Depois de meses de ameaças, desde sexta-feira, os Estados Unidos e a China estão impondo tarifas de 25% sobre produtos importados no valor anual equivalente a US$ 34 bilhões em importações do outro. Enquanto carros e produtos agrícolas são sobretaxados, há uma corrida tecnológica com implicações não só econômicas, mas de segurança nacional.
Nesta disputa pela supremacia mundial, está sendo travada uma batalha em torno do desenvolvimento da tecnologia 5G, a quinta geração da telefonia celular, que será o futuro da Internet móvel. Será possível baixar filmes em segundos e ir muito além da banda larga de alta velocidade, informa o canal americano de notícias econômicas CNBC.
A tecnologia 5G será a infraestrutura capaz de sustentar a Internet das coisas, ligando bilhões de equipamentos eletroeletrônicos entre si no mundo inteiro, as cidades inteligentes e os veículos sem motorista. Em 2035, deve gerar uma riqueza de US$ 12,3 trilhões.
Na análise da CNBC, a tecnologia 5G é central tanto para o projeto do presidente Donald Trump de "fazer os EUA grandes de novo" quanto para a meta do ditador Xi Jinping de tornar a China em líder mundial em inteligência artificial.
A Internet móvel exige padrões universais. As especificações foram acertadas em dezembro de 2017. Agora, começa a corrida entre empresas como as chinesas ZTE e Huawei, as europeias Ericsson e Nokia e grupos americanos para desenvolver os equipamentos. Os fabricantes americanos de microchips, como Intel e Qualcomm, também entram nesta batalha, parte da guerra comercial.
É uma luta para ver "quem vai definir e controlar o modelo, a arquitetura e a agenda da tecnologia 5G", observou Declan Ganley, diretor-geral da empresa telecomunicações Rivada Networks. "É importante porque 5G é o oceano azul de águas profundas do domínio cibernético", que é "um dos mais importantes do mundo."
Ganley é crítico da maneira como o espectro eletromagnético é alocado. Nos EUA, as empresas de telecomunicações disputam espaço em leilões realizados pela Comissão Federal de Comunicações, órgão do governo. Em outros países, o órgão regulador distribui as concessões como quiser.
Esse modelo autoritário e centralizado, de cima para baixo, tende a criar grandes empresas, que têm mais dinheiro para investir, enquanto as companhias da Europa e dos EUA competem entre si pelos consumidores. Na sua opinião, isso matou a inovação, principalmente das empresas europeias que dominavam a telefonia celular.
"Por causa da maneira como o espectro é alocado, adotamos um modelo de cima para baixo como não se via desde o feudalismo. Recriamos uma estrutura de cima para baixo que se tornou uma parte fundamental de nossa economia", criticou o diretor da Rivada.
A organização de cima para baixo é a mesma do regime comunista chinês, que controla o mercado com poucas grandes empresas que têm assim muito mais capital para investir na corrida tecnológica e podem assumir a liderança na tecnologia 5G. Ele entende que é preciso mudar o sistema, autorizando as empresas a atender à demanda onde e quando houver.
A China está na frente e Ganley acredita que os EUA têm pouco mais de um ano para equilibrar o jogo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 8 de julho de 2018
Corrida tecnológica alimenta guerra comercial entre EUA e China
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