que Assad será o último presidente sírio da minoria alauíta, um ramo do xiismo. Com uma mudança no regime, a influência iraniana diminuiria. Para a República Islâmica do Irã, a aliança com a Síria e com o Iraque pós-Saddam, onde o poder passou para a maioria xiita, forma um arco xiita que permite projetar o poder do regime dos aiatolás até o Mar Mediterrâneo.
A Rússia também considera Assad um aliado importante. A base naval de Tartus era a única instalação militar russa no Oriente Médio e no Mar Mediterrâneo. Agora, Moscou tem também uma base aérea na Síria. A intervenção militar do Kremlin, a partir de 30 de setembro de 2015, foi fundamental para uma virada na guerra em favor do regime de Assad.
Durante a guerra civil na Síria, que matou cerca de 450 mil pessoas em seis anos e nove meses, Israel manteve relativa distância, mas respondeu a todos os ataques terrestres que atingiram seu território e invadiu o espaço aéreo sírio várias vezes para bombardear carregamentos e depósitos de armas que suspeitou serem para o Hesbolá.
Quando o regime sírio advertiu para as "repercussões perigosas" dos ataques israelenses, Netanyahu ameaçou bombardear o palácio presidencial, em Damasco.
Durante uma visita de surpresa na semana passada a Sóchi, na Rússia, o ditador sírio, Bachar Assad, enviou uma mensagem ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, através do presidente russo, Vladimir Putin.
A Síria aceita a criação de uma zona desmilitarizada de 40 km de largura do seu lado da fronteira nas Colinas do Golã dentro de um acordo de paz, desde que Israel concorde com a manutenção de Assad no poder, rejeitada pelos Estados Unidos e a União Europeia.
De acordo com a reportagem, Putin ligou para Netanyahu para apresentar a proposta síria. O primeiro-ministro israelense teria aceitado o acordo, mas fez uma ressalva: Israel vai continuar lutando para erradicar a presença militar do Irã e da milícia extremista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) na Síria.
Israel acredita que Assad será o último presidente sírio da minoria alauíta, um ramo do xiismo. Com uma mudança no regime, a influência iraniana diminuiria. Para a República Islâmica do Irã, a aliança com a Síria e com o Iraque pós-Saddam, onde o poder passou para a maioria xiita, forma um arco xiita que permite projetar o poder do regime dos aiatolás até o Mar Mediterrâneo.
A Rússia também considera Assad um aliado importante. A base naval de Tartus era a única instalação militar russa no Oriente Médio e no Mar Mediterrâneo. Agora, Moscou tem também uma base aérea na Síria. A intervenção militar do Kremlin, a partir de 30 de setembro de 2015, foi fundamental para uma virada na guerra em favor do regime de Assad.
Durante a guerra civil na Síria, que matou cerca de 450 mil pessoas em seis anos e nove meses, Israel manteve relativa distância, mas respondeu a todos os ataques terrestres que atingiram seu território e invadiu o espaço aéreo sírio várias vezes para bombardear carregamentos e depósitos de armas que suspeitou serem para o Hesbolá.
Quando o regime sírio advertiu para as "repercussões perigosas" dos ataques israelenses, Netanyahu ameaçou bombardear o palácio presidencial, em Damasco.
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sábado, 25 de novembro de 2017
Macron promete fazer da igualdade entre os sexos meta de governo
No Dia Internacional de Luta contra a Violência contra a Mulher, o presidente Emmanuel Macron prometeu fazer da igualdade entre homens e mulheres uma das metas prioritárias de seu governo na França, noticiou o sítio FranceInfo, da televisão francesa.
No ano passado, houve 123 casos de feminicídio na França, mulheres assassinadas por parceiros ou ex-parceiros.
"De modo geral, é toda a sociedade que deve embarcar neste verdadeiro combate cultural", declarou o mais jovem presidente da história da França. "A sociedade deve se engajar. Estamos lançando aqui a primeira campanha nacional contra a violência contra a mulher."
"Essa campanha tem vários objetivos: suscitar uma tomada de consciência coletiva, informar as vítimas sobre os passos necessários para denunciar os agressores, com um número de telefone para ligar, o 3919, um sítio na Internet para consultar Pare com a violência contra a mulher!, sensibilizar a sociedade para a problemática da violência e, finalmente, responsabilizar as testemunhas da violência sexual e sexista, convidando-os a ajudar as vítimas", acrescentou Macron.
Depois das denúncias de crimes sexuais contra Harvey Weinstein, as francesas também estão acusando homens que teriam cometido abusos sexuais, avanços indesejados, violência física ou ameaças como perder o emprego. #Balancetonporc (#Entregueseuporco) é a hashtag para o movimento das mulheres na França.
O presidente francês prometeu criminalizar as ofensas sexistas, penalizando-as com multas pesadas, vigiar as redes sociais e combater a difusão da pornografia na Internet. Ele acredita que a educação é a principal arma para lutar contra a violência sexual: "A escola tem um papel fundamental."
Macron quer ampliar os poderes do Conselho Superior do Audiovisual para fiscalizar os vídeos nas redes sociais. As associações feministas criticaram a campanha, considerando-a irrealista e com orçamento reduzido diante das ambições do presidente.
Nos Estados Unidos, um quarto das mulheres sofreu agressões sexuais. No Egito, 99%.
No ano passado, houve 123 casos de feminicídio na França, mulheres assassinadas por parceiros ou ex-parceiros.
"De modo geral, é toda a sociedade que deve embarcar neste verdadeiro combate cultural", declarou o mais jovem presidente da história da França. "A sociedade deve se engajar. Estamos lançando aqui a primeira campanha nacional contra a violência contra a mulher."
"Essa campanha tem vários objetivos: suscitar uma tomada de consciência coletiva, informar as vítimas sobre os passos necessários para denunciar os agressores, com um número de telefone para ligar, o 3919, um sítio na Internet para consultar Pare com a violência contra a mulher!, sensibilizar a sociedade para a problemática da violência e, finalmente, responsabilizar as testemunhas da violência sexual e sexista, convidando-os a ajudar as vítimas", acrescentou Macron.
Depois das denúncias de crimes sexuais contra Harvey Weinstein, as francesas também estão acusando homens que teriam cometido abusos sexuais, avanços indesejados, violência física ou ameaças como perder o emprego. #Balancetonporc (#Entregueseuporco) é a hashtag para o movimento das mulheres na França.
O presidente francês prometeu criminalizar as ofensas sexistas, penalizando-as com multas pesadas, vigiar as redes sociais e combater a difusão da pornografia na Internet. Ele acredita que a educação é a principal arma para lutar contra a violência sexual: "A escola tem um papel fundamental."
Macron quer ampliar os poderes do Conselho Superior do Audiovisual para fiscalizar os vídeos nas redes sociais. As associações feministas criticaram a campanha, considerando-a irrealista e com orçamento reduzido diante das ambições do presidente.
Nos Estados Unidos, um quarto das mulheres sofreu agressões sexuais. No Egito, 99%.
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Tensão se agrava na República Centro-Africana
Um ataque com granadas abala a frágil paz na República Centro-Africana, para onde o Brasil deve mandar soldados para uma força internacional, se aceitar o pedido feito oficialmente ontem pelas Nações Unidas, advertiu hoje o boletim Africa Confidential.
Em 11 de novembro, dois homens de motocicleta jogaram granadas num bar onde havia um concerto pela paz e a reconciliação nacional, em Bangui, a capital do país. Eles escolheram um dos bairros que foram palco de conflitos violentos há três anos, quando a República Dominicana esteve à beira do caos.
Sete pessoas morreram e outras 20 saíram feridas no ataque ao bairro PK5, informou a agência Reuters. É um enclave muçulmano na cidade majoritariamente cristã.
"Três ou quatro jovens nossos foram mortos, aparentemente em represália porque pensaram que muçulmanos estavam por trás do ataque com granadas", disse Habib Soule, um morador muçulmano do PK5. "Erguemos barricadas para garantir que os provocadores não entrem no bairro."
Cada vez mais o presidente Faustin-Archange Touadéra, um membro da elite dominante cristã eleito em fevereiro de 2016, é acusado de não dialogar com a oposição e a minoria muçulmana.
O Secretariado da ONU pediu ao Brasil 750 soldados de infantaria para a Missão Integrada Multidimensional para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca). No momento, a ONU tem 12 mil soldados no país.
A República Centro-Africa tem 623 mil quilômetros quadrados e cerca de 5 milhões de habitantes, com produto interno bruto de US$ 1,85 bilhão e renda média de US 370 por pessoa. É um dos países mais pobres do mundo, muito mais pobre do que o Haiti. O governo brasileiro tem até 15 de dezembro para dar uma resposta.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, admitiu na semana passada a possibilidade de enviar até mil soldados: "O Brasil gostaria de assumir o comando, mas a palavra final é da ONU. Mesmo sem o comando, o Brasil vai participar. Temos responsabilidades globais com a estabilidade e a paz no mundo."
"Será muito mais difícil do que no Haiti", afirmou ontem o último comandante da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), chefiada pelo Brasil, general Ajax Porto Pinheiro, ao fazer um balanço da participação brasileira na sede da ONU no Rio de Janeiro, no Palácio do Itamaraty.
Em 11 de novembro, dois homens de motocicleta jogaram granadas num bar onde havia um concerto pela paz e a reconciliação nacional, em Bangui, a capital do país. Eles escolheram um dos bairros que foram palco de conflitos violentos há três anos, quando a República Dominicana esteve à beira do caos.
Sete pessoas morreram e outras 20 saíram feridas no ataque ao bairro PK5, informou a agência Reuters. É um enclave muçulmano na cidade majoritariamente cristã.
"Três ou quatro jovens nossos foram mortos, aparentemente em represália porque pensaram que muçulmanos estavam por trás do ataque com granadas", disse Habib Soule, um morador muçulmano do PK5. "Erguemos barricadas para garantir que os provocadores não entrem no bairro."
Cada vez mais o presidente Faustin-Archange Touadéra, um membro da elite dominante cristã eleito em fevereiro de 2016, é acusado de não dialogar com a oposição e a minoria muçulmana.
O Secretariado da ONU pediu ao Brasil 750 soldados de infantaria para a Missão Integrada Multidimensional para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca). No momento, a ONU tem 12 mil soldados no país.
A República Centro-Africa tem 623 mil quilômetros quadrados e cerca de 5 milhões de habitantes, com produto interno bruto de US$ 1,85 bilhão e renda média de US 370 por pessoa. É um dos países mais pobres do mundo, muito mais pobre do que o Haiti. O governo brasileiro tem até 15 de dezembro para dar uma resposta.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, admitiu na semana passada a possibilidade de enviar até mil soldados: "O Brasil gostaria de assumir o comando, mas a palavra final é da ONU. Mesmo sem o comando, o Brasil vai participar. Temos responsabilidades globais com a estabilidade e a paz no mundo."
"Será muito mais difícil do que no Haiti", afirmou ontem o último comandante da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), chefiada pelo Brasil, general Ajax Porto Pinheiro, ao fazer um balanço da participação brasileira na sede da ONU no Rio de Janeiro, no Palácio do Itamaraty.
Atentado terrorista contra mesquita mata 235 pessoas no Egito
Pelo menos 235 foram mortas e outras 130 saíram feridas do pior atentado terrorista da história moderna do Egito, cometido numa mesquita da Península do Sinai. As principais suspeitas recaem sobre a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O ditador Abdel Fattah al-Sissi prometeu uma "resposta brutal".
Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado até agora, mas as características apontam para o Estado Islâmico. Os terroristas eram cerca de 30. Eles explodiram duas bombas dentro da mesquita e metralharam quem tentava fugir da mesquita da cidade Ber al-Abed, que fica a 40 quilômetros a oeste de Alarixe, a capital e maior cidade da província do Sinai do Norte.
Até ambulâncias que socorriam os feridos foram baleadas. Há cinco anos há grupos jihadistas em atividade na região. Há dois anos, o grupo Ansar Beit al Makdis passou a se chamar de Província do Sinai do Estado Islâmico.
Houve vários atentados terroristas no Sinai desde 2013, mas os principais alvos eram cristãos coptas, que são cerca de 10% da população egípcia. O mais famoso foi a derrubada de um avião da empresa russa Metrojet que ia de Charm al-Cheikh, no Egito, para São Petersburgo, na Rússia, em 31 de outubro de 2015, um mês depois do início da intervenção russa na guerra civil da Síria. Todas as 22 pessoas a bordo morreram.
No mês passado, o Estado Islâmico assaltou um banco em Alarixe e realizou dois ataque fatais. Pelo menos 16 policiais morreram num ataque a um esconderijo dos terroristas no Deserto do Saara, a sudoeste do Cairo.
Desta vez, o alvo foi mesquita era sufista, uma corrente mística do Islã que os jihadistas consideram uma versão degenerada e herética porque seus rituais têm cantos e danças.
O wahabismo, a versão ultrapuritana do islamismo pregada oficialmente e exportada pela Arábia Saudita, surgiu no século 18, quando Mohamed Wahab tentou revigorar e purificar a religião voltando a suas raízes do século 7, na época do profeta Maomé.
Seus seguidores se intitulam salafistas, de salaf (predecessores pios), as três primeiras gerações de muçulmanos, que tomam como exemplo. O salafismo é a ideologia dos terroristas muçulmanos sunitas.
A matança aumenta a pressão sobre o marechal Al-Sissi, que tomou o poder num golpe de Estado em 3 de julho de 2013, derrubando o governo da Irmandade Muçulmana e o primeiro e único presidente eleito democraticamente da história do Egito, Mohamed Mursi, com a promessa de erradicar o terrorismo.
Durante o governo da Irmandade Muçulmana, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino, que domina a Faixa de Gaza, aproveitou da situação para aumentar o contrabando de armas e outras mercadorias. Depois do golpe, Al-Sissi combateu os milicianos jihadistas no Sinai e isolou Gaza, ajudando Israel na guerra de 2014 contra o Hamas.
No momento, o Egito articula a reconciliação entre o Hamas e a Fatah (Luta), que controla a Autoridade Nacional Palestina. Tinha planejado abrir a fronteira entre o Egito e Gaza durante quatro dias no mês passado. Cancelou a abertura diante dos sucessivos ataques terroristas no Sinai.
"Este ato odioso, que reflete a desumanidade de quem o perpetrou, não vai passar sem uma punição firme e definitiva", afirmou o ditador, que decretou luto oficial por três e convocou o conselho de segurança nacional para preparar a resposta.
Se realmente foi o Estado Islâmico, é mais um sinal de que, com a perda do território do califado proclamado em 2014, o grupo regride a uma organização terrorista clandestino. Sem condições de lutar em campo aberto e de conquistar e manter territórios, o Estado Islâmico prova que está vivo cometendo atentados brutais, uma tendência observada pelo menos desde os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris.
No início do mês, o marechal-presidente havia advertido que os milicianos do Estado Islâmico que estão fugindo do Iraque e da Síria chegariam ao Egito através da Líbia, que vive numa situação de anarquia, sem governo estável, desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em agosto de 2011.
O Egito está virando um Afeganistão, um país em guerra permanente.
NOTA: No dia seguinte, o total de mortos subiu para 305.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado até agora, mas as características apontam para o Estado Islâmico. Os terroristas eram cerca de 30. Eles explodiram duas bombas dentro da mesquita e metralharam quem tentava fugir da mesquita da cidade Ber al-Abed, que fica a 40 quilômetros a oeste de Alarixe, a capital e maior cidade da província do Sinai do Norte.
Até ambulâncias que socorriam os feridos foram baleadas. Há cinco anos há grupos jihadistas em atividade na região. Há dois anos, o grupo Ansar Beit al Makdis passou a se chamar de Província do Sinai do Estado Islâmico.
Houve vários atentados terroristas no Sinai desde 2013, mas os principais alvos eram cristãos coptas, que são cerca de 10% da população egípcia. O mais famoso foi a derrubada de um avião da empresa russa Metrojet que ia de Charm al-Cheikh, no Egito, para São Petersburgo, na Rússia, em 31 de outubro de 2015, um mês depois do início da intervenção russa na guerra civil da Síria. Todas as 22 pessoas a bordo morreram.
No mês passado, o Estado Islâmico assaltou um banco em Alarixe e realizou dois ataque fatais. Pelo menos 16 policiais morreram num ataque a um esconderijo dos terroristas no Deserto do Saara, a sudoeste do Cairo.
Desta vez, o alvo foi mesquita era sufista, uma corrente mística do Islã que os jihadistas consideram uma versão degenerada e herética porque seus rituais têm cantos e danças.
O wahabismo, a versão ultrapuritana do islamismo pregada oficialmente e exportada pela Arábia Saudita, surgiu no século 18, quando Mohamed Wahab tentou revigorar e purificar a religião voltando a suas raízes do século 7, na época do profeta Maomé.
Seus seguidores se intitulam salafistas, de salaf (predecessores pios), as três primeiras gerações de muçulmanos, que tomam como exemplo. O salafismo é a ideologia dos terroristas muçulmanos sunitas.
A matança aumenta a pressão sobre o marechal Al-Sissi, que tomou o poder num golpe de Estado em 3 de julho de 2013, derrubando o governo da Irmandade Muçulmana e o primeiro e único presidente eleito democraticamente da história do Egito, Mohamed Mursi, com a promessa de erradicar o terrorismo.
Durante o governo da Irmandade Muçulmana, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino, que domina a Faixa de Gaza, aproveitou da situação para aumentar o contrabando de armas e outras mercadorias. Depois do golpe, Al-Sissi combateu os milicianos jihadistas no Sinai e isolou Gaza, ajudando Israel na guerra de 2014 contra o Hamas.
No momento, o Egito articula a reconciliação entre o Hamas e a Fatah (Luta), que controla a Autoridade Nacional Palestina. Tinha planejado abrir a fronteira entre o Egito e Gaza durante quatro dias no mês passado. Cancelou a abertura diante dos sucessivos ataques terroristas no Sinai.
"Este ato odioso, que reflete a desumanidade de quem o perpetrou, não vai passar sem uma punição firme e definitiva", afirmou o ditador, que decretou luto oficial por três e convocou o conselho de segurança nacional para preparar a resposta.
Se realmente foi o Estado Islâmico, é mais um sinal de que, com a perda do território do califado proclamado em 2014, o grupo regride a uma organização terrorista clandestino. Sem condições de lutar em campo aberto e de conquistar e manter territórios, o Estado Islâmico prova que está vivo cometendo atentados brutais, uma tendência observada pelo menos desde os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris.
No início do mês, o marechal-presidente havia advertido que os milicianos do Estado Islâmico que estão fugindo do Iraque e da Síria chegariam ao Egito através da Líbia, que vive numa situação de anarquia, sem governo estável, desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em agosto de 2011.
O Egito está virando um Afeganistão, um país em guerra permanente.
NOTA: No dia seguinte, o total de mortos subiu para 305.
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
ONU convida Brasil para missão de paz na República Centro-Africana
As Nações Unidas convidaram ontem oficialmente o Brasil a integrar a força internacional de paz na República Centro-Africana, um país sem governo estável, que fica no coração da África, na região do Sahel, ao Sul do Deserto do Saara, onde há atividade de extremistas muçulmanos da Mauritânia à Somália, passando pelo Burkina Fasso, Mali, Nigéria, Níger, Chade, Camarões, Etiópia e Somália, e armas em abundância da guerra civil na Líbia.
"Será muito mais difícil", admitiu hoje o general Ajax Porto Pinheiro, último comandante da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), chefiada pelo Brasil desde seu início, em 2004, até seu encerramento, em outubro de 2017. Ele fez um balanço da operação hoje na sede da ONU, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.
Com entusiasmo e olhar no futuro, o general declarou que "o Haiti é passado". Pinheiro chegou ao país como coronel no pior momento da história haitiana recente, logo depois de terremoto de 12 de janeiro de 2010, que matou de 200 a 300 mil pessoas. O país virou uma "república das organizações não governamentais", comentou o general Pinheiro. "Eram 300 antes do terremoto, 20 mil depois."
Apesar da promessa de ajuda de US$ 10 bilhões para a reconstrução do Haiti depois do terremoto, mais uma vez a sociedade internacional ficou devendo. "O país melhorou muito. A capital, Porto Príncipe, é um exemplo: ruas asfaltadas, canais drenados, a economia reagiu, há novos hotéis turísticos, mas não foi o que foi prometido", constatou.
"No primeiro impacto, todos querem ajudar. Surgem outros problemas e os recursos não chegam. Depois do furacão Matthew, no ano passado, não houve a mesma ajuda. O centro da cidade, já degradado, continua abandonado. O aeroporto melhorou e o porto é melhor do que antes", avaliou.
Na sua opinião, "o Haiti precisa de um projeto socioeconômico com energia, reflorestamento e controle da natalidade, um verdadeiro Plano Marshall", referência à reconstrução da Europa financiada pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial.
Sua missão inicial, em 2010, era colaborar na realização de eleições. Com a tragédia, em que morreram soldados e oficiais brasileiros, a tropa precisou prestar ajuda humanitária. "As eleições duraram um ano e meio. Passei por quatro eleições, dois furacões e um terremoto", recordou.
"O Exército não foi para o Haiti para controlar a Cité Soleil", uma favela de Porto Príncipe, para treinar para ocupar favelas na periferia das grandes cidades brasileiras. "Fomos pacificar o país e evitar uma guerra civil", enfatizou o ex-comandante da missão da ONU no Haiti
Para ser um soldado da ONU, é preciso respeitar rigorosamente as regras da organização. Em seu preparo, o general e toda a tropa tiveram de estudar a trágica e tumultuada história do Haiti, uma colônia francesa onde os escravos se revoltaram em 1791, dois anos depois da Revolução Francesa de 1789. Depois que Napoleão assumiu o poder, em 1803, a França entrou em guerra com o governo revolucionário.
Os haitianos ganharam, mas logo começaram a brigar entre si pelo poder. "Jean-Jacques Dessalines se proclamou imperador. O país foi dividido em dois: Henri Christophe, no Norte, e Alexandre Pétion, no Sul." Isolado pelo resto do mundo, o país destruiu seus recursos naturais, suas florestas e fontes de água doce.
É hoje o país mais pobre da América, com produto interno bruto de US$ 9 bilhões, assolado por secas, enchentes, furacões e terremotos, "sem água, sem energia, sem infraestrutura e sem empregos", observou o ex-comandante da Minustah.
Num paralelo com a República Centro-Africana, o ditador Jean-Bédel Bokassa se coroou imperador com uma pompa napoleônica. De 1965 até uma intervenção militar da França, em 1979, o país se chamou Império Centro-Africano.
Durante a Guerra Fria, o Haiti foi governado pelo ditador François Duvalier (1957-71), o Papa Doc, e suas gangues de assassinos os Tontons Macoutes. Ele foi sucedido pelo filho Jean-Claude Duvalier (1971-86), o Baby Doc. Desde 1986, o Haiti teve 15 presidentes.
Em fevereiro de 1991, o padre Jean-Baptiste Aristide assumiu como primeiro presidente eleito da história do país. Seu governo durou sete meses. Foi derrubado pelo comandante das Forças Armadas, general Raoul Cédras, hoje exilado no Panamá.
Sob pressão dos EUA, os militares devolveram o poder a Aristide em 1994. Ele presidiu o Haiti até 1996. Foi sucedido por René Préval (1996-2001), na primeira transição de poder democrática da história do país.
Reeleito em 2001, Aristide governou até 2004. Caiu sob pressão dos Estados Unidos e da França, em meio a uma rebelião de paramilitares liderada por Guy Philippe. Aristide havia dissolvido as Forças Armadas em 1995, mas os ex-militares continuavam conspirando.
Em plena invasão do Iraque por ordem do presidente George W. Bush, os EUA pediram ao Brasil que assumisse o comando da missão de estabilização do Haiti. Uma das primeiras preocupações dos militares brasileiros foi fazer um plano para impedir um assalto das forças de Philippe à capital haitiana.
As eleições que Pinheiro ajudaria a organizar, previstas para 28 de fevereiro de 2010, foram realizadas em 28 de novembro, e o segundo turno em 20 de março de 2011. A vitória do cantor pop Michel Martelly foi anunciada em 21 de abril.
Ao todo, mais de 27 mil militares brasileiros estiveram no Haiti, mais do que os 25 mil que participaram da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. "Foi o maior envio de tropas ao exterior desde a Guerra da Tríplice Aliança", mais conhecida como Guerra do Paraguai (1864-70). Vinte e cinco brasileiros morreram, inclusive dois generais; 18 mortes foram no terremoto.
No comando da missão, cargo que ocupou de outubro de 2015 até outubro de 2017, "não tem com quem compartilhar os erros. É um risco diário, o medo de falhar, o medo de Ruanda, onde a ONU ficou devendo."
A missão de paz na República Centro-Africana ocorre sob o espectro da Síndrome de Ruanda, onde um batalhão da ONU não foi capaz de impedir o genocídio de 800 mil pessoas de abril a junho de 1994.
Depois do Haiti, Pinheiro acredita que o Brasil está preparado: "É precisa ser adaptável. Os soldados brasileiros se integram bem, são adaptáveis, estão sempre de bom humor e não cometemos nenhum abuso sexual, o que desmoraliza a tropa."
O comandante, acrescentou, precisa de liberdade para agir, tem de ter iniciativa, não pode consultar a ONU a cada decisão: "É preciso passar do planejamento à execução em pouco tempo."
Ajax Pinheiro gostaria de aumentar o período de permanência dos soldados no exterior de seis para nove meses: "Quando as tropas estão preparadas, conhecem o Sistema ONU, têm de voltar."
"A profissão militar é arriscada. Exige grande motivação. Na República Centro-Africana, eles podem ficar 4 a 6 meses longe da base, como uma tropa expedicionária, como fazemos na Amazônia", ponderou o ex-comandante da Minustah.
"Os soldados brasileiros vão desembarcar na República de Camarões, viajar mais mil quilômetros por terra até a República Centro-Africana e mais 400 km até a base. Vão atuar no campo. Vai ter pane. Vai haver ataques. Eles vão ficar sem comunicações. Vai morrer gente", previu o general.
"Soldado de força de paz tem ser bom atirador", advertiu. "Não pode errar o primeiro tiro. Tem de ter bom condicionamento físico. Não pode ter problema de saúde. Não cheguem como salvadores da pátria. Tenham menos impulsividade no início."
À espreita, estarão grupos rebeldes como a Séléka, uma aliança de milícia e grupo terrorista majoritariamente muçulmano formado em agosto de 2012. Isso envolve a República Centro-Africana no movimento jihadista num momento de competição entre a rede terrorista Al Caeda e o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Segundo grupo extremista muçulmano mais assassino, depois do Estado Islâmico, a milícia nigeriana Boko Haram, que jurou lealdade ao Estado Islâmico, age na Nigéria, no Níger, em Camarões e no Chade, enquanto Al Caeda no Magreb (a região muçulmano do Norte da África) atua no Mali e a milícia somaliana Al Chababe ataca na Somália e na Etiópia.
Do outro lado, estão as milícias cristãs conhecidas como Anti-Balaka (Anti-Espada ou Anti-Machete), formadas durante o governo golpista de Michel Djotodia, entre março de 2013 e janeiro de 2014. A Presidência foi entregue à presidente do Parlamento, Catherine Samba-Panza. Depois das eleições de dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, venceu o ex-primeiro-ministro Faustin-Archange Touadéra, atual presidente.
No fim de 2014, a República Centro-Africana estava literalmente dividida entre a ex-Séléka (oficialmente dissolvida em 2013), no Nordeste, e a Anti-Balaka, no Sudoeste. Com a desmobilização inicial da Séléka, a Anti-Balaka ficou mais forte. A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional denunciou em 2014 vários massacres que deflagaram a fuga em massa de milhares de muçulmanos.
Em dezembro de 2015, os líderes da ex-Séléka declararam a independência da República de Logone.
"Será muito mais difícil", admitiu hoje o general Ajax Porto Pinheiro, último comandante da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), chefiada pelo Brasil desde seu início, em 2004, até seu encerramento, em outubro de 2017. Ele fez um balanço da operação hoje na sede da ONU, no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro.
Com entusiasmo e olhar no futuro, o general declarou que "o Haiti é passado". Pinheiro chegou ao país como coronel no pior momento da história haitiana recente, logo depois de terremoto de 12 de janeiro de 2010, que matou de 200 a 300 mil pessoas. O país virou uma "república das organizações não governamentais", comentou o general Pinheiro. "Eram 300 antes do terremoto, 20 mil depois."
Apesar da promessa de ajuda de US$ 10 bilhões para a reconstrução do Haiti depois do terremoto, mais uma vez a sociedade internacional ficou devendo. "O país melhorou muito. A capital, Porto Príncipe, é um exemplo: ruas asfaltadas, canais drenados, a economia reagiu, há novos hotéis turísticos, mas não foi o que foi prometido", constatou.
"No primeiro impacto, todos querem ajudar. Surgem outros problemas e os recursos não chegam. Depois do furacão Matthew, no ano passado, não houve a mesma ajuda. O centro da cidade, já degradado, continua abandonado. O aeroporto melhorou e o porto é melhor do que antes", avaliou.
Na sua opinião, "o Haiti precisa de um projeto socioeconômico com energia, reflorestamento e controle da natalidade, um verdadeiro Plano Marshall", referência à reconstrução da Europa financiada pelos Estados Unidos depois da Segunda Guerra Mundial.
Sua missão inicial, em 2010, era colaborar na realização de eleições. Com a tragédia, em que morreram soldados e oficiais brasileiros, a tropa precisou prestar ajuda humanitária. "As eleições duraram um ano e meio. Passei por quatro eleições, dois furacões e um terremoto", recordou.
"O Exército não foi para o Haiti para controlar a Cité Soleil", uma favela de Porto Príncipe, para treinar para ocupar favelas na periferia das grandes cidades brasileiras. "Fomos pacificar o país e evitar uma guerra civil", enfatizou o ex-comandante da missão da ONU no Haiti
Para ser um soldado da ONU, é preciso respeitar rigorosamente as regras da organização. Em seu preparo, o general e toda a tropa tiveram de estudar a trágica e tumultuada história do Haiti, uma colônia francesa onde os escravos se revoltaram em 1791, dois anos depois da Revolução Francesa de 1789. Depois que Napoleão assumiu o poder, em 1803, a França entrou em guerra com o governo revolucionário.
Os haitianos ganharam, mas logo começaram a brigar entre si pelo poder. "Jean-Jacques Dessalines se proclamou imperador. O país foi dividido em dois: Henri Christophe, no Norte, e Alexandre Pétion, no Sul." Isolado pelo resto do mundo, o país destruiu seus recursos naturais, suas florestas e fontes de água doce.
É hoje o país mais pobre da América, com produto interno bruto de US$ 9 bilhões, assolado por secas, enchentes, furacões e terremotos, "sem água, sem energia, sem infraestrutura e sem empregos", observou o ex-comandante da Minustah.
Num paralelo com a República Centro-Africana, o ditador Jean-Bédel Bokassa se coroou imperador com uma pompa napoleônica. De 1965 até uma intervenção militar da França, em 1979, o país se chamou Império Centro-Africano.
Durante a Guerra Fria, o Haiti foi governado pelo ditador François Duvalier (1957-71), o Papa Doc, e suas gangues de assassinos os Tontons Macoutes. Ele foi sucedido pelo filho Jean-Claude Duvalier (1971-86), o Baby Doc. Desde 1986, o Haiti teve 15 presidentes.
Em fevereiro de 1991, o padre Jean-Baptiste Aristide assumiu como primeiro presidente eleito da história do país. Seu governo durou sete meses. Foi derrubado pelo comandante das Forças Armadas, general Raoul Cédras, hoje exilado no Panamá.
Sob pressão dos EUA, os militares devolveram o poder a Aristide em 1994. Ele presidiu o Haiti até 1996. Foi sucedido por René Préval (1996-2001), na primeira transição de poder democrática da história do país.
Reeleito em 2001, Aristide governou até 2004. Caiu sob pressão dos Estados Unidos e da França, em meio a uma rebelião de paramilitares liderada por Guy Philippe. Aristide havia dissolvido as Forças Armadas em 1995, mas os ex-militares continuavam conspirando.
Em plena invasão do Iraque por ordem do presidente George W. Bush, os EUA pediram ao Brasil que assumisse o comando da missão de estabilização do Haiti. Uma das primeiras preocupações dos militares brasileiros foi fazer um plano para impedir um assalto das forças de Philippe à capital haitiana.
As eleições que Pinheiro ajudaria a organizar, previstas para 28 de fevereiro de 2010, foram realizadas em 28 de novembro, e o segundo turno em 20 de março de 2011. A vitória do cantor pop Michel Martelly foi anunciada em 21 de abril.
Ao todo, mais de 27 mil militares brasileiros estiveram no Haiti, mais do que os 25 mil que participaram da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. "Foi o maior envio de tropas ao exterior desde a Guerra da Tríplice Aliança", mais conhecida como Guerra do Paraguai (1864-70). Vinte e cinco brasileiros morreram, inclusive dois generais; 18 mortes foram no terremoto.
No comando da missão, cargo que ocupou de outubro de 2015 até outubro de 2017, "não tem com quem compartilhar os erros. É um risco diário, o medo de falhar, o medo de Ruanda, onde a ONU ficou devendo."
A missão de paz na República Centro-Africana ocorre sob o espectro da Síndrome de Ruanda, onde um batalhão da ONU não foi capaz de impedir o genocídio de 800 mil pessoas de abril a junho de 1994.
Depois do Haiti, Pinheiro acredita que o Brasil está preparado: "É precisa ser adaptável. Os soldados brasileiros se integram bem, são adaptáveis, estão sempre de bom humor e não cometemos nenhum abuso sexual, o que desmoraliza a tropa."
O comandante, acrescentou, precisa de liberdade para agir, tem de ter iniciativa, não pode consultar a ONU a cada decisão: "É preciso passar do planejamento à execução em pouco tempo."
Ajax Pinheiro gostaria de aumentar o período de permanência dos soldados no exterior de seis para nove meses: "Quando as tropas estão preparadas, conhecem o Sistema ONU, têm de voltar."
"A profissão militar é arriscada. Exige grande motivação. Na República Centro-Africana, eles podem ficar 4 a 6 meses longe da base, como uma tropa expedicionária, como fazemos na Amazônia", ponderou o ex-comandante da Minustah.
"Os soldados brasileiros vão desembarcar na República de Camarões, viajar mais mil quilômetros por terra até a República Centro-Africana e mais 400 km até a base. Vão atuar no campo. Vai ter pane. Vai haver ataques. Eles vão ficar sem comunicações. Vai morrer gente", previu o general.
"Soldado de força de paz tem ser bom atirador", advertiu. "Não pode errar o primeiro tiro. Tem de ter bom condicionamento físico. Não pode ter problema de saúde. Não cheguem como salvadores da pátria. Tenham menos impulsividade no início."
À espreita, estarão grupos rebeldes como a Séléka, uma aliança de milícia e grupo terrorista majoritariamente muçulmano formado em agosto de 2012. Isso envolve a República Centro-Africana no movimento jihadista num momento de competição entre a rede terrorista Al Caeda e o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Segundo grupo extremista muçulmano mais assassino, depois do Estado Islâmico, a milícia nigeriana Boko Haram, que jurou lealdade ao Estado Islâmico, age na Nigéria, no Níger, em Camarões e no Chade, enquanto Al Caeda no Magreb (a região muçulmano do Norte da África) atua no Mali e a milícia somaliana Al Chababe ataca na Somália e na Etiópia.
Do outro lado, estão as milícias cristãs conhecidas como Anti-Balaka (Anti-Espada ou Anti-Machete), formadas durante o governo golpista de Michel Djotodia, entre março de 2013 e janeiro de 2014. A Presidência foi entregue à presidente do Parlamento, Catherine Samba-Panza. Depois das eleições de dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, venceu o ex-primeiro-ministro Faustin-Archange Touadéra, atual presidente.
No fim de 2014, a República Centro-Africana estava literalmente dividida entre a ex-Séléka (oficialmente dissolvida em 2013), no Nordeste, e a Anti-Balaka, no Sudoeste. Com a desmobilização inicial da Séléka, a Anti-Balaka ficou mais forte. A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional denunciou em 2014 vários massacres que deflagaram a fuga em massa de milhares de muçulmanos.
Em dezembro de 2015, os líderes da ex-Séléka declararam a independência da República de Logone.
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quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Primeiro-ministro Saad Hariri volta ao Líbano e suspende demissão
Dezoito dias depois de anunciar sua demissão pela TV na Arábia Saudita denunciando tentativas de assassinato, o primeiro-ministro Saad Hariri anunciou hoje que suspende sua decisão para discutir o futuro do Líbano com outros líderes políticos.
Hariri voltou ontem a Beirute para participar hoje das comemorações da independência do Líbano, em 1943. A percepção no Líbano é que ele pediu demissão a pedido do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, para pressionar a milícia extremista muçulmana xiita Hesbolá (Partido de Deus), financiada, armada e treinada pelo Irã.
A demissão aumentou a tensão no Líbano, apesar da luta constante do país para não ser contaminado pela guerra civil na vizinha Síria. O líder do Hesbolá, xeique Hassan Nasrallah, e seu aliado, o presidente Michel Aoun, acusaram o regime saudita de sequestrá-lo.
Antes de voltar, Saad Hariri foi à França, a antiga potência colonial, e ao Egito.
Por um acordo para a divisão do poder no Líbano, o presidente é cristão, o primeiro-ministro muçulmano sunita e o presidente do Parlamento muçulmano xiita.
Hariri voltou ontem a Beirute para participar hoje das comemorações da independência do Líbano, em 1943. A percepção no Líbano é que ele pediu demissão a pedido do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, para pressionar a milícia extremista muçulmana xiita Hesbolá (Partido de Deus), financiada, armada e treinada pelo Irã.
A demissão aumentou a tensão no Líbano, apesar da luta constante do país para não ser contaminado pela guerra civil na vizinha Síria. O líder do Hesbolá, xeique Hassan Nasrallah, e seu aliado, o presidente Michel Aoun, acusaram o regime saudita de sequestrá-lo.
Antes de voltar, Saad Hariri foi à França, a antiga potência colonial, e ao Egito.
Por um acordo para a divisão do poder no Líbano, o presidente é cristão, o primeiro-ministro muçulmano sunita e o presidente do Parlamento muçulmano xiita.
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Carniceiro da Bósnia pega prisão perpétua em tribunal da ONU
O Tribunal Especial das Nações Unidas para a Antiga Iugoslávia, com sede em Haia, na Holanda, condenou hoje à prisão perpétua o ex-comandante militar sérvio na guerra contra a independência da Bósnia-Herzegovina (1992-95), general Ratko Mladic, por genocício, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Ele protestou aos gritos e foi retirado do tribunal, revelou o jornal inglês The Independent.
Aos 75 anos, o Carniceiro da Bósnia foi condenado, entre outras razões, por dois episódios marcantes da guerra civil da Bósnia, o cerco da capital, Sarajevo, em que mais de 10 mil pessoas foram mortas, e o Massacre de Srebrenica, o pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Ao todo, 100 mil pessoas morreram na guerra.
Cerca de 8 mil homens e adolescentes foram sumariamente executados depois da queda de Srebrenica, que deveria estar sob proteção de uma missão de paz da ONU a cargo de holandeses, em julho de 1995. Mladic foi considerado culpado de 10 das 11 acusações. Seus advogados prometem recorrer.
O alto comissário da ONU para direitos humanos, Zeid Raad al-Hussein, festejou o resultado como "uma vitória importante da Justiça": "Mladic presidiu aos crimes mais sinistros cometidos na Europpa desde a Segunda Guerra Mundial, levando terror, morte e destruição a milhares de vítimas, e tristeza, tragédia e trauma a tantos mais. Sua condenação é um testamento à coragem e à determinação de vítimas e testemunhas que nunca abandonaram a esperança de levá-lo à Justiça."
A sentença é também uma alerta, acrescentou: "O veredito de hoje é uma advertência a quem comete tais crimes de que não vão escapar da Justiça, não importa quão poderosos sejam nem o tempo que leve para pegá-los. Eles serão responsabilizados."
Mladic foi denunciado criminalmente pelo tribunal em 1996. Ele foi preso 15 anos depois, em maio de 2011, em Lazarevo, na Bósnia. Sua prisão era uma exigência da União Europeia para abrir negociações para a adesão da Sérvia.
A maior de todas as seis repúblicas que formavam a Iugoslávia, a Sérvia tinha o controle do Exército federal e resistiu à tentativa de outras repúblicas de proclamar a independência. A primeira foi a Eslovênia, alvo de uma pequena guerra civil porque não tinha quase população sérvia.
Na Croácia, a guerra civil foi mais brutal. Durou quatro anos (1991-95) e foi marcada por cercos e massacres. Mais de 8 mil sérvios e soldados iugoslavos e pelo menos 11,3 mil croatas morreram.
A Bósnia era multiétnica, com 44% de muçulmanos bósnios, 31% de sérvios e 15% croatas. Em todas as guerras civis, as tropas federais, leais ao presidente iugoslavo e líder sérvio Slobodan Milosevic, usaram armas e arsenais escondidos durante a Guerra Fria para tentar submeter os outros povos iugoslavos.
Milosevic morreu em Haia enquanto esperava o julgamento. O presidente da autoproclamada República Sérvia da Bósnia, Radovan Karadzic, foi condenado no ano passado a 40 anos de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Com a condenação de Mladic, o tribunal especial encerra suas atividades.
Finalmente, fez-se alguma justiça para as vítimas da guerra civil na Bósnia, mas no momento em que o fantasma do ultranacionalismo e do neofascismo voltam a assombrar a Europa.
Hoje o atual presidente sérvio, Alexander Vucic, declarou que o país "respeita as vítimas" e pediu um olhar para o futuro: "Gostaria de convocar a todos para olhar para o futuro e não se afogar nas lágrimas do passado. Precisamos olhar para o futuro para finalmente termos um país estável."
Aos 75 anos, o Carniceiro da Bósnia foi condenado, entre outras razões, por dois episódios marcantes da guerra civil da Bósnia, o cerco da capital, Sarajevo, em que mais de 10 mil pessoas foram mortas, e o Massacre de Srebrenica, o pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Ao todo, 100 mil pessoas morreram na guerra.
Cerca de 8 mil homens e adolescentes foram sumariamente executados depois da queda de Srebrenica, que deveria estar sob proteção de uma missão de paz da ONU a cargo de holandeses, em julho de 1995. Mladic foi considerado culpado de 10 das 11 acusações. Seus advogados prometem recorrer.
O alto comissário da ONU para direitos humanos, Zeid Raad al-Hussein, festejou o resultado como "uma vitória importante da Justiça": "Mladic presidiu aos crimes mais sinistros cometidos na Europpa desde a Segunda Guerra Mundial, levando terror, morte e destruição a milhares de vítimas, e tristeza, tragédia e trauma a tantos mais. Sua condenação é um testamento à coragem e à determinação de vítimas e testemunhas que nunca abandonaram a esperança de levá-lo à Justiça."
A sentença é também uma alerta, acrescentou: "O veredito de hoje é uma advertência a quem comete tais crimes de que não vão escapar da Justiça, não importa quão poderosos sejam nem o tempo que leve para pegá-los. Eles serão responsabilizados."
Mladic foi denunciado criminalmente pelo tribunal em 1996. Ele foi preso 15 anos depois, em maio de 2011, em Lazarevo, na Bósnia. Sua prisão era uma exigência da União Europeia para abrir negociações para a adesão da Sérvia.
A maior de todas as seis repúblicas que formavam a Iugoslávia, a Sérvia tinha o controle do Exército federal e resistiu à tentativa de outras repúblicas de proclamar a independência. A primeira foi a Eslovênia, alvo de uma pequena guerra civil porque não tinha quase população sérvia.
Na Croácia, a guerra civil foi mais brutal. Durou quatro anos (1991-95) e foi marcada por cercos e massacres. Mais de 8 mil sérvios e soldados iugoslavos e pelo menos 11,3 mil croatas morreram.
A Bósnia era multiétnica, com 44% de muçulmanos bósnios, 31% de sérvios e 15% croatas. Em todas as guerras civis, as tropas federais, leais ao presidente iugoslavo e líder sérvio Slobodan Milosevic, usaram armas e arsenais escondidos durante a Guerra Fria para tentar submeter os outros povos iugoslavos.
Milosevic morreu em Haia enquanto esperava o julgamento. O presidente da autoproclamada República Sérvia da Bósnia, Radovan Karadzic, foi condenado no ano passado a 40 anos de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Com a condenação de Mladic, o tribunal especial encerra suas atividades.
Finalmente, fez-se alguma justiça para as vítimas da guerra civil na Bósnia, mas no momento em que o fantasma do ultranacionalismo e do neofascismo voltam a assombrar a Europa.
Hoje o atual presidente sérvio, Alexander Vucic, declarou que o país "respeita as vítimas" e pediu um olhar para o futuro: "Gostaria de convocar a todos para olhar para o futuro e não se afogar nas lágrimas do passado. Precisamos olhar para o futuro para finalmente termos um país estável."
Presidente de Angola muda cúpula das Forças Armadas
Em mais uma manobra para se consolidar no poder, o novo presidente de Angola, general da reserva João Lourenço, exonerou 19 generais nomeados pelo ex-presidente José Eduardo dos Santos, inclusive o chefe da Casa de Segurança da Presidência, e nomeou 54 oficiais generais para postos estratégicos, informou a Agência Lusa.
João Lourenço, de 62 anos, foi eleito em 23 de agosto. É o terceiro presidente da história de Angola, depois do herói da independência, Agostinho Neto (1975-79), e de seu antecessor, José Eduardo dos Santos (1979-2017), que estava no poder há mais tempo do que o recém-deposto Robert Mugabe, no Zimbábue. Ele continua liderando o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde a independência.
Desde que tomou posse, em 26 de setembro, o novo presidente mudou as direções de empresas estatais de diamantes, minerais, petróleo, comunicação social, bancos comerciais e o Banco Nacional de Angola.
A exoneração mais notória foi de Isabel dos Santos, a mulher mais rica da África, com fortuna estimada em US$ 3 bilhões, filha do ex-presidente, da presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a estatal de petróleo.
João Lourenço, de 62 anos, foi eleito em 23 de agosto. É o terceiro presidente da história de Angola, depois do herói da independência, Agostinho Neto (1975-79), e de seu antecessor, José Eduardo dos Santos (1979-2017), que estava no poder há mais tempo do que o recém-deposto Robert Mugabe, no Zimbábue. Ele continua liderando o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), no poder desde a independência.
Desde que tomou posse, em 26 de setembro, o novo presidente mudou as direções de empresas estatais de diamantes, minerais, petróleo, comunicação social, bancos comerciais e o Banco Nacional de Angola.
A exoneração mais notória foi de Isabel dos Santos, a mulher mais rica da África, com fortuna estimada em US$ 3 bilhões, filha do ex-presidente, da presidente do Conselho de Administração da Sonangol, a estatal de petróleo.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Ditador Mugabe renuncia à Presidência do Zimbábue após 37 anos
Seis dias depois do golpe militar que o tirou do poder depois de 37 anos, o ditador Robert Mugabe, de 93 anos, cedeu à pressão das Forças Armadas e do partido do governo e renunciou hoje à Presidência do Zimbábue, noticiou a televisão pública britânica BBC.
Em seu lugar, assume o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, o Crocodilo, que há duas semanas o velho ditador tentou trocar por sua mulher, Grace Mugabe.
É o fim melancólico de um herói da independência que virou um ditador, exerceu o poder com crueldade e arrasou a economia, levando o país conhecido como celeiro da África a uma inflação de 500 bilhões por cento ao ano e à miséria generalizada ao armar gangues para tomar à força as propriedades dos brancos.
Na prática, foi um desfecho para a luta pelo poder em torno da sucessão de Mugabe dentro do partido dominante, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF). Mnangagwa teve o apoio decisivo do comandante das Forças Armadas, general Constantino Chiwenga, o homem-forte por trás do trono.
O golpe de 15 de novembro consolidou o poder do grupo dominante no ZANU-PF e afastou os aliados de Grace Mugabe. O ditador foi poupado como uma figura histórica. Em prisão domiciliar, Mugabe recebeu a visita dos generais.
No domingo, o partido tirou o herói da independência da liderança e expulsou sua mulher. Havia a expectativa de que Mugabe anunciaria a renúncia em pronunciamento em rede nacional de televisão. Ele não renunciou e deu a entender que participaria do próximo congresso do partido.
Para aumentar a pressão, os militares e aliados do regime mobilizaram a população, que saiu às ruas para pedir a queda do odiado Mugabe. Semanas antes, a multidão teria sido metralhada pelo Exército.
Diante da resistência do ditador, o ZANU-PF iniciou a abertura de um processo de impeachment. Um grande guerreiro não se entrega. Provavelmente Mugabe sonhasse em morrer no poder. A tentativa de indicar a mulher como sucessora e o afastamento do vice-presidente foram os últimos abusos de poder.
A dúvida agora é se a massa mobilizada para afastar o ditador vai voltar para casa ou vai aderir à campanha da oposição, surpreendida pelo golpe, por eleições antecipadas. Um memorando interno do Departamento de Estado americano vazado anos atrás pelo sítio de pirataria cibernética WikiLeaks expressava o temor de que Mnangagwa fosse ainda mais repressivo do que Mugabe.
Em seu lugar, assume o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, o Crocodilo, que há duas semanas o velho ditador tentou trocar por sua mulher, Grace Mugabe.
É o fim melancólico de um herói da independência que virou um ditador, exerceu o poder com crueldade e arrasou a economia, levando o país conhecido como celeiro da África a uma inflação de 500 bilhões por cento ao ano e à miséria generalizada ao armar gangues para tomar à força as propriedades dos brancos.
Na prática, foi um desfecho para a luta pelo poder em torno da sucessão de Mugabe dentro do partido dominante, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF). Mnangagwa teve o apoio decisivo do comandante das Forças Armadas, general Constantino Chiwenga, o homem-forte por trás do trono.
O golpe de 15 de novembro consolidou o poder do grupo dominante no ZANU-PF e afastou os aliados de Grace Mugabe. O ditador foi poupado como uma figura histórica. Em prisão domiciliar, Mugabe recebeu a visita dos generais.
No domingo, o partido tirou o herói da independência da liderança e expulsou sua mulher. Havia a expectativa de que Mugabe anunciaria a renúncia em pronunciamento em rede nacional de televisão. Ele não renunciou e deu a entender que participaria do próximo congresso do partido.
Para aumentar a pressão, os militares e aliados do regime mobilizaram a população, que saiu às ruas para pedir a queda do odiado Mugabe. Semanas antes, a multidão teria sido metralhada pelo Exército.
Diante da resistência do ditador, o ZANU-PF iniciou a abertura de um processo de impeachment. Um grande guerreiro não se entrega. Provavelmente Mugabe sonhasse em morrer no poder. A tentativa de indicar a mulher como sucessora e o afastamento do vice-presidente foram os últimos abusos de poder.
A dúvida agora é se a massa mobilizada para afastar o ditador vai voltar para casa ou vai aderir à campanha da oposição, surpreendida pelo golpe, por eleições antecipadas. Um memorando interno do Departamento de Estado americano vazado anos atrás pelo sítio de pirataria cibernética WikiLeaks expressava o temor de que Mnangagwa fosse ainda mais repressivo do que Mugabe.
Paris e Amsterdã ganham agências europeias pós-Brexit no sorteio
Com a saída do Reino Unido da União Europeia em março de 2017, duas agências europeias deixam Londres e vão para o continente. A Agência Europeia de Medicamentos irá para Amsterdã, a capital da Holanda, e a Agência Bancária Europeia para Paris, na França, noticiou ontem a agência Reuters.
Na votação, Amsterdã empatou com a favorita Milão, a cidade mais rica da Itália. O mesmo aconteceu com Paris e Dublin, a capital da Irlanda, bem votada numa compensação por causa do forte impacto da Brexit (saída britânica) neste país. A decisão foi para sorteio.
A grande derrotada foi Frankfurt, na Alemanha. A cidade-sede do Banco Central Europeu (BCE) sonha em ser o principal centro financeiro do continente com o esvaziamento de Londres. Ficou em terceiro lugar.
O empate em 13-13 entre Amsterdã e Milão se deveu à abstenção da Eslováquia em protesto porque nenhuma agência europeia tem sede nos antigos países comunistas da Europa Oriental, que entraram na UE a partir de 2004.
"É como perder uma final nos pênaltis, lamentou o ministro italiano para a Europa, Sandro Gozi. Deixa "um gosto amargo na boca".
Na votação, Amsterdã empatou com a favorita Milão, a cidade mais rica da Itália. O mesmo aconteceu com Paris e Dublin, a capital da Irlanda, bem votada numa compensação por causa do forte impacto da Brexit (saída britânica) neste país. A decisão foi para sorteio.
A grande derrotada foi Frankfurt, na Alemanha. A cidade-sede do Banco Central Europeu (BCE) sonha em ser o principal centro financeiro do continente com o esvaziamento de Londres. Ficou em terceiro lugar.
O empate em 13-13 entre Amsterdã e Milão se deveu à abstenção da Eslováquia em protesto porque nenhuma agência europeia tem sede nos antigos países comunistas da Europa Oriental, que entraram na UE a partir de 2004.
"É como perder uma final nos pênaltis, lamentou o ministro italiano para a Europa, Sandro Gozi. Deixa "um gosto amargo na boca".
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Governo Trump retira proteção temporária a imigrantes do Haiti
O governo Donald Trump deu ontem um ano e meio para saírem do país 50 mil haitianos que vivem nos Estados Unidos sob "proteção temporária" por causa do Terremoto de Porto Príncipe, noticiou o jornal The Washington Post. Mais de 200 mil pessoas morreram no tremor 7 graus na Escala Richter que arrasou a capital do Haiti em 12 de janeiro de 2010.
A decisão anunciada pelo Departamento de Segurança Interna por causa do fim das "condições extraordinárias" que a justificavam agrada ao eleitorado e aos políticos anti-imigração. Eles alegam que o objetivo nunca foi dar residência permanente aos refugiados do terremoto do Haiti.
"Desde o terremoto de 2010, o número de pessoas desalojadas no Haiti caiu 97%", declarou a secretária interina de Segurança Interna, Elaine Duke. "Foram dados passos significativos para melhorar a estabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos haitianos, e o Haiti é capaz de receber com segurança o retorno de seus cidadãos."
O Brasil liderou a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), que garantiu a segurança do país de 2004 até outubro de 2017. Depois do terremoto, a sociedade internacional prometeu US$ 10 bilhões ao Haiti.
Quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, esteve no Rio de Janeiro, em junho de 2010, participando do Terceiro Fórum da Aliança de Civilizações, perguntei, em entrevista à TV Brasil, se mais uma vez o mundo iria falir o Haiti.
"Não, de jeito nenhum", reagiu o então secretário-geral. "A paz, a reconstrução e o desenvolvimento do Haiti são prioridades da ONU. Mais uma vez, o Brasil está na vanguarda, liderando esta campanha não apenas financeiramente, mas fornecendo soldados, policiais e o comandante da força de paz da ONU no Haiti. O ex-presidente Bill Clinton e o primeiro-ministro haitiano, Max Bellerive, são co-presidentes da comissão de reconstrução. Vamos construir um Haiti melhor. É nosso compromisso."
Mais uma vez, a sociedade internacional ficou devendo, a julgar pelo número de haitianos que entraram no Brasil e não têm a menor intenção de voltar a seu país de origem.
A decisão anunciada pelo Departamento de Segurança Interna por causa do fim das "condições extraordinárias" que a justificavam agrada ao eleitorado e aos políticos anti-imigração. Eles alegam que o objetivo nunca foi dar residência permanente aos refugiados do terremoto do Haiti.
"Desde o terremoto de 2010, o número de pessoas desalojadas no Haiti caiu 97%", declarou a secretária interina de Segurança Interna, Elaine Duke. "Foram dados passos significativos para melhorar a estabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos haitianos, e o Haiti é capaz de receber com segurança o retorno de seus cidadãos."
O Brasil liderou a Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), que garantiu a segurança do país de 2004 até outubro de 2017. Depois do terremoto, a sociedade internacional prometeu US$ 10 bilhões ao Haiti.
Quando o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, esteve no Rio de Janeiro, em junho de 2010, participando do Terceiro Fórum da Aliança de Civilizações, perguntei, em entrevista à TV Brasil, se mais uma vez o mundo iria falir o Haiti.
"Não, de jeito nenhum", reagiu o então secretário-geral. "A paz, a reconstrução e o desenvolvimento do Haiti são prioridades da ONU. Mais uma vez, o Brasil está na vanguarda, liderando esta campanha não apenas financeiramente, mas fornecendo soldados, policiais e o comandante da força de paz da ONU no Haiti. O ex-presidente Bill Clinton e o primeiro-ministro haitiano, Max Bellerive, são co-presidentes da comissão de reconstrução. Vamos construir um Haiti melhor. É nosso compromisso."
Mais uma vez, a sociedade internacional ficou devendo, a julgar pelo número de haitianos que entraram no Brasil e não têm a menor intenção de voltar a seu país de origem.
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
Chefe do Comando Estratégico dos EUA ameaça recusar ordem de ataque nuclear
O chefe do Comando Estratégico, responsável pelas armas nucleares dos Estados Unidos, general-brigadeiro John Hyten, admitiu no sábado que pode rejeitar uma ordem de ataque de Donald Trump ou outro presidente, se esta ordem for "ilegal".
"Se for ilegal, adivinhem o que vai acontecer. Vou dizer: 'Senhor Presidente, isto é ilegal.' Ele vai perguntar o que seria legal. E eu vou apresentar opções, com base em múltiplas capacidades para responder a qualquer situação. É desse jeito que funciona", declarou o brigadeiro Hyten no Fórum de Segurança Internacional de Halifax, a capital da província da Nova Escócia, no Canadá.
A questão está na ordem do dia por causa das ameaças de um bombardeio nuclear da Coreia do Norte contra os EUA e seus aliados no Leste da Ásia. Hyten revelou ter discutido com Trump possíveis respostas às provações norte-coreanas.
No início do mês, ao depor diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o general-brigadeiro Robert Kehler, chefe do Comando Estratégico e 2011 a 2013, afirmou que as Forças Armadas dos EUA tem a obrigação de cumprir apenas da ordens legais.
"Eu penso que algumas pessoas pensam que somos estúpidos. Não somos pessoas estúpidas. Pensamos muito sobre essas coisas. Quando você tem esta responsabilidade, como não pensar a respeito?", comentou Kehler, acrescentando que não obedeceria a uma ordem ilegal: "Você pode ir para a cadeia pelo resto de sua vida." Ou explodir o mundo num holocausto nuclear.
"Se for ilegal, adivinhem o que vai acontecer. Vou dizer: 'Senhor Presidente, isto é ilegal.' Ele vai perguntar o que seria legal. E eu vou apresentar opções, com base em múltiplas capacidades para responder a qualquer situação. É desse jeito que funciona", declarou o brigadeiro Hyten no Fórum de Segurança Internacional de Halifax, a capital da província da Nova Escócia, no Canadá.
A questão está na ordem do dia por causa das ameaças de um bombardeio nuclear da Coreia do Norte contra os EUA e seus aliados no Leste da Ásia. Hyten revelou ter discutido com Trump possíveis respostas às provações norte-coreanas.
No início do mês, ao depor diante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o general-brigadeiro Robert Kehler, chefe do Comando Estratégico e 2011 a 2013, afirmou que as Forças Armadas dos EUA tem a obrigação de cumprir apenas da ordens legais.
"Eu penso que algumas pessoas pensam que somos estúpidos. Não somos pessoas estúpidas. Pensamos muito sobre essas coisas. Quando você tem esta responsabilidade, como não pensar a respeito?", comentou Kehler, acrescentando que não obedeceria a uma ordem ilegal: "Você pode ir para a cadeia pelo resto de sua vida." Ou explodir o mundo num holocausto nuclear.
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STF do Iraque anula plebiscito sobre a independência do Curdistão
O Supremo Tribunal Federal do Iraque considerou inconstitucional hoje o plebiscito sobre a independência do Curdistão realizado em 25 de setembro de 2017 na região autônoma curda no Norte do país, com 93% de votos a favor, noticiou o canal de notícias francês France 24.
O primeiro-secretário do governo regional curdo, Nechirvan Barzani, prometeu acatar a decisão da Justiça. Seu pai, Massoud Barzani, considerado o principal responsável pela realização do plebiscito, deixa o cargo de governador regional.
Além do governo central do Iraque, o Irã e a Turquia também repudiaram a realização o plebiscito. Um Curdistão independente iria reivindicar mais cedo ou mais tarde a soberania sobre as regiões de maioria curda nestes países.
Uma das missões do STF iraquiano é arbitrar os conflitos entre as regiões do país.
O primeiro-secretário do governo regional curdo, Nechirvan Barzani, prometeu acatar a decisão da Justiça. Seu pai, Massoud Barzani, considerado o principal responsável pela realização do plebiscito, deixa o cargo de governador regional.
Além do governo central do Iraque, o Irã e a Turquia também repudiaram a realização o plebiscito. Um Curdistão independente iria reivindicar mais cedo ou mais tarde a soberania sobre as regiões de maioria curda nestes países.
Uma das missões do STF iraquiano é arbitrar os conflitos entre as regiões do país.
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Trump declara Coreia do Norte patrocinadora do terrorismo
Em mais uma medida para isolar o regime comunista de Kim Jong Un, o presidente Donald Trump acaba de anunciar que os Estados Unidos vão incluir a Coreia do Norte na lista de países que patrocinam o terrorismo.
Trump havia indicado que faria isso durante a recente visita à Ásia, ao acusar o ditador norte-coreano pela morte do meio-irmão Kim Jong Nam, assassinado com seringas envenenadas no aeroporto de Kuala Lumpur, a capital da Malásia, em 13 de fevereiro de 2017.
Hoje, também citou o estudante americano Otto Warmbier, que morreu nos EUA depois de ficar preso um ano e cinco meses, ser torturado na Coreia do Norte e devolvido inconsciente.
A medida impede qualquer contato de cidadãos, governo e empresas dos EUA com a ditadura stalinista de Pyongyang até que o regime pare de apoiar atos terroristas. O Departamento do Tesouro está preparando novas sanções.
A Coreia do Norte já esteve na lista de países exportadores de terrorismo feita pelo Departamento de Estado americano.
Em 2008, seis anos depois de colocar a Coreia do Norte num "eixo do mal" ao lado do Irã e do Iraque, o então presidente George W. Bush retirou o país da lista de acusados de patrocinar terroristas, na esperança de retomar as negociações para desarmar o programa nuclear norte-coreano.
Os EUA e a Coreia do Norte iniciaram negociações em 1994, por iniciativa do ex-presidente Jimmy Carter, que foi a Pionguiangue se encontrar com o ditador Kim Il Sung, fundador do país, em 1948, e avô do atual ditador neste bizarro comunismo dinástico.
Trump havia indicado que faria isso durante a recente visita à Ásia, ao acusar o ditador norte-coreano pela morte do meio-irmão Kim Jong Nam, assassinado com seringas envenenadas no aeroporto de Kuala Lumpur, a capital da Malásia, em 13 de fevereiro de 2017.
Hoje, também citou o estudante americano Otto Warmbier, que morreu nos EUA depois de ficar preso um ano e cinco meses, ser torturado na Coreia do Norte e devolvido inconsciente.
A medida impede qualquer contato de cidadãos, governo e empresas dos EUA com a ditadura stalinista de Pyongyang até que o regime pare de apoiar atos terroristas. O Departamento do Tesouro está preparando novas sanções.
A Coreia do Norte já esteve na lista de países exportadores de terrorismo feita pelo Departamento de Estado americano.
Em 2008, seis anos depois de colocar a Coreia do Norte num "eixo do mal" ao lado do Irã e do Iraque, o então presidente George W. Bush retirou o país da lista de acusados de patrocinar terroristas, na esperança de retomar as negociações para desarmar o programa nuclear norte-coreano.
Os EUA e a Coreia do Norte iniciaram negociações em 1994, por iniciativa do ex-presidente Jimmy Carter, que foi a Pionguiangue se encontrar com o ditador Kim Il Sung, fundador do país, em 1948, e avô do atual ditador neste bizarro comunismo dinástico.
Merkel fracassa ao formar governo e Alemanha pode ter novas eleições
Com a retirada dos liberais-democratas (FDP) das negociações para formar um novo governo na Alemanha, a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel enfrenta sua crise política mais grave em 12 anos no poder. Depois de um mês, ela não conseguiu promover um acordo entre a aliança da União Democrata-Cristã e com a União Social-Cristã (CDU-CSU), que lidera, o FDP e os Verdes.
Os principais pontos de discórdia foram refugiados, migração e mudança do clima. Sem avanços até sexta-feira passada, prazo fixado pela chanceler para chegar um acerto, o líder do FDP, Christian Lindner, abandonou as negociações.
"É melhor não governar do que governar insinceramente", declarou Lindner. Na sua opinião, o processo "demonstrou que os quatro parceiros não têm uma visão comum do nosso país nem uma base comum de confiança".
Merkel foi obrigada a formar um governo de coalizão depois que a CDU obteve nas eleições de 24 de setembro seu pior resultado desde 1949, nas primeiras eleições da Alemanha Ocidental. Sob pressão do novo partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), a aliança CDU-CSU teve apenas 30,2% dos votos.
No domingo, o presidente da Alemanha, o ex-líder do Partido Social-Democrata (PSD) e ex-ministro do Exterior Frank-Walter Steinmeier advertiu para os ricos de novas eleições, que podem fortalecer ainda mais a extrema direita.
Agora, a primeira-ministra pode formar um governo sem maioria parlamentar, que seria frágil, precisando barganhar apoio a cada votação, tentar rearticular a grande coalizão com o SPD ou convocar novas eleições no início de 2018.
No seu primeiro governo (2005-9) e no terceiro (2013-17), Merkel fez alianças com o SPD para ter maioria no Parlamento. Mas aparentemente o SPD prefere novas eleições. Pode ser o fim melancólico da carreira política da mulher apontada como líder do mundo livre depois da ascensão de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
Os principais pontos de discórdia foram refugiados, migração e mudança do clima. Sem avanços até sexta-feira passada, prazo fixado pela chanceler para chegar um acerto, o líder do FDP, Christian Lindner, abandonou as negociações.
"É melhor não governar do que governar insinceramente", declarou Lindner. Na sua opinião, o processo "demonstrou que os quatro parceiros não têm uma visão comum do nosso país nem uma base comum de confiança".
Merkel foi obrigada a formar um governo de coalizão depois que a CDU obteve nas eleições de 24 de setembro seu pior resultado desde 1949, nas primeiras eleições da Alemanha Ocidental. Sob pressão do novo partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), a aliança CDU-CSU teve apenas 30,2% dos votos.
No domingo, o presidente da Alemanha, o ex-líder do Partido Social-Democrata (PSD) e ex-ministro do Exterior Frank-Walter Steinmeier advertiu para os ricos de novas eleições, que podem fortalecer ainda mais a extrema direita.
Agora, a primeira-ministra pode formar um governo sem maioria parlamentar, que seria frágil, precisando barganhar apoio a cada votação, tentar rearticular a grande coalizão com o SPD ou convocar novas eleições no início de 2018.
No seu primeiro governo (2005-9) e no terceiro (2013-17), Merkel fez alianças com o SPD para ter maioria no Parlamento. Mas aparentemente o SPD prefere novas eleições. Pode ser o fim melancólico da carreira política da mulher apontada como líder do mundo livre depois da ascensão de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
domingo, 19 de novembro de 2017
Piñera e Guillier vão para o segundo turno no Chile
O bilionário e ex-presidente Sebastián Piñera, da aliança direitista Chile Vamos, venceu hoje o primeiro turno da eleição presidencial chilena, mas terá de disputar o segundo turno, em 17 de dezembro, com o sociólogo, apresentador de televisão e senador socialista Alejandro Guillier, da coalizão Nova Maioria, de centro-esquerda.
Com 99,6% das urnas apuradas, Piñera lidera com 2,408 milhões de votos (36,6%), seguido de Guillier com 1,491 milhão (22,7%) e da jornalista Beatriz Sánchez, da esquerdista Frente Ampla, que dividiu a coalizão que derrubou a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90).
Mais uma vez as pesquisas erraram. Chegaram a dar até 45% das preferências a Piñera e entre 10% e 15% a Sánchez. Ele ficou bem abaixo disso. Ela supreendeu. Está com 1,332 milhão de votos (20,3%).
Os outros cinco candidatos vêm bem atrás. Com 521 mil votos (7,9%), o direitista independente José Antonio Kast já prometeu apoio incondicional a Piñera no segundo turno. A democrata-cristã Carolina Goic reconheceu o mau desempenho, com 386 mil votos (5,9%), e não quis apoiar ninguém. Marco Enríquez-Ominami, um dia considerado uma jovem promessa da política chilena, está em 375 mil votos (5,7%).
Na ultraesquerda, Eduardo Artés, da União Patriótica (UP), prometeu fazer um governo ainda mais radical do que a Unidade Popular de Salvador Allende (1970-73), derruba no golpe do general Pinochet. Tem até agora 33,6 mil (0,5%), enquanto Alejandro Navarro, a aliança País, fecha a fila com 24 mil votos (0,4%).
Como o voto não é obrigatório desde 2012, o comparecimento às urnas foi de 46,5%, menos da metade dos 14 milhões de eleitores inscritos.
Desde a queda da ditadura de Pinochet em 1990, a coalizão liderada por democratas-cristãos e socialistas governou o Chile, com a exceção do primeiro governo Piñera (2010-14). Agora, pela primeira vez, disputou uma eleição presidencial com dois candidatos.
O resultado surpreendente de Beatriz Sánchez fortalece a Frente Ampla, que sextuplicou sua bancada de deputados, e se qualifica para ter uma papel importante no segundo turno. Refazer a aliança anti-Pinochet parece a única maneira de evitar a vitória da direita.
A aliança Chile Vamos obteve 46% das cadeiras na Câmara e as pesquisas sobre o segundo turno apontam a vitória de Piñera.
Com 99,6% das urnas apuradas, Piñera lidera com 2,408 milhões de votos (36,6%), seguido de Guillier com 1,491 milhão (22,7%) e da jornalista Beatriz Sánchez, da esquerdista Frente Ampla, que dividiu a coalizão que derrubou a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90).
Mais uma vez as pesquisas erraram. Chegaram a dar até 45% das preferências a Piñera e entre 10% e 15% a Sánchez. Ele ficou bem abaixo disso. Ela supreendeu. Está com 1,332 milhão de votos (20,3%).
Os outros cinco candidatos vêm bem atrás. Com 521 mil votos (7,9%), o direitista independente José Antonio Kast já prometeu apoio incondicional a Piñera no segundo turno. A democrata-cristã Carolina Goic reconheceu o mau desempenho, com 386 mil votos (5,9%), e não quis apoiar ninguém. Marco Enríquez-Ominami, um dia considerado uma jovem promessa da política chilena, está em 375 mil votos (5,7%).
Na ultraesquerda, Eduardo Artés, da União Patriótica (UP), prometeu fazer um governo ainda mais radical do que a Unidade Popular de Salvador Allende (1970-73), derruba no golpe do general Pinochet. Tem até agora 33,6 mil (0,5%), enquanto Alejandro Navarro, a aliança País, fecha a fila com 24 mil votos (0,4%).
Como o voto não é obrigatório desde 2012, o comparecimento às urnas foi de 46,5%, menos da metade dos 14 milhões de eleitores inscritos.
Desde a queda da ditadura de Pinochet em 1990, a coalizão liderada por democratas-cristãos e socialistas governou o Chile, com a exceção do primeiro governo Piñera (2010-14). Agora, pela primeira vez, disputou uma eleição presidencial com dois candidatos.
O resultado surpreendente de Beatriz Sánchez fortalece a Frente Ampla, que sextuplicou sua bancada de deputados, e se qualifica para ter uma papel importante no segundo turno. Refazer a aliança anti-Pinochet parece a única maneira de evitar a vitória da direita.
A aliança Chile Vamos obteve 46% das cadeiras na Câmara e as pesquisas sobre o segundo turno apontam a vitória de Piñera.
Mugabe se nega a renunciar e deve sofrer impeachment
Em pronunciamento hoje à noite na televisão, o ex-ditador Robert Mugabe surpreendeu o Zimbábue e não renunciou à presidência do país que governou durante 37 anos até ser deposto num golpe militar na quarta-feira passada.
Mugabe, de 93 anos, foi destituído hoje da liderança da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF). Sua mulher, Grace Mugabe, que pretendia sucedê-lo, foi expulsa do partido.
O ditador tem até amanhã ao meio-dia pela hora local (8h em Brasília) para renunciar. Caso contrário, o Parlamento vai iniciar um processo de impeachment.
O novo líder do partido e do governo é o vice-presidente Emmerson Mnangagwa. Ao afastá-lo, na semana passada, para abrir caminho para sua mulher, Mugabe deflagrou o golpe que o depôs. O outro homem-forte do regime é o ministro da Defesa, general Constantino Chiwenga, que foi a Beijim pedir o aval da China ao golpe branco, sem derramamento de sangue.
Mugabe, de 93 anos, foi destituído hoje da liderança da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF). Sua mulher, Grace Mugabe, que pretendia sucedê-lo, foi expulsa do partido.
O ditador tem até amanhã ao meio-dia pela hora local (8h em Brasília) para renunciar. Caso contrário, o Parlamento vai iniciar um processo de impeachment.
O novo líder do partido e do governo é o vice-presidente Emmerson Mnangagwa. Ao afastá-lo, na semana passada, para abrir caminho para sua mulher, Mugabe deflagrou o golpe que o depôs. O outro homem-forte do regime é o ministro da Defesa, general Constantino Chiwenga, que foi a Beijim pedir o aval da China ao golpe branco, sem derramamento de sangue.
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Partido tira Mugabe da liderança e o pressiona a renunciar
Depois de uma manifestação de massa organizada ontem pelos militares golpistas, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF) destituiu hoje o ditador Robert Mugabe da liderança do partido e expulsou sua mulher, Grace Mugabe, que pretendia sucedê-lo. O novo líder do partido é o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, afastado na semana passada por Mugabe, o que deflagrou o golpe de Estado.
Mugabe, de 93 anos, estava no poder desde a independência do Zimbábue, em 1980. Em prisão domiciliar desde quarta-feira, lee negocia seu destino com a mediação da Igreja Católica. Depois de 37 anos no poder, é um líder sem partido e seus principais assessores foram presos pelos militares. Ele faz um pronunciamento pela televisão hoje à noite. A agência Reuters noticiou que ele vai renunciar.
"O partido não pode tirá-lo da Presidência, então o efeito legal da votação é limitado", observou o advogado constitucionalista Fadzayi Mahere.
Se as milhares de pessoas que saíram ontem às ruas de Harare protestassem semanas atrás, provavelmente o Exército abriria fogo contra a multidão. A oposição exige a renúncia de Mugabe e a convocação de eleições antecipadas.
Em 2000, num memorando interno do Departamento de Estado americano vazado posteriormente pelo sítio de pirataria cibernética WikiLeaks, o vice-presidente Mnangagwa foi descrito como "amplamente temido e desprezado através do país", que "pode ser um líder ainda mais repressivo do que Mugabe".
O outro homem-forte do Zimbábue é o ministro da Defesa, general Constantino Chiwenga, que foi a Beijim pedir o apoio da China, maior investidor estrangeiro no país, que sofre boicote das potências ocidentais por causa das violações aos direitos humanos cometidas pela ditadura de Mugabe.
Mugabe, de 93 anos, estava no poder desde a independência do Zimbábue, em 1980. Em prisão domiciliar desde quarta-feira, lee negocia seu destino com a mediação da Igreja Católica. Depois de 37 anos no poder, é um líder sem partido e seus principais assessores foram presos pelos militares. Ele faz um pronunciamento pela televisão hoje à noite. A agência Reuters noticiou que ele vai renunciar.
"O partido não pode tirá-lo da Presidência, então o efeito legal da votação é limitado", observou o advogado constitucionalista Fadzayi Mahere.
Se as milhares de pessoas que saíram ontem às ruas de Harare protestassem semanas atrás, provavelmente o Exército abriria fogo contra a multidão. A oposição exige a renúncia de Mugabe e a convocação de eleições antecipadas.
Em 2000, num memorando interno do Departamento de Estado americano vazado posteriormente pelo sítio de pirataria cibernética WikiLeaks, o vice-presidente Mnangagwa foi descrito como "amplamente temido e desprezado através do país", que "pode ser um líder ainda mais repressivo do que Mugabe".
O outro homem-forte do Zimbábue é o ministro da Defesa, general Constantino Chiwenga, que foi a Beijim pedir o apoio da China, maior investidor estrangeiro no país, que sofre boicote das potências ocidentais por causa das violações aos direitos humanos cometidas pela ditadura de Mugabe.
sábado, 18 de novembro de 2017
Divisão da aliança anti-Pinochet ajuda direita a voltar ao poder no Chile
Com o fracasso do segundo governo Michelle Bachelet, assolado pela estagnação econômica e a corrupção, e a divisão da aliança de centro-esquerda que derrubou a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-90), o ex-presidente conservador Sebastián Piñera (2010-14) é o favorito na eleição presidencial deste domingo no Chile. Mas terá de disputar o segundo turno em 17 de dezembro.
Pela primeira vez em 30 anos, a coalizão que acabou com a ditadura de Pinochet vai apresentar dois candidatos à Presidência do Chile. O melhor colocado dos dois em pesquisa do instituto Cadem, é Alejandro Guillier (23%), da Nova Maioria. Ele tem a metade das preferências de Piñera (45%), da aliança Vamos Chile, e está bem à frente da esquerdista Beatriz Sánchez (14%), da Frente Ampla.
Ao todo, oito candidatos concorrem à Presidência do Chile. Como o voto não é obrigatório desde 2012, a expectativa é que apenas 6 dos 14 milhões de eleitores chilenos compareçam às urnas amanhã.
Confira os perfis e os programas de cada candidato no jornal chileno La Tercera.
Pela primeira vez em 30 anos, a coalizão que acabou com a ditadura de Pinochet vai apresentar dois candidatos à Presidência do Chile. O melhor colocado dos dois em pesquisa do instituto Cadem, é Alejandro Guillier (23%), da Nova Maioria. Ele tem a metade das preferências de Piñera (45%), da aliança Vamos Chile, e está bem à frente da esquerdista Beatriz Sánchez (14%), da Frente Ampla.
Ao todo, oito candidatos concorrem à Presidência do Chile. Como o voto não é obrigatório desde 2012, a expectativa é que apenas 6 dos 14 milhões de eleitores chilenos compareçam às urnas amanhã.
Confira os perfis e os programas de cada candidato no jornal chileno La Tercera.
Ex-prefeito de Caracas foge da prisão domiciliar para a Espanha
Depois de uma longa viagem em que fugiu por terra até a Colômbia e de Bogotá tomou um avião para Madri, o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma chegou hoje à Espanha, noticiou o jornal espanhol El País. Ele entrou oficialmente como turista, com o direito de ficar até 90 dias no país.
Logo depois de cruzar a fronteira, da cidade de Cúcuta, Ledezma deu entrevista à Rádio Caracol: "Não dá para perder a esperança. Esta é a grande virtude do povo venezuelano." As autoridades colombianas disseram não haver nenhuma ordem internacional de prisão nem pedido formal de detenção do ex-prefeito.
"Minhas saudações a Antonio Ledezma, referência moral da Venezuela, agora livre para liderar a luta desde o exílio para a instauração de um regime democrático em seu país", escreveu no Twitter o secretário-geral da Organização dos Estados Americano (OEA), Luis Almagro, ex-ministro do Exterior do Uruguai.
Agentes do Serviço Bolivarista de Inteligência Nacional (Sebin) cercaram a casa de Ledezma e tentaram invadir a residência durante a madrugada. Tarde demais.
Ledezma, líder da Aliança Povo Bravio, foi preso pela primeira vez em 2015, acusado de incitar à violência durante as manifestações de fevereiro daquele ano, quando pelo menos 43 pessoas foram mortas, a maioria, suspeita-se, devido à ação das forças de segurança governamentais e das milícias populares aliadas ao regime chavista.
Depois de ficar quatro meses na prisão militar de Ramo Verde, por motivos de saúde, o ex-prefeito foi para prisão domiciliar. Foi detido de novo em Ramo Verde por três dias em agosto por defender o boicote à Assembleia Nacional Constituinte ilegal e ilegítima convocada pelo ditador Nicolás Maduro para tirar os poderes da Assembleia Nacional eleita democraticamente, onde a oposição tem ampla maioria.
Logo depois de cruzar a fronteira, da cidade de Cúcuta, Ledezma deu entrevista à Rádio Caracol: "Não dá para perder a esperança. Esta é a grande virtude do povo venezuelano." As autoridades colombianas disseram não haver nenhuma ordem internacional de prisão nem pedido formal de detenção do ex-prefeito.
"Minhas saudações a Antonio Ledezma, referência moral da Venezuela, agora livre para liderar a luta desde o exílio para a instauração de um regime democrático em seu país", escreveu no Twitter o secretário-geral da Organização dos Estados Americano (OEA), Luis Almagro, ex-ministro do Exterior do Uruguai.
Agentes do Serviço Bolivarista de Inteligência Nacional (Sebin) cercaram a casa de Ledezma e tentaram invadir a residência durante a madrugada. Tarde demais.
Ledezma, líder da Aliança Povo Bravio, foi preso pela primeira vez em 2015, acusado de incitar à violência durante as manifestações de fevereiro daquele ano, quando pelo menos 43 pessoas foram mortas, a maioria, suspeita-se, devido à ação das forças de segurança governamentais e das milícias populares aliadas ao regime chavista.
Depois de ficar quatro meses na prisão militar de Ramo Verde, por motivos de saúde, o ex-prefeito foi para prisão domiciliar. Foi detido de novo em Ramo Verde por três dias em agosto por defender o boicote à Assembleia Nacional Constituinte ilegal e ilegítima convocada pelo ditador Nicolás Maduro para tirar os poderes da Assembleia Nacional eleita democraticamente, onde a oposição tem ampla maioria.
Primeiro-ministro demissionário do Líbano chega a Paris
Duas semanas depois de sua surpreendente demissão anunciada pela televisão de Riade, na Arábia Saudita, o primeiro-ministro demissionário do Líbano, Saad Hariri, chegou hoje em Paris, onde foi recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron, informou a televisão France 24.
Antiga potência colonial, a França convidou Hariri, que estaria sendo usado pelo novo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, na sua guerra indireta contra o Irã pela disputa da liderança regional no Oriente Médio.
Ao anunciar sua demissão, em 4 de novembro de 2017, Hariri acusou o Irã e a milícia extremista xiita Hesbolá (Partido de Deus) de tentar matá-lo. Seu pai, Rafik Hariri, foi morto num atentado atribuído aos serviços secretos da Síria em fevereiro de 2005. Ele fez fortuna quando morava na Arábia Saudita, onde nasceu Saad.
O líder do Hesbolá, xeique Hassan Nasrallah, acusou o governo saudita de sequestrar Saad Hariri, que é muçulmano sunita. O presidente libanês, Michel Aoun, um cristão aliado do Hesbolá repetiu a acusação nos últimos dias.
Macron foi a Riade encontrar Hariri e o príncipe MbS. Depois de encontro com o presidente francês em Paris, o primeiro-ministro declarou que vai voltar a Beirute para a festa da independência nacional, em 22 de novembro, e discutir a situação política com Aoun.
"Com respeito à situação política no Líbano, vou a Beirute nos próximos dias, vou participar das celebrações da independência, e é lá que vou tornar conhecidas minhas posição nestas matérias, depois de encontrar o presidente Aoun", anunciou Hariri.
Antes de sair da Arábia Saudita, Hariri negou ter sido mantido no país contra sua vontade.
Antiga potência colonial, a França convidou Hariri, que estaria sendo usado pelo novo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed ben Salman, na sua guerra indireta contra o Irã pela disputa da liderança regional no Oriente Médio.
Ao anunciar sua demissão, em 4 de novembro de 2017, Hariri acusou o Irã e a milícia extremista xiita Hesbolá (Partido de Deus) de tentar matá-lo. Seu pai, Rafik Hariri, foi morto num atentado atribuído aos serviços secretos da Síria em fevereiro de 2005. Ele fez fortuna quando morava na Arábia Saudita, onde nasceu Saad.
O líder do Hesbolá, xeique Hassan Nasrallah, acusou o governo saudita de sequestrar Saad Hariri, que é muçulmano sunita. O presidente libanês, Michel Aoun, um cristão aliado do Hesbolá repetiu a acusação nos últimos dias.
Macron foi a Riade encontrar Hariri e o príncipe MbS. Depois de encontro com o presidente francês em Paris, o primeiro-ministro declarou que vai voltar a Beirute para a festa da independência nacional, em 22 de novembro, e discutir a situação política com Aoun.
"Com respeito à situação política no Líbano, vou a Beirute nos próximos dias, vou participar das celebrações da independência, e é lá que vou tornar conhecidas minhas posição nestas matérias, depois de encontrar o presidente Aoun", anunciou Hariri.
Antes de sair da Arábia Saudita, Hariri negou ter sido mantido no país contra sua vontade.
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sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Aprovação do governo Trump atinge novo recorde de baixa
Depois de três meses seguidos de queda, a popularidade do presidente Donald Trump atingiu novo limite inferior na pesquisa do Instituto Harris e da Universidade de Harvard. Enquanto 41% aprovam, 59% desaprovam o trabalho de Trump na Presidência dos Estados Unidos.
Outra pesquisa, da RealClear Politics, apontou aprovação de apenas 38%. Nesta pesquisa, Trump tinha o apoio de 45% em setembro e 42% em outubro. O presidente obteve o melhor resultado em março: 49%.
Mas o eleitorado que levou Trump à Casa Branca continua fiel. Cerca de 79% dos republicanos e 86% de seus eleitores aprovam o desempenho do presidente. Entre os independentes, a popularidade cai para 38%. Entre democratas, negros e eleitores de Hillary Clinton, a rejeição é quase total.
O prestígio dos republicanos no Congresso é muito pior. Cai para 28% e 52% entre o eleitorado do partido.
Em 301 dias de controle sobre a Casa Branca e o Capitólio, o Partido Republicano não obteve nenhuma vitória legislativa importante. No momento, prepara um megacorte de US$ 1,5 trilhão nos impostos dos ricos e das grandes empresas.
A maioria dos entrevistados (54%) é contra a reforma fiscal republicana e acredita que suas finanças serão prejudicadas. Enquanto 75% dos republicanos apoiam, 77% dos democratas e 56% dos independentes são contra.
Mais da metade é pessimista; 58% veem os EUA indo na direção errada. Mas há otimismo relativo quanto à economia, com 45% achando que vai indo bem enquanto 37% entendem que não está em bom caminho.
Outra pesquisa, da RealClear Politics, apontou aprovação de apenas 38%. Nesta pesquisa, Trump tinha o apoio de 45% em setembro e 42% em outubro. O presidente obteve o melhor resultado em março: 49%.
Mas o eleitorado que levou Trump à Casa Branca continua fiel. Cerca de 79% dos republicanos e 86% de seus eleitores aprovam o desempenho do presidente. Entre os independentes, a popularidade cai para 38%. Entre democratas, negros e eleitores de Hillary Clinton, a rejeição é quase total.
O prestígio dos republicanos no Congresso é muito pior. Cai para 28% e 52% entre o eleitorado do partido.
Em 301 dias de controle sobre a Casa Branca e o Capitólio, o Partido Republicano não obteve nenhuma vitória legislativa importante. No momento, prepara um megacorte de US$ 1,5 trilhão nos impostos dos ricos e das grandes empresas.
A maioria dos entrevistados (54%) é contra a reforma fiscal republicana e acredita que suas finanças serão prejudicadas. Enquanto 75% dos republicanos apoiam, 77% dos democratas e 56% dos independentes são contra.
Mais da metade é pessimista; 58% veem os EUA indo na direção errada. Mas há otimismo relativo quanto à economia, com 45% achando que vai indo bem enquanto 37% entendem que não está em bom caminho.
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quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Mulher mais rica da África é demitida da estatal de petróleo de Angola
Sob suspeita de corrupção, a mulher mais rica da África, Isabel dos Santos, filha de 44 anos do ex-ditador angolano José Eduardo dos Santos, foi demitida ontem da presidência da companhia estatal de petróleo Sonangol pelo novo presidente de Angola, João Lourenço.
A primeira-filha acumulou uma fortuna de US$ 3,3 bilhões durante os 38 anos de governo do pai (1979-2017), herdeiro do grande herói da independência angolana, Agostinho Neto, líder do grupo guerrilheiro de esquerda Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Ao se despedir hoje dos funcionários da Sonangol, Isabel disse que "a memória é fraca" porque a empresa estava em estado de "pré-falência" quando ela assumiu a presidência e agora está bem, depois de "17 meses de mudanças tremendas".
Para o seu lugar, foi nomeado o ministro do Petróleo, Carlos Saturnino, que havia sido afastado por ela. Isabel dos Santos rejeitou uma notícia divulgada pela Agência Lusa apontando como causa da demissão o relatório de um grupo de trabalho criado por João Lourenço para examinar a situação da Sonangol. A conclusão é que havia falta de liderança e de estratégia.
O novo presidente usa o combate à corrupção para se afirmar no poder, a exemplo de outros ditadores, como os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Todo o setor de petróleo e grandes produtores dependentes das exportações de petróleo - como Rússia, Venezuela, Irã, Argélia, Nigéria e Angola - sofrem com a queda nos preços internacionais do barris. De US$ 110 em junho de 2014, o preço baixou até US$ 29 e hoje está em recuperação em torno de US$ 55.
Pelo Twitter, o poeta e música Luaty Beirão, que já foi preso por lutar contra a ditadura do MPLA, ironizou a queda da primeira-filha: "Hey, irmã com uma grande mente, como se sente por ter sido demitida? Tens de te habituar agora."
Numa foto sorrindo ao lado da filha, Beirão escreveu: "Eu e minha filha ao recebermos a notícia da exoneração de Isabel de Angola. João Lourenço veio com nervo, está a sair muito bem."
A primeira-filha acumulou uma fortuna de US$ 3,3 bilhões durante os 38 anos de governo do pai (1979-2017), herdeiro do grande herói da independência angolana, Agostinho Neto, líder do grupo guerrilheiro de esquerda Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Ao se despedir hoje dos funcionários da Sonangol, Isabel disse que "a memória é fraca" porque a empresa estava em estado de "pré-falência" quando ela assumiu a presidência e agora está bem, depois de "17 meses de mudanças tremendas".
Para o seu lugar, foi nomeado o ministro do Petróleo, Carlos Saturnino, que havia sido afastado por ela. Isabel dos Santos rejeitou uma notícia divulgada pela Agência Lusa apontando como causa da demissão o relatório de um grupo de trabalho criado por João Lourenço para examinar a situação da Sonangol. A conclusão é que havia falta de liderança e de estratégia.
O novo presidente usa o combate à corrupção para se afirmar no poder, a exemplo de outros ditadores, como os presidentes da Rússia, Vladimir Putin; da China, Xi Jinping; e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Todo o setor de petróleo e grandes produtores dependentes das exportações de petróleo - como Rússia, Venezuela, Irã, Argélia, Nigéria e Angola - sofrem com a queda nos preços internacionais do barris. De US$ 110 em junho de 2014, o preço baixou até US$ 29 e hoje está em recuperação em torno de US$ 55.
Pelo Twitter, o poeta e música Luaty Beirão, que já foi preso por lutar contra a ditadura do MPLA, ironizou a queda da primeira-filha: "Hey, irmã com uma grande mente, como se sente por ter sido demitida? Tens de te habituar agora."
Numa foto sorrindo ao lado da filha, Beirão escreveu: "Eu e minha filha ao recebermos a notícia da exoneração de Isabel de Angola. João Lourenço veio com nervo, está a sair muito bem."
Ex-procuradora-geral da Venezuela denuncia Maduro à Corte de Haia
A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz esteve hoje na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na Holanda, para denunciar o ditador Nicolás Maduro e outros altos dirigentes do regime chavista por crimes contra a humanidade e mais de 8 mil assassinatos. Ela pediu a prisão de Maduro.
A acusação tem como alvos principais o ditador, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, e outros altos funcionários ligados às forças de segurança do Estado.
Ortega Díaz afirmou ter apresentado mais de mil elementos de prova dos crimes contra a humanidade cometidos pelo governo na repressão às manifestações de protesto da oposição, em que pelo menos 127 pessoas foram mortas desde abril.
"Temos atestados psiquiátricos, laudos periciais e depoimentos que sustentam a denúncia", declarou a ex-procuradora-geral, acrescentando que Maduro e o governo "devem pagar pela fome e a miséria a que submeteram o povo da Venezuela."
Militante chavista, Luisa Ortega foi nomeada procuradora-geral pelo então presidente Hugo Chávez em 2007. Virou dissidente em protesto contra a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte por Maduro numa manobra para tirar os poderes da Assembleia Nacional eleita em dezembro de 2015, com maioria oposicionista.
Pela Constituição da República Bolivarista da Venezuela, inspirada por Chávez, é necessário um referendo popular para convocar uma nova Constituinte. Ortega considerou a manobra de Maduro um ataque à herança do caudilho, que morreu em 5 de março de 2013, sendo substituído por Maduro por orientação do ditador cubano Fidel Castro. Ela proclamou que a Constituinte de Maduro era ilegal e ilegítima.
Em 5 de agosto de 2017, Ortega Díaz foi demitida pela Constituinte, que assumiu plenos poderes legislativos, atropelando o parlamento eleito democraticamente, num golpe que tornou a Venezuela uma ditadura escancarada, com todo o poder concentrado no Executivo. Quando foi decretada a prisão do marido, ela fugiu do país e desde então viaja pelo mundo denunciando os crimes do regime.
A Venezuela vive sua pior crise econômica da sua história independente. O produto interno bruto deve cair mais de 12% neste ano, caracterizando uma depressão se somado aos resultados negativos dos últimos anos. A inflação pode chegar a 1.200%. Com o desbastecimento, mais de 80% dos produtos básicos estão em falta.
Com reservas cambiais em moedas fortes abaixo de US$ 10 bilhões, no início do mês, Maduro anunciou que o país não tem mais condições de pagar suas dívidas, estimadas em US$ 120 bilhões pelo boletim de notícias Dolar Today.
Madurou chamou os credores para renegociar e nomeou o vice-presidente Tareck El Aissimi e o ministro da Fazenda como principais negociadores. Ambos estão numa lista de sancionados pelo governo dos Estados Unidos. Assim, os americanos não podem negociar com eles, sob as penas da lei.
Na primeira reunião com representantes dos credores, o vice-presidente falou sozinho e não apresentou planos nem propostas. Distribuiu chocolate e café da Venezuela, mas não respondeu a nenhuma pergunta.
A acusação tem como alvos principais o ditador, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, e outros altos funcionários ligados às forças de segurança do Estado.
Ortega Díaz afirmou ter apresentado mais de mil elementos de prova dos crimes contra a humanidade cometidos pelo governo na repressão às manifestações de protesto da oposição, em que pelo menos 127 pessoas foram mortas desde abril.
"Temos atestados psiquiátricos, laudos periciais e depoimentos que sustentam a denúncia", declarou a ex-procuradora-geral, acrescentando que Maduro e o governo "devem pagar pela fome e a miséria a que submeteram o povo da Venezuela."
Militante chavista, Luisa Ortega foi nomeada procuradora-geral pelo então presidente Hugo Chávez em 2007. Virou dissidente em protesto contra a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte por Maduro numa manobra para tirar os poderes da Assembleia Nacional eleita em dezembro de 2015, com maioria oposicionista.
Pela Constituição da República Bolivarista da Venezuela, inspirada por Chávez, é necessário um referendo popular para convocar uma nova Constituinte. Ortega considerou a manobra de Maduro um ataque à herança do caudilho, que morreu em 5 de março de 2013, sendo substituído por Maduro por orientação do ditador cubano Fidel Castro. Ela proclamou que a Constituinte de Maduro era ilegal e ilegítima.
Em 5 de agosto de 2017, Ortega Díaz foi demitida pela Constituinte, que assumiu plenos poderes legislativos, atropelando o parlamento eleito democraticamente, num golpe que tornou a Venezuela uma ditadura escancarada, com todo o poder concentrado no Executivo. Quando foi decretada a prisão do marido, ela fugiu do país e desde então viaja pelo mundo denunciando os crimes do regime.
A Venezuela vive sua pior crise econômica da sua história independente. O produto interno bruto deve cair mais de 12% neste ano, caracterizando uma depressão se somado aos resultados negativos dos últimos anos. A inflação pode chegar a 1.200%. Com o desbastecimento, mais de 80% dos produtos básicos estão em falta.
Com reservas cambiais em moedas fortes abaixo de US$ 10 bilhões, no início do mês, Maduro anunciou que o país não tem mais condições de pagar suas dívidas, estimadas em US$ 120 bilhões pelo boletim de notícias Dolar Today.
Madurou chamou os credores para renegociar e nomeou o vice-presidente Tareck El Aissimi e o ministro da Fazenda como principais negociadores. Ambos estão numa lista de sancionados pelo governo dos Estados Unidos. Assim, os americanos não podem negociar com eles, sob as penas da lei.
Na primeira reunião com representantes dos credores, o vice-presidente falou sozinho e não apresentou planos nem propostas. Distribuiu chocolate e café da Venezuela, mas não respondeu a nenhuma pergunta.
Último Da Vinci bate recorde de venda a US$ 450 milhões
O quadro Salvador do Mundo, do pintor renascentista italiano Leonardo da Vinci, bateu ontem o recorde de venda de uma obra de arte. Foi vendido por US$ 450,3 milhões, cerca de R$ 1,492 bilhão, pela casa de leilões Christie's, em Nova York, informou o jornal The Wall Street Journal.
A expectativa era que o preço passasse de US$ 100 milhões (R$ 331 milhões). Quatro compradores disputaram a pintura durante 19 minutos.
O quadro tem 500 anos. Mostra Jesus Cristo vestindo uma túnica azul. Menos de 20 pinturas de Da Vinci chegaram até nossos dias. As mais famosas são a Santa Ceia e a Mona Lisa. Salvador do Mundo é a última que está ou estava em mãos de um colecionador particular.
Em negociações privadas, Quando Você Vai Casar?, de 1892, do francês Paul Gauguin foi vendido por
US$ 300 milhões (R$ 994 milhões) por um colecionar suíço aos Museus do Catar, em 2015.
A mesma família real do Catar comprou um dos cinco quadros da série Os Jogadores de Cartas, do também francês Paul Cézanne, ambos impressionistas, por US$ 250 milhões (R$ 828 milhões).
Em leilões abertos ao público, o maior preço era de Mulheres de Argel (Versão O), do espanhol Pablo Picasso, considerado o maior artista plástico do século 20, vendido por US$ 179,4 milhões (R$ 594 milhões) dois anos atrás.
Salvator Mundi |
Quando Você Vai Casar? |
Em negociações privadas, Quando Você Vai Casar?, de 1892, do francês Paul Gauguin foi vendido por
US$ 300 milhões (R$ 994 milhões) por um colecionar suíço aos Museus do Catar, em 2015.
Jogadores de Cartas |
Em leilões abertos ao público, o maior preço era de Mulheres de Argel (Versão O), do espanhol Pablo Picasso, considerado o maior artista plástico do século 20, vendido por US$ 179,4 milhões (R$ 594 milhões) dois anos atrás.
Mulheres de Argel |
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quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Golpe militar derruba ditador do Zimbábue
O Exército do Zimbábue, no Sul da África, ocupou hoje a televisão estatal e mantém o ditador Robert Mugabe, de 93 anos, que estava no poder desde 1980, sob prisão domiciliar, informou o jornal britânico The Guardian. Na semana passada, Mugabe destituiu o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, abrindo caminho para ser substituído por sua mulher, Grace Mugabe, 41 anos mais jovem do que ele.
Em pronunciamento na TV, os militares afirmaram que não se trata de um golpe de Estado. Eles estariam apenas afastando "criminosos" que cercam o presidente e seriam responsáveis pela manobra. Grace Mugabe teria fugido do país. A primeira-dama, conhecida como Gucci Grace por seu consumo de marcas de luxo, estaria na Namíbia.
Pelo telefone, o ditador falou com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. Mugabe disse que está bem, mas não pode sair de casa.
Herói da independência, conquistada em 1980, com o fim do governo supremacista branco da antiga Rodésia do Sul, Mugabe derrotou os outros líderes da independência para se tornar chefe supremo de um país que chegou a ser conhecido como o "celeiro da África".
A oposição só teve força para desafiar o governo nas urnas no fim do século passado. Mugabe acusou os Estados Unidos e o Reino Unido, a antiga potência colonial, e lançou um movimento para tomar as terras dos brancos, causando uma profunda crise econômica, com queda de um terço no produto interno bruto, o que levou o Zimbábue à hiperinflação de 500 bilhões por cento ao ano.
Sob pressão das potências ocidentais, Mugabe recorreu à China, que vem fortalecendo seus laços com a África para garantir o suprimento de matérias-primas. O golpe veio depois de uma visita do comandante das Forças Armadas, general Constantino Chiwenga, a Beijim na semana passada.
Chiwenga foi para a China em 5 de novembro. Seu alerta era que um dos expurgo nas Forças Armadas liderado pela facção G40 da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF), liderada por Grace Mugabe, prejudicaria os interesses chineses no país. O presidente acusou o vice de acirrar a divisão do partido do governo e Grace Mugage o chamou de "golpista" e "covarde".
Mugabe aproveitou a ocasião a viagem do general à China para derrubar Mnangagwa por carta, em 6 de novembro. O ministro da Informação, Simon Khaya Moyo, acusou o vice-presidente de "deslealdade, desrespeito e inconfiabilidade".
Em 7 de novembro, Mugabe demitiu três aliados do vice-presidente afastado: os ministros da Segurança Cibernética, Patrick Chinamasa; do Meio Ambiente, Oppah Muchinguri; e o chefe da Casa Civil, Chris Mushohwe. Com a ajuda do filho, Mnangagwa cruzou a fronteira com Moçambique e de lá foi para a África do Sul.
Do exterior, em 8 de novembro, o ex-vice-presidente fez pesadas críticas a Mugabe e seu grupo, acusando-o pela crise econômica e de tratar o partido e o país como propriedades de sua família.
O aeroporto internacional de Harare foi rebatizado como Aeroporto Robert Mugabe em 9 de novembro. Vai passar por obras de ampliação e modernização no valor de US$ 153 milhões financiados pelo Banco de Exportações e Importações da China. No mesmo dia, o ministro das Finanças, Ignatius Chombo, estimou o déficit orçamentário para este ano em US$ 1,82 bilhão, 11,2% do produto interno bruto.
O general Chiwenga voltou no domingo, dia 12, da China via África do Sul, outro aliado importante a ser avisado da conspiração golpista. Quando soube que o chefe de polícia, Augustine Chinuri, tinha ordens para prendê-lo, preparou uma recepção com muitos soldados e resistiu às pressões de Mugabe para deixar o comando das Forças Armadas.
Em 13 de novembro, o general convocou uma entrevista coletiva em que responsabilizou o faccionalismo dentro do partido nos últimos cinco anos pela crise econômica. Chiwenga atribuiu os problemas do Zimbábue a "elementos que não participaram como nós da guerra da libertação", referindo-se ao grupo de Grace Mugabe, e pediu o fim do expurgo dos "veteranos de guerra".
A declaração de Chiwenga foi divulgada na versão digital do jornal The Herald, mas logo a notícia foi retirada e não saiu na edição impressa no dia 14.
O presidente do setor jovem do ZANU-PF, Kudzanai Chipanga, entrou em cena no dia 14 denunciando os militares pelos "15 bilhões desaparecidos", a renda do comércio de diamantes. Chipanga prometeu defender a revolução. Seu discurso foi transmitido pela mídia oficial.
Enquanto o ministro da Informação declarava que "o governo quer reafirmar a primazia da política sobre as armas", os militares se mobilizavam sob a chefia de Chiwenga para tomar o poder. No telejornal das oito da noite, a televisão estatal Zimbabwe Broadcasting Corporation (ZBC) não divulgou a mensagem do comandante das Forças Armadas. Os militares ocuparam a emissora. O noticiário das 23h não foi ao ar.
Às duas da madrugada de 15 de novembro, houve tiros e explosões em Harare, confundidos com os trovões de uma forte tempestade tropical. Os militares cercavam o palácio presidencial. Às quatro da madrugada, o general Sibusiso Moyo leu uma declaração na TV dizendo que o ditador e a família estavam em segurança.
"Estamos alvejando apenas os criminosos ao redor dele que estão cometendo crimes e causando sofrimento econômico e social ao país", disse a nota do comando das Forças Armadas. "Pedimos a vocês que permaneçam em calma e evitem movimentações desncessárias."
Os militares prometeram proteger os funcionários públicos de expurgos que o governo estaria planejando e insistiu que não estavam dando um golpe. Isso obrigaria a União Africana a adotar sanções contra o Zimbábue.
"O que as Forças Armadas estão fazendo a pacificar uma situação econômica, política e social degenerada em nosso país que, se não resolvida, pode resultar num conflito violento", acrescentou o pronunciamento, advertindo "as outras forças de segurança" a aderir ao golpe.
ÀS 5h30 (1h30 em Brasília), tanques e soldados em uniforme de combate bloqueavam os acessos ao centro financeiro de Harare. A chuva parou. Uma forte neblina caiu sobre a cidade. As entradas e saídas, o aeroporto da capital, o jornal The Herald e a TV ZBC estavam sob controle militar.
Durante toda a manhã, a ZBC repetiu as declarações do comandante das Forças Armadas e o pronunciamento do porta-voz do golpe, entremeados por clipes de músicas da luta pela libertação.
Na prática, o golpe desnuda a luta pela poder dentro do partido do governo (ZANU-PF), na sucessão do envelhecido, corrupto e decadente pai da pátria. A oposição, liderada pelo Movimento pela Mudança Democrática (MDC), exige o "retorno à democracia".
Em pronunciamento na TV, os militares afirmaram que não se trata de um golpe de Estado. Eles estariam apenas afastando "criminosos" que cercam o presidente e seriam responsáveis pela manobra. Grace Mugabe teria fugido do país. A primeira-dama, conhecida como Gucci Grace por seu consumo de marcas de luxo, estaria na Namíbia.
Pelo telefone, o ditador falou com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. Mugabe disse que está bem, mas não pode sair de casa.
Herói da independência, conquistada em 1980, com o fim do governo supremacista branco da antiga Rodésia do Sul, Mugabe derrotou os outros líderes da independência para se tornar chefe supremo de um país que chegou a ser conhecido como o "celeiro da África".
A oposição só teve força para desafiar o governo nas urnas no fim do século passado. Mugabe acusou os Estados Unidos e o Reino Unido, a antiga potência colonial, e lançou um movimento para tomar as terras dos brancos, causando uma profunda crise econômica, com queda de um terço no produto interno bruto, o que levou o Zimbábue à hiperinflação de 500 bilhões por cento ao ano.
Sob pressão das potências ocidentais, Mugabe recorreu à China, que vem fortalecendo seus laços com a África para garantir o suprimento de matérias-primas. O golpe veio depois de uma visita do comandante das Forças Armadas, general Constantino Chiwenga, a Beijim na semana passada.
Chiwenga foi para a China em 5 de novembro. Seu alerta era que um dos expurgo nas Forças Armadas liderado pela facção G40 da União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF), liderada por Grace Mugabe, prejudicaria os interesses chineses no país. O presidente acusou o vice de acirrar a divisão do partido do governo e Grace Mugage o chamou de "golpista" e "covarde".
Mugabe aproveitou a ocasião a viagem do general à China para derrubar Mnangagwa por carta, em 6 de novembro. O ministro da Informação, Simon Khaya Moyo, acusou o vice-presidente de "deslealdade, desrespeito e inconfiabilidade".
Em 7 de novembro, Mugabe demitiu três aliados do vice-presidente afastado: os ministros da Segurança Cibernética, Patrick Chinamasa; do Meio Ambiente, Oppah Muchinguri; e o chefe da Casa Civil, Chris Mushohwe. Com a ajuda do filho, Mnangagwa cruzou a fronteira com Moçambique e de lá foi para a África do Sul.
Do exterior, em 8 de novembro, o ex-vice-presidente fez pesadas críticas a Mugabe e seu grupo, acusando-o pela crise econômica e de tratar o partido e o país como propriedades de sua família.
O aeroporto internacional de Harare foi rebatizado como Aeroporto Robert Mugabe em 9 de novembro. Vai passar por obras de ampliação e modernização no valor de US$ 153 milhões financiados pelo Banco de Exportações e Importações da China. No mesmo dia, o ministro das Finanças, Ignatius Chombo, estimou o déficit orçamentário para este ano em US$ 1,82 bilhão, 11,2% do produto interno bruto.
O general Chiwenga voltou no domingo, dia 12, da China via África do Sul, outro aliado importante a ser avisado da conspiração golpista. Quando soube que o chefe de polícia, Augustine Chinuri, tinha ordens para prendê-lo, preparou uma recepção com muitos soldados e resistiu às pressões de Mugabe para deixar o comando das Forças Armadas.
Em 13 de novembro, o general convocou uma entrevista coletiva em que responsabilizou o faccionalismo dentro do partido nos últimos cinco anos pela crise econômica. Chiwenga atribuiu os problemas do Zimbábue a "elementos que não participaram como nós da guerra da libertação", referindo-se ao grupo de Grace Mugabe, e pediu o fim do expurgo dos "veteranos de guerra".
A declaração de Chiwenga foi divulgada na versão digital do jornal The Herald, mas logo a notícia foi retirada e não saiu na edição impressa no dia 14.
O presidente do setor jovem do ZANU-PF, Kudzanai Chipanga, entrou em cena no dia 14 denunciando os militares pelos "15 bilhões desaparecidos", a renda do comércio de diamantes. Chipanga prometeu defender a revolução. Seu discurso foi transmitido pela mídia oficial.
Enquanto o ministro da Informação declarava que "o governo quer reafirmar a primazia da política sobre as armas", os militares se mobilizavam sob a chefia de Chiwenga para tomar o poder. No telejornal das oito da noite, a televisão estatal Zimbabwe Broadcasting Corporation (ZBC) não divulgou a mensagem do comandante das Forças Armadas. Os militares ocuparam a emissora. O noticiário das 23h não foi ao ar.
Às duas da madrugada de 15 de novembro, houve tiros e explosões em Harare, confundidos com os trovões de uma forte tempestade tropical. Os militares cercavam o palácio presidencial. Às quatro da madrugada, o general Sibusiso Moyo leu uma declaração na TV dizendo que o ditador e a família estavam em segurança.
"Estamos alvejando apenas os criminosos ao redor dele que estão cometendo crimes e causando sofrimento econômico e social ao país", disse a nota do comando das Forças Armadas. "Pedimos a vocês que permaneçam em calma e evitem movimentações desncessárias."
Os militares prometeram proteger os funcionários públicos de expurgos que o governo estaria planejando e insistiu que não estavam dando um golpe. Isso obrigaria a União Africana a adotar sanções contra o Zimbábue.
"O que as Forças Armadas estão fazendo a pacificar uma situação econômica, política e social degenerada em nosso país que, se não resolvida, pode resultar num conflito violento", acrescentou o pronunciamento, advertindo "as outras forças de segurança" a aderir ao golpe.
ÀS 5h30 (1h30 em Brasília), tanques e soldados em uniforme de combate bloqueavam os acessos ao centro financeiro de Harare. A chuva parou. Uma forte neblina caiu sobre a cidade. As entradas e saídas, o aeroporto da capital, o jornal The Herald e a TV ZBC estavam sob controle militar.
Durante toda a manhã, a ZBC repetiu as declarações do comandante das Forças Armadas e o pronunciamento do porta-voz do golpe, entremeados por clipes de músicas da luta pela libertação.
Na prática, o golpe desnuda a luta pela poder dentro do partido do governo (ZANU-PF), na sucessão do envelhecido, corrupto e decadente pai da pátria. A oposição, liderada pelo Movimento pela Mudança Democrática (MDC), exige o "retorno à democracia".
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Venezuela está oficialmente em calote
A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou na segunda-feira, 11 de novembro, a nota de crédito das dívidas da Venezuela de curto e longo prazos depois de considerar o país em default (moratória) por não pagar rendimentos de bônus. O Brasil levou o governo Nicolás Maduro ao Clube de Paris, que costuma negociar as dívidas entre governos, pelo não pagamento de US$ 262,5 milhões.
A Venezuela deixou de pagar juros mais de US$ 900 bilhões de juros a investidores em seus bônus. Na sexta-feira, deveria ter pago US$ 81 milhões de bônus da companhia estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA). A Associação Internacional de Trocas (Swaps) e Derivativos estuda a possibilidade de considerar em moratória um pagamento de bônus da PdVSA de US$ 1,161 bilhão.
Até o fim do ano, a Venezuela tem compromissos financeiros de US$ 1,47 bilhões. Em 2018, os vencimentos somam US$ 8 bilhões. As reservas cambiais estão em US$ 9,7 bilhões.
Em Caracas, o regime chavista, que faliu o país com seu "socialismo do século 21", recebeu representantes dos credores para dar início à renegociação de dívidas no valor de US$ 60 bilhões.
Os dois responsáveis pelas negociações, o vice-presidente Tareck El Aissimi, e o ministro da Fazenda estão na lista negra dos Estados Unidos por tráfico de drogas e corrupção. Assim, os bancos americanos podem ser punidos por negociar com eles.
No Conselho de Segurança das Nações Unidas, a embaixadora americana, Nikki Halley, descreveu a Venezuela como "cada vez mais um narco-país".
Depois de falar sozinho durante meia hora, o vice-presidente venezuelana distribuiu chocolate e café aos convidados e encerrou o encontro. Não apresentou nenhum plano. Nenhuma proposta. O regime chavista estaria negociando um grande empréstimo com a Rússia.
Ao todo, as dívidas da Venezuela estão avaliadas entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões. Desde agosto, sanções impostas pelo governo Donald Trump impedem a emissão de novos bônus da dívida pública e da PdVSA. Sem trocar os títulos não pagos por novos, não há como reestruturar a dívida
Os EUA impõem uma série de condições para apoiar a renegociação, como a aprovação pela Assembleia Nacional controlada pela oposição e não da Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro, 100% dominada pelo chavismo, e a libertação de cerca de 400 presos políticos.
A Assembleia Nacional está sob pressão do Palácio de Miraflores para dar um mandato ao governo para renegociar a dívida. Os setores mais radicais da oposição querem aproveitar a oportunidade para encurralar o governo Maduro.
"A única coisa que ele faz é mentir e a principal mentira é essa convocação ao diálogo", reagiu a líder oposicionista María Corina Machado. "O regime necessita de dinheiro e quer obrigar a oposição a negociar para que a Assembleia Nacional lhe refinancie a dívida."
María Corina acreditava que a oposição estava "perto de uma ruptura rumo à transição para a democracia quando impuseram a Constituinte." Ela criticou indiretamente a oposição mais moderada, dizendo que um setor "está disposto a aceitar migalhas e dar tempo à ditadura.""
"Sabemos que o regime está em seu momento de maior fraqueza", acrescentou a ex-deputada. "Submetem o povo à fome e à miséria. É preciso ter coerência. Na Venezuela hoje não há eleições, só exercícios militares. A única realidade é a fome."
A Venezuela deixou de pagar juros mais de US$ 900 bilhões de juros a investidores em seus bônus. Na sexta-feira, deveria ter pago US$ 81 milhões de bônus da companhia estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA). A Associação Internacional de Trocas (Swaps) e Derivativos estuda a possibilidade de considerar em moratória um pagamento de bônus da PdVSA de US$ 1,161 bilhão.
Até o fim do ano, a Venezuela tem compromissos financeiros de US$ 1,47 bilhões. Em 2018, os vencimentos somam US$ 8 bilhões. As reservas cambiais estão em US$ 9,7 bilhões.
Em Caracas, o regime chavista, que faliu o país com seu "socialismo do século 21", recebeu representantes dos credores para dar início à renegociação de dívidas no valor de US$ 60 bilhões.
Os dois responsáveis pelas negociações, o vice-presidente Tareck El Aissimi, e o ministro da Fazenda estão na lista negra dos Estados Unidos por tráfico de drogas e corrupção. Assim, os bancos americanos podem ser punidos por negociar com eles.
No Conselho de Segurança das Nações Unidas, a embaixadora americana, Nikki Halley, descreveu a Venezuela como "cada vez mais um narco-país".
Depois de falar sozinho durante meia hora, o vice-presidente venezuelana distribuiu chocolate e café aos convidados e encerrou o encontro. Não apresentou nenhum plano. Nenhuma proposta. O regime chavista estaria negociando um grande empréstimo com a Rússia.
Ao todo, as dívidas da Venezuela estão avaliadas entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões. Desde agosto, sanções impostas pelo governo Donald Trump impedem a emissão de novos bônus da dívida pública e da PdVSA. Sem trocar os títulos não pagos por novos, não há como reestruturar a dívida
Os EUA impõem uma série de condições para apoiar a renegociação, como a aprovação pela Assembleia Nacional controlada pela oposição e não da Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro, 100% dominada pelo chavismo, e a libertação de cerca de 400 presos políticos.
A Assembleia Nacional está sob pressão do Palácio de Miraflores para dar um mandato ao governo para renegociar a dívida. Os setores mais radicais da oposição querem aproveitar a oportunidade para encurralar o governo Maduro.
"A única coisa que ele faz é mentir e a principal mentira é essa convocação ao diálogo", reagiu a líder oposicionista María Corina Machado. "O regime necessita de dinheiro e quer obrigar a oposição a negociar para que a Assembleia Nacional lhe refinancie a dívida."
María Corina acreditava que a oposição estava "perto de uma ruptura rumo à transição para a democracia quando impuseram a Constituinte." Ela criticou indiretamente a oposição mais moderada, dizendo que um setor "está disposto a aceitar migalhas e dar tempo à ditadura.""
"Sabemos que o regime está em seu momento de maior fraqueza", acrescentou a ex-deputada. "Submetem o povo à fome e à miséria. É preciso ter coerência. Na Venezuela hoje não há eleições, só exercícios militares. A única realidade é a fome."
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terça-feira, 14 de novembro de 2017
Rússia adota novas medidas contra mídia internacional
A Duma do Estado, a câmara baixa do Parlamento da Rússia, aprovou hoje um projeto para enquadrar correspondentes internacionais e empresas de mídia que receberem dinheiro de fora como "agentes estrangeiros", noticiou o jornal britânico Financial Times.
É uma resposta à decisão dos Estados Unidos, que exigiram que televisão oficial do Kremlin Russia Today (RT) seja registrada como "agente estrangeiro" por fazer mais propaganda do que jornalismo.
O projeto pode virar lei ainda nesta semana. Dará ao Ministério da Justiça o direito de banir qualquer meio de comunicação que receba dinheiro do exterior. Os principais alvos seriam a rede de televisão americana CNN, a rádio Voz da Alemanha e a Rádio Europa Livre, criada pelos EUA durante a Guerra Fria para combater a propaganda da União Soviética.
Para a presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento, nomeada diretamente pelo Kremlin, Valentina Matvienko, foi uma reação necessária à "máquina de propaganda do governo americano, que começou a perseguir a mídia russa".
A mídia é um elemento central nas investigações nos Estados Unidos sobre um possível conluio entre o Kremlin e a campanha de Trump para prejudicar sua adversária, a candidata democrata, Hillary Clinton, que adotaria posições muito mais duras em relação à Rússia.
No mês passado, sob pressão do Departamento da Justiça, o Twitter proibiu a RT e sua agência de notícias Sputnik de anunciarem. Mais de 279 mil mensagens atribuídas a agentes russos foram divulgadas pelas mídias sociais como se fossem de americanos conservadores a favor da eleição de Trump e mais tarde foram apagadas.
A medida dos EUA se aplica apenas à empresa responsável pela produção da RT nos EUA, que tem somente um empregado, Mikhail Solodovnikov, com salário mensal de US$ 56 mil. Ontem, ele alegou não saber quem controla a RT.
Embora se apresente como um meio de comunicação independente, a RT é totalmente financiada pelo Kremlin, com um orçamento de US$ 311 milhões para 2017. A produtora nos EUA tinha US$ 6,6 milhões para gastar em agosto e setembro.
A editora-chefe da RT e da Sputnik, Margarita Simonyan, afirmou que seus funcionários estão pedindo demissão "em massa" por causa da pressão e alegou que apenas dá voz a quem é ignorado pela mídia americana. Mas sua mesa tem uma linha telefônica direta com o Kremlin.
Ontem, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, acusou a Rússia de "procurar transformar a informação em arma com suas organizações de mídia estatais para plantar notícias falsas e imagens manipuladas numa tentativa de semear a discórdia no Ocidente e de minar nossas instituições." A RT reagiu publicando uma foto de May no Twitter com grandes letras vermelhas sobrepostas dizendo "notícia falsa".
É uma resposta à decisão dos Estados Unidos, que exigiram que televisão oficial do Kremlin Russia Today (RT) seja registrada como "agente estrangeiro" por fazer mais propaganda do que jornalismo.
O projeto pode virar lei ainda nesta semana. Dará ao Ministério da Justiça o direito de banir qualquer meio de comunicação que receba dinheiro do exterior. Os principais alvos seriam a rede de televisão americana CNN, a rádio Voz da Alemanha e a Rádio Europa Livre, criada pelos EUA durante a Guerra Fria para combater a propaganda da União Soviética.
Para a presidente do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento, nomeada diretamente pelo Kremlin, Valentina Matvienko, foi uma reação necessária à "máquina de propaganda do governo americano, que começou a perseguir a mídia russa".
A mídia é um elemento central nas investigações nos Estados Unidos sobre um possível conluio entre o Kremlin e a campanha de Trump para prejudicar sua adversária, a candidata democrata, Hillary Clinton, que adotaria posições muito mais duras em relação à Rússia.
No mês passado, sob pressão do Departamento da Justiça, o Twitter proibiu a RT e sua agência de notícias Sputnik de anunciarem. Mais de 279 mil mensagens atribuídas a agentes russos foram divulgadas pelas mídias sociais como se fossem de americanos conservadores a favor da eleição de Trump e mais tarde foram apagadas.
A medida dos EUA se aplica apenas à empresa responsável pela produção da RT nos EUA, que tem somente um empregado, Mikhail Solodovnikov, com salário mensal de US$ 56 mil. Ontem, ele alegou não saber quem controla a RT.
Embora se apresente como um meio de comunicação independente, a RT é totalmente financiada pelo Kremlin, com um orçamento de US$ 311 milhões para 2017. A produtora nos EUA tinha US$ 6,6 milhões para gastar em agosto e setembro.
A editora-chefe da RT e da Sputnik, Margarita Simonyan, afirmou que seus funcionários estão pedindo demissão "em massa" por causa da pressão e alegou que apenas dá voz a quem é ignorado pela mídia americana. Mas sua mesa tem uma linha telefônica direta com o Kremlin.
Ontem, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, acusou a Rússia de "procurar transformar a informação em arma com suas organizações de mídia estatais para plantar notícias falsas e imagens manipuladas numa tentativa de semear a discórdia no Ocidente e de minar nossas instituições." A RT reagiu publicando uma foto de May no Twitter com grandes letras vermelhas sobrepostas dizendo "notícia falsa".
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Filho de Trump trocou e-mails com WikiLeaks durante a campanha
Durante a campanha eleitoral do ano passado nos Estados Unidos, Donald Trump Jr., filho do atual presidente, trocou mensagens de correio eletrônico com a empresa especializada em vazamentos na Internet WikiLeaks, que divulgou mensagens pirateadas provavelmente pelos serviços secretos da Rússia, revelou ontem a revista The Atlantic.
Em 20 de setembro de 2016, o WikiLeaks avisou o filho do então candidato Donald Trump sobre o lançamento de um novo sítio na Internet sobre o relacionamento de seu pai com o presidente russo, Vladimir Putin.
"Um comitê de ação política anti-Trump está para lançar um sítio chamado putintrump.org", alertou o WikiLeaks. O sítio de vazamentos criado pelo anarquista australiano Julian Assange alega denunciar abusos de poder de governos e empregos, mas decidiu se associar ao Kremlin e a Putin, que combatem sistematicamente a democracia ocidental.
O WikiLeaks acrescentou ter "adivinhado a senha" do sítio contra Trump e perguntou se Trump Jr. tinha algo a dizer a respeito. No dia seguinte, o filho do presidente prometeu investigar que grupo estaria por trás da jogada.
A mensagem do WikiLeaks foi repassada a altos dirigentes da campanha de Trump, como o então chefe da campanha, Steve Bannon; a gerente e chefe da comunicação social, Kellyanne Conway; o assessor e genro de Trump, Jared Kushner; e o diretor digital, Brad Parscale.
"Vocês conhecem as pessoas mencionadas e o que pode ser esta conspiração?", perguntou Trump Jr.
As mensagens fazem parte de uma série de documentos entregues pelos advogados de Trump Jr. à comissão do Congresso dos EUA que investiga um possível conluio da campanha de Trump com o Kremlin.
Trump chama a investigação de uma "caça às bruxas". Depois de um encontro com Putin durante a reunião de cúpula do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), na semana passada, no Vietnã, o presidente americano voltou a dizer que acreditava na alegação do líder russo de que não houve interferência nenhuma.
No dia seguinte, Trump mudou de ideia. Sob a orientação de assessores, voltou a agir como presidente. Concordou com os serviços secretos dos EUA, que viram interferência da Rússia e investigam se houve conivência da campanha de Trump.
Antes disso, o verdadeiro Trump desabafou no Twitter: "Quando todos os odiosos e tolos lá fora vão perceber que ter um bom relacionamento com a Rússia é coisa boa, não ruim. Estão sempre fazendo um jogo político - ruim para o país. Quero resolver problemas como Coreia do Norte, Síria, Ucrânia, terrorismo, e a Rússia pode ajudar muito!"
Como de costume, Trump revela um otimismo vazio e grande ignorância das questões internacionais. Se a Rússia interveio militarmente na Ucrânia, anexou ilegalmente a península na Crimeia e iniciou uma guerra civil no Leste do país, certamente não é a solução.
Da Coreia do Norte, que era aliada da União Soviética, a Rússia se reaproximou recentemente para ajudar a sustentar o regime. Faz parte da estratégia de Putin de lutar contra a democracia e tentar erodir o poder dos EUA.
Na Síria, a Rússia apoia a ditadura de Bachar Assad e o Irã, enquanto Trump tenta isolar o regime dos aiatolás junto com a Arábia Saudita. No terrorismo, os dois países têm um inimigo comum.
Hoje, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, fez um duro ataque à guerra cibernética da Rússia contra as democracias ocidentais. A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, denunciou a divulgação de notícias falsas por meios de comunicação teleguiados pelo Kremin, como a televisão Rússia Today e a agência de notícias Sputnik.
Em 20 de setembro de 2016, o WikiLeaks avisou o filho do então candidato Donald Trump sobre o lançamento de um novo sítio na Internet sobre o relacionamento de seu pai com o presidente russo, Vladimir Putin.
"Um comitê de ação política anti-Trump está para lançar um sítio chamado putintrump.org", alertou o WikiLeaks. O sítio de vazamentos criado pelo anarquista australiano Julian Assange alega denunciar abusos de poder de governos e empregos, mas decidiu se associar ao Kremlin e a Putin, que combatem sistematicamente a democracia ocidental.
O WikiLeaks acrescentou ter "adivinhado a senha" do sítio contra Trump e perguntou se Trump Jr. tinha algo a dizer a respeito. No dia seguinte, o filho do presidente prometeu investigar que grupo estaria por trás da jogada.
A mensagem do WikiLeaks foi repassada a altos dirigentes da campanha de Trump, como o então chefe da campanha, Steve Bannon; a gerente e chefe da comunicação social, Kellyanne Conway; o assessor e genro de Trump, Jared Kushner; e o diretor digital, Brad Parscale.
"Vocês conhecem as pessoas mencionadas e o que pode ser esta conspiração?", perguntou Trump Jr.
As mensagens fazem parte de uma série de documentos entregues pelos advogados de Trump Jr. à comissão do Congresso dos EUA que investiga um possível conluio da campanha de Trump com o Kremlin.
Trump chama a investigação de uma "caça às bruxas". Depois de um encontro com Putin durante a reunião de cúpula do fórum Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), na semana passada, no Vietnã, o presidente americano voltou a dizer que acreditava na alegação do líder russo de que não houve interferência nenhuma.
No dia seguinte, Trump mudou de ideia. Sob a orientação de assessores, voltou a agir como presidente. Concordou com os serviços secretos dos EUA, que viram interferência da Rússia e investigam se houve conivência da campanha de Trump.
Antes disso, o verdadeiro Trump desabafou no Twitter: "Quando todos os odiosos e tolos lá fora vão perceber que ter um bom relacionamento com a Rússia é coisa boa, não ruim. Estão sempre fazendo um jogo político - ruim para o país. Quero resolver problemas como Coreia do Norte, Síria, Ucrânia, terrorismo, e a Rússia pode ajudar muito!"
Como de costume, Trump revela um otimismo vazio e grande ignorância das questões internacionais. Se a Rússia interveio militarmente na Ucrânia, anexou ilegalmente a península na Crimeia e iniciou uma guerra civil no Leste do país, certamente não é a solução.
Da Coreia do Norte, que era aliada da União Soviética, a Rússia se reaproximou recentemente para ajudar a sustentar o regime. Faz parte da estratégia de Putin de lutar contra a democracia e tentar erodir o poder dos EUA.
Na Síria, a Rússia apoia a ditadura de Bachar Assad e o Irã, enquanto Trump tenta isolar o regime dos aiatolás junto com a Arábia Saudita. No terrorismo, os dois países têm um inimigo comum.
Hoje, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, fez um duro ataque à guerra cibernética da Rússia contra as democracias ocidentais. A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, denunciou a divulgação de notícias falsas por meios de comunicação teleguiados pelo Kremin, como a televisão Rússia Today e a agência de notícias Sputnik.
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Quase 2,5 mil empresas tiram sede central da Catalunha
Desde o plebiscito ilegal de 1º de outubro sobre a independência da região, 2.471 empresas tiraram suas matrizes da Catalunha, revelou hoje o jornal La Vanguardia, de Barcelona, citando como fonte a Agência Tributária.
Sob o impacto do risco gerado pela movimento pela independência, as vendas registradas pelo comércio catalão caíram de 22,4% para 19,6% do total da Espanha. Nos setores de água, energia e construção, a baixa é de 20 pontos percentuais; em finanças e seguros, de 4 pontos.
Só no dia de ontem, mais 30 empresas deixaram a província rebelde.
O governo central espanhol interveio na região, suspendendo temporariamente a autonomia regional, e convocou eleições antecipadas para 21 de dezembro, depois que o Tribunal Constitucional declarou o plebiscito ilegal. Pela Constituição da Espanha de 1978, todo o país deve votar em qualquer plebiscito sobre independência.
Por decisão da Justiça, o ex-governador, o ex-vice-governador e todos os ex-secretários do governo foram presos. O ex-governador Carles Puigdemont e quatro ex-secretários fugiram para a Bélgica, que recebeu um mandado de prisão europeu pedindo sua extradição.
Sob o impacto do risco gerado pela movimento pela independência, as vendas registradas pelo comércio catalão caíram de 22,4% para 19,6% do total da Espanha. Nos setores de água, energia e construção, a baixa é de 20 pontos percentuais; em finanças e seguros, de 4 pontos.
Só no dia de ontem, mais 30 empresas deixaram a província rebelde.
O governo central espanhol interveio na região, suspendendo temporariamente a autonomia regional, e convocou eleições antecipadas para 21 de dezembro, depois que o Tribunal Constitucional declarou o plebiscito ilegal. Pela Constituição da Espanha de 1978, todo o país deve votar em qualquer plebiscito sobre independência.
Por decisão da Justiça, o ex-governador, o ex-vice-governador e todos os ex-secretários do governo foram presos. O ex-governador Carles Puigdemont e quatro ex-secretários fugiram para a Bélgica, que recebeu um mandado de prisão europeu pedindo sua extradição.
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segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Procurador do Missouri investiga Google por práticas desleais
Em uma nova batalha regulatória contra os gigantes da Internet, o procurador-geral do estado do Missouri, nos Estados Unidos, Josh Hawley, abriu inquérito para investigar se o Google violou leis estaduais de proteção ao consumidor e de defesa da livre concorrência contra os monopólios, abusando de seu formidável poder econômico.
O inquérito vai examinar a coleta de dados dos usuários, o uso de conteúdo de outras fontes e a suposta manipulação dos resultados de buscas para favorecer os serviços do próprio Google, anunciou o procurador-geral.
Hawley revelou que sua investigação foi motivada pela decisão das autoridades regulatórias da União Europeia de aplicar uma multa recorde de US$ 2,7 bilhões ao Google, em junho passado, pela manipulação dos resultados de buscas.
"Estamos preocupados que tenham o mesmo padrão de comportamento aqui nos EUA", declarou o procurador-geral, que já anunciou ser candidato ao Senado em 2018.
Em nota, o Google deu sua posição: "Ainda não recebemos qualquer intimação, no entanto, temos fortes proteções à privacidade dos nossos usuários e vamos continuar operando num ambiente altamente dinâmico e competitivo."
O inquérito vai examinar a coleta de dados dos usuários, o uso de conteúdo de outras fontes e a suposta manipulação dos resultados de buscas para favorecer os serviços do próprio Google, anunciou o procurador-geral.
Hawley revelou que sua investigação foi motivada pela decisão das autoridades regulatórias da União Europeia de aplicar uma multa recorde de US$ 2,7 bilhões ao Google, em junho passado, pela manipulação dos resultados de buscas.
"Estamos preocupados que tenham o mesmo padrão de comportamento aqui nos EUA", declarou o procurador-geral, que já anunciou ser candidato ao Senado em 2018.
Em nota, o Google deu sua posição: "Ainda não recebemos qualquer intimação, no entanto, temos fortes proteções à privacidade dos nossos usuários e vamos continuar operando num ambiente altamente dinâmico e competitivo."
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Acusações de crime sexual derrubam candidatura ao Senado dos EUA
O líder do Partido Republicano no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, pediu hoje ao juiz ultraconservador aposentado Roy Moore que retire sua candidatura ao Senado pelo estado do Alabama. Cinco mulheres o acusaram de as molestar sexualmente quando eram menores de idade.
Leigh Corfman tinha 14 anos e Moore 32, em 1979. Em reportagem publicada na semana passada pelo jornal The Washington Post, Corfman, hoje com 53 anos, revelou detalhes de como foi levada para uma casa no meio do mata, despida e submetida a abusos por um homem muito mais velho.
Moore nega as acusações, mas McConnell disse hoje sem hesitar: "Eu acredito na mulher." Outras três mulheres ouvidas na reportagem contaram ter sido abordadas por Moore com intenções libidinosas.
O candidato reagiu pelo Twitter: "A pessoa que tem de sair é o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell. Ele levou os conservadores ao fracasso e deve ser substituído."
Hoje, uma quinta mulher, Beverly Young Nelson, denunciou avanços sexuais de Moore quando ela era adolescente. Chorando, contou na televisão ter sido abusada sexualmente numa sala. Quando tentou fugir, ele trancou a porta e continuou o abuso. "Eu estava aterrorizada. Pensei que ela ia me estuprar. Em algum momento, desistiu."
Mais uma vez, o candidato manteve o tom da campanha e reivindicou a superioridade moral: "As forças do mal vão mentir, enganar, roubar - até mesmo infligir danos físicos - se acreditarem que vão silenciar cristãos conservadores como eu e você."
Mesmo que Moore desista, seu nome estará na cédula na eleição de 12 de dezembro, para preencher a vaga aberta com a nomeação do senador Jeff Sessions para ministro da Justiça do governo Donald Trump. Uma alternativa é Luther Strange, derrotado por Moore na eleição primária do partido.
O Alabama é um dos estados mais conservadores e pobres dos EUA, com grande população rural. Talvez o eleitorado mais à direita ainda prefira Moore a Doug Jones, um democrata a favor do aborto. Neste caso, ele poderia ser expulso do partido ou cassado por maioria de dois terços de seus colegas de Senado.
Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Alabama, Moore foi afastado porque insistia em manter uma cópia dos dez mandamentos em exposição na parede. Durante a eleição primária, contou com o apoio decidido dos eleitores evangélicos para superar os US$ 10 milhões gastos por aliados de McConnell.
O presidente Trump apoiou Strange, enquanto o ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, fez campanha para Moore. Ideólogo do trumpismo, Bannon é ultranacionaislita, contra a globalização, contra a imigração e contra o livre comércio. Quer derrubar McConnell e pretende apresentar candidatos orientados por suas ideias nas eleições primárias republicanas para conquistar o coração do partido e pressioná-lo a seguir a agenda de Trump.
Leigh Corfman tinha 14 anos e Moore 32, em 1979. Em reportagem publicada na semana passada pelo jornal The Washington Post, Corfman, hoje com 53 anos, revelou detalhes de como foi levada para uma casa no meio do mata, despida e submetida a abusos por um homem muito mais velho.
Moore nega as acusações, mas McConnell disse hoje sem hesitar: "Eu acredito na mulher." Outras três mulheres ouvidas na reportagem contaram ter sido abordadas por Moore com intenções libidinosas.
O candidato reagiu pelo Twitter: "A pessoa que tem de sair é o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell. Ele levou os conservadores ao fracasso e deve ser substituído."
Hoje, uma quinta mulher, Beverly Young Nelson, denunciou avanços sexuais de Moore quando ela era adolescente. Chorando, contou na televisão ter sido abusada sexualmente numa sala. Quando tentou fugir, ele trancou a porta e continuou o abuso. "Eu estava aterrorizada. Pensei que ela ia me estuprar. Em algum momento, desistiu."
Mais uma vez, o candidato manteve o tom da campanha e reivindicou a superioridade moral: "As forças do mal vão mentir, enganar, roubar - até mesmo infligir danos físicos - se acreditarem que vão silenciar cristãos conservadores como eu e você."
Mesmo que Moore desista, seu nome estará na cédula na eleição de 12 de dezembro, para preencher a vaga aberta com a nomeação do senador Jeff Sessions para ministro da Justiça do governo Donald Trump. Uma alternativa é Luther Strange, derrotado por Moore na eleição primária do partido.
O Alabama é um dos estados mais conservadores e pobres dos EUA, com grande população rural. Talvez o eleitorado mais à direita ainda prefira Moore a Doug Jones, um democrata a favor do aborto. Neste caso, ele poderia ser expulso do partido ou cassado por maioria de dois terços de seus colegas de Senado.
Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Alabama, Moore foi afastado porque insistia em manter uma cópia dos dez mandamentos em exposição na parede. Durante a eleição primária, contou com o apoio decidido dos eleitores evangélicos para superar os US$ 10 milhões gastos por aliados de McConnell.
O presidente Trump apoiou Strange, enquanto o ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, fez campanha para Moore. Ideólogo do trumpismo, Bannon é ultranacionaislita, contra a globalização, contra a imigração e contra o livre comércio. Quer derrubar McConnell e pretende apresentar candidatos orientados por suas ideias nas eleições primárias republicanas para conquistar o coração do partido e pressioná-lo a seguir a agenda de Trump.
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