Mais de 60 mil manifestantes de extrema direita marcharam sábado à noite no centro de Varsóvia, durante a festa de 99 anos da independência da Polônia, e chegaram a pedir: "Rezem por um Holocausto islâmico."
Entre cartazes, faixas e palavras de ordem, houve apelos por "sangue limpo", uma "Europa branca" e "judeus fora da Polônia". Participaram líderes de extrema direita da Itália e do Reino Unido. O líder de ultradireita americano Richard Spencer, envolvido nas manifestações neonazistas de Charlottesville, na Virgínia, considerado radical demais pelo governo ultradireitista polonês, desistiu de comparecer.
Depois da marcha, um repórter questionou o ministro do Interior polonês sobre as manifestações dos supremacistas brancos: "É apenas a sua opinião, porque você se comporta como um ativista político", reagiu o ministro, descrevendo a marcha como "uma bela visão".
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918, e a dissolução dos impérios Alemão, Austro-Húngaro e Russo, a Polônia recuperou a independência, perdida desde sua divisão entre aqueles impérios, em 1795.
A Polônia voltaria a ser invadida pela Alemanha nazista em 1º de setembro de 1939, no início da Segunda Guerra Mundial. No fim da guerra, foi ocupada pelo Exército Vermelho e a União Soviética impôs um regime comunista que durou até 1989.
Desde 1989, todos os presidentes dos Estados Unidos que foram à Polônia visitaram o Gueto de Varsóvia, local da maior revolta dos judeus contra o Holocausto, esmagada em maior de 1943, menos Donald Trump, que tem a simpatia de grupos supremacistas brancos e neonazistas americanos.
No momento, a Polônia é governada pelo Partido da Lei e da Justiça, de extrema direita e antieuropeu, acusado, entre outras coisas, de atacar os meios de comunicação e a independência do Poder Judiciário.
A crise econômica e a onda de refugiados da África e das guerras do Oriente Médio ressuscitaram o fantasma do ultranacionalismo radical na Europa. Ao lado da Hungria, a Polônia é um dos países da Europa Oriental que não querem receber sua cota de refugiados, como quer a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel.
Desde 2010, um movimento de ultradireita fundado em 1989 com o nome de um grupo radical antissemita dos anos 1930s, Juventude Totalmente Polonesa, organiza uma festa da independência paralela às comemorações oficiais.
A polícia de choque conseguiu manter à distância um número menor de manifestantes antifascistas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Ultradireita europeia marcha na Polônia e pede Holocausto islâmico
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