A Casa Branca confirmou hoje que o presidente Donald Trump avisou Jerome Powell de que vai nomeá-lo para a presidência da Reserva Federal (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Powell faz parte do Conselho do Fed desde 2012.
Trump falou ontem por telefone com Powell para fazer o convite. Não foram revelados mais detalhes da conversa.
O anúncio oficial será feito amanhã, na véspera do embarque do presidente para uma viagem à Ásia. Se o Senado aprovar a nomeação, Powell substituirá Janet Yellen no início de fevereiro, quando termina seu mandato de quatro anos.
Ao não reindicar Yellen, Trump quebra uma tradição que vinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial: cada presidente do Fed cumpre dois mandatos. Trump não resistiu à tentação de fazer sua própria escolha.
A lista final tinha cinco candidatos: Yellen, Powell, o economista John Taylor, professor da Universidade de Stanford, o ex-diretor do banco Kevin Warsh e o presidente da Conselho Econômico Nacional, Gary Cohn, assessor direto do presidente.
Horas antes, Trump havia elogiado Yellen, dizendo que ela faz um "um trabalho excelente". Durante a campanha, ele acusou a primeira mulher a dirigir o Fed de manter as taxas de juros baixas artificialmente para ajuda a candidata democrata, Hillary Clinton.
O mercado espera que Powell mantenha a política de desativar cautelosamente as políticas adotadas para enfrentar a Grande Recessão (2008-9). Isso significa elevar gradualmente as taxas básicas de juros, hoje numa faixa de 1% a 1,25%, até 2020 e reduzir a carteira de títulos públicos e de dívida hipotecária comprados para estimular a economia quando os juros estavam praticamente zerados, num total de US$ 4,2 trilhões.
Hoje, o Comitê de Mercado Aberto do Fed decidiu manter inalterada a taxa básica de juros, mas a expectativa é de um aumento na próxima reunião, em dezembro.
Em junho, Powell declarou que "a economia está mais perto das nossas metas do que esteve nos úlitmos anos". Se o crescimento continuar, "vejo como apropriado continuar elevando as taxas de juros gradualmente".
Nos cinco anos em que está na direção do banco central americano, Powell foi um aliado fiel de Yellen. Nunca discordou nem em votos nem em declarações do consenso do conselho.
Onde pode haver mudança é na política regulatória, observou o jornal The Wall Street Journal, porta-voz do centro financeiro de Nova York. Powell é a favor de afrouxar certas regras adotadas depois da crise de 2008, como a que impede os bancos de especular com capital próprio.
Em palestra no início do mês, Powell afirmou que "mais regulamentação não é a resposta para todos os problemas". Está de acordo, portanto, com as políticas de desregulamentação de Trump.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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