Irritado com críticas do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, a seu protecionismo, o presidente Donald Trump orientou os representantes dos Estados Unidos a não assinar o comunicado final da reunião de cúpula do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá), as maiores potências industriais democráticas.
A caminho de Cingapura, onde se encontra na terça-feira com o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Un, horas depois do fim do encontro, que havia terminado em clima positivo, Trump retirou os EUA do comunicado e ameaçou impor tarifas sobre a importação de automóveis do Canadá, numa escalada do conflito comercia com tradicionais aliados dos EUA.
"Baseado nas declarações falsas de Justin em sua entrevista coletiva e no fato de que o Canadá cobra tarifas maciças de nossos fazendeiros, trabalhadores e companhias, instruí os representantes dos EUA a não endossar o comunicado final enquanto examinamos a imposição de tarifas sobre os automóveis que inundam o mercado dos EUA", disparou Trump.
Em seguida, considerou-se traído: "O primeiro-ministro Justin Trudeau, do Canadá, foi tão delicado e suave durante nossos encontros do G-7 para dar uma entrevista coletiva depois que fui embora. Muito desonesto e fraco."
Trudeau declarou que o Canadá vai impor tarifas retaliatórias a partir de 1º de julho porque "os canadenses são polidos, são razoáveis, mas não serão intimidados".
Os países europeus, decepcionados com mais uma briga de Trump, preferiram manter "o comunicado acertado por todos os participantes". Foi a primeira reunião de cúpula do G-7 a terminar sem uma declaração final conjunta aprovada por todos os países-membros.
Antes de partir, o presidente americano afirmou que suas relações com Trudeau, a chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, são nota 10. Trump culpou os governos anteriores dos EUA, e não os aliados, pelos acordos comerciais que deplora.
Trump propôs a criação de uma zona de livre comércio do G-7. Diante da imensidão da tarefa de negociar um acordo comercial deste tamanho, os aliados tomaram como uma jogada para desviar a atenção dos atuais conflitos comerciais.
Todos os países, menos os EUA, concordaram sobre a necessidade de combater o aquecimento global, enquanto os americanos "acreditam que o crescimento e o desenvolvimento econômico sustentável dependem do acesso universal a fontes de energia baratas e confiáveis".
Os EUA e o Japão não endossaram uma referência à necessidade de combater a poluição de plástico nos mares. No sábado, Trump voltou a defender o reingresso da Rússia no G-7, de onde foi excluída por anexar ilegamente a Crimeia, em clara violação ao direito internacional.
"Não estamos nem remotamente pensando nisso", comentou o primeiro-ministro do Canadá. A chanceler alemã considerou a proposta inaceitável porque "a Rússia não tomou nenhuma medida para restaurar a paz na Ucrânia".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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