O presidente Donald Trump acusou hoje os aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de não gastar o combinado com defesa e a Alemanha de ser dependente da importação de energia da Rússia, o que anularia os esforços dos Estados Unidos para proteger o continente.
Na sua estratégia de desestabilizar os parceiros para obter vantagens nas negociações, Trump lamentou que apenas cinco dos 29 países da aliança militar liderada pelos EUA gastem 2% do produto interno bruto com defesa, uma meta estabelecida para 2024, e propôs dobrar esse percentual para 4% do PIB.
Como sempre, tratando-se de Trump, não se sabe se os 4% são um objetivo político ou uma tática de negociação. Diante das câmeras, o presidente americano afirmou que a Alemanha abandonou o carvão e a energia nuclear - e "foi capturada pela Rússia".
Mentindo como de costume, Trump declarou que a Alemanha importa 70% de sua energia da Rússia. O número verdadeiro é 13%. O presidente está querendo vender gás natural americano ou desviar as atenções de seu encontro de cúpula com o ditador da Rússia, Vladimir Putin, acusado nos EUA de interferir nas eleições de 2016 para ajudar Trump.
Apesar das insinuações em contrário, o presidente dos EUA manteve o compromisso de fortalecer a aliança diante da Rússia e de manter as sanções aprovadas depois da intervenção militar na Ucrânia e da anexação ilegal da Crimeia.
Na reunião de cúpula do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), no mês passado, Trump disse que a Crimeia deveria ser parte da Rússia porque a maioria da população fala russo e tem origem russa.
Em resposta, a chanceler (primeira-ministra) alemã, Angela Merkel, citada pelo jornal The Guardian, lembrou que foi criada na antiga Alemanha Oriental e que, portanto, não precisa de lições sobre como lidar com regimes autoritárias.
"Tive a experiência eu mesmo em uma parte da Alemanha controlada pela União Soviética", disse Merkel. "Estou feliz que hoje estamos unidos em liberdade na República Federal da Alemanha. Por causa disso, podemos fazer políticas e tomar decisões independentemente."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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