A ex-procuradora-geral da Venezuela Luisa Ortega Díaz esteve hoje na Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na Holanda, para denunciar o ditador Nicolás Maduro e outros altos dirigentes do regime chavista por crimes contra a humanidade e mais de 8 mil assassinatos. Ela pediu a prisão de Maduro.
A acusação tem como alvos principais o ditador, o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, e outros altos funcionários ligados às forças de segurança do Estado.
Ortega Díaz afirmou ter apresentado mais de mil elementos de prova dos crimes contra a humanidade cometidos pelo governo na repressão às manifestações de protesto da oposição, em que pelo menos 127 pessoas foram mortas desde abril.
"Temos atestados psiquiátricos, laudos periciais e depoimentos que sustentam a denúncia", declarou a ex-procuradora-geral, acrescentando que Maduro e o governo "devem pagar pela fome e a miséria a que submeteram o povo da Venezuela."
Militante chavista, Luisa Ortega foi nomeada procuradora-geral pelo então presidente Hugo Chávez em 2007. Virou dissidente em protesto contra a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte por Maduro numa manobra para tirar os poderes da Assembleia Nacional eleita em dezembro de 2015, com maioria oposicionista.
Pela Constituição da República Bolivarista da Venezuela, inspirada por Chávez, é necessário um referendo popular para convocar uma nova Constituinte. Ortega considerou a manobra de Maduro um ataque à herança do caudilho, que morreu em 5 de março de 2013, sendo substituído por Maduro por orientação do ditador cubano Fidel Castro. Ela proclamou que a Constituinte de Maduro era ilegal e ilegítima.
Em 5 de agosto de 2017, Ortega Díaz foi demitida pela Constituinte, que assumiu plenos poderes legislativos, atropelando o parlamento eleito democraticamente, num golpe que tornou a Venezuela uma ditadura escancarada, com todo o poder concentrado no Executivo. Quando foi decretada a prisão do marido, ela fugiu do país e desde então viaja pelo mundo denunciando os crimes do regime.
A Venezuela vive sua pior crise econômica da sua história independente. O produto interno bruto deve cair mais de 12% neste ano, caracterizando uma depressão se somado aos resultados negativos dos últimos anos. A inflação pode chegar a 1.200%. Com o desbastecimento, mais de 80% dos produtos básicos estão em falta.
Com reservas cambiais em moedas fortes abaixo de US$ 10 bilhões, no início do mês, Maduro anunciou que o país não tem mais condições de pagar suas dívidas, estimadas em US$ 120 bilhões pelo boletim de notícias Dolar Today.
Madurou chamou os credores para renegociar e nomeou o vice-presidente Tareck El Aissimi e o ministro da Fazenda como principais negociadores. Ambos estão numa lista de sancionados pelo governo dos Estados Unidos. Assim, os americanos não podem negociar com eles, sob as penas da lei.
Na primeira reunião com representantes dos credores, o vice-presidente falou sozinho e não apresentou planos nem propostas. Distribuiu chocolate e café da Venezuela, mas não respondeu a nenhuma pergunta.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Ex-procuradora-geral da Venezuela denuncia Maduro à Corte de Haia
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