O ex-ministro da Defesa da Nicarágua Humberto Ortega acusou hoje o presidente Daniel Ortega, seu irmão pela repressão violenta a uma onda de protestos de rua que já dura mais de três meses, com mais de 350 mortes. Ele criticou o uso de forças paramilitares e declarou que o Exército não pode tolerar a situação atual.
A acusação de Humberto Ortega ao próprio irmão em entrevista à televisão americana CNN é um sinal de que a base de sustentação do presidente está rachando. Desde o início dos protestos, inicialmente contra uma reforma da Previdência e depois exigindo a queda do governo por causa das mortes, o Exército se recusa a participar diretamente da repressão.
O governo Ortega tem usado a polícia e forças paramilitares. Na segunda-feira, uma estudante brasileira de medicina, Raynéia Gabrielle Lima, que não participava dos protestos, foi metralhada num bairro nobre de Manágua, a capital nicaraguense, onde paramilitares estariam protegendo membros do partido governista, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). O governo prendeu ontem um segurança particular e o acusou pelo crime.
Cinquenta e nove anos depois da vitória da Revolução Sandinista sobre a ditadura de Anastasio Somoza, Daniel Ortega é o novo Somoza e seu irmão, um dos nove comandantes que tomaram o poder em julho de 1979, não aceita a situação atual.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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