O principal representante da União Europeia nas negociações sobre a saída do Reino Unido do bloco europeu, o francês Michel Barnier, rejeitou hoje a extensão a todo o país de um acordo temporário para evitar a criação de uma fronteira na Irlanda do Norte. Na prática, o Reino Unido ficaria na união aduaneira da UE até 2021.
Um acordo comercial com a UE é o maior desafio da saída britânica (Brexit, do inglês) de seu maior mercado. É ingenuidade supor que o país possa obter condições melhores fora do que dentro do bloco. Ficar totalmente fora do mercado comum europeu será um desastre, além da perda da preeminência de Londres como principal centro financeiro do continente.
Em 7 de junho, o governo britânico lançou uma proposta de estender o acordo para evitar a instalação de uma aduana entre a Irlanda e a Irlanda do Norte a todo o Reino Unido, que seguiria as normas aduaneiras do bloco até dezembro de 2021. Isso implica adotar as mesmas tarifas de importação no comércio com países de fora do bloco.
Na próxima terça-feira, 12 de junho, a Lei de Retirada da UE volta à Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico depois de receber 15 emendas na Câmara dos Lordes, muitas destinadas a garantir um divórcio amigável que mantenha os laços econômicos estreitos com o resto da Europa.
Uma emenda pede que o Reino Unido permaneça sendo membro do Espaço Econômico Europeu, que une a UE à Associação Europeia de Livre Comércio, à qual o país pertenceu antes de entrar para a então Comunidade Econômica Europeia. Isto obrigaria o país a continuar recebendo trabalhadores de outros países e contribuindo para o orçamento comunitário.
O governo Theresa May está dividido entre os defensores de uma saída "dura" ou "suave" da UE. Em princípio, a maioria dos partidários da Brexit é contra ficar na união aduaneira. Isso diminuiria a capacidade de ter uma política comercial independente.
Outra emenda dá ao Parlamento Britânico o poder final de decidir as etapas finais do processo de saída da UE. Se os deputados vetarem o acordo, o Reino Unido teria de voltar à mesa de negociações. Como a posição do Parlamento é muito mais branda que a do governo, a Brexit seria mais suave.
Depois da votação da lei no Parlamento, o governo britânico pretende dar um novo avanço nas negociações na próxima reunião de cúpula da UE, em 28 e 29 de junho. Outra reunião será realizada no fim de outubro, mas aí faltarão apenas cinco meses para a data marcada para a Brexit: 31 de março de 2019.
Enquanto isso, os defensores da manutenção do Reino Unido na UE se articulam, com o apoio financeiro do bilionário George Soros, para exigir a realização de um novo plebiscito quando o acordo final com o bloco europeu estiver definido. Aí, sim, argumentam, seria possível avaliar o verdadeiro impacto da Brexit.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 8 de junho de 2018
UE rejeita proposta do Reino Unido para ficar na união aduaneira até 2021
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