terça-feira, 12 de junho de 2018

RÚSSIA: uma potência esportiva manchada pelo doping

Somando o total de medalhas olímpicos ganhas pela Rússia e pela URSS, o país é o segundo maior vencedor tanto nos Jogos de Verão quanto nos de Inverno. Em 14 de suas 18 participações em olimpíadas, a URSS foi campeã. Mas o doping mancha suas vitórias.

Atletas, ginastas, halterofilistas, boxeadores, nadadores, atiradores, esquiadores, esgrimistas e patinadores soviéticos e russos sempre estiveram entre os melhores do mundo, assim como suas equipes de basquete, vôlei, handebol e hóquei no gelo, enquanto os times de futebol sempre foram temidos, mas tiveram comportamento irregular.
Grandes atletas viraram heróis nacionais, como o nadador Alexander Popov, nos anos 1990s, e o recordista mundial de salto em altura Valeri Brumel, nos anos 1960s. Outro exemplo é a supercampeã de salto com vara Yelena Issinbaieva, que cometeu uma gafe ao dizer que não existem homossexuais na Rússia, mas voltou atrás sob pressão dos patrocinadores.
Com um total de 14 medalhas individuais e quatro por equipe, sendo nove de ouro, a ginasta russa Larissa Latinina foi a maior medalhista olímpica por 48 anos, até ser superada pelo nadador americano Michael Phelps, que conquistou 22 medalhas, das quais 18 de ouro.
A seleção de hóquei foi campeã mundial em 2012.
De 7 a 23 de fevereiro, a Rússia sedia a 22ª Olimpíada de Inverno, em Sóchi, na região de Krasnodar. Os Jogos de Sóchi foram considerados os mais corruptos da História, com orçamento de US$ 50 bilhões e fartos negócios para amigos do Kremlin.

ESCÂNDALO DO DOPING

Desde a era soviética, quando o esporte era instrumento de propaganda, havia fortes suspeitas de uso de doping por atletas de países comunistas. Em 2014, a televisão alemã ARD revelou um vasto esquema estatal para encobrir a dopagem de atletas de elite, inclusive com troca de amostras usadas em exames para enganar as autoridades.
Vitaly Stepanov, da Agência Antidoping da Rússia, e sua mulher revelaram que os atletas davam 5% dos seus prêmios à Federação de Atletismo em troca da falsificação dos testes de controle antidoping.
Mais de mil esportistas russos foram beneficiados por esse esquema oficial de acobertamento do doping de 2011 a 2015. Vários foram proibidos de competir em suas modalidades esportivas. A Rússia teve devolver 41 medalhas olímpicas.
Na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, a Rússia tentou inscrever 389 atletas e 111 foram rejeitados. A Rússia foi banida da Olimpíada de Inverno de Pyeongchang, realizada em fevereiro de 2018 na Coreia do Sul. Alguns atletas russos competiram sob a bandeira do Comitê Olímpico Internacional (COI).

FUTEBOL

O futebol é o esporte mais popular na Rússia. A URSS foi a primeira campeã da Copa Europeia de Seleções, em 1960. Em 2008, a Rússia foi eliminada pela campeã Espanha na semifinal.
O grande herói do futebol soviético foi o goleiro Lev Yashin, a Aranha Negra, principal responsável pela medalha de ouro da equipe na Olimpíada de Melbourne, em 1956, titular nas Copas de 1958 e 1962.
A URSS participou da Copa do Mundo pela primeira vez em 1958, na Suécia, quando ficou em segundo lugar no grupo do Brasil depois de empatar em 2-2 com a Inglaterra, ganhar de 2-0 da Áustria e perder de 2-0 para o Brasil, com dois gols de Vavá, em Gotemburgo, diante de 50 mil torcedores, na partida que revelou Garrincha e Pelé para o mundo. Nas quartas de final, foi eliminada pela Suécia por 2-0.

MANÉ E PELÉ

Antes da partida, quando o técnico Vicente Feola explicava ao time brasileiro seu plano de jogo, Garrincha fez a famosa pergunta: “O senhor já combinou com os russos?”
Feola estava confiante. Sentado no hall do hotel com os veteranos Didi e Nilton Santos assistindo a um jogo da URSS, o técnico teria comentado: “Esses russos não jogam nada”. Didi reagiu prontamente: “Jogam sim. Está todo o mundo com medo. Se o senhor não escalar o Mané e o Pelé, vai ser muito difícil.”
Garrincha e Pelé acabaram com o jogo. O Brasil fez 1-0 aos 3 minutos depois de jogar duas bolas na trave. O placar só não foi maior por causa de Yashin. Kusnetsov, marcador de Garrincha, foi ao hotel no dia seguinte para conseguir pegar o Mané, descrito pela imprensa como “o melhor reserva do mundo”.
No Chile, em 1962, a URSS ganhou da Iugoslávia por 2-0, empatou em 4-4 com a Colômbia e derrotou o Uruguai por 2-1, classificando-se em primeiro lugar na primeira fase. Como em 1958, perdeu para os donos da casa nas quartas de final, desta vez por 2-1.

QUARTO LUGAR

O melhor desempenho soviético em Copas do Mundo viria em 1966, na Inglaterra, quando a URSS ficou em quarto lugar. Na primeira fase, ganhou da Coreia do Norte por 3-0, da Itália por 1-0 e do Chile por 2-1. Nas quartas de finais, bateu a Hungria por 2-1, caindo na semifinal para a Alemanha por 2-1 e na decisão do terceiro lugar para Portugal também por 2-1.
Em 1970, a URSS fez o jogo de abertura contra o anfitrião México, empatando em 0-0, ganhou da Bélgica por 4-1 e de El-Salvador por 2-0. Nas quartas de finais, foi eliminada pelo Uruguai na prorrogação com um gol irregular numa bola cruzada depois de ter saído meio metro pela linha de fundo.
A URSS não participou da Copa de 1974, na Alemanha. Negou-se a disputar uma partida eliminatória contra o Chile no Estádio Nacional de Santiago, que tinha sido usado como centro de detenção e tortura pela ditadura do general Augusto Pinochet logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973.

ÉDER SALVOU

Ao voltar à Copa do Mundo em 1982, no México, a URSS caiu mais uma vez no grupo do Brasil, que a derrotou no difícil jogo de estreia com gols de Sócrates e Éder. Depois de uma falha de Valdir Peres no gol russo, a vitória só veio a três minutos do final. 
Com vitória de 3-0 sobre a Nova Zelândia e empate em 2-2 com a Escócia, a URSS se classificou em segundo lugar. Na segunda fase, a disputa era num grupo de três. A URSS ganhou de 1-0 da Bélgica e empatou em 0-0 com a Polônia. Foi eliminada pelo saldo da Polônia que fez 3-0 na Bélgica.
A última grande seleção soviética a disputar uma Copa foi a de 1986, cuja base era o Dínamo de Kiev, da Ucrânia. Ganhou de 6-0 da Hungria, empatou em 1-1 com a França e venceu o Canadá por 2-0. Na segunda fase, foi eliminada pela surpreendente Bélgica por 4-3 na prorrogação depois de empate em 2-2 no tempo normal.
Na Itália, em 1990, a URSS perdeu por 2-0 para a Romênia e para a Argentina. Ganhou de 4-0 de Camarões, mas foi eliminada na primeira fase.

RÚSSIA EM CAMPO

A Rússia participou pela primeira vez de uma Copa nos EUA em 1994, caindo no grupo do Brasil na primeira fase, quando perdeu de 2-0 para o Brasil, gols de Romário e Raí, e de 3-1 para a Suécia, sendo eliminada apesar de fazer 6-1 em Camarões.
A próxima participação russa foi em 2002. Ganhou de 2-0 da Tunísia na estreia, mas foi eliminada com derrotas por 1-0 para o Japão e 3-2 para a Bélgica.
A Rússia se classificou para a Copa de 2014 como primeira colocadano grupo onde também estavam Portugal, Israel, Irlanda do Norte, Azerbaijão e Luxemburgo com sete vitórias, um empate e duas derrotas, para Portugal e Irlanda do Norte.
No Brasil, empatou com a Coreia do Sul e a Argélia em 1-1 e perdeu de 1-0 para a Bélgica, sendo eliminada na primeira fase.
Sem disputar eliminatórias, chega à Copa de 2018 como grande zebra, onde vai enfrentar a Arábia Saudita na abertura do Mundial, em 14 de junho, e depois o Egito e o Uruguai.
O CSKA de Moscou e o Zenit de São Petersburgo ganharam a Copa da UEFA em 2005 e 2008.

CONFRONTOS DIRETOS

O Brasil jogou 7 vezes com a URSS. Ganhou 5, empatou 1 e perdeu 1 partida, por 2-1, no Maracanã em 15 de junho de 1980, com gol de Nunes. Marcou 13 gols e sofreu 5. Contra a Rússia, jogou 5 vezes, ganhou 3 e empatou 2, fez 11 gols e levou 4.
Em 21 de novembro de 1965, diante do senador americano Bob Kennedy, Brasil e URSS empataram em 2-2 no Maracanã. O Brasil fez 2-0 com gols de Gérson e Pelé, mas o goleiro Manga bateu um tiro de meta na cabeça do centroavante Anatoli Banishevski e o craque soviético Slava Metreveli empatou aos 40 min do segundo tempo.
No último confronto, sem Neymar, em 23 de março de 2018, o Brasil venceu a Rússia por 3-0 no estádio da final da Copa, em Moscou, com gols de Miranda, Philippe Coutinho e Paulinho.

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