Depois de abandonar o acordo nuclear assinado em 2015, o governo Donald Trump está pressionando os aliados dos Estados Unidos a suspender todas as importações de petróleo do Irã a partir de 4 de novembro, noticiou hoje a agência Bloomberg.
Desde a ruptura do acordo negociado no governo Barack Obama, o cancelamento de projetos de investimento acentuou os problemas da economia iraniana, com aumento de preços e uma desvalorização do real que provocaram uma greve na última segunda-feira no Grande Bazar de Teerã.
Ao deixar o acordo firmado entre o Irã, as grandes potências do Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, França, Reino Unido e Rússia) e a Alemanha, o governo Trump não impôs sanções só à República Islâmica. Toda empresa que fizer negócios com o Irã deve ser excluída do mercado americano e proibida de operar em dólares.
Os EUA tentam aumentar o cerco ao regime fundamentalista iraniano. A volta das sanções terá forte impacto sobre a frágil economia do Irã. Foi a expectativa de aproximação com o Ocidente e de consequente recuperação da economia que levou o presidente Hassan Rouhani, considerado um moderado na república dos aiatolás, a negociar um congelamento do programa nuclear por dez anos.
Trump rompeu o acordo, ignorando o próprio Departamento da Defesa dos EUA, que considerava o regime de inspeções suficientemente rigoroso. O secretário de Estado, Mike Pompeo, fez exigências inaceitáveis para Teerã com o fim da interferência em outros países do Oriente Médio e do apoio a grupos extremistas muçulmanos que lutam contra Israel, como o libanês Hesbolá (Partido de Deus) e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) palestino.
Para os analistas, os EUA de Trump adotaram a posição do governo linha-dura de Benjamin Netanyahu em Israel. Não consideram o Irã confiável em qualquer negociação. Querem a mudança de regime, com o fim da república islâmica.
Por outro lado, o vice-presidente iraniano, Mohamed Javad Zarif, exigiu em contrapartida o fim do apoio a Israel e das intervenções militares dos EUA no Oriente Médio e a retirada total das forças americanas do Afeganistão.
A expectativa é de acirramento do conflito e agravamento das sanções e da crise econômica do Irã.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 26 de junho de 2018
EUA pressionam aliados a parar de importar petróleo do Irã
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