A desalavancagem da economia da China para reduzir uma dívida de 260% do produto interno bruto, de US$ 12 trilhões em 2017, atinge as empresas públicas e estatais do país, acostumadas até agora a crédito fácil bancado pelo Estado.
O impacto sobre o investimento e o crescimento econômico será inevitável, mas a preocupação do governo é evitar a explosão de uma bolha financeira capaz de travar toda a economia ou até mesmo provocar uma recessão.
Hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima a dívida total chinesa, pública e privada, em 230% do PIB, mas prevê que no ritmo atual possa chegar a 300%. Já o professor Victor Shih, da Universidade da Califórnia em São Diego, calcula que a situação seja muito pior do que parece. Fala de uma bomba financeira.
Pelos seus cálculos, a dívida chinesa chegou a 328%. Em meio a avaliações tão díspares, a Comissão para a Reforma e o Desenvolvimento Nacional, responsável pela preparação e supervisão dos planos quinquenais, apresenta o dado oficial. A dívida total está em cerca de 260% do PIB.
Até agora, não houve uma desalavancagem para valer. Com o declínio do comunismo como ideologia, é o crescimento econômico que legitima o regime. A preocupação dos governos de todos os níveis de apresentar estatísticas de acordo com o planejamento central do Partido Comunista levou ao excesso de capacidade instalada e ao endividamento excessivo.
O subdiretor da Faculdade de Economia e Finanças da Universidade do Povo em Beijim, Zhao Xijun, espera que no futuro seja possível fazer uma desalavancagem mais "refinada", de acordo com a situação específica de cada região e setor. Mas avisa: "A alavancagem especulativa e irracional precisa acabar definitivamente, e a alavancagem excessivamente alta precisa ser reduzida."
Ao mesmo tempo, a China recebe nesta sexta-feira o primeiro salvo da guerra comercial deflagrada pelo presidente Donald Trump, com a imposição de tarifas sobre produtos importados da China no valor de US$ 34 bilhões por ano.
Como Trump atira para todos os lados, ameaça impor tarifas sobre US$ 500 bilhões em importações da China e acusa a União Europeia de tirar vantagens indevidas do comércio com os EUA, ameaçando sobretaxar os carros importados da Europa, aumenta o risco de um grande conflito comercial capaz de deflagrar uma recessão mundial.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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