Depois de nove horas de negociações na casa de campo oficial da primeira-ministra britânica, Theresa May, em Chequers, os ministros aprovaram uma saída suave da União Europeia que preserve o acesso do Reino Unido ao mercado comum europeu, para onde vai a maior parte de suas exportações.
Num momento decisivo das negociações da Brexit (saída britânica, do inglês), a primeira-ministra resistiu à pressão dos radicais a favor de um rompimento total com a Europa, como o ministro do Exterior, Boris Johnson, e obteve o apoio do ministério para negociar um "acordo de livre comércio com a UE" cobrindo produtos agrícolas e industriais. O setor de serviços ficaria de fora.
Johnson e outros cinco minutos se reuniram quinta-feira à noite no Ministério do Exterior para traçar uma estratégia em defesa de uma Brexit dura. Mas a ala mais antieuropeia do Partido Conservador sabe que não pode derrubar um governo agora. Novas eleições dariam grande chance de vitória ao Partido Trabalhista, no momento liderado pelo socialista assumido Jeremy Corbyn.
"As pessoas não felizes com o que está sendo proposto, mas querem manter o governo unido", declarou sem se identificar um dos ministros que foi à reunião em Chequers.
Os rebeldes foram advertidos de que não teriam seus carros oficiais para voltar a Londres como ministros, se ficassem contra a proposta de May. A primeira-ministra anunciou a vitória de um "modelo aduaneiro favorável aos negócios" que manteria aberta a fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte.
Com a criação de uma fronteira dura entre as Irlandas, o risco de recuo no estagnado processo de paz na Irlanda do Norte ganharia mais um elemento.
A estratégia de May deve ser expressa em detalhes na próxima semana, num documento de 120 páginas que os eurocéticos rejeitam e não tem a menor garantia de que será aceito pela UE. A saída britânica da UE está marcada para o fim de março de 2019. Até lá, as novas relações econômicas terão de ser acertadas com o bloco europeu.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário