terça-feira, 12 de junho de 2018

URSS: Guerra Fria deixou o mundo perto de um holocausto nuclear

A Guerra Fria foi a confrontação política, ideológica, econômica, militar e cultural entre os Estados Unidos, capitalistas, e a URSS, comunista, do fim da Segunda Guerra Mundial até o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 31 de dezembro de 1991.
Na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, o ditador soviético Josef Stalin prometeu realizar eleições democráticas nos países da Europa Oriental ocupados pelo Exército Vermelho, mas adiou-as e impôs regimes comunistas fantoches de Moscou.
Com a rendição, em 8 de maio de 1945, a Alemanha é ocupada pelos EUA, a URSS, a Grã-Bretanha e a França. Berlim é dividida na Conferência de Pótsdam, realizada de 17 de julho a 2 de agosto de 1945.
 As bombas atômicas foram uma demonstração de força dos EUA. O Exército Vermelho teve o melhor desempenho na guerra. Os EUA tinham a arma capaz de anular qualquer vantagem no campo de batalha.
Em 22 de fevereiro de 1946, um diplomata americano em Moscou, George Kennan, enviou um longo memorando por telegrama ao Departamento de Estado alegando que a URSS era “impermeável à logica da razão”, mas “altamente sensível à lógica da força”.
O telegrama de Kennan foi a base da estratégia de “contenção” da URSS que foi a base da política americana durante a Guerra Fria. Como o comunismo seria inviável economicamente, os EUA deveriam conter o expansionismo soviético até que o sistema implodisse.

CORTINA DE FERRO

Ao discursar no Westminster College, em Fulton, no estado do Missouri, em 5 de março de 1946, o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, advertiu que a criação de países-satélites da URSS na Europa Oriental era “uma cortina de ferro caindo sobre a Europa”.

BLOQUEIO DE BERLIM

Para forçar as potências ocidentais a ceder o controle de Berlim, Stalin cercou a parte ocidental da cidade, um enclave no lado oriental da Alemanha, bloqueando-a de 24 de junho de 1948 a 12 de maio de 1949 para impedir que suprimentos chegassem por terra.
As Forças Aéreas dos EUA, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia fizeram mais de 200 mil voos na ponte aérea para levar as 4,7 mil toneladas diárias de combustíveis e alimentos que Berlim Ocidental precisava até Stalin desistir.

OTAN

Para defender a Europa e a América do Norte do comunismo soviético, nasce em Washington em 4 de abril de 1949 a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com um princípio básico: um ataque contra qualquer país seria um ataque contra todos e levaria a uma reação coletiva.
O Tratado do Atlântico Norte foi assinado por 12 países: EUA, Bélgica, Canadá, Dinamarca, França, Holanda, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Portugal e Reino Unido. 
Durante a Guerra Fria, entraram a Alemanha Ocidental, a Espanha, a Grécia e a Turquia.
Depois da Guerra Fria, aderiram Albânia, Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, Polônia, República Tcheca e Romênia. Hoje a OTAN tem 28 países-membros.

DUAS ALEMANHAS

A República Federal da Alemanha (ocidental) é fundada oficialmente em 23 de maio de 1949, com capital em Bonn.
A República Democrática da Alemanha (oriental) nasce em 7 de outubro de 1949, com capital em Berlim Oriental.

BOMBA SOVIÉTICA

Desde que descobriram o Projeto Manhattan, os soviéticos começaram a desenvolver a bomba atômica com uma equipe científica liderada por Igor Kurchatov e Andrei Sakharov, sob a supervisão de Laurenti Beria, diretor do NKVD, a superpoderosa polícia política de Stalin. Em 1945, a URSS conseguiu um esboço da bomba americana.
Em 29 de agosto de 1949, a União Soviética testou sua primeira bomba atômica, iniciando a era do terror nuclear. O mundo tinha duas superpotências com a capacidade de projetar seu poderio militar a qualquer canto do planeta.

REVOLUÇÃO CHINESA

Em 1º de outubro de 1949, os comunistas liderados por Mao Tsé-tung tomam o poder na China. 
Os nacionalistas do Kuomintang, chefiados por Chiang Kai-shek, fogem para a ilha de Formosa (Taiwan), onde instalam a República da China.
Em dezembro de 1949, Mao vai a Moscou em busca da ajuda soviética. Stalin demora 50 dias para recebê-lo e impõe um Tratado Sino-Soviético colocando a China em posição inferior.
A revolução feita para que a China não fosse mais humilhada pelas potências imperialistas como nas Guerras do Ópio, no século 19, era humilhada pela pátria do comunismo.

BOMBA DE HIDROGÊNIO

Os EUA explodiram sua primeira bomba de hidrogênio, com tecnologia de fusão nuclear (as bombas de Hiroxima e Nagasaki era de fissão, ou divisão do núcleo do átomo), em 1º de novembro de 1952, no Oceano Pacífico.
Ivy Mike tinha 10,4 megatons (milhões de toneladas de dinamite). Era 650 vezes mais poderosa do que a bomba de Hiroxima.
Menos de um ano depois, em 12 de agosto de 1953, cinco meses depois da morte de Stalin, a URSS explodiu sua bomba de hidrogênio, equilibrando mais uma vez a corrida nuclear.

MORTE DE STALIN

O todo-poderoso líder supremo do PCUS morreu de uma hemorragia cerebral em 5 de março de 1953. Mas naturalmente há suspeitas de que possa ter sido envenenado.
Com a morte do ditador, o poder é divido entre a segunda troika: Gueorgui Malenkov, Laurenti Beria e Viacheslau Molotov. Quem virou líder foi Nikita Kruschev, eleito primeiro secretário do PCUS em 14 de março de 1953, logo após a morte de Stalin, cujos crimes denunciaria, apesar de ter sido um fiel seguidor como governador da Ucrânia, sua terra natal.

PACTO DE VARSÓVIA

Cinco dias depois da adesão da Alemanha Ocidental à OTAN, em 9 de maio de 1955, a URSS formou o Pacto de Varsóvia com seus aliados do Bloco Soviético: Albânia, Alemanha Oriental, Bulgária, Polônia, Romênia e Tcheco-Eslováquia.
Com a queda do Muro de Berlim e dos regimes comunistas da Europa Oriental, o Pacto de Varsóvia foi extinto, em 25 de fevereiro de 1991.

CRIMES DE STALIN

No 20º Congresso do Partido Comunista da URSS, em 25 de fevereiro de 1956, o novo líder, Nikita Kruschev, denunciou o terrorismo de Estado, os crimes, perseguições políticas, os processos fabricados, as autocríticas feitas sob coerção e os assassinatos da era de Stalin.
Kruschev chamou Stalin de “violento”, “caprichoso” e “despótico”, e citou o Testamento de Lenin sugerindo o afastamento de Stalin da Secretaria-Geral do partido. Acusou-o inclusive pela morte de Kirov, que deflagrou os processos de Moscou e os expurgos dos anos 1930s.
Pelo menos 20 milhões de soviéticos foram mortos pelo stalinismo, a começar por milhões de pequenos produtores que resistiram à coletivização da agricultura, passando pelos expurgos no PC e nas Forças Armadas, que enfraqueceram o país antes da Grande Guerra Patriótica contra o nazismo.

HUNGRIA REBELDE

Com a morte de Stalin, houve uma breve liberalização no Bloco Soviético. O reformista Imre Nagy substituiu Matias Rákosi, o “melhor discípulo de Stalin na Hungria”, como primeiro-ministro, mas Rákosi manteve o cargo de secretário-geral do PC. Rákosi demitiu Nagy em 1955, mas caiu após a denúncia do stalinismo por Kruschev.
Em 23 de outubro de 1956, uma manifestação estudantil cresceu até reunir 200 mil pessoas na Praça do Parlamento, em Budapeste, para denunciar a submissão à União Soviética. À noite, o novo secretário do partido, Erno Gero, pediu ajuda a Moscou para “suprimir uma manifestação que atingiu uma escala sem precedentes”.

INVASÃO SOVIÉTICA

Na madrugada seguinte, os tanques soviéticos entraram em Budapeste. De 24 a 29 de outubro de 1956, houve pelo menos 71 choques armados dos soldados com a população. Em 28 de outubro, foi acertado um cessar-fogo.
Nagy, reinstaurado no cargo de primeiro-ministro pela revolução anunciou em 1º de novembro a saída da Hungria do Pacto de Varsóvia e pediu ajuda à OTAN. Uma segunda invasão soviética, em 4 de novembro, esmagou o levante.
A maior revolta contra a dominação soviética na Europa Oriental terminou em 10 de novembro de 1956, com a morte de cerca de 2,5 mil húngaros, sendo 1.569 civis mortos em Budapeste. Do lado soviético, morreram 699 soldados.
Como a OTAN não interveio temendo iniciar a Terceira Guerra Mundial, ficou claro que o mundo estava dividido em duas esferas de influência, uma dominada pela URSS, outra pelos EUA.

ERA ESPACIAL

Em 4 de outubro de 1957, a URSS lançou o Sputnik, o primeiro satélite artificial da Terra, assustando os EUA, que temiam que um foguete fosse capaz de jogar armas nucleares diretamente em território americano.
Começavam a era espacial e a corrida para o desenvolvimento da tecnologia de mísseis, que revolucionaria a guerra. Junto com a bomba atômica, tornaria os exércitos nacionais e a maioria das armas de guerra obsoletas.
A URSS seria o primeiro país a enviar um homem ao espaço, Yuri Gagarin, em 12 de abril de 1961. Ele disse: “A Terra é azul”. Em 16 de junho de 1963, Valentina Tereshkova se tornou a primeira mulher cosmonauta (como se diz na Rússia).
Alexei Leonov seria o primeiro a passear no espaço fora da nave. Em 18 de março de 1965, ele ficou 12 minutos e 9 segundos flutuando no espaço preso à nave por um cabo de 5,35 metros.
Os EUA mandariam os primeiros homens a pisar na Lua, Neil Armstrong e Edward Aldrin, em 20 de julho de 1969. 

REVOLUÇÃO CUBANA

Em 1º de janeiro de 1959, o ditador Fulgencio Batista fugiu. Os revolucionários liderados por Fidel Castro tomaram o poder. Embora ele tenha dito que sua revolução não era comunista, pressionado pelos EUA se aproximou de Moscou. Em 7 de maio de 1960, Cuba estabeleceu relações com a URSS.
Em 6 de agosto de 1960, as propriedades deestrangeiros na ilha foram estatizadas. Em resposta, o presidente Dwight Eisenhower congelou todas as propriedades cubanas nos EUA, rompeu relações diplomáticas com Cuba e suspendeu as exportações em 19 de outubro de 1960. 
O embargo total, que a propaganda cubana chama de bloqueio, viria em 3 de fevereiro de 1962, seria transformado em lei em 1993 e agravado em 1996.
Em 19 de dezembro de 1960, Cuba se alinhou à URSS e passou a receber ajuda econômica de Moscou.

ESPIONAGEM

Em 1º de maio de 1960, a União Soviética derrubou um avião-espião americano U-2 e prendeu o piloto, Francis Gary Powers. O incidente obrigou os EUA a admitir que realizavam voos de espionagem na URSS. Powers foi libertado dois anos depois numa troca de prisioneiros.

BAÍA DOS PORCOS

Ao tomar posse, em 20 de janeiro de 1961, o presidente John Kennedy herdou uma conspiração contra o regime comunista cubano articulada pelo ex-vice-presidente Richard Nixon. 
Em 15 de abril de 1961, oito aviões B-26 cedidos pela CIA (Agência Central de Inteligência), bombardearam o litoral cubano. Cerca de 1,5 mil rebeldes desembarcaram na Baía dos Porcos na madrugada de 16 para 17 de abril. Eles dominaram a milícia local, mas foram derrotados depois que Fidel Castro assumiu o comando da operação e se renderam em 20 de abril.
O fracasso da invasão fortaleceu Fidel, que declarou abertamente o caráter socialista da revolução cubana e pediu proteção à URSS.

VOTANDO COM PÉS

Desde a divisão da Alemanha, cerca de 3,5 milhões de alemães fugiram do lado oriental para o lado ocidental. Não podendo escolher seu próprio governo sob o regime comunista, “votavam com os pés” vindo para o Ocidente.
Em novembro de 1958, Kruschev dera um ultimato às potências ocidentais, dando-lhes seis meses para deixar Berlim, que seria transformada numa zona desmilitarizada.
Em 4 de junho de 1961, Kruschev encontrou-se com Kennedy em Viena e ficou com a impressão de que o jovem presidente americano era tolo e ingênuo. Deu novo ultimato, até 31 de dezembro de 1961. EUA, França e Reino Unido não aceitaram.
Em 25 de julho, Kennedy pediu um aumento do orçamento militar para ampliar o Exército dos EUA de 875 mil para 1 milhão de homens.

MURO DE BERLIM

Na madrugada de 13 de agosto de 1961, a Alemanha Oriental começou a construir um muro de 45 km que isolaria totalmente Berlim Ocidental. Kennedy respondeu colocando tanques nas ruas de Berlim. 
Até 9 de novembro de 1961, tanques americanos e soviéticos ficaram frente à frente nas ruas da cidade. No fim,  Kennedy aceitou a construção do Muro e Kruschev admitiu que as potências ocidentais jamais abandonariam Berlim.
Durante 28 anos, o Muro de Berlim foi a cicatriz viva da Guerra Fria, símbolo da divisão de Berlim, da Alemanha, da Europa e do mundo. Pelo menos 6 mil pessoas tentaram fugir atravessando-o. O Centro de História Contemporânea de Pótsdam certificou 136 mortes, mas outras estimativas chegam a 600.

CRISE DOS MÍSSEIS

Durante uma visita à Bulgária, em maio de 1962, Kruschev decidiu instalar mísseis nucleares em Cuba. Na volta, ele informou o Politburo do Comitê Central do PCUS. Em 29 de maio, uma delegação levou a Havana a proposta, aceita por Fidel um dia depois de receber os soviéticos. 
O primeiro navio soviético com mísseis, Poltava, chegou a Cuba em 15 de setembro. Em 14 de outubro, um avião-espião U-2 fez as primeiras fotos dos silos e bases de lançamento em construção na ilha, em San Diego de los Baños.
Os mísseis, com alcance de mil a 5 mil quilômetros, dariam à URSS a capacidade de realizar um primeiro ataque contra o território americano com o objetivo de anular a capacidade do inimigo de reagir, única maneira de ganhar uma guerra nuclear.
As fotos e as análises foram entregues a Kennedy em 16 de outubro de 1962. Naquele gabinete de crise com 12 altos assessores, entre eles seu irmão Robert Kennedy, ministro da Justiça, e Robert McNamara, ministro da Guerra, nasceram as expressões pombas e falcões. 
Os falcões queriam atacar Cuba por terra, mar e ar, invadir a ilha, destruir os mísseis e acabar com o regime comunista de Fidel Castro, mas o risco era enorme. O mundo nunca esteve tão perto de uma guerra nuclear. BobKennedy foi a pomba que defendeu um bloqueio aeronaval.

BLOQUEIO

Em pronunciamento em cadeia nacional de televisão, em 22 de outubro de 1962, Kennedy exigiu a retirada imediata e incondicional dos mísseis de Cuba. Anunciou ao povo americano que a URSS estava instalando mísseis nucleares em Cuba e a decisão de impor um bloqueio aeronaval à ilha. Para não parecer ofensivo, chamou de “quarentena”. 
O objetivo era impedir navios que pudessem levar mísseis de chegar a Cuba. Se algum navio tentasse furar o bloqueio, poderia ser abordado e atacado. Kennedy não acreditava numa solução pacífica. Estava pronto para invadir Cuba.
Kruschev advertiu em carta de 24 de outubro de 1962, quando alguns navios soviéticos deram meia volta, que o bloqueio “à navegação no espaço aéreo e em águas internacionais” era “um ato de agressão que está empurrando a espécie humana para o abismo de uma guerra mundial com mísseis nucleares”.
Ao mesmo tempo em que Kruschev falava grosso e navios soviéticos tentavam furar o bloqueio, a ponto de americanos darem tiros de advertência, começavam negociações secretas. 

TENSÃO MÁXIMA

Em 27 de outubro, quando o acordo entre os líderes estava próximo, dois incidentes quase iniciaram uma guerra nuclear.
Os soviéticos finalmente tinham instalado baterias antiaéreas em Cuba. Derrubaram um avião-espião U-2. Se tivessem feito isso antes, o U-2 anterior não teria feito as fotos dos mísseis. Os EUA não reagiram.
O momento mais tenso foi quando um submarino soviético foi cercado por navios de guerra americanos que não sabiam que o inimigo tinha torpedos nucleares de 15 quilotons. 

TORPEDO NUCLEAR

Como se soube depois, numa conferência com veteranos dos dois lados, em 1992, os três mais altos oficiais do submarino discutiram se atacavam ou não. O capitão Valentin Savitsky mandou preparar o torpedo nuclear. Foi dissuadido pelo subcomandante.
Para o diretor do Arquivo de Segurança Nacional dos EUA Thomas Blanton, “um cara chamado Vassili Arkhipov salvou o mundo”.
Também não se sabia que os assessores militares soviéticos baseados em Cuba tinham na época 100 armas nucleares táticas (pequenas) que poderiam ser usadas para defender a ilha de uma invasão americana.

KRUSCHEV RECUA

No mesmo dia 27 de outubro de 1962, Kruschev aceitou retirar os mísseis soviéticos de Cuba, se os EUA se comprometessem a jamais invadir Cuba e retirassem mísseis nucleares instalados na Turquia. Era o sinal para o acordo.
Os mísseis Júpiter baseados na Turquia eram obsoletos. Ajudaram a livrar a cara de Kruschev, que tentou colocar os EUA na posição do mais fraco diante de seu público interno, mas não conseguiu convencer a cúpula do PCUS, que o derrubaria dois anos depois, em 1964.
De 5 a 9 de novembro, os mísseis foram retirados de Cuba. Os EUA suspenderam o bloqueio aeronaval em 20 de novembro de 1962. 

LIÇÕES ESTRATÉGICAS

A lição da crise dos mísseis é que a URSS não soube aproveitar a superioridade tecnológica mostrada ao lançar o Sputnik, em 1957, que lhe dava vantagem no desenvolvimento da tecnologia de mísseis.
Por causa da estrutura burocrática do regime soviético, as Forças de Foguetes Estratégicos estavam subordinadas ao Exército Vermelho, e o Exército Vermelho estava preocupado com uma guerra na Europa. O inimigo agora era outro e a melhor maneira de atacá-lo era com mísseis balísticos intercontinentais.
A instalação dos mísseis em Cuba, a 144 km do território americano, daria à URSS a capacidade de lançar um primeiro ataque, neutralizando a vantagem que os EUA tinham obtido de 1957 a 1962.
Por falta de comunicação entre diferentes setores da burocracia soviética, as Forças de Foguetes Estratégicos conseguiram colocar os mísseis e os silos em Cuba antes que as baterias de defesa antiaéreas estivessem instaladas para impedir a ação dos aviões espiões dos EUA. Se tivessem seguido a ordem correta, é provável que os mísseis não tivessem sido descobertos antes de estarem plenamente operacionais.

TELEFONE VERMELHO

Depois da Crise dos Mísseis, em 20 de junho de 1963, foi instalado o telefone vermelho e uma linha telegráfica direta entre a Casa Branca e o Kremlin para negociar crises internacionais.
Em 5 de agosto de 1963, os EUA e a URSS chegaram a um acordo para proibir testes nucleares, a não ser subterrâneos.

QUEDA DE KRUSCHEV

Dois anos depois, Kruschev seria derrubado por Leonid Brejnev, que ficou no poder na URSS de 1964 a 1982, mas no início teve de dividi-lo com a terceira troika: Brejnev, secretário-geral do partido; o primeiro-ministro Alexei Kossiguin; e o presidente do Presidium do Soviete Supremo, Anastas Mikoyan, depois substituído por Nikolai Podgorny.

ERA BREJNEV

A era Brejnev foi um período de estagnação e decadência econômica e tecnológica da URSS, que perdeu a onda da revolução da informática. Nos anos 70, os generais soviéticos se queixaram ao secretário-geral de que estavam perdendo a corrida armamentista por causa da tecnologia da informação.
O governo Brejnev ficaria marcado pela invasão da Tcheco-Eslováquia para acabar com a Primavera de Praga, em 1968, e a desastrosa invasão do Afeganistão, em 1979.

PRIMAVERA DE PRAGA

Em 5 de janeiro de 1968, Alexander Dubcek assumiu a liderança do PC tcheco-eslovaco com uma plataforma reformista para descentralizar as decisões econômicas e democratizar o regime comunista com o apoio de intelectuais e estudantes, na onda dos movimentos libertários dos anos 1960s, para criar “um socialismo com face humana”.
Depois de advertências de Brejnev e de países aliados do Bloco Soviético sobre os riscos da “ideologia burguesa” e das “forças antissocialistas”, na noite de 20 para 21 de agosto de 1968, 200 mil soldados e 2 mil tanques de quatro países do Pacto de Varsóvia – URSS, Bulgária, Hungria e Polônia – invadiram a Tcheco-Eslováquia e acabaram com a Primavera Árabe. Um estudante tcheco, Jan Palach, se imolou diante de um tanque russo na praça central de Praga, mas não houve resistência.
As tropas do Pacto de Varsóvia ficaram na Tcheco-Eslováquia até 1990.

NÃO PROLIFERAÇÃO

Outras potências entraram para o clube nuclear. 
O Reino Unido explodiu sua bomba atômica em 3 de outubro de 1952 e hoje tem 225 ogivas, sendo 160 operacionais. A França fez o primeiro teste em 13 de fevereiro de 1960 e tem hoje cerca de 300 ogivas. A China explodiu a bomba em 16 de outubro de 1964.
Em 1968, esses países negociaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear, que entrou em vigor em 1970. É injusto, na medida em que cria duas classes de países, os que já tinham armas nucleares e os que não podem ter, recebendo em troca ajuda para desenvolver energia atômica para fins pacíficos.
Alguns países ignoraram o tratado e fizeram a bomba, caso da Índia (1974), de seu arqui-inimigo Paquistão (1975), de Israel (provavelmente 1979) e mais recentemente da Coreia do Norte (2006). 
A África do Sul fez a bomba durante o regime segregacionista do apartheid e abriu mão ao se democratizar. O Brasil e a Argentina se comprometeram a não desenvolver armas nucleares. E o Irã negociou com as cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha para desarmar seu programa nuclear. O presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo em 8 de maio de 2018.

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