O presidente Donald Trump voltou a acusar jornalistas hoje de serem “antipatróticos” e de colocarem vidas em risco ao criticar o governo, enquanto o diretor do jornal The New York Times, Arthur G. Sulzberger, revelou ter pedido ao presidente que pare de chamar jornalistas de “inimigos do povo”, advertindo que vai levar à violência.
Do seu clube de golfe em Bridgewater, no estado de Nova Jérsei, Trump disparou: “Quando a mídia - tornada insana pela Síndrome de Transtorno de Trump - revela deliberações internas do nosso governo, ela verdadeiramente coloca as vidas de muitos, e não apenas jornalistas, em risco! Muito antipatriótico!”
Em seguida, voltou à ofensiva: “Não vou deixar nosso grande país ser vendido por odiadores anti-Trump na moribunda indústria de jornais”, acusando The New York Times and The Washington Post de publicar “histórias ruins mesmo diante de realizações muito positivas”.
Trump estava reagindo ao relato de Sulzberger sobre a conversa privada que tiveram na Casa Branca em 20 de julho. A notícia não teria vindo à público se o presidente não rompesse o sigilo ao descrever a discussão como “um encontro muito bom e interessante”.
O presidente declarou que “passamos muito tempo falando sobre a grande quantidade de notícias falsas divulgadas pela mídia e como as notícias falsas se metamorfosearam na expressão ‘inimigo do povo’.”
Em sua versão, o diretor do NY Times, que estava acompanhado pelo editor de opinião do jornal, James Bennet, afirmou ter ido à Casa Branca “para levantar preocupações sobre a retórica profundamente problemática do presidente contra a imprensa”.
“Eu disse ao presidente diretamente que penso que sua linguagem não apenas divide, mas é cada vez mais perigosa”, contou Sulzberger. “Eu disse a ele que, embora a expressão ‘notícia falsa’ seja uma inverdade prejudicial, estou muito mais preocupado com rotular jornalistas como ‘inimigos do povo’. Adverti que esta linguagem inflamatória está contribuindo para um aumento das ameaças contra jornalistas e vai levar à violência.”
Onde não há democracia, o impacto tende a ser ainda maior: “Repetidamente acentuei que isto é verdade, especialmente no exterior, onde a retórica do presidente está sendo usada por alguns regimes para justificar a repressão violenta a jornalistas. Adverti-o de que está minando os ideais democráticos de nossa nação e erodindo uma das maiores exportações do nosso país: um compromisso com a liberdade de expressão e uma imprensa livre.”
Sulzberger concluiu: “Durante a conversa, enfatizei que, se o presidente Trump, como presidentes anteriores, estiver contrariado com a cobertura jornalística de seu governo, é claro que ele é livre para dizer ao mundo. Deixei claro que não estava pedindo para suavizar seus ataques ao Times, se ele sente que a cobertura é injusta. Em vez disso, implorei para que reconsidere seus ataques genéricos ao jornalismo, que acredito serem perigosos e prejudiciais ao país.”
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 29 de julho de 2018
Dono do NY Times pede a Trump não chamar jornalistas de “inimigos do povo”
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