A Marcha das Flores deveria ter sido uma manifestação pacífica em homenagem aos cerca de 20 menores de idade mortos nos protestos contra o governo Daniel Ortega desde 19 de abril. Mas pistoleiros leais ao regime assassino tocaiados desde a noite anterior numa propriedade privada atiraram contra a multidão. Duas pessoas morreram e 11 saíram feridas.
Com a violenta repressão, pelo menos 287 pessoas foram mortas desde abril, de acordo com a Associação Nicaraguense para os Direitos Humanos (ANPDH). O movimento era contra uma reforma da Previdência Social com aumento de contribuição e corte nas aposentadorias e pensões. Agora, exige a renúncia do presidente e da vice-presidente Rosario Murillo, sua mulher, a antecipação das eleições e a responsabilização dos responsáveis pelas mortes.
É a pior crise política no país desde o fim da guerra civil deflagrada pelos contrarrevolucionários nos anos 1980s, com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, depois da vitória da Revolução Sandinista e da queda da ditadura de Anastasio Somoza, em 17 de julho de 1979.
Ortega governou o país, primeiro como comandante da revolução. Foi eleito presidente em 1984, em eleição boicotada pela oposição a pedido do governo Reagan. Em 1990, perdeu a eleição para Violeta Chamorro.
O atual presidente voltou ao poder em 2007, com o apoio da velha oligarquia somozista que um dia combatera, ao se aliar ao ex-presidente Arnoldo Alemán, condenado por corrupção. No poder, mudou a composição da Corte Suprema e a Constituição para permitir a reeleição sem limites.
Sem a ajuda financeira que recebia da Venezuela no tempo de Hugo Chávez, Ortega foi obrigado a cortar os gastos públicos. A reforma previdenciária enterrou o governo. Ele resiste, mas a Igreja Católica suspendeu as negociações até que organizações internacionais investiguem as violações dos direitos humanos cometidas nos últimos meses.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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