Com o país falido pelas políticas desastrosas do "socialismo do século 21", o presidente Nicolás Maduro anunciou hoje à noite na televisão que a Venezuela vai honrar o pagamento de US$ 1,1 bilhão a investidores em bônus da companhia estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA) com vencimento hoje. Mas daqui para a frente pretende renegociar a dívida venezuelana.
Numa economia com inflação de 1.200% ao ano e queda de 15% a 20% no produto interno bruto nos últimos anos, o calote era esperando. A dúvida era quando. O país não tem dinheiro para importar papel higiênico, remédios e alimentos, mas Maduro continuava pagando as dívidas no mercado internacional.
O regime chavista pagou o principal, mas os juros atrasados já somam US$ 826 milhões, de acordo com uma estimativa da corretora Nomura Securities International citada pelo jornal americano The Wall Street Journal.
Sem declarar moratória, o ditador venezuelano avisou que buscar uma "reestruturação voluntária" da dívida do país, estimada em US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões, o que o coloca em conflito direto com os credores num momento em que a Venezuela enfrenta sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos em agosto para a emissão novos títulos que teriam de substituir os atuais.
Maduro nomeou como principal negociador o vice-presidente Tareck El-Aissami. Desde fevereiro, ele está numa lista de pessoas atingidas por sanções, no seu caso, por supostas ligações com o tráfico internacional de drogas.
O presidente da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, deputado Julio Borges, declarou no Twitter ser impossível renegociar a dívida porque "ninguém confia no governo".
Borges culpou o ditador e foi citado pelo jornal venezuelano El Nacional: "Maduro é um traidor que endividou a Venezuela e estamos morrendo de fome. Devemos US$ 120 bilhões aproximadamente. Onde está esse dinheiro? Alguém viu? O que se vê é fome, miséria, morte e destruição da indústria nacional."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Venezuela anuncia calote e pede renegociação da dívida
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