segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Acusações de crime sexual derrubam candidatura ao Senado dos EUA

O líder do Partido Republicano no Senado dos Estados Unidos, Mitch McConnell, pediu hoje ao juiz ultraconservador aposentado Roy Moore que retire sua candidatura ao Senado pelo estado do Alabama. Cinco mulheres o acusaram de as molestar sexualmente quando eram menores de idade.

Leigh Corfman tinha 14 anos e Moore 32, em 1979. Em reportagem publicada na semana passada pelo jornal The Washington Post, Corfman, hoje com 53 anos, revelou detalhes de como foi levada para uma casa no meio do mata, despida e submetida a abusos por um homem muito mais velho.

Moore nega as acusações, mas McConnell disse hoje sem hesitar: "Eu acredito na mulher." Outras três mulheres ouvidas na reportagem contaram ter sido abordadas por Moore com intenções libidinosas.

O candidato reagiu pelo Twitter: "A pessoa que tem de sair é o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell. Ele levou os conservadores ao fracasso e deve ser substituído."

Hoje, uma quinta mulher, Beverly Young Nelson, denunciou avanços sexuais de Moore quando ela era adolescente. Chorando, contou na televisão ter sido abusada sexualmente numa sala. Quando tentou fugir, ele trancou a porta e continuou o abuso. "Eu estava aterrorizada. Pensei que ela ia me estuprar. Em algum momento, desistiu."

Mais uma vez, o candidato manteve o tom da campanha e reivindicou a superioridade moral: "As forças do mal vão mentir, enganar, roubar - até mesmo infligir danos físicos - se acreditarem que vão silenciar cristãos conservadores como eu e você."

Mesmo que Moore desista, seu nome estará na cédula na eleição de 12 de dezembro, para preencher a vaga aberta com a nomeação do senador Jeff Sessions para ministro da Justiça do governo Donald Trump. Uma alternativa é Luther Strange, derrotado por Moore na eleição primária do partido.

O Alabama é um dos estados mais conservadores e pobres dos EUA, com grande população rural. Talvez o eleitorado mais à direita ainda prefira Moore a Doug Jones, um democrata a favor do aborto. Neste caso, ele poderia ser expulso do partido ou cassado por maioria de dois terços de seus colegas de Senado.

Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Alabama, Moore foi afastado porque insistia em manter uma cópia dos dez mandamentos em exposição na parede. Durante a eleição primária, contou com o apoio decidido dos eleitores evangélicos para superar os US$ 10 milhões gastos por aliados de McConnell.

O presidente Trump apoiou Strange, enquanto o ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, fez campanha para Moore. Ideólogo do trumpismo, Bannon é ultranacionaislita, contra a globalização, contra a imigração e contra o livre comércio. Quer derrubar McConnell e pretende apresentar candidatos orientados por suas ideias nas eleições primárias republicanas para conquistar o coração do partido e pressioná-lo a seguir a agenda de Trump.

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