Em reação à saída dos Estados Unidos do acordo nuclear firmado em 2015 com as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e Alemanha, o Irã avisa hoje a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) o lançamento de um programa para aumentar sua capacidade de produção de hexafluoreto de urânio.
Quando o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo, em 8 de maio, o Irã anunciou a intenção de enriquecer urânio em escala industrial. Ontem, o porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã, Behruz Kamalvandi, revelou que o país comunica hoje formalmente à AIEA a decisão de acelerar seu programa nuclear.
Em discurso transmitido pela televisão, o Supremo Líder Espiritual da Revolução Islâmica, aiatolá Ali Khamenei, declarou ter ordenado preparativos para aumentar a capacidade de enriquecimento de urânio, se o acordo for totalmente rompido.
"É o que o Supremo Líder quis dizer, que devemos acelerar certos processos ligados à nossa capacidade nucler para poder chegar mais rápido em caso de necessidade", observou Kamalvandi.
O Irã faz pressão sobre os outros signatários para que mantenham o acordo. Talvez a China e a Rússia façam isso e ocupem o espaço de empresas ocidentais. O problema para as companhias europeias e mesmo chinesas e russas é que as sanções dos EUA atingem as empresas com negócios no Irã.
Se fizerem negócios com o Irã, as empresas são excluídas do mercado consumidor e do mercado financeiro dos EUA. Não podem operar em dólar. A maioria prefere ficar com o mercado americano.
Enquanto o Irã relança o enriquecimento de urânio, o primeiro-ministro linha-dura de Israel, Benjamin Netanyahu, viaja pela Europa em busca de apoio para isolar o Irã política e diplomaticamente. Na segunda-feira, esteve com a chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, em Berlim. Hoje, encontra o presidente Emmanuel Macron, em Paris.
Em Berlim, Netanyahu advertiu para o risco de uma nova onda de refugiados como os sírios se a Alemanha não fizer nada para conter a crescente influência do Irã no Oriente Médio. A chanceler reconheceu que a influência iraniana na Síria, no Iêmen e no Líbano é "preocupante", admitindo ser necessário "restringir fortemente as atividades regionais" do Irã.
Merkel é a favor de preservar o acordo nuclear. Netanyahu foi quem mais incentivou Trump a romper o acordo. Hoje Macron fará a mesma defesa, dentro da política comum europeia para o Oriente Médio. Têm pouca chance de sucesso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 5 de junho de 2018
Irã relança programa de enriquecimento de urânio
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