Em um sinal de que não pretende abandonar suas armas atômicas, a Coreia do Norte aumentou a produção de combustível nuclear e fez reformas importantes para melhorar um centro de pesquisas, revelaram imagens de satélites-espiões dos Estados Unidos.
Quando for a Pyongyang nesta semana, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, vai deixar claro que os EUA conhecem as reais dimensões do programa nuclear norte-coreano. Não estão dispostos a aceitar que algo seja escondido.
No encontro de cúpula histórico de 12 de junho em Cingapura, o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un assinaram uma carta de intenções. O regime comunista norte-coreano se comprometeu com a desnuclearização em troca de garantias de segurança e de ajuda ao desenvolvimento econômico.
Apesar das promessas, dos sorrisos e das juras de melhora nas relações entre os dois países, o que está sendo aperfeiçoado é a Central Nuclear de Yongbion, revelou o boletim de notícias 38 North, especializado em Coreia do Norte. Seu nome vem do paralelo 38º Norte, que divide as duas Coreias.
"De jeito nenhum, a Coreia do Norte vai abandonar algum dia suas armas nucleares", observou o diretor do Centro para o Interesse Nacional, Harry Kazianis, ao comentar as últimas notícias. "Desde a cúpula, aprendemos que a Coreia do Norte está querendo uma coisa do governo Trump: a aceitação do status nuclear, não o desarmamento."
A reunião com Trump foi uma vitória diplomática de Kim, que saiu de seu isolamento histórico e ainda conseguiu do presidente americano uma concessão importante: a suspensão das manobras militares conjuntas dos EUA com a Coreia do Sul.
Trump ganhou prestígio, mas está sendo criticado por dizer que a ameaça nuclear norte-coreana acabou. Na quarta-feira, o secretário de Estado, Mike Pompeo, declarou ao Senado que o risco ainda existe. O presidente estaria falando numa redução da ameaça. "Não existe nenhuma dúvida a esse respeito", concluiu Pompeo.
O documento assinado em Cingapura é vago. Todos os detalhes do programa de desnuclearização da Coreia do Norte serão definidos em negociações longas e complexas.
Kazianis acredita que Kim vai usar a mesma tática de seu avô e de seu pai, de quem herdou o poder num comunismo dinástico: "Negociar durante meses ou anos enquanto consolida Pyongyang como uma potência nuclear.
Outros analistas têm mais esperanças. Jonathan Schanzer, da Fundação para a Defesa das Democracias, vê nas imagens de satélite "inegavelmente um sinal de que a Coreia do Norte não será uma parceira confiável neste esforço de desnuclearização. Espero um misto de barganhas e ameaças de parte dos EUA para descobrir se a Coreia do Norte é séria no compromisso de concluir o processo."
Os EUA terão de mostrar seriedade, fazer pressão, talvez aumentar sua presença militar na região, o que incomodará a China. No senado, o secretário Pompeo considerou "inapropriado e, francamente, contraproducente" revelar "detalhes das discussões em andamento".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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