Pelo menos duas pessoas morreram e outras duas saíram feridas ontem da invasão de uma igreja pela polícia da Nicarágua, em perseguição a estudantes universitários, informou o arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo José Brenes. Foi mais um ato de repressão violenta do governo Daniel Ortega contra manifestantes que protestam desde abril, exigindo agora a antecipação das eleições de 2021.
“Infelizmente, duas pessoas perderam a vida nesta manhã e outras duas foram feridas”, lamentou o cardeal-arcebispo. “Para nós, da Igreja, é terrível. Como dissemos várias vezes, nem uma morte a mais.”
Desde 18 de abril, 351 foram mortas nos protestos contra Ortega e sua mulher e vice-presidente, Rosario Murillo. Um dos mortos na igreja foi identificado como Gerald Vázquez, de 20 anos, estudante da Universidade Nacional Autônoma da Nicarágua. O outro se chamava Francisco.
Na sexta-feira, eles se refugiaram na Igreja da Divina Misericórdia, na capital nicaraguense, junto com outros 12 estudantes, três jornalistas, médicos e padres. Além dos mortos e feridos, alguns conseguiram fugir. Outros foram entregues às famílias.
Ortega chegou ao poder em 19 de julho de 1979, como um dos nove comandantes da Frente Sandinistra de Libertação Nacional (FSLN), que derrubou o ditador Anastasio Somoza Debayle. Eleito presidente em 1984, ele governou até 1990, quando foi derrotado por Violeta Chamarro.
Depois que voltou ao poder, em 2007, em aliança com a oligarquia somozista, mudou a Constituição e a Corte Suprema para permitir a reeleição sem limites do presidente. Agora, tenta se aferrar ao poder com uma onda de repressão política violenta.
A oposição exige nas ruas a renúncia do presidente e da vice-presidente, a antecipação das eleições e uma investigação internacional para investigar a responsabilidade pelas mortes dos últimos meses. Ortega aceitou a presença da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas năo dá sinais de que pretenda deixar o poder.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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