O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif foi condenado ontem a 10 anos de prisão por corrupção pela Justiça do Paquistão, noticiou a agência Reuters. Ele está em Londres e não poderá voltar ao Paquistão para fazer campanha para as eleições de 25 de julho.
Sharif governou o Paquistão de 1990 e 1993 e de 1997 a 1999, quando foi deposto por um golpe militar liderado pelo comandante do Exército, general Pervez Musharraf. Em maio de 1998, o Paquistão realizou testes atômicos, assumindo publicamente o status de potência nuclear, ao lado da Índia, inimiga histórica.
Depois de voltar ao poder em 2013, ele foi afastado pela Suprema Corte em 28 de julho do ano passado por causa de seu envolvimento no escândalo dos Papéis do Panamá, de investimentos secretos e lavagem de dinheiro neste país, que é um paraíso fiscal e desde então está sendo fortemente pressionado a mudar sua legislação financeira.
A denúncia foi apresentada em 19 de outubro de 2017. O veredito e a sentença condenatória foram anunciados ontem. Mesmo como réu, ele liderava a Liga Muçulmana do Paquistão (LMP-N). Agora, terá de fazê-lo do exílio em Londres.
Em 72 anos de história, nenhum primeiro-ministro jamais completou o mandato no Paquistão. Sharif foi o líder eleito que governou o país por mais tempo, cerca de 9 anos, mas não bateu o ditador Zia ul-Hak (1977-88), um conservador linha-dura que se aliou aos Estados Unidos, especialmente depois da invasão soviética no Afeganistão, em 1979. Foi o principal responsável pela islamização do Paquistão ao usar a religião como ideologia da ditadura.
Benazir Bhutto foi a primeira mulher a governar um país muçulmano. Ela chefiou o governo por cinco anos, de 1993 a 1996 e de 1988 a 1990. Foi assassinada em campanha eleitoral em 27 de dezembro de 2007. Seu pai, Zulfikar Ali Bhutto, foi presidente de 1971 a 1973 e primeiro-ministro de 1973 a 1977, quando foi deposto e executado num golpe militar.
Um Parlamento fragmentado vai formar um governo fraco, suscetível às pressões das Forças Armadas, que por causa do conflito histórico com a Índia são na prática o poder real.
No momento, as pesquisas dão em média 31% das preferências para a centro-direitista LMP-N, presidido por Shehbaz Sharif, irmão do ex-primeiro-ministro condenado; 24% para o partido que mais cresce no país, o Movimento por Justiça, liderado por Imran Khan, ex-capitão da seleção nacional de críquete; e 14% para o centro-esquerdista Partido Popular Paquistanês (PPP), liderado por Bilawal Bhutto Zardari desde o assassinato da mãe.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário