quarta-feira, 13 de junho de 2018

RÚSSIA: Pedro o Grande transformou o país numa grande potência

 O reinado de Pedro I, o Grande (1689-1725), foi um dos períodos de reformas mais importantes da história da Rússia, uma tentativa de modernizar, ocidentalizar e desenvolver tecnologicamente o país.
Antes de chegar ao trono, Pedro chegou a se trabalhar na indústria naval da Holanda e da Inglaterra com o objetivo de criar uma Marinha na Rússia.
Ao se aliar à Polônia-Saxônia, à Dinamarca e à Noruega para combater a ameaça do Império Otomano na região da Crimeia, no Mar Negro, Pedro acabou deflagrando a Grande Guerra do Norte (1700-21) contra a Suécia, que bloqueava o acesso da Rússia ao Mar Báltico.

SÃO PETERSBURGO

Em 27 de maio de 1703, o czar iniciou a construção da Fortaleza de São Pedro e São Paulo, marco da fundação de São Petersburgo, às margens do Rio Neva, na entrada do Golfo da Finlândia.
Para construir uma Veneza no Báltico, Pedro, o Grande, obrigou os nobres a contratar arquitetos europeus para construir mansões na nova cidade, que foi capital do Império Russo de 1713 a 1728 e de 1732 a 1918.
São Petersburgo, “uma janela para a Europa”, foi rebatizada como Petrogrado em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial e como Leningrado depois da morte do líder da revolução, em 1924, retomando seu nome original em 1991, meses antes do fim da URSS.

IMPÉRIO

Sob Pedro, o Grande, a Rússia foi proclamada um império em1721 e se tornou uma potência mundial.
O Império Russo foi o maior estado nacional do mundo e o terceiro maior império da história, depois do britânico e do mongol, chegando a 23,7 milhões de km2 em 1866. Com 176,4 milhões de súditos, tinha a maior população do mundo no século 19.

GOLPES

Pedro I foi sucedido por sua serva, amante e segunda mulher, Catarina I, que reinou por apenas dois anos, dando início a um período marcado por uma sucessão de golpes de Estado.
Pedro II, único neto homem de Pedro I, reinou pouco mais de um ano até morrer de varíola  em 30 de janeiro de 1730 aos 14 anos, terminando com a linhagem masculina da Dinastia Romanov. Foi sucedido por Ana Ivanovna.

ANA I

A czarina Ana I (1730-40), filha de Ivã V, irmão de Pedro I, chegou a ser pressionada pela nobreza para reduzir seus poderes e instaurar uma monarquia constitucional. Com a ameaça da Guerra da Sucessão Polonesa (1733-35), conquistou o apoio de parte da aristocracia e se impôs como monarca absolutista.
Ana I restabeleceu a polícia de segurança nacional criada por Pedro, o Grande, para combater seus inimigos. Para humilhar a antiga nobreza, armou um casamento do príncipe Demétrio Galitzine com uma de suas criadas em que os dois estava vestidos de palhaço e foram obrigados a passar a lua de mel num palácio de gelo no terrível inverno de 1739-40.
Pouco antes de morrer, Ana I indicou como sucessor o sobrinho neto recém-nascidoIvã VI, bisneto de Ivã V. Treze meses depois, um golpe incruento levava ao poder Elizabeth I (1741-62), filha de Pedro, o Grande, e Catarina I.

ELIZABETH I

Elizabeth I aboliu a pena de morte, criou o Senado (1743) e um conselho político supremo (1743), suprimiu as aduanas nas fronteiras internas do império (1754), fundou a Universidade de Moscou (1755) e a Academia de Artes da Rússia (1757). Também ampliou os poderes da nobreza às custas do campesinato, fortalecendo as leis de servidão.
No seu reinado, a Rússia apoiou Maria Teresa da Áustria na Guerra da Sucessão Austríaca (1740-48). Na Guerra dos Sete Anos (1756-63), aliou-se à Austria, Espanha, França, Saxônia e Suécia contra Frederico II, o Grande, da Prússia, a Grã-Bretanha, Portugal e Hanôver.
A morte de Elizabeth I, em 5 de janeiro de 1762, salvou a Prússia no que é chamado de milagre da casa da Brandemburgo. 

PEDRO III

Seu sucessor, Pedro III, neto de Pedro o Grande, tirou a Rússia da guerra e abriu mão dos territórios prussianos conquistados, ajudando Frederico, o Grande, da Prússia.
Pedro III iniciou a modernização do Exército da Rússia que derrotaria a França 50 anos depois, salvando a Europa de Napoleão Bonaparte. Criou o primeiro banco estatal, incentivou a exportação de grãos e proibiu a importação de açúcar e de outros produtos encontráveis no mercado interno.
A admiração por um inimigo como Frederico, o Grande, tornou Pedro III bastante impopular. Seis meses depois da ascensão ao trono, foi morto numa conspiração armada por sua esposa, Catarina II, a Grande, que seria a czarina mais poderosa da História da Rússia, com a cumplicidade de nobres da corte e da guarda palaciana, chefiada por seu amante Grigori Orlov.

CATARINA A GRANDE

Catarina II, a Grande, recriou a polícia política, rebatizada como Tcheka pelos bolcheviques, NKVD no período stalinista e KGB (Comitê de Defesa do Estado) de 1954 até o fim da URSS, em 1991, quando foi substituída pelo Serviço Federal de Segurança, do qual o atual presidente Vladimir Putin foi diretor.
Sofia Frederica Augusta de Anhalt-Zerbst, princesa de Holstein, foi rebatizada Catarina Alexeieva quando se converteu à Igreja Cristã Ortodoxa em 28 de junho de 1744 para se casar.

DESPOTISMO ESCLARECIDO

Culta e inteligente, Catarina era amiga de intelectuais do Iluminismo francês como Denis Diderot, Voltaire e o Barão de Montesquieu, o que não a tornou menos despótica.
Catarina, a Grande, pensou em acabar com a servidão, base da economia russa, 95% agrária. Os servos eram propriedade de seus senhores. Foi dissuadida pelos nobres, de quem seu poder dependia.
Durante seu reinado, o Império Russo ganhou mais 520 mil km2 na Crimeia, no Norte do Cáucaso, na Ucrânia, na Bielorrússia, na Lituânia e na Curlândia.
Para equilibrar as contas públicas, ela começou secularizando as propriedades do clero, que tinha um terço das terras e dos servos da Rússia.

GUERRA TURCO-RUSSA

Na Guerra Russo-Turca (1768-74), o Império Russo anexou o Sul da Ucrânia e o Norte do Cáucaso. A Crimeia seria anexada em 1783, o que levaria a nova guerra de 1787-92, uma tentativa inútil do Império Otomano de reconquistar os territórios perdidos.
Em 1774, ano da primeira vitória sobre o Império Otomano, Grigori Potemkin, que se destacara em combate, torna-se amante e conselheiro da Imperatriz. Parte do esplendor e da glória do reinado de Catarina II é atribuída a Potemkin.

REVOLTA DE PUGACHEV

Durante a Primeira Guerra Turco-Russa, em 1773, estourou a Revolta de Pugachev. Declarando ser Pedro III, o rei morto na conspiração que levara Catarina ao trono, Iemelian Pugachev liderou uma rebelião camponesa e cossaca, a maior da Rússia antes das revoluções de 1917, prometendo acabar com a servidão.
Quando 40 mil rebeldes se preparavam para marchar rumo a Moscou, a guerra com o Império Otomano terminou. Assim que as tropas russas voltaram, a czarina mandou-as esmagar a rebelião. Pugachev foi preso e decapitado em 1775.
O grande poeta russo Alexander Pushkin escreveu a História de Pugachev contando a história da Revolta Camponesa de 1773-75.

DIVISÃO DA POLÔNIA

A guerra contra a Comunidade Polaco-Lituana levou à divisão da Polônia entre o Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da Prússia. Em 1764, Catarina nomeou um de seus ex-amantes, Stanislau Poniatowski, rei da Polônia.
A primeira divisão da Polônia foi decidida em 5 de agosto de 1772. Duas décadas mais tarde, a Rússia e a Prússia invadiram a Polônia e Lituânia, e fizeram a segunda divisão da Polônia, em 23 de janeiro de 1793.
Com a terceira divisão, em que também entrou o Império Austríaco, em 24 de outubro de 1795, a Polônia desaparece como país independente. Só volta a existir com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918.
Ao conquistar a Polônia, a Rússia deixou de ter um país como zona de proteção. Passou a ter fronteiras com a Áustria e a Prússia, além de incorporar ao império bielorrussos, lituanos, poloneses, ucranianos e judeus.

ANTISSEMITISMO

Desde 1742, os judeus enfrentavam discriminação na Rússia. Eram considerados estrangeiros. 
Um decreto de 3 de janeiro de 1792 limitou a área onde os judeus poderiam morar a 20% da Rússia Europeia, mais ou menos onde hoje ficam a Bielorrússia, a Lituânia, a Polônia, a Moldova e a Ucrânia, criando as condições para futuras perseguições.

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