sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Tensão se agrava na República Centro-Africana

Um ataque com granadas abala a frágil paz na República Centro-Africana, para onde o Brasil deve mandar soldados para uma força internacional, se aceitar o pedido feito oficialmente ontem pelas Nações Unidas, advertiu hoje o boletim Africa Confidential.

Em 11 de novembro, dois homens de motocicleta jogaram granadas num bar onde havia um concerto pela paz e a reconciliação nacional, em Bangui, a capital do país. Eles escolheram um dos bairros que foram palco de conflitos violentos há três anos, quando a República Dominicana esteve à beira do caos.

Sete pessoas morreram e outras 20 saíram feridas no ataque ao bairro PK5, informou a agência Reuters. É um enclave muçulmano na cidade majoritariamente cristã.

"Três ou quatro jovens nossos foram mortos, aparentemente em represália porque pensaram que muçulmanos estavam por trás do ataque com granadas", disse Habib Soule, um morador muçulmano do PK5. "Erguemos barricadas para garantir que os provocadores não entrem no bairro."

Cada vez mais o presidente Faustin-Archange Touadéra, um membro da elite dominante cristã eleito em fevereiro de 2016, é acusado de não dialogar com a oposição e a minoria muçulmana.

O Secretariado da ONU pediu ao Brasil 750 soldados de infantaria para a Missão Integrada Multidimensional para a Estabilização da República Centro-Africana (Minusca). No momento, a ONU tem 12 mil soldados no país.

A República Centro-Africa tem 623 mil quilômetros quadrados e cerca de 5 milhões de habitantes, com produto interno bruto de US$ 1,85 bilhão e renda média de US 370 por pessoa. É um dos países mais pobres do mundo, muito mais pobre do que o Haiti. O governo brasileiro tem até 15 de dezembro para dar uma resposta.

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, admitiu na semana passada a possibilidade de enviar até mil soldados: "O Brasil gostaria de assumir o comando, mas a palavra final é da ONU. Mesmo sem o comando, o Brasil vai participar. Temos responsabilidades globais com a estabilidade e a paz no mundo."

"Será muito mais difícil do que no Haiti", afirmou ontem o último comandante da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), chefiada pelo Brasil, general Ajax Porto Pinheiro, ao fazer um balanço da participação brasileira na sede da ONU no Rio de Janeiro, no Palácio do Itamaraty.

Nenhum comentário: