terça-feira, 31 de julho de 2018

Economia da Europa perdeu força no segundo trimestre

Com queda nas exportações e na confiança do empresariado, a economia da Europa manteve a desaceleração registrada no primeiro trimestre de de 2018. Em conjunto, os 19 países da Zona do Euro avançaram 0,3% e a União Europeia como um todo, com 28 países, 0,4%, revelou hoje o Eurostat, o escritório oficial de estatísticas do bloco europeu.

Esses números projetam um crescimento de 1,4% ao ano para a Eurozona e de 1,5% na UE, em contraste com 4,1% ao ano no mesmo período nos Estados Unidos. No primeiro trimestre, tanto a Eurozona como a UE tiveram expansão de 0,4%, depois de 0,7% e 0,6% no fim de 2017.

Na França, o crescimento foi de 0,2% no primeiro e no segundo trimestres. Pela manhã, o ministro de  Economia e Finanças, Bruno Le Maire, reconheceu que a meta do governo de uma alta de 2% no ano não será atingida. Os economistas preveem expansão de 1,5% a 1,7%.

O desemprego na Eurozona ficou estável em 8,3% em junho de 2018 em relação a maio, a menor taxa desde dezembro de 2008. Em junho do ano passado, estava em 9%. Na UE como um todo, se manteve em 6,9% em maio e junho deste ano, abaixo dos 7,6% de junho de 2017.

As menores taxas de desemprego são da República Tcheca (2,4%) e da Alemanha (3,4%), em forte contraste com a Grécia (20,2%) e da Espanha (15,2%). Nos EUA, o desempregou subiu de 3,8% para 4% em junho, mas ficou abaixo dos 4,3% de junho do ano passado.

Em 12 meses, o desemprego baixou de 11% para 8,2% no Chipre, de 9,1% para 6,7% em Portugal e de 11,2% para 9,1% na Croácia.

A inflação anual na Eurozona ficou em 2,1% em julho, levemente acima dos 2% de junho, que é a meta do Banco Central Europeu (BCE), com alta de 9,3% nos preços de energia. Em junho, esse aumento era de 8% num ano. O item comida, álcool e tabaco registrou o segundo maior crescimento de preços, 2,5%.

segunda-feira, 30 de julho de 2018

Coreia do Norte está fabricando novos mísseis

Um mês e meio depois do encontro de cúpula histórico entre o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un, a Coreia do Norte está fabricando pelo menos um, talvez dois, mísseis balísticos intercontinentais de combustível líquido num centro de pesquisas na periferia de Pyongyang, noticiou o jornal The Washington Post citando como fonte os serviços secretos dos Estados Unidos.

A descoberta, revelada em imagens de satélites-espiões, desmente a alegação de Trump de que a Coreia do Norte “não é mais uma ameaça nuclear”.

Outros informes confidenciais citam uma instalação de enriquecimento urânio chamada Kangson. Em depoimento no Senado na semana passada, o secretário de Estado, Mike Pompeo, admitiu o regime comunista norte-coreano “continua produzindo material físsil” para bombas atômicas.

Em 12 de junho, Kim e Trump assinaram uma carta de intenções prometendo “trabalhar rumo” à “desnuclearização” da Península Coreana. Desde então, a Coreia do Norte. Fez gestos simbólicos, como desmontar a Estação de Lançamento de Satélites de Sohae, mas, na prática, estaria se esforçando para manter sua capacidade nuclear.

“Vimos indo para o trabalho como antes”, observou um funcionário americano, falando da fábrica de Sanumdong, onde os norte-coreanos estariam trabalhando no míssil Hwasong-15, como mostraram imagens da Agência Nacional de Inteligência Geoespacial.

De acordo com a reportagem do Post, altos funcionários norte-coreanos tentam esconder o número de ogivas nucleares e mísseis, assim como de instalações nucleares, com o objetivo de não dar acesso total a inspetores internacionais. A ditadura stalinista de Pyongyang pretende declarar e entregar 20 ogivas nucleares, preservando dezenas.

domingo, 29 de julho de 2018

Dono do NY Times pede a Trump não chamar jornalistas de “inimigos do povo”

O presidente Donald Trump voltou a acusar jornalistas hoje de serem “antipatróticos” e de colocarem vidas em risco ao criticar o governo, enquanto o diretor do jornal The New York Times, Arthur G. Sulzberger, revelou ter pedido ao presidente que pare de chamar jornalistas de “inimigos do povo”, advertindo que vai levar à violência.

Do seu clube de golfe em Bridgewater, no estado de Nova Jérsei, Trump disparou: “Quando a mídia - tornada insana pela Síndrome de Transtorno de Trump - revela deliberações internas do nosso governo, ela verdadeiramente coloca as vidas de muitos, e não apenas jornalistas, em risco! Muito antipatriótico!”

Em seguida, voltou à ofensiva: “Não vou deixar nosso grande país ser vendido por odiadores anti-Trump na moribunda indústria de jornais”, acusando The New York Times and The Washington Post de publicar “histórias ruins mesmo diante de realizações muito positivas”.

Trump estava reagindo ao relato de Sulzberger sobre a conversa privada que tiveram na Casa Branca em 20 de julho. A notícia não teria vindo à público se o presidente não rompesse o sigilo ao descrever   a discussão como “um encontro muito bom e interessante”.

O presidente declarou que “passamos muito tempo falando sobre a grande quantidade de notícias falsas divulgadas pela mídia e como as notícias falsas se metamorfosearam na expressão ‘inimigo do povo’.”

Em sua versão, o diretor do NY Times, que estava acompanhado pelo editor de opinião do jornal, James Bennet, afirmou ter ido à Casa Branca “para levantar preocupações sobre a retórica profundamente problemática do presidente contra a imprensa”.

“Eu disse ao presidente diretamente que penso que sua linguagem não apenas divide, mas é cada vez mais perigosa”, contou Sulzberger. “Eu disse a ele que, embora a expressão ‘notícia falsa’ seja uma inverdade prejudicial, estou muito mais preocupado com rotular jornalistas como ‘inimigos do povo’. Adverti que esta linguagem inflamatória está contribuindo para um aumento das ameaças contra jornalistas e vai levar à violência.”

Onde não há democracia, o impacto tende a ser ainda maior: “Repetidamente acentuei que isto é verdade, especialmente no exterior, onde a retórica do presidente está sendo usada por alguns regimes para justificar a repressão violenta a jornalistas. Adverti-o de que está minando os ideais democráticos de nossa nação e erodindo uma das maiores exportações do nosso país: um compromisso com a liberdade de expressão e uma imprensa livre.”

Sulzberger concluiu: “Durante a conversa, enfatizei que, se o presidente Trump, como presidentes anteriores, estiver contrariado com a cobertura jornalística de seu governo, é claro que ele é livre para dizer ao mundo. Deixei claro que não estava pedindo para suavizar seus ataques ao Times, se ele sente que a cobertura é injusta. Em vez disso, implorei para que reconsidere seus ataques genéricos ao jornalismo, que acredito serem perigosos e prejudiciais ao país.”

sábado, 28 de julho de 2018

Irmão de Daniel Ortega critica repressão na Nicarágua

O ex-ministro da Defesa da Nicarágua Humberto Ortega acusou hoje o presidente Daniel Ortega, seu irmão pela repressão violenta a uma onda de protestos de rua que já dura mais de três meses, com mais de 350 mortes. Ele criticou o uso de forças paramilitares e declarou que o Exército não pode tolerar a situação atual.

A acusação de Humberto Ortega ao próprio irmão em entrevista à televisão americana CNN é um sinal de que a base de sustentação do presidente está rachando. Desde o início dos protestos, inicialmente contra uma reforma da Previdência e depois exigindo a queda do governo por causa das mortes, o Exército se recusa a participar diretamente da repressão.

O governo Ortega tem usado a polícia e forças paramilitares. Na segunda-feira, uma estudante brasileira de medicina, Raynéia Gabrielle Lima, que não participava dos protestos, foi metralhada num bairro nobre de Manágua, a capital nicaraguense, onde paramilitares estariam protegendo membros do partido governista, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). O governo prendeu ontem um segurança particular e o acusou pelo crime.

Cinquenta e nove anos depois da vitória da Revolução Sandinista sobre a ditadura de Anastasio Somoza, Daniel Ortega é o novo Somoza e seu irmão, um dos nove comandantes que tomaram o poder em julho de 1979, não aceita a situação atual.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

EUA crescem em ritmo de 4,1% ao ano

A maior economia do mundo teve uma expansão num ritmo de 4,1% ao ano no segundo trimestre de 2018. Foi a maior taxa de crescimento num trimestre desde 2014, no governo Barack Obama, quando chegou a 5,2%. 

Os economistas veem o avanço como um reflexo temporário dos cortes de impostos e aumentos de exportações, antecipadas para evitar a alta de tarifas causada pela guerra comercial deflagrada pelo presidente Donald Trump. Não é sustentável.

As exportações tiveram alta de 9,3%. Os importadores compraram soja da China num volume acima do normal para fugir de uma tarifa de 25% imposta por Trump. Com a sobretaxa, os chineses passaram a comprar mais soja do Brasil, mas isso ainda não apareceu porque as tarifas foram impostas em julho.

O investimento das empresas subiu acima de 7%, os gastos públicos 1% e o consumo pessoal 4%, mas a expectativa do consumidor piorou em julho, com a perspectiva de que a guerra comercial aumente preços e abale a economia mundial. No primeiro trimestre, o produto interno bruto crescera num ritmo de 2,2% ao ano.

Com um aumento do consumo pessoal “mais forte do que antecipado”, a economia americana pode avançar 3% ao ano, previu Brian Coulton, economista sênior da empresa de avaliação de risco Fitch Ratings.

Mentindo mais uma vez, o presidente Donald Trump afirmou que os EUA estão crescendo “10 vezes mais” do que nos governos Obama e George W. Bush. Tanto um como o outro registraram taxas de crescimento mais fortes quatro vezes.

A expectativa do mercado é que o Conselho da Reserva Federal (Fed), o banco central dos EUA, mantenha a política de elevação gradual das taxas básicas de juros, noticiou o jornal The Wall Street Journal. Os economistas esperam que elas fiquem inalteradas na reunião da próxima semana e subam 0,25 ponto percentual em setembro para uma faixa de 2% a 2,25% ao ano.

Reitor acusa sandinistas pela morte de brasileira na Nicarágua

A estudante brasileira Rayneia Gabrielle Lima, de 31 anos, cursava o sexto ano do curso de medicina na Universidade Americana em Manágua. Na segunda-feira à noite, foi morta a tiros quando voltava para casa num bairro nobre da zona sul da capital nicaraguense. O governo Daniel Ortega culpa paramilitares, mas o reitor da universidade responsabiliza o partido do governo, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

O assassinato aconteceu em meio à maior crise política na Nicarágua desde os anos 1980s, quando rebeldes financiados pelos Estados Unidos combatiam a revolução sandinista, que derrubara a ditadura de Anastasio Somoza em 1979.

Desde 18 de abril, pelo menos 351 pessoas foram mortas na dura repressão do governo Ortega contra uma onda de manifestações de rua. Primeiro, exigiam o fim de uma reforma da Previdência com aumento de contribuição e redução nos benefícios. Depois das mortes, passaram a pedir a renúncia do presidente e de sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, a antecipação das eleições e uma investigação internacional sobre os crimes cometidos pela repressão do governo Ortega.

“Isto é preciso dizer: foram paramilitares que estavam na casa de Chico López que dispararam”, afirmou o reitor Ernesto Medina. López, tesoureiro da FSLN, era diretor de empresas estatais de petróleo e construção civil até ser denunciado recentemente de violar os direitos humanos, com base na Lei Global Magnitsky.

Havia uma reunião na casa de Francisco López para avaliar a crise no dia em que Rayneia foi morta. Os paramilitares rondavam a área para dar proteção aos dirigentes sandinistas.

“As forças paramilitares sentem que têm carta branca”, acrescentou o reitor. “Ninguém vai lhes dizer nada. Ninguém vai lhes fazer nada. Estão sequestrando e fazendo operações de busca e apreensão com total impunidade.”

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)  responsabiliza o governo da Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais,  maus tratos, possíveis casos de tortura e detenções arbitrária”.

“A morte desta garota é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua, contradiz o que diz Ortega, que tudo está normal”, acusou Medina. “É uma paz de mentira. Há paramilitares por todos os lados.”

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Candidato do Exército canta vitória no Paquistão

Antes do fim da apuração, Imran Khan, ex-capitão da seleção de críquete de Paquistão e candidato favorito das Forças Armadas, cantou vitórias nas eleições nacionais realizadas. O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif, impedido de concorrer por força de uma condenação por corrupção, protestou contra uma possível influência do Exército, o grande poder por trás do trono nos 71 anos de independência do Paquistão, e rejeitou o resultado oficial.

Na madrugada desta sexta-feira pelo horário local, o Movimento pela Justiça no Paquistão, liderado por Khan, havia conquistado 108 das 228 cadeira da Assembleia Nacional do Paquistão, seguido pela Liga Muçulmana do Paquistão, o partido de Sharif, com 58 deputados, e pelo Partido Popular Paquistão, chefiado por Bilawal Bhutto Zardari, filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.

Khan nasceu em 5 de outubro de 1952 numa família rica do povo pashtun e foi educado na Inglaterra. Em 1974, entrou para a seleção nacional de críquete.

Como capitão da seleção de críquete, Khan levou o Paquistão à sua única vitória na Copa do Mundo, em 1992. Playboy internacional, ele se casou com a socialite britânica e judia Jemima Goldsmith, que na época tinha a metade de sua idade. Hoje, ela felicitou o “pais dos meus filhos”. Não tinha a menor cara de primeira-dama de um país muçulmano.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Trump quer regredir à Era dos Impérios

Com seus ataques ao sistema internacional criado sob a inspiração do presidente americano Franklin Delano Roosevelt, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, revela uma visão de um mundo dominado por grande potências militares e dividido em áreas de influências. Seria uma volta à Era dos Impérios, ao mundo pré-1914, que levou a duas guerras mundiais, observou hoje o embaixador Rubens Ricupero.

Em lançamento de livros no Palácio do Itamarary, no Rio de Janeiro, Ricupero apresentou mais uma vez A Diplomacia na Construção do Brasil: 1750-2016, enquando o embaixador Affonso José Santos  falou sobre Barão do Rio Branco: Caderno de Notas (Maio de 1895-Abril de 1901), com foco central no conflito com a França para definir os limites da fronteira com a Guiana Francesa.

O evento foi organizado pela Fundação Alexandre Gusmão (Funag), o Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI) e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

“Trump quer voltar a 1920, à era pós-Woodrow Wilson quando os EUA voltaram a se fechar, depois da Primeira Guerra Mundial”, comentou o embaixador Ricupero, acrescentando que a política de Trump deixaria as grandes decisões nas mãos de um pequeno número de grandes potências militares.

Ricupero se preocupa com o que possa acontecer com o sistema Nações Unidas se o atual presidente americano for reeleito. Ele citou o professor e ex-secretário de Estado Henry Kissinger, que em depoimento recente na Comissão das Forças Armadas do Senado dos EUA denunciou “uma erosão gradual e sistemática do sistema internacional.”

O risco é de um mundo onde prevalece o poder da força. Seria o fim do sistema ONU, que, “apesar dos defeitos, evitou uma terceira guerra mundial, uma guerra nuclear, acomodou a ascensão da China e a desintegração da União Soviética.”

Em sua obra, Ricupero destaca os principais momentos e desafios da política externa brasileira dese o Tratado de Madri, de 1750, que delineou mais ou menos o mapa que o Brasil tem hoje, com a exceção do Acre, que não pertencia ao Brasil, e do Rio Grande do Sul, cujas fro nteiras mudaram, passando por momentos como a abertura dos portos, o conflito com o Império Britânico sobre o tráfico de escravos, as guerras do Prata e do Paraguai, entre outros.

“Para o Brasil, a diplomacia foi a base da formação do país, fruto da expansão europeia. É o único Sanpaís do mundo que tem o nome de uma commodity, observou Ricupero. O Brasil já nasceu globalizado. O fator limitante do desenvolvimento não era a terra, era a mão de obra, que sempre foi estrangeira, da escravidão à imigração.

Como os EUA, o Brasil nasceu como uma faixa estreita junto ao Oceano Atlântico, mas a semelhança acabou aí, notou Ricupero. “A grande expansão do Brasil foi no período colonial. O território hoje é menor do que na independência. Perdeu a Província Cisplatina com a independência do Uruguai, em 1928. As fronteiras foram consolidadas juridicamente. É um país satisfeito com seu status territorial, sem problemas com os vizinhos.”

“Nos EUA, a expansão aconteceu depois da independência, através de guerras e compras. Os EUA compraram a Flórida da Espanha e a Louisiana da França, mas foram compras no estilo ‘se não vender, a viúva vende’,” ironizou Ricupero.

Em 2020, serão completados 150 anos sem guerras com os países vizinhos. O Brasil tem 10 países vizinhos. Já teve 11, inclusive um tratado de fronteiras com o Equador, em território depois tomado pelo Peru.

“Com a exceção do Acre, a fronteira mais difícil de definir foi a da Guiana Francesa”, afirmou Ricupero. “A França era uma grande potência. Tinha meios militares. A arbitragem foi muito difícil

Depois de um longo trabalho de pesquisa no Itamaraty e em mais de 4 mil documentos franceses, o embaixador Affonso José Santos acredita que “talvez tenha sido o problema mais difícil do Brasil com uma grande potência”.

A França tinha a segunda maior marinha de guerra do mundo, depois do Império Britânico, e “Rio Branco de uma comissão francesa. Os franceses não aceitavam a fronteira no Rio Oiapoque. Queriam chegar ao Amazonas ou ao menos ao Araguari”, concluiu Santos.

“Havia todo um plano de invasão”, contou Santos. “O governador do Pará, Paes de Carvalho, teve três encontros com o ministro do Exterior francʼesque fez a ameaça de invadir. ‘Se a França vier, não nos encontrará sós’. A França deve ter termido a intervenção dos EUA.”

1898 é o ano em que os EUA se tornam uma potência imperial com a vitória sobre a decadente Espanha na Guerra Hispano-Americana, que levou à independência de Cuba, sob a tutela dos EUA, à ocupação de Porto Rico e à colonização das Filipinas.

Isso justificaria a decisão do Barão do Rio Branco de mudar o eixo da diplomacia brasileira de Londres para Washington, com a instalação da primeira embaixada brasileira no exterior, nos EUA, em 1905.

“Há um desconforto na diplomacia brasileira com Rio Branco e Joaquim Nabuco por causa das relações com os EUA”, comentou Ricupero. “O historiador francês Fustel de Coulanges dizia que o maior erro histórico é julgar o passado com os valores de hoje. O Brasil tinha fronteiras [nas Guianas] com três potências europeias e não tinha problemas com os EUA. A ameaça vinha de britânicos e franceses.”

No fim do século 19, nos primeiros anos da Repúbica, o Brasil era um país frágil, recém-pacificado depois das revoltas contra a abolição da monarquia, com sérios problemas financeiros, que seriam resolvidos no governo Campos Sales (1898-1902). Não tinha condições de enfrentar a França, que conquistara Indochina e grande parte do Norte da África.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Israel derruba caça sírio que invadiu espaço aéreo israelense

Dois mísseis antiaéreos Patriota abateram um avião Sukhoi da Força Aérea da Síria que entrou dois quilômetros em território israelense. Um dos pilotos morreu.  A ditadura de Bachar Assad afirmou que atacava terroristas em seu território.

Foi o primeiro avião sírio derrubado por Israel desde 2014, quando outro Sukhoi de fabricação russa, foi derrubado. O Exército da Síria acusou Israel de apoiar “terroristas”, expressão que usa para todos os rebeldes que lutam contra a ditadura de Assad.

“Fizemos numerosas advertências por numeros canais em várias línguas para ter certeza de que ninguém viole o espaço aéreo de Israel nem ameace a soberania e civis israelenses”, declarou o tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz militar de Israel.

A Força Aérea de Israel mantém contatos regulares com a Rússia, que domina o espaço aéreo da Síria desde que interveio na guerra civil do país em 30 de setembro de 2015 para evitar qualquer conflito com Moscou.

De acordo com militares israelenses, o avião sírio decolou na base aérea T-4, que já foi atacada por Israel por causa da presença de soldados iranianos, e voou em “alta velocidade” em direção às Colinas do Golã.

“Israel tem uma política muito clara: a nenhum avião, e certamente a nenhum avião sírio, é permitido entrar em nosso espaço aéreo sem a devida autorização”, afirmou Amos Yadlin, ex-diretor da inteligência militar israelense, à Rádio do Exército.

Em fevereiro, a Síria abatou um caça-bombardeiro F-15 que participava de um ataque aéreo contra uma base ligada ao Irã de onde saíra um drone iraniano que invadiu o espaço aéreo israelense. O piloto e o navegador saíram feridos.

Depois do abate do avião sírio hoje, o alarme antiaéreo soou em Israel nas Colinas do Golã e no Vale do Rio Jordão. Dois mísseis terra-terra disparados da Síria caíram em território sírio. Em 13 de julho, um míssi Patriota de Israel derrubou um drone vindo da Síria que penetrou 10 quilômetros em território israelense.

Colômbia e Mercosul anunciam acordo sobre serviços

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Colômbia assinaram um acordo para levantar as restrições ao comércio de serviços durante um encontro entre o Mercosul e a Aliança do Pacífico na Cidade do México, anunciou hoje a Agência Brasil.

A Aliança do Pacífico e o Mercosul são os dois grandes blocos comerciais da América Latina. O acordo é resultado dos esforços para unir os dois grupos no momento em que o presidente Donald Trump fomenta uma guerra comercial contra os países que têm saldo comercial com os Estados Unidos.

A Colômbia e o Mercosul fecharam um acordo comercial em dezembro de 2007 para liberalizar o comércio de produtos agrícolas e industriais que não incluía serviços.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Etiópia terá democracia multipartidária

O chefe de gabinete do primeiro-ministro Abiy Ahmed anunciou hoje que a Etiópia deve se tornar uma democracia pluralista, com vários partidos políticos disputando o poder, noticiou hoje a agência Reuters.

Desde que assuiu a chefia do governo etíope, em 2 de abril de 2018, Abiy realizou uma série de reformas liberalizantes. Ele libertou presos políticos, liberalizou a economia e assinou um acordo de paz com a vizinha Eritreia depois de 22 anos de atividade.

A democracia consolida a abertura do país que mais cresce no mundo hoje. De 2005 a 2016, a Etiópia cresceu em média 10,3% ao ano. Em 2017, a estimativa do Banco Mundial foi de uma expansão de 10,9%.

Com pouco mais de 91 milhões de habitantes, a Etiópia tem a segunda maior população da África, atrás apenas da Nigéria. Desde as eleições de 2015, todas as cadeiras no Parlamento são ocupadas por deputados da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope, no poder desde 1991.

Trump ameaça atacar o Irã

Num tuitaço de fim de noite, o presidente Donald Trumpnfez uma severa advertência ao Irã. Horas antes, o presidente Hassan Rouhani advertira o governo dos Estados Unidos a não hostilizar o país, alegando que “a paz com o Irã é a mãe de todas as pazes e a guerra contra o Irã a mãe de todas as guerras”.

Trump tomou como uma ameaça e reagiu no Twitter por volta das 23h30 em Washington (0h30 desta segunda-feira em Brasília): “Ao presidente iraniano Rouhani: NUNCA, JAMAIS AMEACE OS EUA DE NOVO OU VAI SOFRER CONSEQUÊNCIAS COMO POUCOS SOFRERAM ANTES AO LONGO DA HISTÓRIA. NÃO SOMOS MAIS UM PAÍS QUE VAI FICAR PARADO DIANTE DE SUAS PALAVRAS DEMENCIAIS DE VIOLÊNCIA E MORTE. SEJA CAUTELOSO.”

O uso de letras maiúsculas nas redes sociais significa que a pessoa está gritando. Trump tenta recolocar o regime dos aiatolás na defensiva. A retórica exagerada do supostamente moderado presidente Rouhani é mais para consumo interno.

Afinal, Rouhani apostou numa reaproximação com o Ocidente e se empenhou em negociar o acordo nuclear com o governo Barack Obama (2009-17) para acabar com as sanções que pesavam sobre a economia iraniana. Trump retirou os EUA do acordo e reimpôs sanções, minando a autoridade do presidente diante da linha dura e da Guarda Revolucionária Iraniana, que querem fazer a bomba atômica.

O secretário de Estado, Mike Pompeo, também atacou hoje a república islâmica, descrevendo-a como uma “máfia de aiatolás . Isso indica que a política do governo Trump para o Irã é mudança de regime. Os aliados europes discordam, mas Trump não costuma dar muita atenção aos outros. Também pode estar usando a tática que acredita ter dado certo com a Coreia do Norte, a intimidação com ameaça de uso da força.

domingo, 22 de julho de 2018

Israel resgata 800 capacetes brancos da Defesa Civil Síria

O Exército de Israel resgatou ontem 800 funcionários da Defesa Civil Síria, uma organização voluntária que dava ajuda humanitária em áreas controladas pelos rebeldes durante a guerra civil e que, por isso, era ameaçada pelo avanço das forças leais à ditadura de Bachar Assad. Eles são conhecidos popularmente como capacetes brancos e seguiram para a Jordânia.

Ao anunciar hoje o sucesso da operação, o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu considerou “um gesto humanitário importante”.

 “Nos últimos dias, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e vários outros pediram nossa ajuda para dar assistência a centenas de capacetes brancos da Síria. Aquelas pessoas salvaram vidas e estavam correndo risco de vida.”

Ao mesmo tempo, acrescentou Netanyahu, “não estamos parando de agir na Síria contra as tentativas do Irã de se entrincheirar lá.”

Em junho, o Exército da Síria e milícias xiitas aliadas lançaram uma grande ofensiva contra redutos rebeldes em Derá, perto da fronteira com a Jordânia, e Cuneitra, que fica junto às Colinas do Golã, um território ocupado por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e anexado em 1981, ao arrepio do direito internacional.

Na sexta-feira, os rebeldes se renderam e, no sábado, abandonaram uma faixa estreita junto à linha do  cessar-fogo de 1974 entre Israel e a Síria, depois da Guerra do Yom Kippur, em 1973. Com o avanço do Exército, a vida dos voluntários da defesa civil ficaram sob ameaça.

A Alemanha ofereceu asilo político para 50 capacetes brancos. Em nota, o Ministério do Exterior do Canadá declarou que os voluntários “testemunharam atrocidades cruéis cometidas pelo regime de Assad e seus partidários. Tínhamos uma grande responsabilidade moral com essa gente brava a altruísta.”

sábado, 21 de julho de 2018

Equador deve expulsar Assange da embaixada em Londres

Depois de quase seis anos, o Equador se prepara para acabar com o asilo diplomático do fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Ele deve ser expulso da embaixada equatoriana em Londres, talvez na próxima semana, e ser entregue às autoridades do Reino Unido

Em 2006, Assange, um programador de computadores australiano, criou o WikiLeaks, uma empresa dedicada a piratear arquivos confidencias e informações sigilosas de governos e empresas para expor publicamente suas ações supostamente irregulares.

Quatro anos depois, o WikiLeaks revelou arquivos secretos dos Estados Unidos sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, e mais de 250 mil documentos sigilosos do Departamento de Estado.

No mesmo ano de 2010, os EUA abriram uma investigação criminal e a Suécia emitiu um mandado de prisão pan-europeu para interrogar Assange por supostos crimes sexuais que ele teria cometido no país. Era acusado de estupro por forçar uma mulher a manter relações sexuais e de transar sem camisinha com outra.

Assange sempre alegou que os crimes sexuais eram uma desculpa da Suécia para prendê-lo e entregá-lo aos EUA. Em 7 de dezembro de 2010, ele se entregou às autoridades britânicas e foi libertado sob fiança para responder em liberdade ao processo de extradição para a Suécia.

O mandato de prisão pan-europeu parte do princípio de que toda pessoa terá direito a um julgamento justo em qualquer dos 28 países da União Europeia, uma vez que todos são democracias. Assim, a tendência é conceder a extradição se os delitos da acusação forem crimes no país onde o suspeito está.

Quando ficou claro que perderia, em agosto de 2012, Assange pediu asilo político em Londres à Embaixada do Equador, na época governado pelo esquerdista Rafael Correa, aliado do caudilho venezuelano Hugo Chávez.

Durante a campanha eleitoral de 2016 nos EUA, Assange divulgou várias séries de mensagens de correio eletrônico de um servidor privado usado irresponsavelmente pela candidata democrata Hillary Clinton quando era secretária de Estado, no primeiro governo Barack Obama (2009-13). Foi acusado de receber material de pirataria cibernética dos serviços da Rússia, que queria a eleição de Donald Trump.

Mais uma vez, negou tudo. Alegou ser contra Hillary por entender que suas políticas levariam a uma nova guerra mundial. Mas não afastou a suspeita de colaboração com a ditadura sinistra de Vladimir Putin.

Em 19 de maio de 2017, a procuradoria da Suécia encerrou o inquérito e revogou o mandado de prisão europeu. Assange não saiu da embaixada para não ser preso por violar os termos de sua liberdade condicional. Agora, aos 47 anos, está chegando a hora de enfrentar a realidade.

Rebeldes matam guardas iranianos na fronteira com o Iraque

Pelo menos 10 soldados da Guarda Revolucionária Iraniana, a tropa de choque da ditadura teocrática do Irã, foram mortos num ataque na fronteira do Iraque, noticiou a agência Reuters citando como fonte uma agência iraniana, que atribuiu a ação a rebeldes do Partido da Vida Livre do Curdistão.

Foi o maior número de tropas iranianas num único ataque na fronteira com o Iraque em anos. Vários grupos armados curdos atuam na região.

Com a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003, a maioria xiita tomou o poder político no Iraque, aumentando a influência do Irã, um país de maioria xiita governado por um regime de aiatolás onde a Guarda Revolucionária é cada vez mais a força dominante. Mas há pouca coordenação entre as forças de segurança dos dois países para controlar a fronteira comum.

Soja do Brasil pode ganhar com guerra comercial de Trump

Como maior exportador mundial de soja, o Brasil pode se beneficiar da guerra comercial de Trump, embora de modo geral ela seja nociva à economia mundial. Pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), pode custar até meio ponto percentual a menos no crescimento da economia mundial.

A China é a maior importadora mundial de soja, com 60% do mercado. Compra 50% do Brasil e 40% dos EUA. A tarifa de 25% para retaliar as sobretaxas de Trump torna a soja brasileira, em princípio 20% mais cara, mais competitiva.

O Brasil produziu 113 milhões de toneladas de soja num ano e exportou 70 milhões. Com a demanda de 46,5 milhões de toneladas no mercado interno, não deve ter condições de atender plenamente ao aumento da procura chinesa. Mas a tendência a longo prazo favorece o Brasil, que pode aumentar a área cultivada e reduzir custos com melhora na infraestrutura, especialmente de transportes.

Com estoques de 20 milhões de toneladas de soja em grão e subsídio à produção doméstica nas províncias de Heilongjiang, Jilin e Liaoning, o governo chinês se prepara para a batalha da soja dentro da guerra comercial de Trump.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Trump ameaça sobretaxar todos produtos chineses

Numa escalada verbal em sua guerra comercial, o presidente Donald Trump ameaçou hoje impor tarifas sobre todos os produtos importados da China, que somam US$ 500 bilhões por ano. Até agora, o governo chinês respondeu sempre na mesma medida, o que agravaria ainda mais o conflito entre as duas maiores economias do mundo.

“Estou pronto para ir a 500”, declarou o presidente em entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC, um canal de televisão dos Estados Unidos especializado em noticiário econômico.

Trump impôs tarifas de 10% sobre produtos chineses no valor de US$ 200 bilhões em importações anuais e de 25% sobre produtos importados no valor de US$ 34 bilhões por ano. Deve sobretaxar ainda produtos no valor de US$ 16 bilhões em importações num ano.

Israel faz bombardeio pesado contra o Hamas na Faixa de Gaza

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) anunciou um cessar-fogo depois de ser alvo de um intenso bombardeio da Força Aérea de Israel na Faixa de Gaza, em resposta a franco-atiradores palestinos que mataram um soldado israelense. Pelo menos quatro palestinos morreram.

“Neste momento, nossos aviões estão realizando amplos ataques contra alvos terroristas do Hamas na Faixa de Gaza”, anunciou a Força de Defesa de Israel no início da noite pela hora local, justificando o bombardeio como resposta a “um incidente sério de tiros contra nossas forças”.

Pelo menos 15 alvos foram atacados, inclusive “o quartel-general da brigada do Hamas em Zeiteon”, que os militares israelenses afirmam ter destruído junto com “depósitos de armas e munições, campos de treinamento, postos de observação, centros de controle e comando e os escritórios do comandante da brigada”.

Durante os ataques, o alarme antiaéreo soou em comunidades israelenses próximas à fronteira na Faixa de Gaza. Ao menos dois foguetes foram interceptados pelo sistema de defesa antiaérea Domo de Ferro. Outro caiu em campo aberto.

O bombardeio em grande escala do início da noite foi a segunda onda de ataques aéreos. No primeiro, a aviação israelense atingiu oito alvos e matou pelo menos quatro militantes do braço armado do Hamas.

Em meio à operação, o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu foi pessoalmente ao Ministério da Defesa, onde se reuniu com o ministro Avigdor Lieberman e o alto comando para avaliar a situação.

A morte do soldado israelense por um franco-atirador palestino na fronteira de Gaza em meio à Marcha do Retorno, convocada pelo Hamas para negar a legitimidade Israel, foi considerada pelo governo Netanyahu “o incidente mais sério” em Gaza desde a guerra de 2014 contra o próprio Hamas.

Desde então, o comandante da Força de Defesa de Israel, general Gadi Eizenkot, faz questão de manter a prontidão para dar “quaquer resposta que seja necessária”, declarou o porta-voz da FDI, Ronen Manelis, acrescentando que não há intenção de ir à guerra, mas não está descartada uma operação terrestre, uma invasão a Gaza.

Mesmo sem querer uma guerra aberta, Israel e o Hamas podem estar marchando para uma, adverte a empresa de consultoria e análise estratégica americana Stratfor. Afinal, o conflito com o Hamas é uma ameaça permanente a Israel. Já provocou guerras, batalhas e escaramuças. Deter o Hamas é um desafio permanente..

No fim de semana passado, houve uma batalha com bombardeios aéreos israelenses em resposta a foguetes do Hamas. O conflito é aguçado pela situação econômica catastrófica na Faixa de Gaza, onde vivem 2,2 milhões de palestinos, que ficou ainda pior com a redução da ajuda dos Estados Unidos e do Catar.

Essa situação explosiva incitou as milícias palestinas do Hamas, da Jihad Islâmica para a Libertação da Palestinos e de outros grupos a lançar foguetes e bombas incendiárias contra o território israelense.

As manifestações tentam atrair a atenção do resto do mundo para a miséria de Gaza, mas o controle to território pelo Hamas desde 2007, depois de uma guerra civil palestina contra a Fatah, partido dominante na Autoridade Nacional Palestina, só agravou a tragédia.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

Trump convida Putin a visitar a Casa Branca

Em meio à tempestade diplomática por sua postura submissa e conciliatória no encontro de cúpula entre os Estados Unidos e a Rússia no dia 16, o presidente Donald Trump mandou o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, convidar o ditador Vladimir Putin a visitar Washington no próximo outono no Hemisfério Norte.

É mais uma iniciativa pessoal de Trump. Até o diretor nacional de Inteligência dos EUA, Dan Coates, foi pego de surpresa quando era entrevistado ao vivo numa conferência sobre segurança em Aspen, no Colorado.

Coates tentava explicar que precisou corrigir algumas declarações do presidente depois do encontro de Helsinque: “Putin é um ex-diretor do KGB” (a polícia política soviética), observou, deixando claro que os EUA não podem confiar nele. Quando soube da notícia, deu uma gargalhada.

Enquanto a Rússia cobra a implementação dos “acordos verbais” que teriam sido acertados entre os dois líderes, Coates admite que o presidente não comunicou aos serviços de inteligência o que discutiu em duas horas de conversa privada com Putin.

Ao justificar o convite, Trump falou no “sucesso do encontro” e na necessidade de levar adiante uma extensa agenda de problemas internacionais, Síria, Ucrânia, proteção a Israel, controle de armas, proliferação nuclear e Coreia do Norte.

A maior crítica a Trump é que em 18 anos no poder Putin nunca foi tratado como igual pelo presidente dos EUA. Ele deu a Putin um palanque de superpotência que a Rússia não é mais, a não ser pelas armas nucleares. Recompensou um tirano e um ditador sem falar na intervenção militar na Ucrânia, na anexação ilegal da Crimeia, no envenamento de um ex-espião russo asilado no Reino Unido e na guerra cibernética para manipular as eleições de 2016 nos EUA.

Trump criou o gesto diplomático vazio, encontros sem preparação nem agenda nem comunicado final, na base da relação pessoal. O encontro com o ditador norte-coreano, Kim Jong Un, dia 12 de junho passado, em Cingapura, contribuiu para desarmar os espíritos na Península Coreana, mas pouco se fala das negociações e especialmente da total desnuclearização, o objetivo dos EUA.

A cúpula com Putin foi um desastre total, uma submissão, uma rendição e uma traição. Trump aceitou a negativa russa de manipulação das eleições americanas, elogiou o tirano como um “competidor” e até mesma a proposta de submeter a interrogatório os agentes russos denunciados na semana passada pela Justiça dos EUA. Só não disse que em contrapartida a Rússia  queria interrogar até um ex-embaixador americano, violando o princípio da imunidade diplomática.

Mas os dois países têm uma ampla agenda, a começar pelo controle de armas e a renovação dos acordos nucleares, além do combate à proliferação. Há uma expectativa de que trabalhem juntos pela paz na guerra civil da Síria. Putin prometeu que o gasoduto Nordstream 2, para levar gás natural russo para a Europa, vai passar pela Ucrânia, não isolando e estrangulando a ex-república soviética para submetê-la ao domínio de Moscou.

Knesset declara Israel “lar nacional do povo judeu”

Por 62 a 55 votos, o Parlamento de Israel aprovou na madrugada de hoje uma lei que, pela primeira vez, estabelece que o país é o “lar nacional do povo judeu” nas Leis Básicas, que exercem o papel de Constituição, noticiou o jornal The Times of Israel.

O árabe deixa de ser uma língua oficial. A Autoridade Nacional Palestina e a população árabe, cerca de 20% dos 9 milhões de israelenses, denunciam um regime de apartheid que os tornaria cidadãos de segunda classe.

“É um momento histórico nos anais do sionismo e do Estado de Israel”, proclamou o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu. “A Israel que você conhece acabou”, reagiu o jornal liberal israelense Haaretz.

A lei também declara que Jerusalém é a capital de Israel, reconhece o calendário hebraico como oficial, em que inclui o Dia da Independência, 14 de maio, e os feriados religiosos judaicos.

“Consagramos na lei o princípio básico de nossa existência. Israel é o Estado nacional do povo judeu, que respeita os direitos individuais de todos os seus cidadãos. Este é o nosso Estado, o Estado judaico”, declarou Netanyahu.

Os críticos, inclusive os israelenses do movimento Paz Agora, o acusam de mudar um princípio da declaração de independência de Israel de que todos os cidadãos seriam iguais, independentemente do seu povo.

Na tribuna da Knesset, o deputado árabe Jamal Zahalka rasgou uma cópia do texto aprovado. “Com surpresa e tristeza, declaro a morte da democracia. O funeral será hoje aqui neste plenário”, protestou o deputado Ahmad Tibi.

O texto final foi acertado no domingo entre Netanyahu e o ministro da Educação, Naftali Bennett, que está à direita do primeiro-ministro e gostaria de anexar toda a Cisjordânia ocupada. A parte que “autoriza uma comunidade composta de pessoas da mesma fé e nacionalidade manter o caráter exclusivo daquela comunidade” foi substituída por uma cláusula celebrando os “assentamentos judaicos” de modo geral.

No Parlamento, o projeto foi emendado para excluir a discriminação habitacional. Mas vários aspectos farão de Israel mais uma vez alvo de críticas internacionais. O próprio presidente Reuven Rivlin, que exerce funções protocolares, numa rara intervenção política, advertiu que a lei “poderá causar danos ao povo judeu em Israel e no mundo inteiro - e pode inclusive ser usada como arma por nossos inimigos.”

A lei foi proposta pela primeira vez em 2011 pelo deputado Avi Dichter, na época no partido Kadima, hoje no Likud, liderado pelo primeiro-ministro. Netanyahu deu apoio ao projeto. Foram necessários anos para obter a aprovação.

Israel mudou antes disso. Com a imigração de 1 milhão de judeus da extinta União Soviética, a composição foi alterada. O Estado de Israel foi fundado por judeus da Europa Oriental, pelo Partido Trabalhista, com uma visão social-democrata europeia.

Os kibbutzim, as comunidades agrícolas, eram o exemplo dessa sociedade modelo. Em 2010, havia 270 kibbutzim, onde viviam 100 mil pessoas.

Com sua aversão ao socialismo, os imigrantes soviéticos mudaram o perfil político de Israel. O país nunca teve um governo tão à direita, com tantos ultranacionalistas no ministério.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Hamas aceita controlar ataques com pandorgas incendiárias

Diante da ameaça de Israel de iniciar uma guerra aberta na Faixa de Gaza, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), maior partido fundamentalista palestino, concordou em reduzir os ataques feitos com bombas incendiárias transportadas por pandorgas, noticiou hoje o jornal The Times of Israel.

Nem Israel nem o Hamas quer guerra neste momento, mas, com ataques de parte a parte, o risco de uma escalada por erro de qualquer um dos lados é enorme.

Com a crise econômica brutal da Faixa de Gaza, um território devolvido mas cercado por Israel, várias facções palestinas questionam a legitimidade e a liderança do Hamas - e a maneira de se afirmar é atacando Israel de alguma forma.

UE aplica multa recorde de 4,34 bilhões de euros no Google

A União Europeia aplicou hoje sua maior multa antimonopólio, de 4,34 bilhões de euros, equivalentes a US$ 5 bilhões, mais de R$ 19 bilhões por manipular o sistema operacional Android, usado em telefones inteligentes, para favorecer seu mecanismo de busca. O Google reagiu alegando que a decisão vai minar seu modelo de negócios.

É a segunda grande multa que a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, impõe ao Google. Em junho de 2017, a empresa sofreu uma penalidade por manipular o mecanismo de busca para privilegiar seu serviço de vendas, no valor de 2,4 bilhões de euros.

O Google é alvo de uma terceira investigação por violar os princípios da livre concorrência, relativa à propaganda na Internet, um mercado que domina, ao lado do Facebook.

Grandes empresas americanas como Amazon, Apple, Google e Facebook dominam o mercado da Internet. Até hoje, a Europa não conseguiu criar concorrentes à altura, mas a Comissão de Livre Concorrência está atenta aos abusos do poder de mercado desses gigantes.

No caso do Android, a UE acusa o Google de obrigar os fabricantes de telefones inteligentes que usam o sistema operacional Android a instalar seu serviço de busca, o Google Search, excluindo outras opções, e seu navegador de Internet, o Google Chrome.

A megaempresa americana também é acusada de proibir a instalação de seus aplicativos em outras versões do Android.

Na legislação americana antimonopólio, o objetivo central é impedir que empresas que dominem seus mercados aumentem preços abusivamente. A UE está mais preocupada com a Justiça e a igualdade de oportunidades. Entende que as gigantes americanas impedem o surgimento de empresas com potencial de se tornarem concorrentes. O Facebook, por exemplo, comprou o Instagram e o WhatsApp.

terça-feira, 17 de julho de 2018

Obama critica Trump em homenagem a Mandela

Ao dar hoje a Aula Anual Nelson Mandela, na véspera do centenário de nascimento do herói negro sul-africano, em Joanesburgo, na África do Sul, o ex-presidente americano Barack Obama criticou indiretamente seu sucessor, Donald Trump, ao citar “aqueles que no poder procuram minar toda norma e instituição que dá sentido à democracia.”

Obama advertiu que, “de repente, a política do homem-forte está em ascensão, em que as eleições e uma pretensa democracia são mantidas, na forma.” Nestes tempos “estranhos e incertos”, acrescentou, “a cada dia, um novo ciclo de notícias traz mais manchetes perturbadoras e de virar a cabeça”.

“A política do medo, do ressentimento e da retração começou a aparecer e está em ação num ritmo que seria inimaginável dois anos atrás”, afirmou Obama. “Não estou sendo alarmista. Estou falando de fatos.”

Sem citar Trump, criticou o protecionismo econômico, a negação da mudança climática e o fechamento da fronteira. É possível cumprir a lei, argumentou Obama, sem desrespeitar e dividir famílias, como o atual governo dos Estados Unidos: “Quando se lida com crianças, temos de pensar nas nossas famílias.”

Outra crítica foi à mentira como forma de fazer política: “Assistimos ao desaparecimento total da vergonha pelos dirigentes políticos. Quando são pegos em flagrante mentira, mentem ainda mais.”

De acordo com o jornal sul-africano Mail & Guardian, Obama citou três lições de Mandela: “a igualdade econômica, o valor do indivíduo e a importância da democracia”. O presidente americano concluiu: “Madiba [Nelson Mandela] nos mostrou que aqueles que acreditam na democracia e na igualdade econômica devem lutar ainda mais.”

UE e Japão fecham acordo de livre comércio

Em plena guerra comercial declarada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, duas grandes potências econômicas se aproximam. A União Europeia e o Japão assinaram hoje em Tóquio um acordo para liberalizar gradualmente o comércio bilateral.

Aos poucos, serão removidas as tarifas sobre 99% produtos japoneses importados pela Europa e 94% dos produtos europeus importados pelo Japão.

Nos próximos sete anos, a UE vai reduzir a zero a tarifa de importação de automóveis japoneses, hoje de 10%. De imediato, o Japão vai eliminar a tarifa de 15% sobre vinhos europeus e baixar significativamente as tarifas sobre queijos, carnes de gado e de porco.

O acordo é um sinal do esforço da UE, segundo maior mercado do mundo, depois dos EUA, e do Japão, quarto país mais rico do mundo, de procurar alternativas para resistir aos golpes da guerra comercial de Trump, que ameaça jogar a economia mundial em recessão.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Governo Ortega matou 11 manifestantes no fim de semana

Forças leais ao governo Daniel Ortega atacaram manifestantes na capital e em duas províncias da Nicarágua no fim de semana, matando pelo menos 11 pessoas, o que eleva para 25 o total de mortos desde terça-feira passada. Treze países da América Latina, inclusive o Brasil, pediram a desmobilização dos grupos paramilitares que apoiam o regime.

Em Manágua, paramilitares atacaram no sábado estudantes entrincheirados na Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua (UNAN) e os perseguiram até dentro da Igreja da Divina Misericórdia. Três estudantes foram mortos.

No domingo, a polícia investiu contra estudantes que armaram barricadas da Resistência Cívica de Masaya, a Cidade das Flores, berço da Revolução Sandinista, e também nas cidades de Diriá, Niquinohomo e Catarina, denunciaram o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manágua, Silvio José Báez, e grupos de defesa dos direitos humanos.

Embora o Exército da Nicarágua afirme que seu armamento está sob controle, no fim de semana, tanto a polícia quanto os paramilitares usaram armas de guerra como fuzis de assalto, lançadores de granadas e lançadores de foguetes de uso exclusivo das Forças Armadas, noticiou o jornal La Prensa.

“É uma carnificina”, desabafou Álvaro Leiva, porta-voz da Associação de Direitos Humanos da Nicarágua. “Para todos os que estão nestas cidades, en vos imploro que fujam, se protejam e salvem suas vidas”, pediu o bispo auxiliar de Manágua, fazendo um apelo: “Vamos evitar mais mortes.”

Ortega era um dos nove comandantes da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), que derrubou a ditadura de Anastasio Somoza Debayle em 19 de julho de 1979. Foi chefe do governo revolucionário e, em 1984, eleito presidente. Em 1990, perdeu a reeleição para Violeta Chamorro.

Ele voltou ao poder em 2007 em aliança com o ex-presidente corrupto Arnoldo Alemán, que chegou a ser preso, um indigno representante da oligarquia somozista contra a qual lutara como guerrilheiro na juventude. Hoje, Ortega é comparado a Somoza.

Para se eternizar no poder, Ortega mudou a composição da Corte Suprema e alterou a Constituição para permitir a reeleição sem limites. Com a ajuda dos petrodólares do regime chavista da Venezuela, conseguia realizar programas sociais. A crise econômica venezuelana secou a fonte.

A revolta começou em 19 de abril, com protestos de rua contra uma reforma da Previdência Social que aumentava as contribuições e diminuía as aposentadorias e pensões. Diante da brutalidade da repressão, agora o Movimento 19 de Abril exige a saída imediata de Daniel Ortega e da vice-presidente Rosaria Murillo, sua mulher, a antecipação das eleições de 2021 e uma investigação internacional para apurar as responsabilidades por cerca de 370 mortes.

Trump aceita negativa de Putin sobre interferência em eleição

Em seu primeiro encontro de cúpula com o ditador Vladimir Putin, o presidente Donald Trump aceitou hoje, em Helsinque, na Finlândia, sua alegação de que a Rússia não interveio nas últimas eleições nos Estados Unidos, desautorizando as conclusões dos serviços secretos americanos.

Trump é suspeito de conluio com o Kremlin para derrotar a ex-secretária de Estado Hillary Clinton na corrida à Casa Branca em 2016. Mais uma vez, ele preferiu acusar a oposição democrata e os meios de comunicação de não aceitar sua vitória.

“Não vejo qualquer razão” para a interferência russa, afirmou o presidente, chamando de “ridículo o que está acontecendo no inquérito” presidido pelo procurador especial Robert Mueller, que na semana passada denunciou 12 agentes do serviço secreto militar russo GRU por invadir computadores da direção nacional do Partido Democrata e do sistema eleitoral dos EUA.

“Eles dizem que foi a Rússia. Eu tenho aqui o presidente Putin. Ele diz que não foi a Rússia. Não vejo a menor razão por que seria”, afirmou Trump. “Tenho grande confiança em meu pessoal de segurança, mas vou dizer a vocês que o presidente Putin foi extremamente forte e poderoso em sua negativa hoje.”

Para Trump, a investigação de Mueller é “um desastre para nosso país”. Sua calorosa acolhida a um rival histórico que tudo faz para minar o poder dos EUA no mundo contrasta com a postura agressiva com que o presidente tratou aliados americanos em reuniões recentes do Grupo dos Sete, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e durante a visita ao Reino Unido, onde desautorizou a primeira-ministra Theresa May e desrespeitou a rainha Elizabeth II.

Ex-agente da polícia política soviética, o KGB, e diretor de seu sucessor, o Serviço Federal de Segurança (FSB), Putin é mestre da espionagem e da manipulação psicológica dos inimigos políticos

China tem o menor crescimento desde 2016

Com menor crescimento industrial e o temor dos exportadores diante da guerra comercial de Donald Trump, a China, segunda maior economia do mundo, teve uma queda no ritmo de expansão de 6,8% ao ano no primeiro trimestre para 6,7% ao ano no segundo trimestre de 2018.

A expectativa é que o conflito comercial com os Estados Unidos pese negativamente. De 18 produtos inicialmente, a lista de Trump tem hoje 10 mil produtos chineses que podem ser sobretaxados ao entrar no mercado americano.

O governo chinês freou as reformas para combater o endividamento das empresas e o excesso de capacidade instalada. Está cobrando dos governos municipais e provinciais metas para manter o crescimento econômico, hoje a maior fonte de legitimidade do regime comunista.

domingo, 15 de julho de 2018

Polícia ataca igreja e mata mais duas pessoas na Nicarágua

Pelo menos duas pessoas morreram e outras duas saíram feridas ontem da invasão de uma igreja pela polícia da Nicarágua, em perseguição a estudantes universitários, informou o arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo José Brenes. Foi mais um ato de repressão violenta do governo Daniel Ortega contra manifestantes que protestam desde abril, exigindo agora a antecipação das eleições de 2021.

“Infelizmente, duas pessoas perderam a vida nesta manhã e outras duas foram feridas”, lamentou o cardeal-arcebispo. “Para nós, da Igreja, é terrível. Como dissemos várias vezes, nem uma morte a mais.”

Desde 18 de abril, 351 foram mortas nos protestos contra Ortega e sua mulher e vice-presidente, Rosario Murillo. Um dos mortos na igreja foi identificado como Gerald Vázquez, de 20 anos, estudante da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua. O outro se chamava Francisco.

Na sexta-feira, eles se refugiaram na Igreja da Divina Misericórdia, na capital nicaraguense, junto com outros 12 estudantes, três jornalistas, médicos e padres. Além dos mortos e feridos, alguns conseguiram fugir. Outros foram entregues às famílias.

Ortega chegou ao poder em 19 de julho de 1979, como um dos nove comandantes da Frente Sandinistra de Libertação Nacional (FSLN), que derrubou o ditador Anastasio Somoza Debayle. Eleito presidente em 1984, ele governou até 1990, quando foi derrotado por Violeta Chamarro.

Depois que voltou ao poder, em 2007, em aliança com a oligarquia somozista, mudou a Constituição e a Corte Suprema para permitir a reeleição sem limites do presidente. Agora, tenta se aferrar ao poder com uma onda de repressão política violenta.

A oposição exige nas ruas a renúncia do presidente e da vice-presidente, a antecipação das eleições e uma investigação internacional para investigar a responsabilidade pelas mortes dos últimos meses. Ortega aceitou a presença da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas năo dá sinais de que pretenda deixar o poder.

sábado, 14 de julho de 2018

Presidente da Eritreia faz visita de reconciliação à Etiópia

Na primeira visita de um presidente da Eritreia à Etiópia em 22 anos, Isayas Afewerki chegou hoje a Adis Abeba para consolidar as relações entre os dois países, que travaram uma guerra brutal de 1998 ao ano 200, com total de mortos estimado em 100 mil pessoas, e só agora assinaram um acordo de paz.

A viagem de três dias de Afewerki é uma retribuição à visita do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, à Eritreia na semana passada. A paz é importante para a região do Chifre da África, uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo, e do outro lado fica a Península Arábica.

O novo primeiro-ministro da Etiópia quebrou o gelo nas relações bilaterais em junho e conseguiu o acordo de paz.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

EUA denunciam 12 agentes russos por guerra cibernética

O procurador especial Robert Muller denunciou 12 funcionários da Diretório Principal de Inteligência (GRU), o serviço secreto militar da Rússia, por fazerem pirataria cibernética contra a direção nacional do Partido Democrata e o comitê da campanha da ex-secretária de Estado Hillary Clinton durante a campanha eleitoral de 2016. Os russos também invadiram computadores do sistema eleitoral e roubaram dados de 500 mil eleitores.

O anúncio foi feito pelo subprocurador-geral, Rod Rosenstein, muito criticado pelo presidente Donald Trump por ter autorizado a investigação do procurador especial e até mesmo uma operação de busca e apreensão no consultório do seu advogado. Mueller investiga um possível conluio da Rússia com a campanha de Trump.

Durante visita à Europa, Trump tem encontro de cúpula com o ditador da Rússia, Vladimir Putin, marcado para Helsinque, a capital da Finlândia, na próxima semana. Vários deputados e senadores dos dois partidos fizeram um apelo ao presidente americano para que cancele o encontro.

Trump torpedeia a estratégia de Brexit de Theresa May

Em mais um ataque aos aliados europeus, durante visita oficial ao Reino Unido, o presidente Donald Trump bombardeou a estratégia da primeira-ministra Theresa May para a saída do país da União Europeia. Sua proposta é criar uma zona de livre comércio RU-UE para o comércio de bens. Trump afirmou que isso impediria um acordo com os Estados Unidos.

"Se fizerem este acordo, nos trataremos com a UE, em vez de negociar com o Reino Unido", declarou Trump ao jornal eurofóbico britânico The Sun. "Isto provavelmente mataria um acordo com os EUA."

Depois do plebiscito que aprovou a Brexit (saída britânica), em 23 de junho de 2016, o país deve sair da UE até o fim de março de 2019. May negocia uma saída suave do bloco europeu que preserve o acesso ao maior mercado de exportação para produtos britânicos.

Nesta semana, dois ministros da ala mais extremista do Partido Conservador pediram demissão, os ministros para a Brexit, David Davis, e o ministro do Exterior, Boris Johnson, em protesto contra o que consideram uma "falsa saída" da UE.

"Eu faria muito diferente", acrescentou Trump. "Eu disse a Theresa May como fazer, mas ela não me escutou."

Antes, ao receber o presidente americano, a primeira-ministra descreveu as relações entre os EUA e o Reino Unido como "mais do que os aliados mais próximos, também os amigos mais caros". Na esperança de um acordo bilateral, sugeriu que a força dos laços transatlânticos cria oportunidades "sem precedentes".

A visita tem sido marcada desde ontem por manifestações de protesto. Uma barreira de aço foi erguida para proteger a residência do embaixador dos EUA, onde o casal Trump está hospedado.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Coreia do Norte não vai a encontro com militares dos EUA

Depois de confirmar a participação, representantes da Coreia do Norte não apareceram a um encontro marcado com militares dos Estados Unidos para discutir a repatriação dos restos mortais de soldados americanos mortos na Guerra da Coreia (1950-53), informou hoje o jornal The Washington Post.

O regime comunista norte-coreano costuma usar cancelamentos repentinos e o não comparecimento para demonstrar insatisfação com o andamento de negociações. Dias atrás, acusou os EUA de má intenção e "gangsterismo" logo depois da visita do secretário de Estado, Mike Pompeo, que saiu falando em avanços, enquanto a Coreia do Norte considerava "lamentável" a exigência de uma desnuclearização total e unilateral.

Em 12 de junho, no fim do primeiro encontro de cúpula de líderes dos dois países, o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un assinaram uma carta de intenções. Entre os itens do acordo, além da desnuclearização da Península Coreana, está a repatriação dos restos mortais dos americanos.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Trump ataca aliados da OTAN e pede para dobrarem gastos militares

O presidente Donald Trump acusou hoje os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de não gastar o combinado com defesa e a Alemanha de ser dependente da importação de energia da Rússia, o que anularia os esforços dos Estados Unidos para proteger o continente.

Na sua estratégia de desestabilizar os parceiros para obter vantagens nas negociações, Trump lamentou que apenas cinco dos 29 países da aliança militar liderada pelos EUA gastem 2% do produto interno bruto com defesa, uma meta estabelecida para 2024, e propôs dobrar esse percentual para 4% do PIB.

Como sempre, tratando-se de Trump, não se sabe se os 4% são um objetivo político ou uma tática de negociação. Diante das câmeras, o presidente americano afirmou que a Alemanha abandonou o carvão e a energia nuclear - e "foi capturada pela Rússia".

Mentindo como de costume, Trump declarou que a Alemanha importa 70% de sua energia da Rússia. O número verdadeiro é 13%. O presidente está querendo vender gás natural americano ou desviar as atenções de seu encontro de cúpula com o ditador da Rússia, Vladimir Putin, acusado nos EUA de interferir nas eleições de 2016 para ajudar Trump.

Apesar das insinuações em contrário, o presidente dos EUA manteve o compromisso de fortalecer a aliança diante da Rússia e de manter as sanções aprovadas depois da intervenção militar na Ucrânia e da anexação ilegal da Crimeia.

Na reunião de cúpula do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), no mês passado, Trump disse que a Crimeia deveria ser parte da Rússia porque a maioria da população fala russo e tem origem russa.

Em resposta, a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, citada pelo jornal The Guardian, lembrou que foi criada na antiga Alemanha Oriental e que, portanto, não precisa de lições sobre como lidar com regimes autoritárias.

"Tive a experiência eu mesmo em uma parte da Alemanha controlada pela União Soviética", disse Merkel. "Estou feliz que hoje estamos unidos em liberdade na República Federal da Alemanha. Por causa disso, podemos fazer políticas e tomar decisões independentemente."

Índia ultrapassa França e se torna sexta maior economia mundial

Com taxas de crescimento acima de 7% ao ano desde 2009, a Índia ultrapassou a França no ano passado. É a sexta maior economia do mundo, noticiou hoje o jornal indiano The Hindustan Times, citando como fonte dados revisados do Banco Mundial sobre 2017.

Enquanto o produto interno bruto da Índia chegou a US$ 2,597 trilhões, a França ficou em US$ 2,582 trilhões. Como a Índia tem 1,354 bilhões de habitantes e a França 65 milhões, a renda média dos franceses é 20 vezes maior.

O crescimento acelerado da Índia, o maior entre as grandes economias do mundo, é importante para os planos de reeleição do primeiro-ministro Narendra Modi, do Partido Bharatiya Janata (BJP), nacionalista hindu.

A produção industrial e o consumo pessoal foram os grandes motores da economia indiana em 2017, depois de uma desaceleração no fim de 2016, quando Modi mandou tirar de circulação as notas de maior valor, a pretexto de combater o crime.

Para este ano, a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de uma expansão de 7,4%, com alta de mais 7,8% em 2019. Como um todo, a economia mundial deve avançar 3,9% em 2018.

terça-feira, 10 de julho de 2018

BMW vai aumentar produção de automóveis na China

A fábrica alemã de automóveis de luxo Bayerisch Motoren Werke (BMW) assinou contratos de comércio de investimentos de US$ 23,6 milhões para aumentar a capacidade de produção na China e fabricar carros elétricos país, noticiou hoje a agência Bloomberg.

Como o grande mercado em maior expansão, rumo a se tornar o maior do mundo, a China está incentivando a produção local, agora com o estímulo adicional de evitar as tarifas de importação impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Os conflitos comerciais deflagrados por Trump já começam a mudar decisões de investimentos e podem alterar as cadeias produtivas globais. No momento, a BMW vende na China veículos utilitários esportivos fabricados nos EUA.

Em sociedade com a empresa Grande Muralha Motores, a BMW vai produzir minicarros elétricos na China.

A partir de 2019, as duas fábricas da BMW na China vão produzir 520 mil veículos por ano. Com investimentos de 1 bilhão de euros (US$ 1,2 bilhão), a companhia alemã deve aumentar a capacidade de produção da China para 450 mil veículos.

Trump impôs tarifas de 25% sobre produtos chineses com valor de importação pelos EUA de US$ 34 bilhões por ano. Em agosto, deve aplicar a mesma tarifa sobre produtos chineses de mais US$ 16 bilhões de importações anuais. E já ordenou estudos para impor sobretaxas sobre importações chinesas no valor de US$ 200 bilhões.

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Trump nomeia juiz conservador para a Suprema Corte dos EUA

O presidente Donald Trump anunciou hoje a indicação do juiz conservador Brett Kavanaugh para a vaga aberta na Suprema Corte dos Estados Unidos pela aposentadoria do ministro Anthony Kennedy, um conservador moderado que muitas vezes foi o fiel da balança em decisões por 5-4. É o início de uma batalha épica para levar o supremo tribunal americano mais para a direita pelas próximas décadas, noticiou o jornal The New York Times.

Trump apresentou Kavanaugh hoje à noite na Casa Branca como "uma das melhores e mais agudas mentes jurídicas do nosso tempo" e o descreveu como um jurista que vai deixar de lado suas visões políticas e interpretar a Constituição como "está escrita".

Aos 53 anos, ele é juiz do Tribunal Federal de Recursos do Distrito de Colúmbia, onde fica a capital dos EUA. Republicano, foi assessor especial do procurador especial Kenneth Star, que investigou o casal Bill e Hillary Clinton no caso Whitewater e trabalhou na Casa Branca no governo George W. Bush (2001-9).

O constitucionalismo estrito é a visão legal dos conservadores que acreditam que a Constituição deve ser aplicada como escrita e não ser reinterpretada de acordo com a realidade atual, o que levou à abolição da escravatura, ao voto feminino, ao aborto e ao casamento gay.

A oposição imediatamente iniciou uma mobilização de protesto, com manifestação diante da Casa Branca, temendo que as posições conservadoras de Kavanaugh sejam decisivas para acabar com o aborto legal e com o programa de saúde do governo Barack Obama para garantir cobertura universal de saúde aos americanos.

Desde o anúncio da aposentadoria de Kennedy, o ex-procurador federal e analista jurídico Jeffrey Toobin prevê na rede de televisão americana CNN que dentro de um ano e meio o aborto será ilegal em pelo menos metade dos estados do país.

Kavanaugh precisa ser aprovado pelo Senado dos EUA. O líder da maioria republicana, senador Mitch McConnell, promete realizar as audiências para interrogatório e as votações antes das eleições de novembro, em que o Partido Democrata pode retomar o controle da Câmara e do Senado.

Além de questões como aborto e cobertura universal de saúde, a confirmação será uma batalha porque no fim do governo Obama o mesmo McConnell se negou a realizar as audiências com o juiz Merrick Garland, nomeado por Obama para a vaga aberta com a morte do ultraconservador Antonin Scalia.

Com a manobra republicana, Trump acabou indicando o ultraconservador Neil Gorsuch. Como era para substituir outro ultraconservador, o equilíbrio foi mantido. Agora, a tendência é de uma guinada maior à direita. Foi o juiz Kennedy, por exemplo, que deu votos decisivos para manter o direito ao aborto e legalizar o casamento gay.

Mais de um terço dos milionários chineses quer deixar a China

Mais de um terço dos milionários chineses "está considerando" a possibilidade de emigrar para outros. A maior parte gostaria de ir para os Estados Unidos. Os outros destinos favoritos são o Reino Unido, Irlanda e o Canadá, indica um estudo do Instituto de Pesquisas Hurun.

A pesquisa ouviu 224 chineses com uma fortuna média de US$ 4,5 milhões. Eles querem melhorar a qualidade de vida da família, educar os filhos em sistemas de ensino mais avançados, fugir da poluição urbana das cidades chinesas e da ditadura do Partido Comunista.

Cerca de 11% do total dos bens e dinheiro dos milionários chineses estão no exterior. Pelo quarto ano seguido, o destino favorito para emigrar é os EUA. Los Angeles é a cidade americana favorita dos chineses para comprar casas pela quinta vez consecutiva, seguida de Nova York, Boston, São Francisco e Seattle.

Os cortes de impostos para os ricos do governo Donald Trump também seduzem. O Canadá era o segundo país preferido pelos emigrantes chineses. Caiu para quarto depois de aumentar, em março, a renda e o investimento necessários para ganhar um visto de residência de investidor.

Ministro do Exterior do Reino Unido pede demissão para forçar Brexit dura

Um dia depois da demissão do ministro encarregado de negociar a saída do Reino Unido da União Europeia, David Davis, hoje o ministro do Exterior, Boris Johnson, deixou o governo, aumentando a pressão sobre a primeira-ministra Theresa May três dias depois do anúncio de que tinha apoio do ministério para uma Brexit suave.

Davis saiu acusando May de trair a vontade popular expressa no plebiscito de 23 de junho de 2016. É o mesmo pensamento de Johnson. O ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, apontado pela televisão pública britânica BBC como provável ministro para a Brexit, apoiou a proposta de de May de manter as regras do mercado europeu para produtos agrícolas e industriais. Seu aliado, Dominic Raab, aceitou ser ministro para a Brexit.

A nova renúncia foi anunciada quando a primeira-ministra apresentava seu plano para negociar com a UE à Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. Gove não estava ao lado de May na primeira fila de cadeiras da bancada do Partido Conservador, onde sentam os ministros. O ministro do Comércio Internacional, Liam Fox, estava lá.

Com a revolta aberta dos eurocéticos radicais, aumenta a expectativa de um desafio à liderança de Theresa May. São necessárias as assinaturas de pelo menos 48 deputados conservadores para iniciar o processo de destituição de May. Para vencer, são necessários os votos de ao menos 159 deputados. O deputado Jacob Rees-Mogg, líder da bancada eurocética, é um dos favoritos.

O ex-líder do Partido Nacional Britânico Nigel Farage, um dos maiores defensores da saída da UE, escreveu no Twitter: "Bravo, Johnson", acrescentando que está na hora de se livrar de May.

Theresa May ficou ao lado do primeiro-ministro David Cameron no plebiscito, que pediu demissão depois da derrota. Acabou herdando a liderança conservadora porque Gove e Johnson foram considerados traidores, violando uma regra básica da política britânica: quem mata o rei não ascende ao trono.

Hoje, o líder da oposição trabalhista, deputado Jeremy Corbyn, disse que o acordo entre os ministros levou "dois anos para ser feito e apenas dois dias para desabar".

domingo, 8 de julho de 2018

Ministro da Brexit pede demissão no Reino Unido

Num duro golpe à estratégia de negociação da primeira-ministra Theresa May para manter o Reino Unido no mercado comum europeu, dois depois de anunciar um acordo dentro do governo, o ministro britânico para a saída da União Europeia, David Davis, pediu demissão neste domingo. Outros ministros podem segui-lo e a liderança de May no Partido Conservador pode ser contestada nos próximos dias.

Na sexta-feira, May reuniu todo o ministério na casa de campo oficial da primeira-ministra, em Chequers para definir suas metas e estratégia de negociação. Depois de nove horas de reunião, anunciou um acordo para uma saída suave da UE, sem romper totalmente os laços com seu maior mercado.

Sob pressão, os ministros que rejeitassem a proposta perderiam seus cargos imediatamente e não teriam carros oficiais para voltar a Londres. A revolta dos eurocéticos era inevitável. Falam em "meia saída", "falsa Brexit", "Brexit só no nome" e "traição da vontade popular".

É a maior crise desde que May convocou eleições antecipadas e perdeu a maioria na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico, em junho de 2017. Os dois secretários do segundo escalão do Ministério para a Brexit também saíram. Outros ministros e secretários podem fazer o mesmo.

"É o caos total. Theresa May não mais nenhuma autoridade", afirmou o presidente do Partido Trabalhista, o maior da oposição, Ian Lavely. "A primeira-ministra está no governo, mas não no poder. Ela não consegue fazer a Brexit e o país está totalmente parado, enquanto os conservadores brigam pelo poder."

Na carta de demissão, Davis declarou ter se mantido no governo durante muito tempo apesar dos desacordos por acreditar "que era possível honrar o mandato do plebiscito e nosso engajamento para deixar a união aduaneira e o mercado único".

A primeira-ministra apresenta hoje ao Parlamento sua proposta, desde já bombardeada pelo ministro encarregado de negociá-la com o francês Michel Barnier, representante da UE. May quer um acordo de livre comércio com a UE que mantenha o acesso desimpedido dos produtos agrícolas e industriais britânicos ao mercado europeu. Os serviços ficariam de fora.

O deputado Jacob Rees-Mogg, possível candidato à liderança do partido, antecipou o voto contrário à proposta. Ao mesmo tempo, nada garante que a UE vá aceitá-la.

Em princípio, para participar do mercado comum europeu, é preciso aceitar a livre circulação de capital, mercadorias e pessoas, e a jurisdição da Corte Europeia de Justiça para resolver os conflitos. Os eurocéticos radicais não aceitam nada disso. Entendem que o plebiscito de 23 de junho de 2016 deu ao governo um mandato claro para romper com a Europa e suas instituições.

De acordo com a televisão pública BBC, o próximo ministro para a Brexit pode ser o ministro para o Meio Ambiente, Michael Gove. Notório eurocético, Gove foi candidato à liderança do partido depois da derrota do então primeiro-ministro David Cameron no plebiscito. Perdeu a chance sob acusações de traição.

Há uma regra na política britânica: quem mata o rei não ascende ao trono. Na origem da guerra interna do Partido Conservador em torno das relações com a Europa, a primeira-ministra Margaret Thatcher caiu, em novembro de 1990, depois de ter a liderança desafiada por Michael Heseltine. Ele nunca chegou a chefe de governo. Desde esse regicídio, o partido entrou em guerra civil.

Cameron convocou o plebiscito na esperança de pacificar o partido. Dividiu o país, perdeu, caiu e comprometeu o futuro da economia e do próprio Reino Unido. A Escócia pode declarar a independência para ficar na Europa.

Corrida tecnológica alimenta guerra comercial entre EUA e China

Depois de meses de ameaças, desde sexta-feira, os Estados Unidos e a China estão impondo tarifas de 25% sobre produtos importados no valor anual equivalente a US$ 34 bilhões em importações do outro. Enquanto carros e produtos agrícolas são sobretaxados, há uma corrida tecnológica com implicações não só econômicas, mas de segurança nacional.

Nesta disputa pela supremacia mundial, está sendo travada uma batalha em torno do desenvolvimento da tecnologia 5G, a quinta geração da telefonia celular, que será o futuro da Internet móvel. Será possível baixar filmes em segundos e ir muito além da banda larga de alta velocidade, informa o canal americano de notícias econômicas CNBC.

A tecnologia 5G será a infraestrutura capaz de sustentar a Internet das coisas, ligando bilhões de equipamentos eletroeletrônicos entre si no mundo inteiro, as cidades inteligentes e os veículos sem motorista. Em 2035, deve gerar uma riqueza de US$ 12,3 trilhões.

Na análise da CNBC, a tecnologia 5G é central tanto para o projeto do presidente Donald Trump de "fazer os EUA grandes de novo" quanto para a meta do ditador Xi Jinping de tornar a China em líder mundial em inteligência artificial.

A Internet móvel exige padrões universais. As especificações foram acertadas em dezembro de 2017. Agora, começa a corrida entre empresas como as chinesas ZTE e Huawei, as europeias Ericsson e Nokia e grupos americanos para desenvolver os equipamentos. Os fabricantes americanos de microchips, como Intel e Qualcomm, também entram nesta batalha, parte da guerra comercial.

É uma luta para ver "quem vai definir e controlar o modelo, a arquitetura e a agenda da tecnologia 5G", observou Declan Ganley, diretor-geral da empresa telecomunicações Rivada Networks. "É importante porque 5G é o oceano azul de águas profundas do domínio cibernético", que é "um dos mais importantes do mundo."

Ganley é crítico da maneira como o espectro eletromagnético é alocado. Nos EUA, as empresas de telecomunicações disputam espaço em leilões realizados pela Comissão Federal de Comunicações, órgão do governo. Em outros países, o órgão regulador distribui as concessões como quiser.

Esse modelo autoritário e centralizado, de cima para baixo, tende a criar grandes empresas, que têm mais dinheiro para investir, enquanto as companhias da Europa e dos EUA competem entre si pelos consumidores. Na sua opinião, isso matou a inovação, principalmente das empresas europeias que dominavam a telefonia celular.

"Por causa da maneira como o espectro é alocado, adotamos um modelo de cima para baixo como não se via desde o feudalismo. Recriamos uma estrutura de cima para baixo que se tornou uma parte fundamental de nossa economia", criticou o diretor da Rivada.

A organização de cima para baixo é a mesma do regime comunista chinês, que controla o mercado com poucas grandes empresas que têm assim muito mais capital para investir na corrida tecnológica e podem assumir a liderança na tecnologia 5G. Ele entende que é preciso mudar o sistema, autorizando as empresas a atender à demanda onde e quando houver.

A China está na frente e Ganley acredita que os EUA têm pouco mais de um ano para equilibrar o jogo.

sábado, 7 de julho de 2018

Coreia do Norte considera "lamentável" exigência de desnuclearização total

O Ministério do Exterior da Coreia do Norte chamou hoje de "lamentável" a exigência dos Estados Unidos de uma desnuclearização total e unilateral como precondição para as negociações entre os dois países. Assim, desmentiu o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, que saiu de Pyongyang declarando que a visita foi "positiva".

Pompeo admitiu que há muito trabalho a ser feito, mas seu otimismo contrasta com o ceticismo do regime comunista norte-coreano, que descreveu a postura de negociação dos EUA como "gangsterista" e "cancerosa".

Depois da carta de intenções assinada pelo presidente Donald Trump e pelo ditador Kim Jong Un no histórico encontro de cúpula de 12 de junho, em Cingapura, os negociadores dos dois países precisam começar a discutir os detalhes técnicos da desnuclearização e do regime de inspeções para fiscalizar um possível acordo. As indicações neste momento não são favoráveis.

Enquanto os EUA exigem uma "desnuclearização completa, irreversível e verificável", a Coreia do Norte amplia suas instalações nucleares. É um sinal de que pretende manter sua capacidade nuclear ou ao menos ganhar tempo e arrastar as negociações com avanços e recuos como em ocasiões anteriores.

As exigências de segurança da Coreia do Norte para abrir mão de suas armas atômicas também são desconhecidas. Se incluírem a retirada total dos 28,5 mil soldados americanos estacionados na Coreia do Sul, os EUA não aceitarão.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Theresa May tem apoio do ministério para saída suave da UE

Depois de nove horas de negociações na casa de campo oficial da primeira-ministra britânica, Theresa May, em Chequers, os ministros aprovaram uma saída suave da União Europeia que preserve o acesso do Reino Unido ao mercado comum europeu, para onde vai a maior parte de suas exportações.

Num momento decisivo das negociações da Brexit (saída britânica, do inglês), a primeira-ministra resistiu à pressão dos radicais a favor de um rompimento total com a Europa, como o ministro do Exterior, Boris Johnson, e obteve o apoio do ministério para negociar um "acordo de livre comércio com a UE" cobrindo produtos agrícolas e industriais. O setor de serviços ficaria de fora.

Johnson e outros cinco minutos se reuniram quinta-feira à noite no Ministério do Exterior para traçar uma estratégia em defesa de uma Brexit dura. Mas a ala mais antieuropeia do Partido Conservador sabe que não pode derrubar um governo agora. Novas eleições dariam grande chance de vitória ao Partido Trabalhista, no momento liderado pelo socialista assumido Jeremy Corbyn.

"As pessoas não felizes com o que está sendo proposto, mas querem manter o governo unido", declarou sem se identificar um dos ministros que foi à reunião em Chequers.

Os rebeldes foram advertidos de que não teriam seus carros oficiais para voltar a Londres como ministros, se ficassem contra a proposta de May. A primeira-ministra anunciou a vitória de um "modelo aduaneiro favorável aos negócios" que manteria aberta a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.

Com a criação de uma fronteira dura entre as Irlandas, o risco de recuo no estagnado processo de paz na Irlanda do Norte ganharia mais um elemento.

A estratégia de May deve ser expressa em detalhes na próxima semana, num documento de 120 páginas que os eurocéticos rejeitam e não tem a menor garantia de que será aceito pela UE. A saída britânica da UE está marcada para o fim de março de 2019. Até lá, as novas relações econômicas terão de ser acertadas com o bloco europeu.

Ex-primeiro-ministro do Paquistão pega 10 anos de cadeia por corrupção

O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif foi condenado ontem a 10 anos de prisão por corrupção pela Justiça do Paquistão, noticiou a agência Reuters. Ele está em Londres e não poderá voltar ao Paquistão para fazer campanha para as eleições de 25 de julho.

Sharif governou o Paquistão de 1990 e 1993 e de 1997 a 1999, quando foi deposto por um golpe militar liderado pelo comandante do Exército, general Pervez Musharraf. Em maio de 1998, o Paquistão realizou testes atômicos, assumindo publicamente o status de potência nuclear, ao lado da Índia, inimiga histórica.

Depois de voltar ao poder em 2013, ele foi afastado pela Suprema Corte em 28 de julho do ano passado por causa de seu envolvimento no escândalo dos Papéis do Panamá, de investimentos secretos e lavagem de dinheiro neste país, que é um paraíso fiscal e desde então está sendo fortemente pressionado a mudar sua legislação financeira.

A denúncia foi apresentada em 19 de outubro de 2017. O veredito e a sentença condenatória foram anunciados ontem. Mesmo como réu, ele liderava a Liga Muçulmana do Paquistão (LMP-N). Agora, terá de fazê-lo do exílio em Londres.

Em 72 anos de história, nenhum primeiro-ministro jamais completou o mandato no Paquistão. Sharif foi o líder eleito que governou o país por mais tempo, cerca de 9 anos, mas não bateu o ditador Zia ul-Hak (1977-88), um conservador linha-dura que se aliou aos Estados Unidos, especialmente depois da invasão soviética no Afeganistão, em 1979. Foi o principal responsável pela islamização do Paquistão ao usar a religião como ideologia da ditadura.

Benazir Bhutto foi a primeira mulher a governar um país muçulmano. Ela chefiou o governo por cinco anos, de 1993 a 1996 e de 1988 a 1990. Foi assassinada em campanha eleitoral em 27 de dezembro de 2007. Seu pai, Zulfikar Ali Bhutto, foi presidente de 1971 a 1973 e primeiro-ministro de 1973 a 1977, quando foi deposto e executado num golpe militar.

Um Parlamento fragmentado vai formar um governo fraco, suscetível às pressões das Forças Armadas, que por causa do conflito histórico com a Índia são na prática o poder real.

No momento, as pesquisas dão em média 31% das preferências para a centro-direitista LMP-N, presidido por Shehbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro condenado; 24% para o partido que mais cresce no país, o Movimento por Justiça, liderado por Imran Khan, ex-capitão da seleção nacional de críquete; e 14% para o centro-esquerdista Partido Popular Paquistanês (PPP), liderado por Bilawal Bhutto Zardari desde o assassinato da mãe.

EUA criam mais 213 mil empregos mas desemprego sobe para 4%

O mercado de trabalho dos Estados Unidos voltou a surpreender em junho gerando 213 mil vagas de emprego a mais do que fechou, anunciou hoje de manhã o Departamento do Trabalho. Cresce sem parar há 7 anos e 9 meses.

A taxa de desemprego, medida em outra pesquisa, subiu de 3,8% para 4%. Entre os de origem latino-americana, caiu para um recorde de 4,6%. Isso significa que a economia americana vive um bom momento. Mais gente está procurando emprego.

Em maio, a taxa de desemprego estava na menor marca desde maio de 2000, porque 601 mil pessoas voltaram a procurar emprego. Os dados de abril e maio foram revisados para cima, com mais 37 mil postos de trabalho.

Desde o início do ano, a força de trabalho cresce numa média de mais 250 mil trabalhadores por mês. No mês passado, a participação da população em idade de trabalhar no mercado subiu 0,2 ponto percentual para 62,9%. A taxa é comparável às dos anos 1970s, quando as mulheres estavam entrando no mercado. Hoje a explicação é que há muitos idosos sem interesse em trabalhar.

Nos últimos 12 meses, os salários subiram em média 2,7%. Desde a Grande Recessão (2008-9), os salários nunca aumentaram 3% ao ano, mas em 16 dos últimos 17 meses a média anual não ficou abaixo de 2,5% ao ano.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Combate ao endividamento atinge empresas na China

A desalavancagem da economia da China para reduzir uma dívida de 260% do produto interno bruto, de US$ 12 trilhões em 2017, atinge as empresas públicas e estatais do país, acostumadas até agora a crédito fácil bancado pelo Estado.

O impacto sobre o investimento e o crescimento econômico será inevitável, mas a preocupação do governo é evitar a explosão de uma bolha financeira capaz de travar toda a economia ou até mesmo provocar uma recessão.

Hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima a dívida total chinesa, pública e privada, em 230% do PIB, mas prevê que no ritmo atual possa chegar a 300%. Já o professor Victor Shih, da Universidade da Califórnia em São Diego, calcula que a situação seja muito pior do que parece. Fala de uma bomba financeira.

Pelos seus cálculos, a dívida chinesa chegou a 328%. Em meio a avaliações tão díspares, a Comissão para a Reforma e o Desenvolvimento Nacional, responsável pela preparação e supervisão dos planos quinquenais, apresenta o dado oficial. A dívida total está em cerca de 260% do PIB.

Até agora, não houve uma desalavancagem para valer. Com o declínio do comunismo como ideologia, é o crescimento econômico que legitima o regime. A preocupação dos governos de todos os níveis de apresentar estatísticas de acordo com o planejamento central do Partido Comunista levou ao excesso de capacidade instalada e ao endividamento excessivo.

O subdiretor da Faculdade de Economia e Finanças da Universidade do Povo em Beijim, Zhao Xijun, espera que no futuro seja possível fazer uma desalavancagem mais "refinada", de acordo com a situação específica de cada região e setor. Mas avisa: "A alavancagem especulativa e irracional precisa acabar definitivamente, e a alavancagem excessivamente alta precisa ser reduzida."

Ao mesmo tempo, a China recebe nesta sexta-feira o primeiro salvo da guerra comercial deflagrada pelo presidente Donald Trump, com a imposição de tarifas sobre produtos importados da China no valor de US$ 34 bilhões por ano.

Como Trump atira para todos os lados, ameaça impor tarifas sobre US$ 500 bilhões em importações da China e acusa a União Europeia de tirar vantagens indevidas do comércio com os EUA, ameaçando sobretaxar os carros importados da Europa, aumenta o risco de um grande conflito comercial capaz de deflagrar uma recessão mundial.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Malásia suspende projetos e investiga negócios da China

A Malásia suspendeu três grandes projetos financiados pela China no valor de US$ 22 bilhões e está investigando se parte de um empréstimo de um banco estatal chinês foi usado num negócio relacionado ao fundo soberano 1Malaysia Development Berhad. 

Nesta semana, o ex-primeiro-ministro Najib Razak foi preso e denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro, abuso de poder e desvio de fundos. É suspeito de desviar US$ 731 milhões do fundo 1MDB, criado por ele em 2009, quando chegou ao poder.

Os projetos cancelados são a Ligação Ferroviária da Costa Leste, que iria da região menos desenvolvida da Malásia, a Costa Leste, até a capital, Kuala Lumpur, e o Sul da Tailândia, e dois oleodutos.

As empresas e órgãos estatais malasianos responsáveis enviaram cartas aos financiadores, a Companhia de Construção e Comunicação da China (CCCC) e o Escritório da China para Oleodutos. O motivo alegado foi o custo muito alto.

Em nota, a CCCC questionou se a suspensão era definitiva e manifestou preocupação com "custos adicionais" e seus 2.250 funcionários na Malásia.

É um sinal claro. O primeiro-ministro Mahathir Mohamed voltou ao poder aos 92 anos para combater a corrupção de Najib e defender seu legado como modernizador responsável pelo milagre econômico malasiano ao transformar um país atrasado num tigre asiático. Quer reduzir a influência chinesa.

O governo Najib recebeu bilhões de dólares da China dentro da Iniciativa um Cinturão, uma Estrada, o megaprojeto do ditador Xi Jinping para investir em obras de infraestrutura ligando a Ásia à Europa.

As obras dos oleodutos estão diretamente ligadas ao fundo 1MDB, de onde sumiram US$ 4,5 bilhões. O Ministério das Finanças da Malásia suspeita que parte do empréstimo obtido pelo Escritório de Oleodutos junto ao Banco de Exportação e Importação da China foi desviada para comprar terras no estado malasiano de Penang. Assim, o fundo soberano pagaria parte de suas dívidas.

Como o dinheiro veio do sistema financeiro chinês, os investigadores da Malásia não conseguiram rastreá-lo. Só 13% dos oleodutos foram construídos até agora. É provável que sejam abandonados.

Será mais difícil abandonar a ferrovia da Costa Leste, um projeto do interesse estratégico da China. O ministro das Finanças malasiano, Lim Guan Eng, exigiu uma "drástica redução de custos" depois de estimar o valor total da obra em US$ 20 bilhões, US$ 3,5 bilhões acima dos cálculos do governo anterior.

Ex-primeiro-ministro da Malásia é preso e denunciado por corrupção

Um dia depois de ser preso, o ex-primeiro-ministro Najib Razak foi denunciado ontem por abuso de poder, receber propina de US$ 10,5 milhões e desviar US$ 731 milhões do fundo soberano 1Malaysia Development Berhad, que criou ao chegar ao poder na Malásia, em 2009. Ele pretexta inocência. Pode ser condenado a até 20 anos de prisão.

O escândalo de corrupção levou à sua queda nas eleições de 9 de maio de 2018 e à derrota da coalizão que governou a Malásia desde a independência, em 1957. Aos 92 anos, o ex-primeiro-ministro Mahathir Mohamed, responsável pelo milagre econômico malasiano, deixou sua aposentadoria para combater a corrupção e preservar seu legado.

Dentro de dois anos, o veterano líder será substituído pelo seu antigo vice, Anwar Ibrahim, condenado por homossexualismo num processo forjado quando desafiou o chefe e adotou uma linha mais liberal. A pedido do Dr. Mahathir, vai receber um perdão real.

Entre as extravagâncias descobertas por investigadores americanos, está um colar de diamantes cor de rosa no valor de US$ 27,3 milhões usado por Rosmah Mansor, mulher do ex-primeiro-ministro. O porta-voz de Najib declarou que a prisão tinha "motivos políticos, é uma vingança política".

A polícia aprendeu em residências do antigo primeiro casal dinheiro, joias e outros objetos no valor de US$ 273 milhões.

terça-feira, 3 de julho de 2018

López Obrador deve ter maioria absoluta no Congresso do México

A coalizão Juntos Faremos História, liderada pelo presidente eleito, Andrés Manuel López Obrador, encaminha-se para ter maioria no Congresso do México, indicam boletins divulgados hoje pelo Conselho Nacional Eleitoral. AMLO teria o apoio de 69 dos 128 senadores e de 309 dos 500 deputados.

O Movimento de Regeneração Nacional (Morena), de esquerda, liderado por López Obrador, é aliado do Partido do Trabalho, de esquerda, e do Encontro Social, um partido evangélico de centro-direita. A coalizão recebeu 54% dos votos para o Senado e 70% para a Câmara.

Com maioria absoluta, AMLO não precisaria do apoio dos partidos tradicionais de centro-direita, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o Partido de Ação Nacional (PAN). Isso facilitaria a implantação das reformas radicais que propõe.

Entre as mudanças, AMLO promete combater a corrupção, a violência e a miséria, e revogar as reformas dos setores de educação e energia feitas pelo atual presidente, Enrique Peña Nieto, do PRI, que governou o México de 1929 a 2000 e voltou com Peña Nieto em 2012.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

UE impõe sanções a venezuelanos por fraude na eleição presidencial

A União Europeia anunciou nesta segunda-feira a imposição de sanções contra 11 altos funcionários da Venezuela envolvidos na reeleição presidencial fraudulenta do ditador Nicolás Maduro em 20 de maio, noticiou o jornal venezuelano El Nacional.

O Conselho de Ministros do Exterior da UE adotou várias medidas. Podem ir da proibição de entrar nos países do bloco até o congelamento de bens e ativos em território europeu. A lista sairá no Diário Oficial do bloco.

Oito dias depois da vergonhosa reeleição de Maduro, os chanceleres europeus exigiram a realização de novas eleições e prometeram impor novas sanções. Explicaram que o objetivo era atingir pessoas diretamente envolvidas na fraude eleitoral.

Agora, sobe para 18 o total de altos funcionários do regime chavista na lista negra da UE por desrespeito à democracia, ao Estado de Direito e aos direitos humanos na Venezuela, que afunda na pior crise econômica de sua história.

Já são alvo de sanções da UE o vice-presidente Tareck Aissami, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas; o novo presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello, considerado o número dois do regime; a ex-presidente da Constituinte, ex-ministra do Exterior e vice-presidente Delcy Rodríguez; e a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena.

Ao contrário dos Estados Unidos, do Canadá e do Panamá, a UE reluta em impor sanções diretamente ao ditador Maduro na esperança de manter o diálogo e participar de uma solução negociada para a volta da democracia na Venezuela.

Guerra comercial ameaça 19% das exportações dos EUA, adverte UE

Se impuserem sobretaxas às importações de automóveis, os Estados Unidos correm o risco de sofrer retaliações tarifárias sobre 19% de suas exportações, num valor anual de US$ 300 bilhões, advertiu a União Europeia em documento enviado a Washington na sexta-feira passada. É o valor que os americanos gastam por ano comprando carros importados.

Pela primeira vez, a Comissão Europeia apresentou por escrito seus argumentos contra a guerra comercial do governo Donald Trump no setor automobilístico. A UE é segundo maior mercado do mundo, com um produto interno bruto de US$ 17,3 trilhões no ano passado, quando importou carros americanos no valor de US$ 58 bilhões.

O presidente de CE, Jean-Claude Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, vai levar a questão diretamente ao presidente Trump em visita à Casa Branca ainda neste mês de julho de 2018. Depois do fracasso da reunião de cúpula do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) no início do mês, Trump convidou Juncker a ir a Washington.

A Europa tenta evitar uma guerra comercial iniciada por Trump ao sobretaxar as importações de aço e  de alumínio sem poupar os aliados. O presidente americano chegou a dizer que "a Europa é pior do que a China", seu principal alvo para tentar reduzir o déficit comercial dos EUA, de US$ 566 bilhões em 2017.

No documento de 11 páginas, a CE destaca o impacto da guerra comercial sobre o desemprego e o compromisso de longo prazo das empresas europeias com o mercado americano. As fábricas de automóveis de companhias da Europa geram 120 mil empregos diretos e mais 420 mil de maneira indireta nos EUA. No ano passado, fabricaram 2,9 milhões de veículos no país, cerca de 60% destinados à exportação.

"Qualquer medida que prejudique estas empresas seria contraproducente e enfraqueceria a economia americana", alegam os analistas da comissão de Bruxelas no documento, enviado também aos chefes de Estado e de governo dos 28 países da UE.

Por fim, a Europa rejeita o argumento dos EUA para impor sobretaxas: a segurança nacional. "Carece de legitimidade" e "viola as regras do comércio internacional", acusa o documento. Afinal, os EUA e a maioria dos países da UE são aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

domingo, 1 de julho de 2018

Esquerdista López Obrador é eleito presidente do México

No fim de uma campanha dominada por temas como corrupção e violência, o ex-prefeito da capital Andrés Manuel López Obrador, do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), venceu por ampla margem a eleição presidencial de hoje no México, na terceira tentativa, indicam as projeções dos primeiros resultados oficiais. 

Seus maiores adversários, Ricardo Anaya, do direitista Partido de Ação Nacional (PAN), e José Antônio Meade, do governista Partido Revolucionário Institucional (PRI), reconheceram a derrota.

AMLO, como é conhecido popularmente, será o primeiro esquerdista a governar o México, a segunda maior economia da América Latina, depois do Brasil, com produto interno bruto de US$ 1,149 trilhão, o 15º do mundo em 2017, pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Uma contagem rápida feita pelo Instituto Nacional Eleitoral deu 53% para AMLO, 22% para Anaya e 16% para Meade, informou o jornal esquerdista La Jornada. Esses números se confirmaram. Foi a maior vitória numa eleição presidencial mexicana em 40 anos.

López Obrador promete acabar com a corrupção crônica, reduzir a violência endêmica, agravada pela guerra às drogas das últimas décadas, e combater a pobreza absoluta. Sua grande popularidade se deve à esperança de que possa atacar estes problemas com algum sucesso.

Os economistas o acusam de populismo e perguntam como vai financiar generosos programas sociais, como aumento das aposentadorias e pensões, bolsas de estudos para jovens e apoio ao pequeno produtor rural. Ele pretende usar o dinheiro economizado com o combate à corrupção, um sonho que muitos temem que não se materialize.

Desde que o presidente Felipe Calderón declarou guerra às máfias do tráfico de drogras, em 2006, 200 mil pessoas foram mortas. No ano passado, o índice de homicídios foi o maior desde que o governo federal mexicano iniciou a pesquisa, em 1997. Pelo número de assassinatos deste ano, o total de 2017 será superado. AMLO não fez nenhuma proposta concreta para a questão da violência.

"As eleições recentes na América Latina mostram a mesma demanda por mudança", comentou a ex-presidente da Costa Rica Laura Chinchilla. "Os resultados não endossam ideologias, são demandas por mudanças, uma fadiga sentida pelo povo, que espera respostas que não vêm."

Para o historiador da esquerda mexicana Carlos Illades, professor da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), o maior problema é o excesso de expectativa gerado por uma campanha populista e salvacionista: "O problema é o que ele não for capaz de fazer. Há pessoas com uma expectativa enorme."

Além dos problemas internos, AMLO terá de convencer os investidores estrangeiros de que seu nacionalismo econômico não vai fechar a economia e enfrentar a hostilidade do presidente Donald Trump, que lançou sua campanha à Casa Branca acusando os mexicanos de serem traficantes, estupradores e assassinos, e insiste na construção de um muro na fronteira entre os dois países.

Como prefeito da Cidade do México, ele mostrou ser um esquerdista capaz de trabalhar com o setor privado. Agora, enviou um representante para a renegociação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta).

"Hoje AMLO é muito mais moderado, é um político centrista que vai governar com a comunidade empresarial com a mão direita e com os programas sociais na mão esquerda", declarou Antonio Sola, marqueteiro que o apresentou como um perigo para o México na eleição de 2006, vencida por Felipe Calderón, do PAN. "A grande diferença é que agora a emoção dominante no eleitorado é a fúria. A raiva é muito mais forte do que o medo."

O presidente eleito prometeu revisar os contratos no setor de petróleo assinados pelo governo atual e reverter reformas educacionais para introduzir avaliações de mérito dos professores. Aliado dos poderosos sindicatos do setor público, AMLO quer voltar atrás. Deste jeito, cedendo aos interesses dos setores de educação e energia, não vai transformar o México.

"Minha maior preocupação sobre energia e educação é a ambiguidade do caminho alternativo a frente", observou o cientista político Jesus Silva Herzog, professor da Escola de Administração Pública do Instituto de Tecnologia e Ensino Superior de Monterrey, na terceira maior região metropolitana do México.

A vitória de López Obrador representa sobretudo a falência dos partidos políticos tradicionais mexicanos. O Partido Revolucionário Institucional (PRI), herdeiro da Revolução Mexicana de 1910, governou o país de sua fundação, em 1929, até o ano 2000. Voltou ao poder com o atual presidente, o desmoralizado Enrique Peña Nieto (2012-18). Sai destas eleições mais fraco do que nunca.

O Partido da Revolução Democrática (PRD), foi criado por Cuauhtémoc Cárdenas, filho do fundador do PRI, numa dissidência do partido oficial, em 1989. AMLO usou-o para lançar sua candidatura em 2006. Com o crescimento do Morena, o PRD corre o risco de desaparecer.

Desde logo, o PAN se apresenta como a oposição de direita. Algumas pesquisas indicaram que a aliança Juntos Faremos História, liderada por AMLO, poderá ter maioria absoluta na Câmara e no Senado. Isso lhe daria condições de aplicar seu programa radical. As atenções agora se voltam para estas apurações.

Seu partido Morena venceu em seis dos nove estados onde havia eleição para governador: Chiapas, México, Morelos, Puebla, Tabasco, onde nasceu AMLO, e Veracruz. Pela primeira uma mulher, a cientista Claudia Sheinbaum, de 56 anos, foi eleita prefeita da Cidade do México, uma megalópole de 20 milhões de habitantes.

Foram as maiores eleições da história do México, com mais de 3,4 mil cargos em disputa e também a mais violenta, com pelo menos 145 assassinatos políticos, sendo 48 de candidatos ou pré-candidatos.