A Arábia Saudita prendeu 11 príncipes, inclusive um bilionário, quatro ministros e dezenas ex-ministros numa grande campanha anticorrupção destinada a consolidar o poder do príncipe herdeiro e ministro da Defesa, Mohamed ben Salman, o novo homem-forte do reino.
O príncipe herdeiro chefia a nova comissão anticorrupção criada ontem por decreto real, que entrou em ação imediatamente. As prisões se devem a um inquérito sobre a enchente que atingiu a cidade de Jedá, no Mar Vermelho, em 2009.
O mais conhecido dos presos é o príncipe Alwaleed ben Talal, um bilionário com grandes investimentos em empresas ocidentais, entrevistado com frequência por jornalistas. Muitos detidos criticam a política externa agressiva atribuída ao novo homem-forte da Arábia Saudita, especialmente a intervenção militar no Iêmen e a tentativa de isolar o Catar.
Mohamed ben Salman, também conhecido como MBS, é filho do rei Salman. Era o segundo na linha sucessória até junho, quando seu primo Mohamed ben Nayef foi afastado.
Para o alto conselho de clérigos e sábios do Islã, uma pedra fundamental do regime saudita, uma aliança do wahabismo, uma corrente ultrapuritana do sunismo, com a dinastia de Saud, "o combate à corrupção é tão importante quanto o combate ao terrorismo".
Será uma onda de choque nos mercados local e internacional. "A amplitude e a escala das prisões parece sem precedentes na história moderna saudita", observou o professor Kristian Ulrichsen, do Instituto Baker de Políticas Públicas, da Universidade Rice, de Houston, no Texas, nos Estados Unidos.
Em outras decisões, aparentemente sem relação com a campanha anticorrupção, foram demitidos o ministro da Economia, o comandante da Marinha e o chefe da Guarda Nacional, príncipe Mitab ben Abdullah, filho do sultão anterior, que chegou a ser cogitado como candidato ao trono.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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