quarta-feira, 4 de julho de 2018

Malásia suspende projetos e investiga negócios da China

A Malásia suspendeu três grandes projetos financiados pela China no valor de US$ 22 bilhões e está investigando se parte de um empréstimo de um banco estatal chinês foi usado num negócio relacionado ao fundo soberano 1Malaysia Development Berhad. 

Nesta semana, o ex-primeiro-ministro Najib Razak foi preso e denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro, abuso de poder e desvio de fundos. É suspeito de desviar US$ 731 milhões do fundo 1MDB, criado por ele em 2009, quando chegou ao poder.

Os projetos cancelados são a Ligação Ferroviária da Costa Leste, que iria da região menos desenvolvida da Malásia, a Costa Leste, até a capital, Kuala Lumpur, e o Sul da Tailândia, e dois oleodutos.

As empresas e órgãos estatais malasianos responsáveis enviaram cartas aos financiadores, a Companhia de Construção e Comunicação da China (CCCC) e o Escritório da China para Oleodutos. O motivo alegado foi o custo muito alto.

Em nota, a CCCC questionou se a suspensão era definitiva e manifestou preocupação com "custos adicionais" e seus 2.250 funcionários na Malásia.

É um sinal claro. O primeiro-ministro Mahathir Mohamed voltou ao poder aos 92 anos para combater a corrupção de Najib e defender seu legado como modernizador responsável pelo milagre econômico malasiano ao transformar um país atrasado num tigre asiático. Quer reduzir a influência chinesa.

O governo Najib recebeu bilhões de dólares da China dentro da Iniciativa um Cinturão, uma Estrada, o megaprojeto do ditador Xi Jinping para investir em obras de infraestrutura ligando a Ásia à Europa.

As obras dos oleodutos estão diretamente ligadas ao fundo 1MDB, de onde sumiram US$ 4,5 bilhões. O Ministério das Finanças da Malásia suspeita que parte do empréstimo obtido pelo Escritório de Oleodutos junto ao Banco de Exportação e Importação da China foi desviada para comprar terras no estado malasiano de Penang. Assim, o fundo soberano pagaria parte de suas dívidas.

Como o dinheiro veio do sistema financeiro chinês, os investigadores da Malásia não conseguiram rastreá-lo. Só 13% dos oleodutos foram construídos até agora. É provável que sejam abandonados.

Será mais difícil abandonar a ferrovia da Costa Leste, um projeto do interesse estratégico da China. O ministro das Finanças malasiano, Lim Guan Eng, exigiu uma "drástica redução de custos" depois de estimar o valor total da obra em US$ 20 bilhões, US$ 3,5 bilhões acima dos cálculos do governo anterior.

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