sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Atentado terrorista contra mesquita mata 235 pessoas no Egito

Pelo menos 235 foram mortas e outras 130 saíram feridas do pior atentado terrorista da história moderna do Egito, cometido numa mesquita da Península do Sinai. As principais suspeitas recaem sobre a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. O ditador Abdel Fattah al-Sissi prometeu uma "resposta brutal".

Nenhum grupo reivindicou a autoria do atentado até agora, mas as características apontam para o Estado Islâmico. Os terroristas eram cerca de 30. Eles explodiram duas bombas dentro da mesquita e metralharam quem tentava fugir da mesquita da cidade Ber al-Abed, que fica a 40 quilômetros a oeste de Alarixe, a capital e maior cidade da província do Sinai do Norte.

Até ambulâncias que socorriam os feridos foram baleadas. Há cinco anos há grupos jihadistas em atividade na região. Há dois anos, o grupo Ansar Beit al Makdis passou a se chamar de Província do Sinai do Estado Islâmico.

Houve vários atentados terroristas no Sinai desde 2013, mas os principais alvos eram cristãos coptas, que são cerca de 10% da população egípcia. O mais famoso foi a derrubada de um avião da empresa russa Metrojet que ia de Charm al-Cheikh, no Egito, para São Petersburgo, na Rússia, em 31 de outubro de 2015, um mês depois do início da intervenção russa na guerra civil da Síria. Todas as 22 pessoas a bordo morreram.

No mês passado, o Estado Islâmico assaltou um banco em Alarixe e realizou dois ataque fatais. Pelo menos 16 policiais morreram num ataque a um esconderijo dos terroristas no Deserto do Saara, a sudoeste do Cairo.

Desta vez, o alvo foi mesquita era sufista, uma corrente mística do Islã que os jihadistas consideram uma versão degenerada e herética porque seus rituais têm cantos e danças.

O wahabismo, a versão ultrapuritana do islamismo pregada oficialmente e exportada pela Arábia Saudita, surgiu no século 18, quando Mohamed Wahab tentou revigorar e purificar a religião voltando a suas raízes do século 7, na época do profeta Maomé.

Seus seguidores se intitulam salafistas, de salaf (predecessores pios), as três primeiras gerações de muçulmanos, que tomam como exemplo. O salafismo é a ideologia dos terroristas muçulmanos sunitas.

A matança aumenta a pressão sobre o marechal Al-Sissi, que tomou o poder num golpe de Estado em 3 de julho de 2013, derrubando o governo da Irmandade Muçulmana e o primeiro e único presidente eleito democraticamente da história do Egito, Mohamed Mursi, com a promessa de erradicar o terrorismo.

Durante o governo da Irmandade Muçulmana, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino, que domina a Faixa de Gaza, aproveitou da situação para aumentar o contrabando de armas e outras mercadorias. Depois do golpe, Al-Sissi combateu os milicianos jihadistas no Sinai e isolou Gaza, ajudando Israel na guerra de 2014 contra o Hamas.

No momento, o Egito articula a reconciliação entre o Hamas e a Fatah (Luta), que controla a Autoridade Nacional Palestina. Tinha planejado abrir a fronteira entre o Egito e Gaza durante quatro dias no mês passado. Cancelou a abertura diante dos sucessivos ataques terroristas no Sinai.

"Este ato odioso, que reflete a desumanidade de quem o perpetrou, não vai passar sem uma punição firme e definitiva", afirmou o ditador, que decretou luto oficial por três e convocou o conselho de segurança nacional para preparar a resposta.

Se realmente foi o Estado Islâmico, é mais um sinal de que, com a perda do território do califado proclamado em 2014, o grupo regride a uma organização terrorista clandestino. Sem condições de lutar em campo aberto e de conquistar e manter territórios, o Estado Islâmico prova que está vivo cometendo atentados brutais, uma tendência observada pelo menos desde os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris.

No início do mês, o marechal-presidente havia advertido que os milicianos do Estado Islâmico que estão fugindo do Iraque e da Síria chegariam ao Egito através da Líbia, que vive numa situação de anarquia, sem governo estável, desde a queda do ditador Muamar Kadafi, em agosto de 2011.

O Egito está virando um Afeganistão, um país em guerra permanente.

NOTA: No dia seguinte, o total de mortos subiu para 305.

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