Com a retirada dos liberais-democratas (FDP) das negociações para formar um novo governo na Alemanha, a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel enfrenta sua crise política mais grave em 12 anos no poder. Depois de um mês, ela não conseguiu promover um acordo entre a aliança da União Democrata-Cristã e com a União Social-Cristã (CDU-CSU), que lidera, o FDP e os Verdes.
Os principais pontos de discórdia foram refugiados, migração e mudança do clima. Sem avanços até sexta-feira passada, prazo fixado pela chanceler para chegar um acerto, o líder do FDP, Christian Lindner, abandonou as negociações.
"É melhor não governar do que governar insinceramente", declarou Lindner. Na sua opinião, o processo "demonstrou que os quatro parceiros não têm uma visão comum do nosso país nem uma base comum de confiança".
Merkel foi obrigada a formar um governo de coalizão depois que a CDU obteve nas eleições de 24 de setembro seu pior resultado desde 1949, nas primeiras eleições da Alemanha Ocidental. Sob pressão do novo partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), a aliança CDU-CSU teve apenas 30,2% dos votos.
No domingo, o presidente da Alemanha, o ex-líder do Partido Social-Democrata (PSD) e ex-ministro do Exterior Frank-Walter Steinmeier advertiu para os ricos de novas eleições, que podem fortalecer ainda mais a extrema direita.
Agora, a primeira-ministra pode formar um governo sem maioria parlamentar, que seria frágil, precisando barganhar apoio a cada votação, tentar rearticular a grande coalizão com o SPD ou convocar novas eleições no início de 2018.
No seu primeiro governo (2005-9) e no terceiro (2013-17), Merkel fez alianças com o SPD para ter maioria no Parlamento. Mas aparentemente o SPD prefere novas eleições. Pode ser o fim melancólico da carreira política da mulher apontada como líder do mundo livre depois da ascensão de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário