A agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou na segunda-feira, 11 de novembro, a nota de crédito das dívidas da Venezuela de curto e longo prazos depois de considerar o país em default (moratória) por não pagar rendimentos de bônus. O Brasil levou o governo Nicolás Maduro ao Clube de Paris, que costuma negociar as dívidas entre governos, pelo não pagamento de US$ 262,5 milhões.
A Venezuela deixou de pagar juros mais de US$ 900 bilhões de juros a investidores em seus bônus. Na sexta-feira, deveria ter pago US$ 81 milhões de bônus da companhia estatal Petróleos de Venezuela (PdVSA). A Associação Internacional de Trocas (Swaps) e Derivativos estuda a possibilidade de considerar em moratória um pagamento de bônus da PdVSA de US$ 1,161 bilhão.
Até o fim do ano, a Venezuela tem compromissos financeiros de US$ 1,47 bilhões. Em 2018, os vencimentos somam US$ 8 bilhões. As reservas cambiais estão em US$ 9,7 bilhões.
Em Caracas, o regime chavista, que faliu o país com seu "socialismo do século 21", recebeu representantes dos credores para dar início à renegociação de dívidas no valor de US$ 60 bilhões.
Os dois responsáveis pelas negociações, o vice-presidente Tareck El Aissimi, e o ministro da Fazenda estão na lista negra dos Estados Unidos por tráfico de drogas e corrupção. Assim, os bancos americanos podem ser punidos por negociar com eles.
No Conselho de Segurança das Nações Unidas, a embaixadora americana, Nikki Halley, descreveu a Venezuela como "cada vez mais um narco-país".
Depois de falar sozinho durante meia hora, o vice-presidente venezuelana distribuiu chocolate e café aos convidados e encerrou o encontro. Não apresentou nenhum plano. Nenhuma proposta. O regime chavista estaria negociando um grande empréstimo com a Rússia.
Ao todo, as dívidas da Venezuela estão avaliadas entre US$ 100 bilhões e US$ 150 bilhões. Desde agosto, sanções impostas pelo governo Donald Trump impedem a emissão de novos bônus da dívida pública e da PdVSA. Sem trocar os títulos não pagos por novos, não há como reestruturar a dívida
Os EUA impõem uma série de condições para apoiar a renegociação, como a aprovação pela Assembleia Nacional controlada pela oposição e não da Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro, 100% dominada pelo chavismo, e a libertação de cerca de 400 presos políticos.
A Assembleia Nacional está sob pressão do Palácio de Miraflores para dar um mandato ao governo para renegociar a dívida. Os setores mais radicais da oposição querem aproveitar a oportunidade para encurralar o governo Maduro.
"A única coisa que ele faz é mentir e a principal mentira é essa convocação ao diálogo", reagiu a líder oposicionista María Corina Machado. "O regime necessita de dinheiro e quer obrigar a oposição a negociar para que a Assembleia Nacional lhe refinancie a dívida."
María Corina acreditava que a oposição estava "perto de uma ruptura rumo à transição para a democracia quando impuseram a Constituinte." Ela criticou indiretamente a oposição mais moderada, dizendo que um setor "está disposto a aceitar migalhas e dar tempo à ditadura.""
"Sabemos que o regime está em seu momento de maior fraqueza", acrescentou a ex-deputada. "Submetem o povo à fome e à miséria. É preciso ter coerência. Na Venezuela hoje não há eleições, só exercícios militares. A única realidade é a fome."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário