segunda-feira, 4 de junho de 2018

Trump reivindica o "direito absoluto" de perdoar a si mesmo

Em mais um acesso de fúria autoritária, o presidente Donald Trump declarou hoje de manhã no Twitter que tem "direito absoluto" de perdoar a si mesmo, se for denunciado no fim da investigação do procurador especial Robert Mueller sobre o possível conluio de sua campanha à Casa Branca com o governo da Rússia. Trump repetiu o que seu mais notório advogado, o ex-procurador e ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani declarou em entrevista à televisão no domingo.

"Como tem sido dito por vários especialistas em direito, tenho o direito absoluto de perdoar a mim mesmo, mas por que eu o faria quando não fiz nada de errado? Nesse meio tempo, a interminável Caça às Bruxas, liderada por 13 raivosos e conflituosos democratas continua até as eleições de meio de mandato", vociferou Trump, provocando imediatamente acusações de tentar se colocar acima de lei.

Mais tarde, o presidente voltou a investir contra o procurador especial: "A indicação de um procurador especial é totalmente INCONSTITUCIONAL! Apesar disso, jogamos o jogo porque, ao contrário dos democratas, não fiz nada de errado."

Giuliani chegou ao cúmulo de dizer que Trump poderia balear o ex-diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation) James Comey e não ser preso e denunciado por homicídio.

A entrevista foi um dia depois da revelação de que a defesa do presidente enviou um memorando confidencial ao procurador. Os advogados alegam que Trump não pode ter cometido crime de obstrução de justiça ao interferir na investigação do FBI sobre o conluio com a Rússia porque, como presidente, tem total controle sobre todas as investigações federais. É outro argumento que o colocaria acima da lei.

Entre as mentiras e falsas alegações do presidente, que passam de 3 mil desde que Trump assumiu o cargo, em janeiro de 2017, está a de que o inquérito é conduzido por democratas. Mueller é republicano, assim como o subprocurador-geral e secretário-geral do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein, que o indicou e supervisiona a investigação.

Dentro do próprio Partido Republicano, vários líderes ergueram a voz para repudiar a possibilidade do presidente perdoar a si mesmo: "Se eu fosse presidente dos EUA e um advogado me dissesse que posso perdoar a mim mesmo, eu contrataria um novo advogado", afirmou o senador Charles Grassley.

"Este é um país governado por leis e instituições, não por homens", advertiu o senador Lindsay Graham.

O ex-governador de Nova Jérsei Chris Christie, um aliado de primeira hora de Trump que acabou preterido no ministério mas mantém o apoio a Trump, deixou claro: "Se o presidente perdoar a si mesmo, será alvo de um processo de impeachment."

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