sexta-feira, 27 de julho de 2018

Reitor acusa sandinistas pela morte de brasileira na Nicarágua

A estudante brasileira Rayneia Gabrielle Lima, de 31 anos, cursava o sexto ano do curso de medicina na Universidade Americana em Manágua. Na segunda-feira à noite, foi morta a tiros quando voltava para casa num bairro nobre da zona sul da capital nicaraguense. O governo Daniel Ortega culpa paramilitares, mas o reitor da universidade responsabiliza o partido do governo, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

O assassinato aconteceu em meio à maior crise política na Nicarágua desde os anos 1980s, quando rebeldes financiados pelos Estados Unidos combatiam a revolução sandinista, que derrubara a ditadura de Anastasio Somoza em 1979.

Desde 18 de abril, pelo menos 351 pessoas foram mortas na dura repressão do governo Ortega contra uma onda de manifestações de rua. Primeiro, exigiam o fim de uma reforma da Previdência com aumento de contribuição e redução nos benefícios. Depois das mortes, passaram a pedir a renúncia do presidente e de sua mulher, a vice-presidente Rosario Murillo, a antecipação das eleições e uma investigação internacional sobre os crimes cometidos pela repressão do governo Ortega.

“Isto é preciso dizer: foram paramilitares que estavam na casa de Chico López que dispararam”, afirmou o reitor Ernesto Medina. López, tesoureiro da FSLN, era diretor de empresas estatais de petróleo e construção civil até ser denunciado recentemente de violar os direitos humanos, com base na Lei Global Magnitsky.

Havia uma reunião na casa de Francisco López para avaliar a crise no dia em que Rayneia foi morta. Os paramilitares rondavam a área para dar proteção aos dirigentes sandinistas.

“As forças paramilitares sentem que têm carta branca”, acrescentou o reitor. “Ninguém vai lhes dizer nada. Ninguém vai lhes fazer nada. Estão sequestrando e fazendo operações de busca e apreensão com total impunidade.”

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)  responsabiliza o governo da Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais,  maus tratos, possíveis casos de tortura e detenções arbitrária”.

“A morte desta garota é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua, contradiz o que diz Ortega, que tudo está normal”, acusou Medina. “É uma paz de mentira. Há paramilitares por todos os lados.”

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