Se impuserem sobretaxas às importações de automóveis, os Estados Unidos correm o risco de sofrer retaliações tarifárias sobre 19% de suas exportações, num valor anual de US$ 300 bilhões, advertiu a União Europeia em documento enviado a Washington na sexta-feira passada. É o valor que os americanos gastam por ano comprando carros importados.
Pela primeira vez, a Comissão Europeia apresentou por escrito seus argumentos contra a guerra comercial do governo Donald Trump no setor automobilístico. A UE é segundo maior mercado do mundo, com um produto interno bruto de US$ 17,3 trilhões no ano passado, quando importou carros americanos no valor de US$ 58 bilhões.
O presidente de CE, Jean-Claude Juncker, ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, vai levar a questão diretamente ao presidente Trump em visita à Casa Branca ainda neste mês de julho de 2018. Depois do fracasso da reunião de cúpula do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) no início do mês, Trump convidou Juncker a ir a Washington.
A Europa tenta evitar uma guerra comercial iniciada por Trump ao sobretaxar as importações de aço e de alumínio sem poupar os aliados. O presidente americano chegou a dizer que "a Europa é pior do que a China", seu principal alvo para tentar reduzir o déficit comercial dos EUA, de US$ 566 bilhões em 2017.
No documento de 11 páginas, a CE destaca o impacto da guerra comercial sobre o desemprego e o compromisso de longo prazo das empresas europeias com o mercado americano. As fábricas de automóveis de companhias da Europa geram 120 mil empregos diretos e mais 420 mil de maneira indireta nos EUA. No ano passado, fabricaram 2,9 milhões de veículos no país, cerca de 60% destinados à exportação.
"Qualquer medida que prejudique estas empresas seria contraproducente e enfraqueceria a economia americana", alegam os analistas da comissão de Bruxelas no documento, enviado também aos chefes de Estado e de governo dos 28 países da UE.
Por fim, a Europa rejeita o argumento dos EUA para impor sobretaxas: a segurança nacional. "Carece de legitimidade" e "viola as regras do comércio internacional", acusa o documento. Afinal, os EUA e a maioria dos países da UE são aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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