Depois de uma manifestação de massa organizada ontem pelos militares golpistas, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Popular (ZANU-PF) destituiu hoje o ditador Robert Mugabe da liderança do partido e expulsou sua mulher, Grace Mugabe, que pretendia sucedê-lo. O novo líder do partido é o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, afastado na semana passada por Mugabe, o que deflagrou o golpe de Estado.
Mugabe, de 93 anos, estava no poder desde a independência do Zimbábue, em 1980. Em prisão domiciliar desde quarta-feira, lee negocia seu destino com a mediação da Igreja Católica. Depois de 37 anos no poder, é um líder sem partido e seus principais assessores foram presos pelos militares. Ele faz um pronunciamento pela televisão hoje à noite. A agência Reuters noticiou que ele vai renunciar.
"O partido não pode tirá-lo da Presidência, então o efeito legal da votação é limitado", observou o advogado constitucionalista Fadzayi Mahere.
Se as milhares de pessoas que saíram ontem às ruas de Harare protestassem semanas atrás, provavelmente o Exército abriria fogo contra a multidão. A oposição exige a renúncia de Mugabe e a convocação de eleições antecipadas.
Em 2000, num memorando interno do Departamento de Estado americano vazado posteriormente pelo sítio de pirataria cibernética WikiLeaks, o vice-presidente Mnangagwa foi descrito como "amplamente temido e desprezado através do país", que "pode ser um líder ainda mais repressivo do que Mugabe".
O outro homem-forte do Zimbábue é o ministro da Defesa, general Constantino Chiwenga, que foi a Beijim pedir o apoio da China, maior investidor estrangeiro no país, que sofre boicote das potências ocidentais por causa das violações aos direitos humanos cometidas pela ditadura de Mugabe.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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