terça-feira, 7 de novembro de 2017

Rússia iniciou apoio a Trump assim que candidatura foi anunciada

Poucas semanas depois que o magnata imobiliário anunciou sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos, em 16 de junho de 2015, a Rússia começou a apoiá-lo com contas falsas no Twitter supostamente criadas por americanos, revela uma análise do jornal The Wall Street Journal.

Uma avaliação feita neste ano pelos serviços secretos dos EUA concluiu que o Kremlin tinha uma "preferência clara" pela vitória de Trump, que manifestou interesse em melhorar as relações com a Rússia, mas citava dezembro de 2015 como início da propaganda fraudulenta nas redes sociais.

Agentes de Moscou semearam a discórdia entre os americanos com notícias falsas, mensagens inflamatórias e milhares de anúncios pagos dirigidos a liberais e a conservadores. Pelo menos 159 mil mensagens apagadas do Twitter foram identificadas em investigação do Congresso como operadas pela Agência de Pesquisas na Internet do Kremlin.

O Twitter suspendeu 2.752 contas com identidade falsa.

Nos primeiros três meses da campanha de Trump, a contrainformação da Rússia se concentrou em elogiar o empresário do mercado imobiliário, enquanto atacava a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, candidata do Partido Democracia, e o ex-governador Jeb Bush, considerado o favorito entre os aspirantes do Partido Republicano.

Em depoimento no Congresso na semana passada, um advogado do Twitter afirmou que a empresa leva a sério "o poder de nosso serviço de ser mal usado por um ator estrangeiro com o propósito de influenciar a eleição presidencial americana".

Trump, um usuário regular do Twitter, que o usa para atacar seus adversários, acusa a denúncia de manipulação da eleição pelos russos de ser "uma farsa".

Uma conta se apresentando como de uma "mãe e esposa conservadora" acusou Bush de ser frouxo no combate à imigração ilegal. Outra acusou Jeb de não ser um verdadeiro republicano. Nos ataques a Hillary, seu tratamento em relação a jornalistas foi comparado ao de Adolf Hitler: "Heil, Hillary!"

Às vésperas da eleição de 8 de novembro de 2017, os tuítes russos apoiaram Trump contra Hillary numa razão de 30 para 1. Nos dois meses e meio antes da votação, as 2.752 contas operadas pela Agência de Pesquisa na Internet publicaram 131 mil mensagens que foram vistas 288 milhões de vezes.

O ataque cibernético do Kremlin não se limitou a elogiar Trump e atacar seus adversários, em especial Hillary. A conta Blackativist (Ativista Negro) entrou no movimento Vidas de Negros são Importantes para explorar os problemas raciais nos EUA.

Uma conta russa atribuída a Pamela Moore, supostamente uma "conservadora texana a favor de Deus e contra o racismo", chegou a ter 70 mil seguidores, inclusive o general Michael Flynn, assessor de Segurança Nacional que caiu no início do governo Trump por mentir sobre contatos com russos, e o jornalista ultraconservador Sean Hannity, da Fox News, que mais parece um canal de propaganda de Trump e do Partido Republicano.

Na propaganda russa, "Trump é um verdadeiro líder", "Só Trump pode enfrentar o Estado Islâmico", "Hillary na cadeia", "Trump presidente".

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