Um dia depois da demissão do ministro encarregado de negociar a saída do Reino Unido da União Europeia, David Davis, hoje o ministro do Exterior, Boris Johnson, deixou o governo, aumentando a pressão sobre a primeira-ministra Theresa May três dias depois do anúncio de que tinha apoio do ministério para uma Brexit suave.
Davis saiu acusando May de trair a vontade popular expressa no plebiscito de 23 de junho de 2016. É o mesmo pensamento de Johnson. O ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, apontado pela televisão pública britânica BBC como provável ministro para a Brexit, apoiou a proposta de de May de manter as regras do mercado europeu para produtos agrícolas e industriais. Seu aliado, Dominic Raab, aceitou ser ministro para a Brexit.
A nova renúncia foi anunciada quando a primeira-ministra apresentava seu plano para negociar com a UE à Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. Gove não estava ao lado de May na primeira fila de cadeiras da bancada do Partido Conservador, onde sentam os ministros. O ministro do Comércio Internacional, Liam Fox, estava lá.
Com a revolta aberta dos eurocéticos radicais, aumenta a expectativa de um desafio à liderança de Theresa May. São necessárias as assinaturas de pelo menos 48 deputados conservadores para iniciar o processo de destituição de May. Para vencer, são necessários os votos de ao menos 159 deputados. O deputado Jacob Rees-Mogg, líder da bancada eurocética, é um dos favoritos.
O ex-líder do Partido Nacional Britânico Nigel Farage, um dos maiores defensores da saída da UE, escreveu no Twitter: "Bravo, Johnson", acrescentando que está na hora de se livrar de May.
Theresa May ficou ao lado do primeiro-ministro David Cameron no plebiscito, que pediu demissão depois da derrota. Acabou herdando a liderança conservadora porque Gove e Johnson foram considerados traidores, violando uma regra básica da política britânica: quem mata o rei não ascende ao trono.
Hoje, o líder da oposição trabalhista, deputado Jeremy Corbyn, disse que o acordo entre os ministros levou "dois anos para ser feito e apenas dois dias para desabar".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Eu, ate hoje, nao entendo a consciencia insular dos britanicos.
O plebiscito foi um erro, mas é justamente a insularidade. A geografia pesa.
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